PÉRICLES ALVES DE OLIVEIRA - THOR MENKENT

SE EU FOSSE UM PÁSSARO



Se eu fosse um pássaro
como esses que vivem melociando alvas

e pousando excitados nos varais
dos jardins rupestres,

amar-te-ia, dissimuladamente,
como queres; mas, já há algum tempo,

só tenho voado por vazios
e sombras.

NÃO BASTA DESBRAVAR CORPOS E MENTES, É PRECISO AMAR SEM USAR DEMASIADO A PALAVRA VOLÁTIL!




... sapiens,
___ tão tolos sapiens,

que não sabem
que, para evitarem fatais
___ erros,

precisam entender
que, em vez de elogios incautos,
de juras de lealdade
___ e eternais

e dos gemidos extáticos
e loucos com que confundem, com o que
seja do amor, o que
___ seja do desejo;

é preciso
amar (e este é o único e verdadeiro
modo de fazê-lo sinceramente)
___ em silêncio!

CAMINHOS PERDIDOS



Por tão angustiante
paradoxo de amor e de dor
que se nos relva
à alma,

quando te partires
a outros jardins outonais
em extremo alívio
à silente morte
de mim,

andarei
pelas chuvosas e escuras avenidas
e vielas sapiens como um cão
perdido

a procurar,
em vão, algum abrigo
entre os pingos de luz
da cidade.

Between the initial immensity
and the final emptiness,

NÃO TENTES TE DEMONSTRAR TÃO SOLENE!




... sozinho,
no posso mais carregar nada,
não posso mais sequer dar uma respirada
mais ampla para me imaginar
em um novo voo
___ com asas;

e eu fico
então pensando como tu podes
te achar tão lume e tão rica que consegues
sequer ver o rubro de minha
___ face

para,
oelo menos, livrar-me das forças
de tuas navalhadas poesias
___ e palavras!

Visitem também www.espaconiilista.net

ESTA NOITE SERÁ UMA EXCEÇÃO. VOU DEVORAR TUA ALMA!


LADY, GIVE ME A LITTLE LIGHT?




Light, at least
once,

a light in my night,

and I will accompany
you,

even if the sky
is gone!

SOZINHO


... é quando
navego em meu próprio
silêncio

à solidão
e ao frio das sombras
noturnas

que mais consigo
descongelar alguma coisa

e preencher
o vazio que no sombrosso momento
me há

com conglomerados
de sonhos, de fantasias, de poesias
e de outras possibilidades
infindas!


Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

FLOR DO DESERTO, VÊS COMO ME ENCONTRO?


Flor do Deserto,
vês como já há tanto tempo
me encontro?

Sabes quanto
me custa ser franco
quanto a meus sentimentos por alguém
que já passou a um leito negro
de onde jamais
retornará?

Alguns anjos me julgam
dizendo que é derespeito amar
uma defunta,

outros
vão além e dizem que com ela
ainda me masturbo,

e há os que
não me perdoam por quererem a carne
deste corpo, que nada vale perante
o sentimento que se assentou
em minha alma;

e eu fico aqui
pensando: "O que posso fazer
por alguém, uma flor tão boa para comigo,
de modo que a agrade, sem que minta
ou a engane sobre meus sentimentos
mais profundos?

EMBAÇADO


... o que dizer
de minha partida iminente,
ou de meus desejos
imanentes,

ou ainda
de algum sonho que pudesse
ter realmente,

a quem não me
conhece senão pelo seu envesgalhado
modo de ver,

a quem não me
crê pela egolatria, ego e libidinosidades
silentes que carrega escondidos
ao cerne,

a quem me é só
frio, silêncio e cismo?

UMA VELA AO DESERTO



Tudo mudou em minha rotina final. No descampado a fome e a sede são sempre maiores. Em vez de anjo, lobo me torno. Não nego a condição,

Quando ela apareceu de repende, eu já estava aos ossos, padecendo de desejos e de sonhos.

"Por que você está triste, mocinho?", sussurrou-me com o vento ao ouvido, mal sabendo que foi pelo atropelo de uma puritana.

Com seu lindo olhar interrogativo, quis saber mais coisas, mas o que melhor aprendi na vida é como me escondo.

"Não temes meu deserto?", perguntei de pronto, já lhe ansiando.

"Não, menino, não tenho", firmemente ela sorriu respondendo, como se eu fosse um canarilho perdido no próprio ninho.

"Conte o que aconteceu?", insistiu ela.

"Não, não conto".

De toda sabedoria a de que mais gostei foi dos silêncios e dos segredos. Lilith tinha a pele clara e a alma negra, ela sorria como um anjo. "Não, não conto, e pronto", iria poupá-la das sombras.

Então ela esticou a mão direita e pegou em minha mão. E sorrino meigamente disse "Transcende, menino, e pronto!".

Na mesma noite, amei-a numa cama e num sonho!

ABSTRAÇÕES


"O bom é ver os voos dos insetos. Quando o ser se autoanalisa, atribui-se um peso incomum e insuportável."
Comecei a ver esconderijos há muito tempo. Já na nascente da inocência condenada não compartilhava passivamente as blandícias da véspera dos escarros que viriam.
Ao vento distante daquela época em que não me justificava nas brincadeiras e nos sorrisos dos ainda inviolados templos, nem nas ambiguidades dos homens que se envergavam na corrupção de seus próprios dizeres e ensinamentos, não notaram que, além das palavras primitivas que se ensaiavam para o grande e iminente aviltamento, iniciava-se em mim, tenramente, uma perdição que me levaria ao apartamento de minha alma. A um ponto, a convergência de mundos seria inevitável.
Não sei por que contemplava, inábil e alheiamente, os vastos mundos desconhecidos, além os horizontes fechados pelos morros de minha infância. Talvez houvesse de ter, naquela imensidade dissimulada em minha mente, algo que pudesse me aliviar das visões que se me seriam reveladas, quando me aprofundasse na mística envolvida no decadente ser humano. Foi um engano que não se repetiria: os rabiscos delineadores de purezas, sonhos ou alívios quaisquer se perderiam no debater-se de egos de todos os seres.
De fato, não tardou a se confirmar a estranheza da conjuração dissimulada. Um pouco mais de caminhada e deparei com o desconcertante poder das palavras. Assim percebi que ervas daninhas foram omitidas no magnífico plantio feito nas fontes ingênuas, que se iam transformando em rios de águas turbulentas.
Foi nesse momento que quis tirar satisfação com os mais eficazes pronunciadores de falsas verdades. Tímido e ainda carregando resquícios da semeadura recente, comecei com sussurros abafados. Mas haveria de me desfigurar o rosto, vestir uma máscara para lidar com tantas máscaras, e bradar em alta voz, transformando-me num grande construtor de imagens, mediante mentiras omissas em belas pinturas e sonoras sinfonias.
Nem o grande mestre, insipiente aos olhos de todo o resto, tendo percebido no pequeno amigo o assentamento da deformidade, pôde desveredar-lhe o caminho sinuoso. Deuses ditos em purezas e onipotências, lendas disseminadas com amplidões falsas, sonhos e projeções exaltadas em ineficácias, vastos conhecimentos forjados, amores jurados em eternidades, e rancores trancados em crueldades, tudo seria confrontado com um vigor que não continha permissão para derrotas no cerne da aberração, onde se escondia as construções de si: fatídicas a emanações quaisquer.
Lembro-me, dentre tantas coisas, a um encanto perdido na bravia e condenada vereda de fantasias efêmeras, de um mito que ousou me amar e me defrontar. Antes tivesse apenas amado, ou apenas defrontado. Mal sabia que a espectação mútua viria a lhe consumiria o resto do caminho até o grande penhasco, condenando ambos a mais uma grande queda em si mesmos. Todos os dias a fábula balbuciava entregas purificadas, forjadas na delicadeza de sinfônicas palavras. Em contraparte, todos os dias havia chuvas torrenciais advindas da macabridade, que lhe aplicava um veneno invisível nas veias. De ambos, foram-se sentenciados a ações mútuas e a um aniquilamento ausente, sem perceberem que em seus rios corriam angústias inconscientes: comprimidos nas margens mal delineadas havia, entre a água gélida, destroços mortais, travestidos de notáveis aparências. E ela não notou que todos que afirmam suas personalidades são reféns da representação falsificada de si mesmos.
- Um dia, serei eu, e somente eu, quem poderá te resgatar! Grava isso nos ares dos tempos todos, pois isso exigirá minha morte!
Com zelo, até intentei procurar zelo outras possibilidades, em todos os cômodos havidos e por haverem, e por fim compreendi que a desembocadura se dá no mesmo ponto: uma chaga interna, de onde eflui todas as criações e todas as imperfeições.
De fato, os andantes atemporais são indolentes no olhar e no desafio perante o abismo em que se colocam. Talvez não tenham percebido bem os monstros que abrigam em seus refúgios internos. Em toda parte do espectro, assentam-se imagens tão puras e grotescas que seus ecos sufocam qualquer essência diligenciada.
Toda fonte é, por si, tão límpida como fecunda a tudo que lhe correrá no veio de possibilidades que se seguirão pelo leito. O maior problema dos que se chamam humanos é que sempre deparam com outros humanos. Tais encontros não se mostram, além dos estereótipos, esvaziados de cobiças e pretensões subjetivas. Aprendi a não subestimar meus semelhantes: vistos de fora, resplandecem como um belo jardim cujas flores se desdenham magnificamente em palavras que manifestam purezas e belezas extasiantes. Além da alegoria, onde repousa a sinceridade omissa, há paradoxos profundos que não contemplam alguma perfeição moral, tantas vezes regurgitada aos ares exteriores.
Se toda observação pressupõe queda pela visão das imagens que figuram perante os olhos e das que propagamos a todo canto e a todo tempo, devo admitir que de tudo que se surgiu e surgirá de mim e a mim permitido, sou o culpado.
Sou anomalia indizível. Bem sei disso. Poderia dizer de outra forma, mas nunca devo ser confiável. E mentir é uma confirmação de minha natureza. Sou meu Deus morto. E sou Senhor e carrasco meu. Se me dou ou se conquisto, se me permito ou se violo, se amo ou se me dou a ser amado, se alço algum voo fadado à queda ou se me mantenho no rastejo do chão, escolho.
Sim, faço escolhas. E, na imperfeição de julgamentos e de visões, todos os erros são meus. Acertos, não. Não existe isso, condenados que estão à farsa da figuração egocêntrica. Dos erros sou detentor inalienável, embora cuspa aos versejantes inconsciências em forma de lâminas afiadas. Não obstante, sois vós todos também culpados da grande farsa que convosco coabito. E já não me apiedo de mim, nem de vós outros em vossas próprias insignes.
Isso também aprendi ao me ofertar a mundos alheios e também deles me alimentar nos mesmos moldes e nas mesmas sombras em que todos nos sentamos para aliviar uma chama qualquer - vaga, perene e insustentável em seus bocejos pronunciados -, sabendo que as metas de todos os sonhadores culmina na imperfeição natural de suas próprias fraquezas, não reveladas nas translucidações de seus seres. Assim foi que, em angústia - e até de minha dor devem duvidar -, vi-me impotente contra minha própria humanidade. E me percebi um inconfiável contracenante na abstração horrenda de todas as coisas vivas ou mortas. Incapaz de ser sincero por nascença, confesso que, ao penhorar ilusões ou outra coisa qualquer, consciente estava de que o desdouro se daria em algum cruzamento de escolhas fugazes.

ESSA VIRGINDADE NÃO FOI TIRADA!


... beijou,
amou
e deu, deu muito,
mesmo assim,
morreu virgem por nunca ter
sido decifrada;
tarefa essa
que suplicava a um tal cão
do diabo,
que por lhe
perceber inavegável sem fatal
afogamento,
não conseguiu
evitar que partisse, pelas sujas águas
daquela maldita pinguela,
levada!

ROTA SEM BRILHO



Há cinco garrafas
de cerveja sobre minha mesa
às três da madrugada;

à prateleira
balançante, dezenas de livros
abandonados,

a abrigar ninhos
de vermes, bactérias
e ratos.

À minha frente,
multidões multifacelares
de um lado da tela
do computador;

no outro, toca
with or without you,
de U2.

Lembro-me dela
e penso em escrever
algo apaixonado,

talvez algum poema
sempiterno em homenagem ao amor
fracassado.

Tento, em vão,
ajustar um e outro verso
bêbados,

que se findam
como o ventilador ao lado,
quebrados.

TU SABES ME AMAR?




... se queres me amar
deves aguentar andar em um deserto
de chão e areias secas;
se quiseres voar,
deves aguentar voar em um céu
negro;
se quiseres
plantar para nós uma árvore
deves aguentar o frio e os ventos
que lhe tocam sem as verdes
folhas;
se gostares de cores,
deves te acostumar com tudo
tingido de cinza, porque esta é a cor
que empenho tanto ao amor
como ao fronte,
como protetor escudo,
pois eu nunca sei qual dos dois
é meu pior algoz: o amor dito pela amante
ou a sentença proferida por um inimigo
em guerra!

ww.espaconiilista.net

PERMITA QUE O SONHO SEJA TUAS ASAS



Se pudéssemos
fazer com que o mar e as estrelas
gossem nossos amigos,

poderíamos
navegar, dançar e flutuar pelo
universo,

mas isso
ainda não seria melhor
do que se conseguíssemos
nos amar

por apenas
uma noite que se nos fizesse
eterna!


I am a dead bird,
wanting some life from a light that
is lost!
And you
are my dream!

VEM COMIGO!


VIVA DENTRO DE MIM!



... não mais vês,
não mais respiras,
não mais enfeitas os jardins
com tua pálida beleza,

não mais te maqueias,
não mais conquistas anjos, heróis,
mosqueteiros e punheteiros,

não mais falas
de amor, ou de desejo, ou de carinho,
ou de teu Deus tão bom
e supremo.

Dizem que
tu morreste, eu não digo,
eu afirmo que tu, apesar da infinita
e negra distância,
não morreste!

Who else can see your face now,
other than me, my love?

A COMUNHÃO


Ela chega e me percrusta todo,
contempla-me nos olhos como que
se fossem deveras seus

e me repara
de cima abaixo,
cada parte, cada centímentro
como se vasculhasse um abismo em busca
de um diamante,

e me percorre
com as delicadas mãos as curvas, os secretos,
os abismos e o fruto onde nasce,
de todos, o maior pecado.

E eu vibro,
e eu pulso,
e tu me teso e eu me delicio,

e eu me fargo na abundância
da generosidade, da beleza, da sensualidade
e da escultural perfeição dela,

e eu experimento
todas as geografias, do decote, enudecendo-a,
até o oásis que lhe fica entre
as pernas.

E consumamos,
eriçados, tesados e imensos,
longe das demais pretenções sapiens
e das displicências da lua e das estrelas,
um intenso amor
perfeito!

O QUE VEMOS NÃO É REAL



Somente agora,
depois de tantos anos
e enganos,

posso dizer
realmente que nada sei
e que não existe
o que vejo:

apenas me invento
de meu abnormal advento:
o espúrio, vão e passageiro
momento.

OS ANJOS E OS SANTOS NÃO TIVERAM PIEDADE!


Depois que andamos
juntos pelas sombras, pelas terras
e pelas pedras,

tu, ainda jovem
e linda, com teus cânticos medievais
e com tua face e corpo
luzeados,

foste plantada
sob a terra, pois eras reclamada,
por ciúme, pelas almas
dos deuses e anjos.

E teu espírito,
inigualável e absurdamente
puro, no silêncio que aqui se fez,
foi ao céu contemplá-los,

deixando-me
vazio entre um monte de cacos
coloridos esparramados pelo ainda vivos
homens!

ATÉ A ETERNIDADE FOI FERIDA!


... sangrou
a pura de deus, porque
o mundo e as coisas do mundo
engoliram sua voz,

depois de ela lutar
pelo viver sem imagem, em um mundo
por elas feito

e de ser destruída
pela lepra que se lhe impuseram
os nobres tios, desde cedo!

PUROS, POR NÃO TEREM ESCOLHIDO NASCER ABNÔMALOS


... sim, pode
haver, embora eu nunca tenha
conhecido, alguma verdadeira pureza,
sublimidade e honra nascidas
dos obscuros fulcros
___ sapiens,

mas confesso que,
depois de cansar de bancar o bom moço,
escolhi elucubrá-lo e dissecá-lo
em seus alvuras
___ avessas;

e isso só
me foi possível porque
(por todo lado) vejo espelhos com reflexos
incrivelmente semelhantes
___ aos meus.

EU NÃO ERA ASSIM


Antes eu não era assim,
antes eu vivia melhor,
antes eu brincava e sorria mais,
antes eu amava mais,
antes eu sonhava mais,m
antes eu tinha mais esperanças,
antes eu até acreditava em contos de fadas.
Agora me transfomei nisso,
num monte de razão que se preocupa,
se mede os próprios movimentos,
que pensa demasiado e, que, por conseqwência,
erra demasiado;
portanto,
é indiscutível, triste e dolorido
constatar que, quando mais avançamos no tempo,
mais cegos ficamos quanto
à puerícia e à sublimidade!

ESCONDIDO EM MEU QUARTO!


... embriagado
de madrugada no cemitério,
com a companhia dos teus e dos meus
fantasmas,
 
deixei de navegar mares,
de subir montanhas e de levar
anjos pra cama
 
e me ransformei-me
em menos que as cinzas do nada
que, após parires, deixaste
na estrada!

NOSSOS SILÊNCIOS SEMPRE NOS RESSUSCITAM, BABY!


... quando nos apaixonamos
e começamos a amar um anjo,
 
entregamo-nos
sem pudores e sem limites,
 
e vamos com ela
voando e dançando e ignorando
pedras, perigos e abismos;
 
quando vemos
o verdadeiro rosto da luminescente
serpente, percebemos o erro e percebemos
que ficou tarde demis,
 
tarde demais
até para uma última noite!

SIRVA-TE, BABY!


... pois é, baby,
somos diferentes, embora te gostes
de apreciar e de descansar
em minhas sombras:
 
o teu brilho
e a tua alardeada luz
costumam vacilar diante de minhas
vontades e loucuras noturnas!


MANICÔMIO!


... não me tocam mais,
nem me incomodam mais
 
as palavras voláteis
e os surtos de purismos e de heroísmo
dos anjos,
 
que fica exibindo
suas asas por aí enquanto arranham
fronhas escondidos algum abismo
em em alguma cama:
 
eu aprendi
a sobreviver neste humano
manicômio!

SÃO PODEROSAS!


Um poder imanente
sem o qual o ser já teria
perdido a pureza nos gestos
e nos encantos,  

a fragilidade que nos  coloca
em xeque, quando nos aproximamos sem jeito
e e com timidamente sem vergonhas:

eu garanto que
por falta de ter a quem amar
e se transcendeta:

xaninhas amarelas,
azuis, vermelhase de todas as cores e de todas
as cores, e sonhos e flores,  não podem
jamais faltar, sob pena de o ser
não achar mais nenhum
motivo para lutar!

ELES TE CONFUNDEM NÉ, BABY?


... são anjos
voando e agindo sorrateiramente
por todo lado,
 
sem perceberem
que, às vezes, os desejos, as gozadas
e as vaidades
 
não são suficientes
para dizerem aos quatro ventos:
“Eu te amo de verdade!”

ESPELHOS QUEBRADOS!


... ferido pelos espelhos,
já me tornei exangue, meus ossos
já se quebraram todos,
 
eu mesmo
me tornei ácida chuva e,
sem mais conseguir absorver
nenhuma luz,
 
acabei me suicidando
em minha casa abandonada!

UMA ESTREITA VERDADE DO SER!


... sou por todos
contestado em meu niilismo,
talvez subvertido como o poeta
comentou,

mas sobre
as criações mais sublimes
do ser,

encontram-se,
entre toda vastidão que controlou,
um amor que nunca foi
e não é sublime como
ele pinta

e um poderoso
e benevolente deus sem olhos,
que ele fabricou só para
se servir!

A DOIS PASSOS DO ABISMO!


... nestes
últimos tempos de minha
vida,

quando
me vires caindo em vazios precipícios,
não corras, mas dê-me
a mão;

quando
me vires cansado e adormecido,
não fales nada e apenas
te deita a meu
lado;

se, no meio
da noite, eu tiver pesadelos
e lhe jogar pragas, cala-me a boca
com um abraço e com
um beijo molhado;

quando eu
em definitivo partir,
não chores, não lamentes, apenas
contempla as estrelas
que um dia foram
nossas

e faze-nos, a nós dois,
uma oração a nosso eterno
Pai!

O AMOR DEIXA MARCAS!


... o amor
é como o mar, belo, esplêndido
e nos faz sonhar,
 
o amor é indecifrável
e chega como quem não quer nada
e, ao se notar, já se nos tornamos
seu escravo:
 
é sim,
o amor é mágico
e de todos o sentimento mais bonito,
mais sublime e mais fantástico:
 
mas o amor também
deixa cicatrizes e marcas de inevitáveis
e estranhas mortes
de asas!

NOSSA HISTÓRIA!


... não sei o que é o amor,
deve ser essa coisa que nos mantém
a tanto tempo juntos,

deve ser esta vida
de sensações, de fantasias e de desejos
divididos por tantos anos
no leito,

deve ser essa dor o peito
que arde e queima, e nos aterroriza
toda vez que entramos
em chuvas de fogo,

deve ser esse êxtase,
esse egoísmo com nossos corpos,
essa possessção que sinto por ti
e esses segredos íntimos que sempre houve
entre nós dois!

BÊBADO DE AMOR


... como um bêbado
escondido aprecia sua bebida,
em sua perdida agonia,
 
quando me lembro de ti,
sinto-me em completo vazio
e, geralmente às noites escuras
e vazia,
 
deixo rolarem
minhas saudosas lágrimas
em vesanos versos
tristes!

SEM ESPAÇO PARA MIM!


Nem às madrugadas,
esses puristas desligam seus faróis,
como que a darem algum sinal
de suas presenças,

como que tivessem
descoberto que há alvos anjos
e corujas de paus
duros,

a sobrevoarem
os telhados e a pousarem nos varais
estendidos por entre
as sombras!

AINDA NÃO ME CONFORMO!


... com o sangue
quase já todo negro, magérrima
e sem mais força alguma,
 
esqueceu o ego
com que, lindamente, sempre
se exibiu nos palcos
da vida,
 
e disse um nome,
aquele que ela mais amara na vida,
antes de expirar por derradeiro:
o nome dela é Ana!

CONFLUÍMOS!


... confluímos
no amor, insistimos nos sonhos,
 
éramos donos
de nossas escolhas
 
e, em vez de nos amarmos
eternamente como nos prometemos,
 
fomos, com venenos
injetados aos poucos, nos matando!
 

DOLOROSO EXÍLIO!


... nunca fomos
de desistir definitivamente
de nada,
 
nunca fomos
do tipo que diz acabou
e o que se foi, foi-se e não
volta mais:
 
sempre retornamos
porque o amor foi esplêndido e mágico
quando juntos andávamos,
 
mesmo que seja
apenas para sabermos notícias
um do outro
 
ou como estão
as cicatrizes que ficaram
da parte escura daquela nossa onírica
paisagem!
 

O AMOR NÃO TEM FRONTEIRAS!


... deixe-me te amar,
deixe-me contigo voar
e navegar,
 
deixe-me te apreciar
como a uma flor de sonhos
impossíveis,
 
deixe-me te beijar,
a tuas curvas e grutas percorrer
e abusar;
 
e, quando
eu estiver triste por por qualquer
que seja a  demência
do cinismo,
 
deixe-me chorar,
pois após as chuvas de lágrimas
cessarem, irei novamente
te resgatar!
 

A PUERÍCIA DO MENINO QUE AINDA TE AMA!


... vento frio que ficou
de um inverno onde não há
mais vida,

depois que caíste
morta com aquele tumor
negro,

nada mais diminuiu
minha angústia, minha abissal solidão
e minha dor!

O MESTRE E A SEMENTE!


... em algum ponto
sempre nasce e sempre morre  
algo no cosmo,
 
anjos,
santos,
demônios,
 
fantasma, águias que havitam
o topo das montanhas, formigas
e vermes:
 
e o ser acha
que só ele é digno de ser
chamado de  santo, santo santo, sem entenderem
que toda morte é uma semente
ocultada e regatada por
Deus!

BOA NOITE, ANA!




Boa noite, Ana,
teu nome ficou gravado nas estrelas,
e os amanheceres, sem ti,
não são os mesmos;
boa noite, grande
amor da minha vida; ilúcido eu também
aguardo minha hora solitariamente
ao árido deserto;
boa noite,
parte do coração meu e parte
da alma minha, se é verdade que nos
desencontramos humanos,
sempre nos fato,
crença e esperança de que nos reencontrássemos,
despertos, apaixonados e vivazes,
no infinito!

www.espaconiilista.net

ESCOLHAS E CONSEQUENCIAS


VÓS VOS PENSAIS DEMASIADAMENTE BONS


... eu raro erro
___ na análise psicológica do ser,

quanto mais
a pessoa se autoculpa de tudo,
mais tendência também tem de, exercendo
a inconsciente id, querer ser
___ um deus,

quando mais
a pessoa pensa ser luz e se pousa
como constante luz, também tem,
do mesmo modo, a tendência
de querer ser toda
___ sombras

e quano mais a pessoa
se pensa boa religiosa, espirituosa,
conselheira. e leal esposa
___ e amiga

por soberbia
e pelos mesmos motivos,
mais chances tem de, ao marido
ou cmpanhiero, meter um par de chifres
___ na cabeça!

A POUCO NOBRE VISÃO DO ESPELHO!


O que melhor
poderíeis fazer na vida
é exatamente reconhecerdes
a vós próprios;

afinal,
só assim podereis perceber,
embora dolorosamente,

que pensando-vos demais
é que menos sois e, ainda assim,
mais espalhais sonhos incautos
e esperanças exíguas
por aí,

enquanto provocais
recorrentes e cruciantes quedas,
elucubrando, julgando e condenando
aos vossos sapiens
semelhantes.

CHUVA INCONTIDA


Eu tinha aprendido
a plantar e a cuidas das flores,
a notar detalhes
quase imperceptíveis das borboletas
e das andorinhas,
a chorar de alegria
quando tu estavas comigo:
hoje deixei
de gostar da vida
e sigo sozinho, cadáver andant,
como se já tivesse
morrido!

ESTÁ FRIO!


Eu me lembro de ti
nesta tarde amarga e fria,
eu me lembro de ti,
dos tempos em que eu não temia
por grandes perdas,
eu me lembro de ti,
do teu cabelo liso e negro,
do teu olhar de brilho seco,
eu me lembro do teu rosto pálido,
dos teus seios acesos,
da tua vulva mágica,
eu me lembro de nossos sonhos,
eu me lembro de nossos pesadelos
e eu me lembro que combinamos de nos amar
eternos:
eu acho
que eu estou certo quando
digo que "Não vou aguentar viver
muito mais tempo sem ti!"

ESTE HOMEM JÁ ESTÁ MORTO!


Ele é o poeta
do diabo,
ele é o dissimulador
desrregulado,
ele é o constructor de vazios
e de pecados,
ele é o que dizem
ser,
e ele é o que escreve
por todo lado:
ele sou eu, meu Deus!

NOSSAS ESCOLHAS SÃO SEMPRE INAFIANÇÁVEIS!


Não,
não é o cansaço, nem as quedas
dos outros que
nos abate,

nem são os anjos,
nem os demônios, nem os homens,

é o que permitimos
entrar pela porta e o que servimos
para o café da manhã

para o almoço,
para o jantar e, depois,
ao se deitar.

ROSA NEGRA




Sonhei
um sonho de enlevos estranhos
sobre um jardim suspenso
no mar.

havia borboletas,
girassóis, marimbondos e flores
espalhadas por todo
ar.

Só não contava
com os pássaros menestréis,
que vieram depois
a melodiar,
até
anefasta e inevitável traição
se consumar.
Quando acordei,
daquela fulga rosa de meu erro,
ora alva, ora negra,
não sei o que
fora pior: o amor que
imaginei, o gesto que enredei,
a poesia que
inventei,
o pólen que
aspirei ou o doce néctar
com que me
envenenei.

A VIDA, O AMOR, A ARTE E OUTRAS COISAS!


Para o niilista
a vida não é motivo para
festeios,
o amor não é motivo
para gorjeios, as vitórias não
são motivo para autodeclaradas
glórias,
o sol brilha todos
os dias de todo jeito, até chegar
a noite derradeira,
assim como
cantam, meladas e melodiosas,
as bocetas das santas conselheiras
e trepadeiras,
enquanto forem ocupadas
com elogios, bocas, dedos e hastes
eriçadas para sua ocupação
em êxtases!

TUDO PASSA, TUDO PASSARÁ!


ESPELHOS D’AGUA




No vicejar
do prelúdio
excelso:

o jasmim
cor de fogo,
o verso

cor de rima,
o amor
cor de luz.

Ao passar
pelo espelho
fiel:

o reflexo
cor de neve,

o anverso
cor de nada

e o sonho
findo
na bruma!

TRISTEZA


.


.. quando
flores vermelhas de melancolia
se assentam em nossos
corações,
nem um anjo,
nem um herói,
nem um palhaço fantasiado,
nem uma bela mulher
excitada
podem
curar tal e terrível
chaga!

NÃO HÁ TEMPO PARA MAIS NADA


... não há mais tempo,
não há mais tempo par dúvidas,
não há mais tempo par desentendimentos,
não há mais tempo para nada,
não há mais tempo para ciúmes,
inseguranças,
não há mais tempo de espera para
que tudo se resolva num esperanoso
amanhã,
não, não há mais tempo,
não há mais tempo para nada
que não seja amar
absurdamente,
loucamente,
desesperadamente,
pois chegamos á estação
em que os trens levaram os últimos cadáveres,
e, mortos ali, no ponto final,
os urubus se agrumam
vestidos
de penas e de veludos negros
para devorarem nossos olhos, nossas carnes
e nossos cus!

GRANDE AMOR


.


... ela diz
"te amo muito, amor,
e jamais te deixari neste
momento de luta
final",
à noite,
um anjo visita meu telhado
ao deserto, eu já todo
arrebentado
e me afaga
com suas puras asas:
de manhã,
ela chega e, ao saber,
diz que trepo com uma, com duas,
com três pra todo
lado
e me manda
ir tomar no rabo!

ETÉREAS PRISÕES




... vagueiam
as flechas das sombras,
há fantasmas
que ficarão escravizados
na vida,
enquanto
nos vamos à passagem
da última ponte!

LEIA MAIS EM www.espaconiilista.net

HERANÇA MALDITA




... e então,
sempre dizendo me
amar
e somente
a mim amar e a mim
pertencer,
vai partir
deixando-me vários fantasmas
como companhia para
sofrer e chorar!

CAIU O CAVALGADOR DE ESTRELAS


.


... um dia
quis montar, esporear
e amar as estrelas,
deixando
sempre um vago rastro
de suor, de fedor, de porra
e de poeira:
nos pérfidos
delírios, houve uma delas
que me disse:
"morrerás
um dia com seus próprios
conflitos!";
e, assim,
anda-se cumprindo a ácida
profecia!

EM NEGOCIAÇÃO




... aqui
não leem poemas,
leem gritos,
gemidos, alucinações
e dores
de um cão
louco:
o maior
ato de consumismo do mundo
é feito com a palavra:
céu,
lua,
mar,
cova,
não comercializo
os contrastes de meus estranhos
versos!

A ÚNICA COISA COMUM




... o menino
não foi salvo dos escombros
da casa desabata,
o homem,
das sombras e do deserto,
se fez escravos,
há-lhe sangues
negros e partes mortas
nos pulmões e no
cérebro,

há-lhe um barro
podre à casada alma que o faz
silentemente
chorar,
e o pior: não
lhe há mais um amanhã
para sonhar!

APENAS ENTREGUE, MAIS NADA



... de repente, tive uma horrível sensação, como se tivesse sido eletrocultado com uma infiltração
de fios à mente. Fiquei todo imobilizado ao voltante do carro que, por ação divina, acabava de ser parado para deixar minha filha ao cursinho pré-universitário.

Fiquei imobilizado e sem fala, exceto pelos movimentos e convulsões descontrolados. O joelho se chocou tantas vezes e tão rapidamente contra o volante que quase o arrancou e se abriu na pele um buraco.

Suei muito aos gritos de milha filha, que estava aos choros e totalmente traumatizada, já com o carro descendo, sem que sequer conseguisse pisar ao freio.

Ela então o parou puxando o freio de mão. A camisa estava ensopada. Não mais conseguia falar uma frase. Dizia algo e outros absurdos inconscientes é que saíam de sua boca sem que entendessem nada.

E, assim, ficou isolado por uma semana sem conseguir se expresser sequer por uma frase, com o lado esquerdo do corpo já aleijado pela pancada. Pés, pernas e mãos já não mexiam ao meu comando, quando lgum controle me retornara.

Alertaram-se. Fui a uma consulta em Belo Horizonte e, com uma psiquiatra, fui ser avaliado. Ela perguntava, eu outras coisas respondia. Ela pensou que estava sendo feita de palhaça, perdeu a paciência e gritou: "Eu estou te perguntando, responde o que pergunto!"

Todas as forças neste momento. Durante uma semana não conseguia falar uma frase exata. Concentração. Abaixei a cabeça e um grito também saiu em desespero: "O paciente sou eu"!

Ela imediatamente disse "É, está difícil" e pediu uma tomografia computadorizada. Horas de espera naquela sensação de morte e de invalidez retardada, sem ter como falar nem com minha propria esposa, poise ela não entendia nada.

Horas depois, eu no corridor, a médica psiquiatra grita sorrindo:

"Péricles?"

Olhei para trás. E ela, ainda sorrindo, disse "Metade da sua mente está frita, outra doutora vai te atender".

Imediatamente fui internado. Biópisias. UTI. Quimioterapias. Dois meses direto. Depois um ano direto em que muito mais fiquei no hospital do que em casa.

Foda-se o resto, o que quero dizer é que, enquanto eu sofria, ela amava; e que quando Deus me abençoou e eu retornei, de cão do inferno, ela ainda me chamava.

Hoje, ando vomitando, à espera de meu Deus o definitivo chamado!

SEQUIDÃO



... das incontidas
chuvas e tempestades de outrora,
em que afogamos nosso imenso amor,
com ciúmes e possessividade,
em severos jugos e ódios,

sobraram agora,
esparramados aos chãos, restos de nossos
espelhos quebrados e de nossas sombras
derramadas,

sobre os quais,
devido à sua prematura passagem
ao reino de Hades,

não voas mais;
mas eu ainda continuo a me sangras na carne,
no coração e na já cansada
alma!

VISITEM TAMBÉM www.escaconiilista.net

DISTANCIAMENTO ETERNO




... é um grande erro subestimar
qualquer mente sapiens,
mas é ainda
maior subestimar a deste niiilista;
posso descrever,
como já fiz com tuas sinuosidades,
caminhos porvires
lhes antevendo cruciantes quedas
ou fracassados voos
e incursões:
e nunca vi tão claro
que em um ano haverá duas mortes
por tumores:
um obterá o céu,
mas o outro, eu sinto e garanto,
irá para o inferno!

O EU E O MUNDO!




... quando permitimos
que o mundo todo nos toque,
através de nosso senciente e abnômalo
___ olhar,

tornamo-nos,
cega, inalienável e inexoravelmente
___ do próprio mundo,

não
do mundo que possivelmente
___ Deus criara,

mas do mundo
que nós mesmos, a todo momento,
estamos a criar, a (re)inaugurar
___ e a (re)modelar!

ATÉ A LUZ PODE SE EXTINGUIR, BABY!


... o amor caminha
pelos ladrilhos de ilusões
e de deformados espelhos,
 
o coração
mantém a esperança em buscar,
sempre no porvir algo novo que também
ficará somente na memória;
 
mas não há sonho
que não seja um grande desejo do ego,
não há nada que seja pétreo
e não há amor perpétuo,
 
o que faz da hora,
longe das sombras do passado e do futuro,
o momento sempre mais propício
e incerto!

NA VERDADE, QUEM TRAPAÇA?




... se o mundo
é um jogo, onde os bons,
os doutores e os sábios fazem
as melhores jogadas,
muitas vezes,
de alguns meninos, de alguns idosos,
de alguns cães sofredores,
é roubado
o sagrado direito
de jogar!

ILUSÕES E EMOÇÕES



As iludidas emoções
não controladas; os erros de escolha
a se derramarem em cântaros
___ ferventes de leite:

há espíritos de loucura soltos,
a se escorregarem na superfície lisa das palavras,
com grande poder de retóricas
___ e metáforas;

há fomes proibidas
e insaciáveis de anjos, que se movem escondidos
entre sombras e há métricas floridas
por entre de sonhos
___ e de jambos.

E assim, com cheiros
de sóis e de navios distantes, continua ela
a navegar rasgando geografias
___ de terras e mares,

totalmente alheia
de que há também lágrimas desertas
e um infinito rasgado em meio
àquele arco-íres outrora
___perdido

e uma silente vontade
de se destruírem novas alvoradas,
enquanto me caminho
___ ao último andar.

Leia mais em www.espaconiilista.net

QUERO-TE!


ILUSÕES E EMOÇÕES



As iludidas emoções
não controladas; os erros de escolha
a se derramarem em cântaros
___ ferventes de leite:

há espíritos de loucura soltos,
a se escorregarem na superfície lisa das palavras,
com grande poder de retóricas
___ e metáforas;

há fomes proibidas
e insaciáveis de anjos, que se movem escondidos
entre sombras e há métricas floridas
por entre de sonhos
___ e de jambos.

E assim, com cheiros
de sóis e de navios distantes, continua ela
a navegar rasgando geografias
___ de terras e mares,

totalmente alheia
de que há também lágrimas desertas
e um infinito rasgado em meio
àquele arco-íres outrora
___perdido

e uma silente vontade
de se destruírem novas alvoradas,
enquanto me caminho
___ ao último andar.

MISTÉRIO




... a vida
é um fluido que contém
não mais que sonhos, ilusões, desejos
fantasias, depressões
___ e suspiros

de modo que sempre,
conciente ou inconscientemente,
visa-se ao próprio
___ aprazer

(e isso se dá
mesmo no que chamam de amor)
às custas de admirações ou de condenações
___ alheias.

E por mais
que se tente trilhar
___ algum caminho seguro,

sem muitos erros,
sem muitas quedas,
___ sem muitas sombras,

não se nos é,
___ de modo algum, possível!

LEIA MAIS EM www.espaconiilista.net

MOMENTOS




... de voos, de quedas,
de alegrias, de desejos,
de amores, de dores,
seja aos chãos,
aos céus ou sobre as camas,
são feitos
por nossas escolhas
e pela sincera luz
acesa na sala de estar
ou no quarto
fechado ou escondido,
com quem nos abrigamos!

VEJA MAIS EM www.espaconiilista.net
ou em
https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

URGÊNCIA


... urge não
interrompermos mais o momento,

é preciso caminharmos,
e seguir juntos seja no paraíso,
ou no inferno, ou sob aquela relva
que plantamos em nosso
jardim onírico,

e amar,
e transar,
e tudo o mais que se puder

até que
a grande noite venha definitivamente
a fechar nosso olhar!

VIDRO TRINCADO




... quando tudo
parece ir bem com recíprocos elogios,
sensações lívidas e orgasmos comungados
___ em extáticos prazeres

e se vacila,
talvez devido a alguma inconciente
segurança aérea, sob a rasteira, sega e seca
___ relva,

fica um lapso
de silêncio onde não mais ecoam
nem os sons das águas
___ trêmulas,

capaz de realmente
subjugar o anterior encanto,
com o álacre afloramento da inércia
___ e da distância!

ABSTRATA EXISTÊNCIA




Dize-me para que
nos valham tantos e tantos anos
nesta inglória existência
___ de abstrações,

onde nos andamos
em ciclos turvos de lavores,
desejos e ilusões, sempre a trocarmos
- como de roupa - de amores
___ e dores;

sempre (negando
nossos próprios reflexos) a buscarmos
novos planos, sonhos
___ e enganos,

e eu te mostrarei,
enfim, o segredo que tanto pedes
sobre o abnormal e espúrio
___ ser humano.

VEJA MAIS EM www.espaconiilista.net

O COSMO E O CAOS


... flor, doce e linda flor, será que existe algo mais puro que tu, com esta estande com tuas coisas tão bem separadas: o amor, o desejo, a fantasia, o sexo, a fé. Completinha como Deus te fez.

E assim tão singela que o cão late, à distância do brejo e do deserto. E te ama calado nessa região pantanosa e fria, saboreando cada um de suas pétalas e esse néctar que faria dobrar deuses e capetas.

é mania do cão amar assim. Não se assuste. Não há caminhos nem cemitérios que eu já não tenha percorrido. Não há curvas que eu não tenha já contornado. Não há anjos que eu já não tenha despido. Não há máscaras que eu já não tenha tirado. Não há calor nem frio que eu já não tenha sentido. Há o que há, agora, com um tudo a tremer em sonhos e em imaginados beijos e estocadas, sob e eco de teus gemidos.

Nessas horas, a solidão e o silêncio quase combinam com minhas inocentes e prazerosas indecências, excerto no fato de que o universo treme, quando ouso também tocar tua alma enquanto penetro vibrantemente tua linda vagina!

VISÃO EMBAÇADA


O MUNDO SE TORNOU NADA




... quando
te partiste tão cedo e repentinamente,
tiraste o meu chão
e me deixaste em chuvas de fogo
a vomitar
palavras ígneas a todas as coisas
e a todas as gentes
que se pressupõem
brilhar sobre essas matérias
orgânicas sem a menor
significância;
na verdade,
levaste todo o meu sol,
dixando-me eu assim, arqueando pragas
ígneas
das, que me restaram,
umensas, solitárias e frias
sombras!

VEJA MAIS EM: www.espaconiilista.net

IMINÊNCIAS




... o escudo,
a faca e a espada,
o espírito

em conflitos
nus e escurecidos;
há um corpo

prestes a cair dentre
o devaneio
e a morte:

alguém
irá festejar junto
às flores do
sepulcro!

MAIS FORTE QUE EU



... naquele dia,
comecei a sentir diferente
o vento,

a ver
diferente as coisas
do mundo

e a pirar
com a sedução das damas
de lingeries brancas

Era, digamos, inusitado em meus particulares atos. Reservado desde cedo. Nunca tinha visto algo assim além da minha imaginação.

Subi ao muro para andar em cima da lâmina. Esquilibar-me em fios, desde cedo sou acostumado, mas, de repente, teve uma mágica visão: uma deusa estava deitada se queimando no terreiro da casa dela só de calcinha e sutiã.

Lógico, era novo, mas já era um cãozinho esperto. Desci do muro só o pegando por cima com as mãos. Corpo escondido, mas olhos esquinados a postos.

A calcinha enfianda naquele rabinho, o pacotinho na frente da caldinha, os contornos das coxas junto com a bunda e alguns pelinhos por ali. Pelinhos, eu nunca tinha visto nada e aqueles pelinhos me fascinaram. Não é humana, pensei. E raro nessas coisas me enganava.

"O que tu quer vendo aí?", fui surpreendido pela pergunta, ao loge, do anjo.

"Nada, não, desculpa", pedi com medo e de lá me cascando.

Nunca soube o que ela pensou, mas sei que bati punheta imaginando aquilo por longos anos!

PERPLEXIDADE




... somos
a vaidade, com nossas
mascaras, rímeis, gravatas e carros
de luxo,
pensamos voar,
enquanto descemos tão baixo
para ter nossas coisas
e nossos amores
que nao
faríamos ciúmes
ao diabo:
eu vejo
as falsas uniões,
as doentias relações,
as cegueiras das presunções,
enquanto,
dissimuladamente alvos,
ainda no sinto falsos, cruéis
e recusants
do único mandamento
de Deus, para que seja praticado
entre os irmãos.
"Amai ao próximo como a ti mesmo";
enquanto isso,
e sempre, sempre, sempre,
falo isso, crianças ainda
morrem de fome!

SÓ SEI AMAR ASSIM




... como centro (ego)
não sei e não creio em outra forma
de amar, que não a que
ponho no poema
abaixo!
Thor Menkent
... meio termo
na relação não compensa,
fragmento
ou parte tua não compensa,
só chão
ou só céu não compensa,
eu te quero
abraçar por inteira,
eu te quero
beijar por inteira,
eu te quero
chupar por inteira,
eu te quero
possuir por inteira;
eu quero-te amar
e te deixar louca por
inteiro;
eu, como
dizia Jean Paul Sartre,
nasci para
satisfazer a grande necessidade
que eu tenho de mim
mesmo!

SITE DO AUTOR: www.espaconiilista.net
BLOG DO AUTOR: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/
LIVROS A VENDA: SARAIVA, AMAZON, BOOKESS, PERSE (livros físicos e reais)

O BOM AMANTE


ONDE QUER QUE AS PLANTEMOS: AS PALAVRAS



... é preciso cuidado
ao escolhermos como usá-las,

há palavras
que nos agradam,

há palavras
que nos beijam,

há palavras
que nos prometem sublimes amores
e eternas dádivas e lealdade,

há palavras
que nos corta as asas e nos encaminham
a precipícios fundos, escuros
e largos;

sim, as palavras,
do amor à loucura, da alegria à dor,
da vida à morte pode nos levar em questão
​​​​​​​de poucos disparos deflagrados
no presente e eternizável
momento!

Thor Menkent

VEIOS SECOS




... os rios
se secaram de tal modo
que nem mais lágrimas
brotam em meio
ao mato
que,
em mim, cresce, escurece, sufoca
com angústias e dores
pesadas

aos poucos, tirando-me
o fôlego e me deixando só as folhas
secas, me mata!

TARDE VAZIA



A tarde está vazia como o cântaro no deserto,
E nublada como miha alma que mergulha na escuridão,
Tal qual a noite mais densa, quando chega sem avisar,
Querendo levar a seu covil a nobre alma de um guerreiro.

Até a mais intensa luz que busca se aproximar se nebula,
Mais se parecendo um tênue farol em meio à neblina densa,
Que, após perceber a turbulência, vai se distanciando,
Continuamente, tornando-se cada vez mais pálida, até desaparecer.

Poucas e pobres almas que inadvertidamente ousam chegar perto,
Em um mar de lamas são lançadas, maculando-se na essência,
Pelo poder negro que brota violentamente em minha alma,
Devorando os restos de humanidade nelas contidos.

Sou como o catarro pútrido onde se hospedam os vermes,
Que se alimentam, constantemente, das entranhas da carne,
Tal como faço com as almas que ousem se aproximar,
Sem se atentarem para o risco da nebulosidade de meu ser.

Do mundo, rechaço quaisquer bens, em descrença de suas futilidades.
E as donas, todas elas, belas ou não, são comidas como frutas,
E os caroços rejeitados no lixo, contaminados com a podridão de meu ser,
Temperados de tal modo que lá ficam como dejetos indesejados.

SEM MAIS INOCÊNCIAS


.


.. fiz cinco
cirurgias, já fui todo cortado
e, ao fazê-las
sem a menor perspectiva de um novo
amanhecer,
todos os amigos,
amantes e anjos se afastaram
do pedaço.
Isolado,
abandonado,
largado
em hospitais
fedidos, onde a morte cheirava
por todo lado,
sobrevivi
e escapei para novamente
voar.
Foi aí que aprendi
a viver com mais franqueza em plenos
gozos de asas e de carnes,
sobrepondo-me
ao quepensam, supões, elucubram
qualquer um que surja à minha frente,
simplesmente por ter perdido,
dos jugos dessa estirpe espelhada,
todo o meu medo!

Leia mais em www.espaconiilista.net

EGOS E QUEDAS



Dentro, às profundidades
côncavas do ego, há-nos tantas dúvidas e brumas
a fervilharem como incandescentes gotas
de ilusões, esperanças, medos
___ e sombras

que, às frinchas
mais angustiantes e profundas do caminho,
torna-se inevitável não
___ contemplarmos

- mesmo aos que,
como eu, não tenham em si alguma
fé válida em deuses criados
por homens -

o grande e sublime
exemplo, junto aos detritos da humanidade,
de tua corajosa, salvífica e dolorosa
___ paixão.

Leia mais em www.espaconiilista.net

EFEITO BORBOLETA


Efeito borboleta,
para mim, não tem nada a ver
com asas de insecto ou com o caos
inconcreto.

Efeito borboleta,
para mim, é quando tu me abraças,
envolves e me beija
na boca,

fazendo-me
queimar e estremecer feito
estrelas, gozando suas luzes
pelo universo!

CINZAS




No alvoroço
dos concretos, dos sonhos
e das espadas,

enquanto
cresce a insanidade
de meus verbos,

sobre o quê,
afinal, deposito minhas retinas
horizontais,

minhas lascívias
canibais, minhas reflexões
paradoxais,

minhas rimas
pluviais e minhas asas
artificiais?

AOS REAIS ESPELHOS VEJO TODA HORA!


... sempre evito
me olhar ao espelho,
por isso, dizem que o cabelo
não está penteado, que a roupa
não está bem acentada ou qualquer
outra coisa que notem e que não
seja de seus agrados;

nunca me perguntaram
"Porque evitas te olhar a ti mesmo no espelho?",
incautos de que a aparência que eu
demonstrar,

por mais feia
e pior que seja nunca se equiparará
com a que vejo ali, intrinseca e secretamente,
entre dois humanos
a conversar!

www.espaconiilista.net

PSICOSE DE UMA ALMA BRANCA




Um Mozart,
uma sublimação.
Um Pessoa,
uma fabulação.
Um Nietzsche,
uma alucinação.
Um Freud,
uma revelação.
Um Einstein,
uma racionalização.
Um Deus,
uma salvação.
Uma esperança,
uma condenação.
Uma vida,
em vão.


SITE DO AUTOR: www.espaconiilista.net
BLOG DO AUTOR: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/
LIVROS A VENDA: SARAIVA, AMAZON, BOOKESS, PERSE (livros físicos e reais)

A CAVERNA DE THOR MENKENT




... não, Noone,
o sonho não se deu na caverna
de Platão,
porque em sua época,
havia muitas coisas ainda por serem
descobertas, o que até contempla o mito
escrito por ele, com a vasta visão
para for a da caverna,
indluindo o céu,
a floreta, os montes, e muito mais
constintuindo-se assim um vasto
infinito,
mas não contempla,
à visão da époda, conceitos e conhecimentos
como a quântica, a energia escura, a matéria
escura, as singularidades cosmológica
e outras coisas onde não podemos
pôr os olhos,
numa inconsciência
que, reflita bem, já contém a visão da caverna
comprando-se o invisível que estava sob a mata
vista,
ou seja,
muldidões de formigas, de insetos,
de borboletas, passarinhos e tudo que
no seio dela desparecesse,
sem que se os pudesse
ver da porta da caverna, embora, repito,
fosse imensa e infinda a visão.
Portanto,
o sonho da caverna de Thor, representa
a visão interna e externa do mito da caverna
de Platão e o que havia sob a mata
vista por Platão da porta
da caverna.
Ou seja,
O fator INCERTEZA, entrou
e se enraizou no pequeníssimo mundo
dos áomos e das partículas
elementares,
no mundo do caos,
das infinitas possibilidades
e das singularidades a que não podemos
ver,
mas que, mesmo assim,
observando efeitos variáveis ou ligando
a lógicas do Cosmo em visão se podem supor
existir.
Vasto,
Vasto.
Vastíssimo tema para uma poesia.
Por isso encerro-a, por enquanto...
Por enquanto, Noone.
Quando quiseres retornar ao tema, fica à vontade.

ARREBENTAÇÃO


A QUE PONTO CHEGAMOS!


NÃO-SER




E eu queria ser
como as pedras, as árvores
e as águas,

para estar-me
ao chão ou escorrer-me
liquidamente;

sem mais o senciente,
ominoso e dissimulado
poder de - a sonhos, fantasias
e vesanias - fabricar.

LEIA MAIS EM www.espaconiilista.net

O EU


ESPELHOS




Tu andas
tão maquiada, tão ilustrada

e tão parecidamente angelicada
quando sai de tua
casa

que,
para te encontrar,
eu teria de vestir o céu de cinza

para te mostrar que,
de cabaços e de integridade,
tu não tens é nada

Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

AINDA ESTOU NAS TERRAS E NOS CÉUS DE SEMPRE




... todos os dias,
ao amanhecer, levanto-me imaginando
conseguir conquistar o mundo
(ou ela) com minhas asas
Falsas,
e o mundo,
decorrendo-se os dias, cospe
em meu corpo quente, em meu coração
exangue e em minha mente
demente,
e ela,
que agora deve verdadeiramente
ruflar suas asas com os anjos
brancos,
nem sabe mais
o que entra ou sai de meus olhos
ainda sapientemente
vazados!

FORA DE CONTROLE




... a morte se aproxima
e eu não lamento nada do que
humano me fora,
fora de controle,
minha mente vaga pelas
sombras taciturnas,
fora de meu corpo
meu desejo e minha libidinosa
é igual ao de todos,
fora de meu coração
não há algum lugar de boa
comunhão,
escrevo a esmo,
jarros de flores ou vazos
de merdas podres:
de minha alma
não falo, que dela cuide
meu Deus!

REFLEXOS



Para tentar compreender horizontes coirmãos é preciso também coragem para primeiro tentar compreender-se. Para analisar incongruências expostas em ares espraiados, com jugos severos e aviltados, é preciso ousadia para primeiro tentar analisar-se.

Um médico de homens ou de almas não cura doentes sem conhecerem de suas próprias fraquezas físicas e espirituais; e os doentes, em contrapartida, não se recusam a mostrar suas condições moribundas, como um grande ensinamento sobre nossas fragilidades, e como um aviso de que a vigília, de nós mesmos, deve ser constante como o respirar que nos mantém.

No entanto, de nossa condição geral no meio das coisas onde estamos e dos seres com quem andamos, é estranho observar vultos de toda parte declamando sobre que chamamos "mal" ou "bem" no mundo no qual nos edificamos em ambíguas interpretações, preterindo nossas próprias trevas em detrimento de olhares postos a adjacências.

Inadvertimo-nos, ao que percebo, de que entre céus e infernos intrínsecos, é que exteriorizamos, apartadamente, infernos, mantendo de nós mesmos uma utópica e fracassada visão de nobrezas, quando nosso olhar se encontra diante do espelho. Mas digo que ambos, bem e mal, coabitam-nos cerneamente, e a mente humana não pode, como se imagina (ou se ignora) invocar a si aprazeres e virtudes, regurgitando lançamentos espúrios aos cantos alheios, pois ambos, por mais que procuremos nos desvencilhar de nossas obscuridades, têm a mesma origem: nossas psiqués.

Enquanto minhas incautas reflexões me agitam na insônia do frio entardecer que atravesso, penso que toda carne já sofreu o pecado, e que todo espírito já se corrompeu em alguma angústia. Desse ponto é que somos imperadores de nossas decisões e de nossas escolhas, e nos enraizamos profundamente em aprisionamentos imperceptíveis de autopreservações cândidas e débeis, concebendo-nos alívios em conjeturas de tormentas alheias.

Madalena ainda é apedrejada a todo momento, sob o olhar de nosso Deus criado e sob a desobediência de suas palavras sábias. No entanto, o parasita interno que nos habita é pior que qualquer chaga que se nos possa ser atirada de qualquer lugar da vastidão inaugurada.

Descendo o vale crepuscular para o iminente abraço da noite, a conclusão a que pude chegar de minha longa jornada é que nossas pedras angulares se distam de nossos estandartes expostos nas altas torres de nossos magníficos castelos e que, ao nos negarmos enfrentar nossos próprios infernos, costurando, com nossas máscaras, angelicais palidezes e sinfônicos sussurros sob o resto da conjectura, também não podemos superá-los para nos enaltecermos em nossos céus.

SITE DO AUTOR: www.espaconiilista.net
BLOG DO AUTOR: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/
LIVROS A VENDA: SARAIVA, AMAZON, BOOKESS, PERSE (livros físicos e reais)

DESTROÇADO



Ao espelho
quebrado, vejo pingos de sol
refletidos como gotas
___ d'agua;

às frinchas
das entrebordas, ainda ouço
ecos passados a ressoarem,
___ com mágoa.

Vergo o corpo,
sangro a mão ao tentar separar
somente os cacos rosados
___ da vaca;

quando percebo,
enfim e dolorosamente, que também
já me caí em suficientes
___ extravios

___ para perder minh'alma.

Leia mais em www.espaconiilista.net

AINDA EM FRANCO BAILE!


.
.. não, não sou
nem nascei aluscindo, louco
___ ou embriagado,

ter assim
me tornado foi consequência
de beber do que está aí
___ neste mundo nosso:

em ilusões condenadas,
em fantasias estreladas ,
___ em esperança inválidas,

em carnse ígneas e inflamada,
desejo extático e derramados,
peito, bundas e bocetas
___ inclinadas;

e, claro,
em mentes, como aminha,
tendenciosamente pendidas à insolência
de acharem que podem tudo,
não podendo, em verdade,
___ nada!

VISITE TAMBÉM www.espaconiilista.ney

SOMOS DONOS DE NOSSAS ESCOLHAS


... os maiores
compêndios e batalhas
piscológicas,

sobretudo
no relacionamento amoroso
entre duas pessoas,

dá-se pelo
que eles pensam ou elucubram
e não por fatos
reais;

por exemplo,
o fao de imaginar que o
outro trai

ou julgá-lo
e com ele discutir por que
não se lembrou de seu
aniversário;

em contraparte
o ser julgado, deixa a calmaria
e vira tempestade,

www,poesiasniilistas.net

O NIHILO E O NEANDERTAL


O olhar obsceno
do niilista contempla o sapiens
neandertal,além de suas máscaras
bêbadas;

independentemente
do que dizem, ou pensam,
os ilustres menestréis
azuis,

com seus excelsos
discursos e seus paus pendurados
nos varais;

ou as puritanas,
com suas repetidas orações
e suas pernas fechadas
a conterem chamas
sexuais.

POLISSÍNDETO


A FLOR DO DESERTO


A GRANDE BARREIRA




E eis que
o limite e a detenção de tudo
___ em nós mesmos

se me parece
a grande barreira invisível
___ e intransponível,

à qual fizemos
novo infinito, com novas infinitas
possibilidades e com a (re)criação
de todas as coisas
___ que nele

houve,
há ou possa haver, de modo possível
ou impossível, por meio de nossas visões
retilínicas ou imaginatoriamente
___ mentais!

LEIA MAIS EM www.espaconiilista.net

ABSTINÊNCIA




... não faço
mais pedidos mirabolantes
e não bato mais punhetas
confortantes,

também não faço
nenhum busca mais que não seja
humana,

e não espero
mais do que por si de deem
ou do que um último
suspiro da noite;
eu apenas

ando com incontinências urinárias
e em abestinências do
que supostamente
queira.

Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

SEM SALAS DE ESPERA




... para ela
o tempo não urgia,
___ e ela está agora morta,

para tu
o tempo não urge e como
uma tartaruga, lenda e onicamente
___ preguiçosa, comportas-te,

mas para o cão
o tempo urge de tal modo que a mais
___ nada espero

para sonhar,
para amar, para fantasiar, para dançar,
para brincar e para ir com uma
linda beldade para
___ a cama!

EU SOU UM SOBREVIVENTE DA DESGRAÇA DO AMOR!


O SER E SEU AVESSO




Somos
algo qualquer entre o céu e o inferno
___ que nós mesmos criamos.

Fora,
há projeções magníficas
que inauguramos a nossos
___ aprazeres.

Dentro,
um grito de desespero ininteligível
que nunca ouvem
___ nem sentem.

LEIA MAIS EM www.espaconiilista.net

FANTASMAS




... amores passados,
amigos passados,
parentes passados,
sonhos passados e perdidos,
esperanças passadas e inválidas,
amores passados e destruídos,
deixam fantasmas
e a existência destes fantasmas
em nós
significa
exatamente que também,
embora pensemos
sermos,
não passamos
de meros fantasmas!

LEIA MAIS EM www.espaconiilista.net

EU DEIXAREI NOSSA LUA GRAVADA NA POESIA!




... não,
não agora neste vasto mundo
lotado de esplêndidas imagens e desejos
que levam a lugar
algum,
mas quando
vier a noite mais escura
a mais longa e fria, aquela que infinitamente
nos dure,
é que verão
ao céu nossa comum lua, de um modo
tão belo e puro
que se farão
êxtases aos olhos, aos corações
e aos corpos,
e sob ela
se amarão em completa
liberdade, explodindo em fluorescente
loucura!

DOR MOUCA



... no quebrar
das asas, o pássaro soltou
um grito que nunca
___ ouviste,

é o torpor
dos sonhos e dos sons dos anjos
___ frementes

a que
sempre ouvias sem ficar
nem um pouco
___ exitantes:

sos gritos
do cão foi dado a outras gaivotas
que passaram pelo deserto, com seus
___pincéis mágicos,

tentando
colorir um pouco meus secos
___ horizontes!

VIAGEM ERRADA




... o tempo corre
rápido demais e o trem
chega sempre
atrasado,

tento tomar
um banho sob a lua distraída
e sou flagrado,

tento andar
às ruas e avenidas e as margens
me tragam;

tento então,
ao dormir, descansar e sonhar
e me vêm demônios
desgraçados,

por fim,
tento ligar um ar
condicionado em busca
de alívio e me queimo
por todo lado.

ww,espaaconiilista.net

NO MOMENTO DE COMUNHÃO



... chama-me,
dança comigo, beija um homem
que se sabe feito
de nada.

Como lidas
com a certeza da carne
e com a incerteza do pensamento
assim?

Então,
fecha os olhos e te sirvas de mim,
embriagas-te de mim, sonha, transa
e goza comigo como se fosse
tudo se mfim,

podes agitar
e pendular em meu eriçado pendão
sem receios de que sejas tomada como um anjo
em provocação.

Vem,
só não te esqueças de que,
apesar de quente, muito quente e excitado,
o cão é melhor servido a ti,

para que
evites ressacas, dores de parto
e agudas diarreias,
morto!


When we share the garden and the bed, my lady,
I can be your angel, your hero or your villain,
to your choice.
Not later!

O POEMA QUE NUNCA SERÁ ESCRITO!


Os únicos versos
que considero válidos
são os que nunca consegui
alcançar de meu
___ deserto:

neles;
poder-se-iam achar
esplende pares de asas
em brancas folhas
___ de papel.

Por isso,
minhas poesias
nunca são sequer razoáveis,
mas apenas costuradas
com vãos enredos
___ dissimulados;

condição
por que renego-vos
os eloquentes e incautos elogios,
os quais deveis distribuir
aos demais pássaros
___sapiens!

AINDA BRILHAS DA MORTE!



... rosto de neve,
corpo de boneca barbie,
alma com mistura de anjo
___ com demônia,

ora andando junto a mim,
ora pairando à minha frente,
ora voando ao meu céu,
ora se deitando em meu leito
___ para me amar,

ora se virando enraivecida contrário,
ora se postanco com navalhas verbais às minhas costas,
ora cavando o inferno onde me levaria
___para me assassinar,

deixando-me em total ausência
de sequer mais um olhar, mais um suspiro
ou mesmo mais uma banal discussão
___ com ela do meu lado!

www.spaconiilista.net

A CASA DO DIABO


... abro a janela
e olho para fora,

vejo pássaros,
pássaros enormes com seus
dedos e asas apontados
para o sol

para
os céus, para os mares
e para as sombras
das noites:

só ainda
não descobri qual das lanugens,
ao fim, é mais
selvagem!

FODER É UMA COISA, AMAR É OUTRA




... além da multidão
de amores vãos e de desejos latejantes
que vemos por aí,
eu devo dizer
que, mais possível amar de verdade,
é quem está acostumado a carregaar o vazio
no coração,
porque,
ao lhe ser plantada uma flor,
estará tão sedendo quea encherá
de sublime sentimento e de esplendorosa
paixão!

DUREZA


Ignorância,
arrogância e insipiência
me incomodam,

mas o que
mais me incomoda é quando
escrevo, tipo,

um raio me encendeou,
uma flor do deserto chegou,
uma nuvem apareceu e eu a amei,

tenho saudade de lilith,
eu gostava de falar com letrinhas
ou outro substantivo comum ao qual faço
um próprio por derivação
imprópria,

alguém,
geralmente alguma beldade,
chegar e me perguntar sobre o que
se trata, como que a desentender se de algum
homem ou de alguma mulher!

SILENCIOSAMENTE




Suor e lágrimas,
dores e sangues,
arrependimentos e medos
o castelo desabou,
enquanto silenciosamente
me rompia por
dentro;
as chuvas
inundaram tudo
e não há mais como esperar
o próximo trem
da manhã
nem próxima flor
a nascer.
Os ventos saíram
do controle;
uivam, berram e me varrem
tudo.
Estão fortes,
fortíssimos, frigidíssimos,
provocando um congelamento
impiedoso ao já infértil
deserto.

SITE DO AUTOR: www.espaconiilista.ne
BLOG DO AUTOR: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

INVERNO




... quando
chega o inverno,
eu me lembro de outro grande
___ inverno,

ao qual
___ não sobrevivemos;

e, então,
sou tomado de uma dura
e inexplicável dor
___ e melancolia,

não pelo
perdido, mas pela falta de forças
para deixar, pelo menos,
um resto de chama
___ acesa

naquele
árido e fatídico
​​​​​​​___ frio!

www,espaconiilista.net

MINHA HORA DEVE CHEGARA RÁPIDO, POIS EU SEMPRE DISSE QUE NÃO QUERO ENVELHECER!


... vendo sonhos,
ilusões e esperanças desaguando-se
no vazio riscado por rios
___ e rugas,

percebendo
a força física, a força do desejo
e a força para se pôr veementemente
___ aos mais duros frontes,

percebendo
que deixamos de amar como homens
e, por algum motivo, passamos a amar mais
___ como cordeiros anões,

penso em
por que permitimos o tarde
demais, se podemos definer a passagem
enquanto eternamente jovens
pensar ainda nos
___ podemos?

www.espaconiilista.net

SINTO MUITO, EU APENAS AINDA ESTOU VIVO; E, VIVO, SOU HUMANO!




... como me dizer
a ti, com franqueza
sem cometer um ineitável
suicídio de asas?
Bem,
se eu entrasse em ti,
entraria como um anjo a te adular,
como um herói a te proteger,
como um amigo
a te agraçar e como um amante
a, de todas as formas, tentar
te agradar,
assim como
também entraria, por ser demasiado
humano, em tua morada
carnal,
com excitação
e tesão de um demônio tarado
que, paradoxalmente ao anjo que te é,
também quer te comer inteira
como à tua alma!

QUE COMO COMBINAMOS SEJA À HORA CERTA




... que assim
não te findes, meu amor,
um ano se passou de tua partida
e mesmo uma vida toda seria mínima
perante, que nos espera,
o infinito
que assim
não te findes, meu amor,
porque, ouve-me desta vez
pelo menos,
como
eu sempre disse,
o inconcebível também pode
ser perseguido
e, quando
assim o desejamos, até
a morte pode ser
vencida!

SIMBOLISTAS, NÃO SOIS MAIS NECESSÁRIOS




... meu instante
fere, mas fere tanto já
por si mesmo,
pela simples
inexistência mais de alguma
linha ou margem que
divida os pólos;
que não
me cabe mais sombras
ou entrelinhas;
ou sou todo só,
ou sou todo chão
ou sou todo nuvem.

TEMPO IMPREVISTO



... quem
quer o quente verão à praia
deve também se preparar
para os invernos nos
montes,

quem quer
o doce da sobremesa
não deve renegar e primeiro comer
o prato principal,

quem quer
o amor tem que estar preparado
para a dor.

e quem quer voar
tem de saber decolar e aterrizar,
sabendo que, durante
o voo,

pode haver
tempestades, quedas e mortes,
ao chão, de insensatas
ilusões.

TU


...

AMAR É SILENCIAR O EGO E OS QUERERES



... amar
não é só um encontro,
assim, tão simplesmente
um encontro,
é um silenciar
de imagens e de vozes,
é um vencer
das entrelinhas e notas
de rodapé,
é, se preciso,
negar o sol e a lua em sua
nudez pura
e os demônios
de prazeres luxuosos;
amar é,
pela prisão em que se coloca,
um eterno encanto.

ANTES DE PARTIR


... serei
um caminho, uma luz
ou uma cruz,

ora cordeiro,
ora devorador,

ora um anjo sublime,
ora um demônio devorador,

ora ainda ao chão
ora ainda à transfiguração à nuvem;

toma
e alastra em mim a fronteira
do amor

até que me
vigore a grande noite
escura

e o silêncio
que não mais possa ser
agredido.

NÃO QUERO SER MUITO RUDE


A CAL É O QUE ME ESPERA!


... eu me sinto perdido,
eu ando-me muito triste,
eu não sei porque houve essas pausas
em nossas vidas,justamente quando
eu me aproximo do tarde
demais;

eu ando serm destino,
eu ando como anda a sombra da noite
e sem alguma luminescência onde
me abrigue;

eu já não sei mais
o que fazer, eu já não sei como te explicar,
eu já não sei mais olhar contigo
em paz o luar;

eu sinto que
só tenho agora as asas quebradas,
o silêncio dos mortos, a saudade dela
e tu longe do outro lado,

sem me entenderes
em absolutamente mais nada,
e eu me sinto tristemente embriagado
e muito próximo de também, enfim,
morrer-me afogado!

NÃO ME PEÇAS MAIS NADA


SEM FORÇA PARA CAMINHAR, NINGUÉM PODE FALAR DE SONHO OU DE AMOR



... quando,
mesmo aos mais claros dias,
fazem-se presentes os interiores instintos
sombrios,

é sinal de que,
racional e desconexo, considerado
um todo sendo, nada mais que um ser, em mente,
fragmentado,

o sapiens,
embora não saiba e não ainda
não tenha ser deitado em eterno berço,
já está morto!

A INTRUSA



... entraste,
sério, como luz encantada;

ao me veres
e ao contemplares as sombras
que me rodeavam,

saíste
correndo como uma criança
que imaginava ter o demônio,

invisivelmente
lhe fungando por trás de uma branca
cortina de fumaça!


Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

FOR SECA



... não haverá
outro pálido dezembro,

nem sonhos,
nem libidos porcas, nem angelicalismos
vãos;

está tudo
pisoteado por pés, egos,
patifarias e vãs
palavras;

não há
sequer lembranças boas,
o que há é um lugar
sem cores,

www.espaxoniilista.gov

PERDIDOS ENTRE UM GRANDE AMOR E CHUVAS DE FOGO


ALÉM DO QUERER


COM A LUZ ACESA OU APAGADA?


ENTARDECER



... até na chuva
tenho que ser a pedra

e, francamente,
meu saco já se encheu de ser
só a pedra;

sim,
e se sou pedra na chuva,
no sonho e na vida,

tolos e idiotas
são os que bancam anjos
dizendo amar
a pedra.


www.poesiasniilistas.net

PUTAS, ANJOS E LENDAS


AMANTES OBSCUROS




... bela,
muito bela,
fria,
muito fria,
inteligente,
muito inteligente,
obscura e sombria,
muito sombria,
era ela;
tolo,
muito tolo,
quente,
extremamente quente
e apaixonado,
também obscuro
e sombrio,
era eu;
de tal modo que,
daquele grande amor, inrrazoável e incerto
de outrora,
após sua morte,
só me restou o profundo,
profundíssimo
abismo!

ANJO DECAÍDO




Sempre fora
um anjo com suas asas
delicadas

- e sempre encontrava
algum amor ao comer enquanto
voava -;

mas,
estranhamente,
sentia ainda que algo
lhe faltava.

Quando ele viu
o abismo pela primeira
vez,

pensou, então,
ter achado aquilo que tanto
ansiava:

uma cândida paz
distante dos gorjeios e das faustidades
da passarada;

e foi neste exato
momento que morreu como
Ismália.

SITE DO AUTOR: www.espaconiilista.net
BLOG DO AUTOR: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/
LIVROS A VENDA: SARAIVA, AMAZON, BOOKESS, PERSE (livros físicos e reais)

FRANCAMENTE




Que me seja poupada
a áspera velhice,
que me seja apagado
entre as coisas
antes de tal castigo
divino;
a não mais poder sonhar
amar um anjo virgem

ou comer um exuberante
corpo à cama.


PÉTALAS NAUFRAGADAS




A brutalidade contida em espíritos assimétricos a caminharem desapercebidamente sem rumo, omitindo submundos por detrás de pujantes véus embalsamados em estranhas palidezes faz com que ondulemos em ruínas de mares avessos e em inexeqüíveis ilusões contidas em esperanças exaustas.

Nas áreas reluzentes dos presentes estares conjurados, há sombras de passados aromados em quedas cruciantes, e desatinos utópicos nos esquálidos amanhãs de nossas demências.

Pouco sabem meus semelhantes que não há cura para a insânia da existência entorpecida na razão adúltera, com a qual tentamos expirar inocências perdidas em espaços sórdidos onde nos enclausuramos, frágeis e febris, entregues a anseios, amores e crenças vãs, enquanto omitimos dos lábios prostitutos nossas mórbidas assimetrias intrínsecas.

Vejo-nos guerreiros e santos em soberbias e airosas alocuções e laivados em nossos envilecidos cernes, a esparramarmos heresias mútuas de toda ordem no imenso quadro surreal do qual somos autores inconfessos e personagens centrais.

Próximo à fronteira do desfalecimento por overdose de mim mesmo e habitando solitariamente a grande e abismal geleira não devia falar tanto a promissores céus peregrinos, fragmentados, como eu, em seus próprios âmbitos incautos.

Mas chuvas negras me caem constantemente encharcando-me em meus próprios malsinos de dor, como que a lavar meus alaridos incoerentes diante de multidões fantasmagóricas.

E quando encontro, nas superfícies versejantes, algum abrigo a ofertar suaves melodias, mais me feneço diante do sempre último espectro inconspurco, a se colapsar comigo no momento seguinte.

SITE DO AUTOR: www.espaconiilista.net
BLOG DO AUTOR: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/
LIVROS A VENDA: SARAIVA, AMAZON, BOOKESS, PERSE (livros físicos e reais)

A EXTENSÃO DA PEDRA




Choraste quando
eu estava vivo e ao teu lado,
mesmo em incontidas
chuvas.

Choraste ao amares,
com tuas ilusões dementes
- em recorrentes e incontidas traições -,
a mitos e a ídolos que forjaste
aquém e além-mares.

Que, então, reclamas agora
se, com tuas figuradas e insanas crias
fantasmagóricas, trouxeste-nos
odiosa morte?

E por que te achas
ainda alva e resistente, se de ti
nunca vi descender

algo que não se transmutasse
em alguma busca por exíguos refúgios
em asas inválidas e corpos
cálidos?

Ou algo que - como incauta presa
de guerreiros, anjos ou amantes forasteiros -
te mostrasse realmente
forte?

www.espaconiilista.net

EM TUAS MÃOS




... calcinha
perfumada com o próprio
odor da pele,
o corpo delicado
cheirando a perfume
e insenso,
vestida
com uma fina bluzinha
de seda,
que
deixava claro os contornos
das pernas, das asas
e dos seios,
a fala mansa
e prazerosa de um anjo
que caiu do céu,
e quisera Deus
não ter sido ao meu humilde
terreiro,
pois foi
quando meu rio parou
de correr,
morrendo
faminto em um mar
imenso!


TAL TERMO, EM SI, É UMA BAITA DISCRIMINAÇÃO!


...

...quando
passam dos sessenta,
e olha que estou sendo
generoso,
três estações
já passaram, restand0-lhes agora
apenas uma,
a mais fria,
a mais árdua,
a mais flácida,
a mais burra,
a mais vermífuga,
a mais decadente possível
e aquela em que estão
mais fracos e frágeis;
e ainda
vêm uns filhas da puta,
bancando anjos e a chamando
de "A melhor idade!"

Melhor idade é isso aí acima!

AFOGADO




E as chuvas
continuam: chuvas,
sangues e dores.
E este cão condenado
sequer pode
pegar o próximo trem
da manhã,
nem colher
a próxima flor a nascer,
nem fabricar
o próximo sonho
a morrer.

SITE DO AUTOR: www.espaçoniilista.net
BLOG DO AUTOR: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

NINGUÉM NEM NADA OCUPA TODA A PRIMAVERA OU TODO O INVERNO!





... sonho, cal
ou leite em contrastes alados,
terrestres ou em leitos,

nunca
são mortas as horas,
mesmo que coloridas ou arruinadas
fiquem as paredes,

até que,
em novos traçados, sirvamos
e bebamos

mais sonho, cal
ou lerite fragmentosos e iguais
contrastes!

O FULGOR ESPIRITUAL


.


... quando,
de uma alma, um puro
encanto luzes
explode,
não é o desejo,
o simples desejo de ter,
de amar e de foder
ou a busca
por status, evidência
ou poder
que,
com suas indesejáveis
consequências,
suja
e sombria a torne!

www.espaconiilista.net

O NIILISTA SABE DO ENGANO SAPÍENS!


A FLOR QUE ADORMECE ANDANDO



... um marido ignorante,
um trabalho rotineiro e pesado,
uma vida elitizada, bem mascarada
e rimetizada, porém triste
___ e solitária,

amigos-corvos-velhos
alisando como se abusando da beldade,
ou pelo menos assim ela lhe
aponta o dedo, ao falar
___ com este retardado,

uma criança
outrora violada, agora já desiludida
com homens e que goza mais por questão
política da relação do que por
desejo e amor em
___ lustro,

essa bem
que merecia a mente, a loucura,
o desejo, o amor e a bandeira rigidamente
hasteada do cão
​​​​​​​____ do diabo!

SÓ MAIS UM POUCO, ANA!


NOTURNO




A noite
e suas silentes vagas,
e seus intransitivos escuros,
e seus incompreensíveis
segredos;
mas tão sublimemente
alheia a noite
- e assim tão inocente -,
que não nos
resistimos a estuprá-la iluminá-la
com nossas sencientes
refulgências.

É PRECISO SABER VOAR


A CAMINHO DO NADA!


NÃO IMPORTA ONDE, NEM COMO


PACTO


Em pacto feito
sob os brancos lençóis
do quarto,
após a extática
comunhão dos corpos
e dos caldos,
ousaram
a se dadivarem em amor
sempiterno;
enquanto a noite
se dissolvia
perante seus olhos
cegos,
a desdenhar
o incauto e frágil sonho
dos dois amantes.

A ÚLTIMA FLOR


.


... ao deserto
seco brotou uma flor;
à minha noite
mais negra irradiou um fio
de esperança em luz;
em meu
choro salgado e em meu suor
amargo surgiu um pouco
de perfume e sabor;
meu corpo
cansado,ao ver nua aquela
flor, novamente, e vigorosamente,
acordou;
minha alma
que habitava a um vazio sem sentido,
novamente se alertou
e se aprumou!

www.espaconiilista.net

ANJO DA NOITE



Talvez ainda me reste
um pouco só de bondade ao coração
(ao contrário do que tanto
___ tenho ouvido por aí),

mas o problema é que,
quando se abrem - os corações -
tornam-se alvos fáceis de pássaros
imperativistas e vermes
___ oportunistas;

então, tranco-lhe por dentro,
despojo-me da chave e lhe vou ajuntando
solidões e angústias no transcorrer
___ dos dias;

até que chegue, enfim,
o momento em que ele possa repousar-se
[ao inevitável apagamento]
___ em calmaria.

CLAMOR!


INFLAMAÇÕES SAPIENS




... durante
a excitação do ego
e do desejo no manusear
da palavra,
nem
os mais nobres dos anjos
conseguem se libertar
___ das ilusões,
___ das línguas,
___ e das genitálias
trocadas!

RUMORES DE AMOR E DESOLAÇÃO




No sobressalto
do passo perdemos o compasso,
tudo rodopiou
devagar,
a brisa parou
de soprar e fomos desaguar,
calma, vagarosa
e prazeirosamente em outros
lugares;
mas sempre
mantendo as chuvas da fonte,
com um incompreensível
e turvo olhar.

NUDEZ SAPIENS



... nunca vi o ser nu. Na verdade, nunca me vi a mim mesmo nu. Essa abnomalia é um grande e paradoxal problema, ainda mais entre tantos de semelhantes que também possuem a mesma cegueira que eu, e se encontram pensando a algo fiel e naturalmente verem.
Longe de nossas visões que nos distraem, tudo nos está alheio, não sabendo o sol que se chama sol, a pedra que se chama pedra, o mar que se chama mar e todas as outras coisas onde estamos jogados.
Quanto aos sentimentos sencientes, ainda é mais besta a coisa. Que sabem os átomos que nos compõem e a tudo, a terra, as árvores, a lua e etecetera sobre o amor, o rancor, o desejo, a dor e as demais coisas que acometem o ser?
E de fato, só o se ama, ou pensa que ama, masturba ou pensa que masturba, pinta e colore ou pensa que o faz: pedras e coisas não fazem sexo!
De fato, jamais poderei ver o ser nu. Nem a mim. E o ser, seja onde estiver jamais se verá nu, pore star confinado nessa infinda e abnormal barreira. E ela derruba Sartre, Nietzsche, Shopenhuer e todos os demais pensadores que, como nós, não pssam de artesão com suas abnomlias sencientes.
As mascaras são, pois, essenciais, sob o risco de se as perder, perde-se juntamente a humanidade que nos dá tal pseudo poder.
No seio do Cosmo, foi feita uma revolução pelo ser, de fato. Mas o ponto do quale le se originou pode condená-lo em seu pensamento, em sua senciência e em sua abnormidade do mesmo modo pelo quale le foi gerado, bastando para issi que ocorra o que ele não pod ever: uma igual flutução, avaçaladora e quântica, no infinito de possibilidades que a ele naturalmente, mesmo ele se pensando senhor de tudo, pode ocorrrer!
Assim se condena, no ponto de surgimento o ser e seu poderoso poder de escolha, com a mesma frieza imprevista que o gerou!

www.espaconiilista.net

À ESPERA DO ÚLTIMO TREM




... sentado,
sem malas ou roupas
ou qualquer outra
coisa,

espero.
como se estivesse somente
observando a noite
e as estrelas,

o trem para a última
viagem!

ELA, A FLOR DE INVERNO!


ESTOU PENSANDO!


... há algo
querendo entrar, ao mesmo tempo
em que uma espessa neblina
está a me circundar;
nesta hora,
de idos tempos me lembro
de outros sonhos, de outras ilusões
e de outros iguais intentos
que sempre,
após juras de amor e trocas de desejo
com frêmitos êxtases, findasram-se
com os efeitos devastadores
da id
em ciúmes,
em possessividades
e em rancores.
Para,
penso, avalio se permito
uma vez mais seduzir e me seduzir,
ou se evito a previsível queda que
atrás deste novo arco-íris
que incauto de desenho
ao horizonte ainda
vazio!

NÃO SEI SOBRE ESSAS COISAS!


... sabe
porque eu não soube
te amar, baby?

É porque
eu não sei sobre anjos,
eu não sei sobre pássaros,
eu não sei sobre esses amarelíssimos
canários,

eu não sei sobre
tentilhões coloridos e limpamente
excitados

e, sobretudo,
eu não sei forjar um inválido
par de asas!

Sabe
porque eu não soube
te amar, baby?

É porque eu só sei
ser humano, humaníssimo
demadiado!

www.espaconiilista.net

OBVIEDADE!




... se os anjo forem isso,
lindas,
meigas,
gostosas,
com peitos rijos e lindos,
com pernas grossas e bem
delineadas,
com bundas perfeitas
e deliciosas quando comem
uma cacdinha enfiada
e com uma
boceta que nos dá o mel mais
delicioso depois de um estrelado
orgasm,
eu garanto
que os deuses correrão gravíssimo
perigo!

A ÁUREA FLOR DO DESERTO



... a meus angustiantes
gritos moucos só uma pessoa pôde
ouvir,

à minha alma
desflorida só uma pessoa pôde
ver,

à minha descrença
de ser (e com o ser), só uma pessoa
pôde sentir;

à minha fome
e à minha sede, mortais, desolado
e tombando ao meio do caos que
ela deixou

e profundos
abismos de mim mesmo, só uma pessoa,
de meu deserto, a mão me
estendeu

e resgatar-me
conseguiu, e é por isso que ela
tem o nome de Flor
do Deserto!

www.espaconiilista.net

LEMBRO-ME DE TI TODOS OS DIAS




... juntos andando,
juntos sonhando,
juntos amando,
e quando
a eterna, escura e fria noite
chegou nos separou,
talvez imaginando
que, já no dia seguinte, em iria
te esquecer;
mas eu digo
que, enquanto os pássaros sapiens
arrepiam suas pernas, suas asas
e suas genitálias,
tu ainda te amo
e aguaro a hora de também
me anoitecer junto
a ti!

O PURO E O DEVASSO SEMPRE ESTÃO NO MESMO SER



... tentei-me erguer
como um arbusto imponente
e inquebrável,

e, assim,
me fiz da raiz ao topo;

quando comecei
a tocar o céu, veio uma tempestade
e ventou, e ventou,
e ventou,

e continuou
ventando muito e forte,
e eu tentando me manter
na vertical:

de repente,
um estralo seco,
os pássaros e os anjos roubaram
meus sonhos;

abaixo,
os vermes se fartavam
de meu rachado
pau.

www.espaconiilista.net

TU VIESTE MAIS UMA VEZ


CASTIÇAIS, PRECES E QUEDAS




"Embora as religiões
preguem a paz e a igualdade
entre os homens,
e esses a seguem quase
que cegamente,

como explica
os problemas sociais
e os conflitos
gerados na humanidade
Thor Menkent?"

Eu diria que,
no verbo regozijado,
em repetidas orações aos templos,
ou mesmo a quartos
fechados,

não há como se expurgar
a cerniente abnomalia
da qual fomos
gerados;

e, muito menos,
como legitimar qualquer causa
para os devastadores efeitos
da fausta senciência
sapiens.

www.espaconiilista.net

NÓS NÃO SABEMOS AMAR


SEM RUMO



... não há
horizontes definitivos,

quando
olhamos para fora da caverna,
vemos muitos caminhos
alternativos;

para não
beirarmos tantos abismos
ou não nos perdermos entre tantos
infinitos,

temos
de construir um comum
infinito!

www.espaconiilista.net

A QUALQUER HORA...



... está chegando minha hora,
já fiquei até demasiado tarde neste mundo
de milagres em imagens e de vazios
virgens nunca vistos
___ às madrugadas;

e neste ficar,
fui em tudo demasiado,
de comer até ficar totalmente
___ obeso,

passando
por me embriagar até perder a razão
e o equilíbrio e por me enlançar e dançar
___ com abismos

ate foder,
transar, delirar, soprar e me sobrar
em corpo cansado e em mente insanada
pelo pouco que me resta
___ de estrada!

AUTOCONSUMADOS




Escondidas
as sombras das asas
e dos corações

e lavados
os leites e as nódoas das genitálias
e das mãos,

os pássaros
sapiens colocam-se
(tersamente)

sempre prontos
e limpos para as próximas
encenações.

O PRINCIPAL MOTIVO DAS PERDAS



... discutir
quando se desconfia de alguém
ou quando os nervos estão
à flor da pele é

________ burrice,
________ negligência,
________ sadomazoquismo,

vestidos
de branquíssimas palavras
e máscaras,

como
de de tudo tivesse a razão,
a mesma razão que sempre falha
no momento do ódio!

A CABANA


... toda vez
que ela me leva para o lote,
algo acontece;

o mundo
deixa de existir como é
ou como o concebem e passa a ser
exatamente como queremos;

num reino
onde a puerícia manda (e ela não
sabe nem se preocupa com o que dizem
ou pensas sobre a id os tolos
adultos)

e tudo que há,
eu suponhamos haver ou vir a haver
nos serve tanto em infinitos imaginados
como em pequenos detalhes
por nós costurados!

NOSSOS CONSEQUENTES ERROS



Por que
não te calas um pouco,
sem desviares tanto o olhar
aos espetáculos
alheios?

Afinal,
não sabes tu que,
entre rituais de luzes
e sombras

- regozijados
aos teatros mambembes
ou aos lugares comuns
do caminho -;

às vezes,
é um trágico erro
interromper o sublime silêncio
com a volatilidade
da palavra?

A HORA DO ESPANTO!


Hora de içar as âncoras
e de recolher as asas,

é tempo de se começar
a construer nova jornada
ao nada:

não há mais tempo
a se perder no amor, nem nas batalhas
nem nos naufrágios:

sim, não há mais
tempo para coisa alguma:

em breve essa nau
será conduzida ao nada!

ANGÚSTIA E PAZ




... e me deixarei
assim:

desterrado
em meio a intrínsecas
tempestades

- de sonhos, caldas
e quedas -,

provocadas
por meus cernientes
fantasmas;

mas com uma
singular, angustiosa
e silente
paz

a me habitar a alma
devastada.

www.espaconiilista.net

A CHAGA


A ferida
aberta em minha alma
por tua luz,
deixou
meu barco sem remos,
meu caminho desflorido,
e meu leito
vazio, cada vez mais ávido
por solidão e frio!

ABSOLUTO CAOS ESCURO!




... nas sombras
absolutas, qualquer faísca
e luz, baby;

e eu sei
onde tudo acontece,

e, por isso,
garanto que a luz,

do mesmo modo,

sem a excuridão
é nada!
www.espaconiilista.net

DETRITOS




Em longínquos idos,
até conseguia
me sentar sobre pedras,
a ouvir as músicas
das casas;

hoje,
ao descobrir que
o sapiens não
tem asas,

ouço somente
sussurros e passos
de fantasmas
passados;

e atiro,
aos telhados e vidraças,
as mesmas pedras
em que outrora
me sentava.

SITE DO AUTOR: www.espaconiilista.net
BLOG DO AUTOR: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/
LIVROS A VENDA: SARAIVA, AMAZON, BOOKESS, PERSE (livros físicos e reais)

NÃO VOU CONTRA TEU VENTO




... esquece,
eu não tentarei te desvendar,
não!
Tu tens de estares
assim, enganada por ti mesma,
sem que eu, à curva da fantasia e da insânia,
te alimente,
porque te
alimentar seria o mesmo que
movimentar um moinho por onde se sopram
anjos, demônios e excitadíssimos e putos
pirilampos!

É, DE FATO, TARDE DEMAIS!




... se eu pudesse
voltar no tempo, não seria como
dizem por aí, que fariam tudo
novamente;
eu realmente,
mesmo sabendo que voltaria a cometer
erros e a praticar pedados, por abnormal
condição humana,
esforçar-me-ia
para fazer absolutamente
tudo diferente;
mas
é uma pena que isso é só um pensamento
sem importância no curso do tempo
e do vento,
porque,
com quarenta e sete e tendo passado
por muitos frontes severos, eu já
sinto que,
sem poder fazer
nada para consertar o que, por escolhas incaultas,
fui ou deixei de ser,
estou morrendo!

O ARTESÃO DE SONHOS E DE ABISMOS




... costurei máscaras
brancas e negras para me adaptar
ao baile sapiens,

desfilei-me ora como anjo,
ora como herói, ora como mocinho, ora como
vilão, ora como um dom ruan a conquistar e a foder
as mocinhas;

sim, fui indolente
e não temi céus nem infernos, luzes nem sombras,
jardins, salas ou leitos de concupiscências
escondidamente vazias:

tornei-me
assim um transeunte entre as senciências
do ser, ora frio como o pólo norte, ora foro como
o sol que queima.

donde posso
afirmar que, se tudo vi e se a tudo do
ser eu conheço, dele nada mais pode realmente
me surpreender!

VISITEM TAMBÉM www.espaconiilista.net

QUANDO TE FOSTE



... quando partiste,
deixaram de cantar os canários,
deixaram de tocar piano e flauta os músicos
dos mais harmoniosos céus,

deixaram de voar
os condores e as águias mais esbeltas,
deixaram de fazer festas os reis e os príncipes
em seus magníficos castelos,

deixaram de compor
e de baterem suas escondidas punhetas
os bastardos dos pseudopoetas deste recanto,
​​​​​​​onde semeiam, pensando ser luzes,
muitas merdas,

deixou de latir
e de sonhar, e se tornou tõa pobre
e mísero este cão que nunca mais conseguiu
perfumar ou colorir sequer
um verso!

www.espaconiilista.net

ABNOMALIA


EM SOMBRAS



... noite escura,
noite solitária,
noite fria,

somente o murmúrio
dos grilos e dos sapos por entre
as escuras matas,

o silêncio de resto
e mais nada:

e neste eu deserto
que se forma nesta noite:
angústia, saudade, cuciante dor
e mais nada!

LUGAR DE MALDIÇÃO


THOR MENKENT: UMA VIDA DE VAZIOS REINAUGURADOS!




... quando
me perco nos obscuros caminhos
inconscientes de minha
mente
e tal perdimento
se vaza aqui, neste recanto
com fedor de luzes e com memórias
de amores e de suadas
camas,
tudo se
parece uma só e louca mistura:
imagens, aforismos, incandenscências idílicas,
sombras demoníacas,
desejo,
amor, rancor, solidão, angústia,
rancor, solidão, dor,
tudo, tudo, tudo
em ensurdecedores e moucos gritos,
grafados neste fundo
preto!

SITE DO AUTOR: www.espaconiilista.net
BLOG DO AUTOR: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/
LIVROS A VENDA: SARAIVA, AMAZON, BOOKESS, PERSE (livros físicos e reais)

CANSAÇO!



Cantos
e falácias de pássaros sapiens
me amolam demasiado,

e bem que,
com suas cristas e suas vozes
em riste eles tentam até construí
infinidades nas madrugadas,

com suas
homofonias (posto que tudo parece
ser dito para pegarem um par de peitos
ou de boceta do outro lado);

eu, francamente,
ando preferindo isso que há tanto
tempo vedes por aqui: o deserto, a solidão,
a dor e a (des) harmonia
dos versos!

The flowers and the angels,
and this sounds like a curse,
only when their roofs fall,
they remember me!

ALTAR DESTRUÍDO!


... o que dizer
a vós e que poderíeis pensar
deste niilista
que outrora dizia
sonhar,
que outrora dizia
amar,
em vívidos
versos com ela vestido,
se agora
lhe é extático o gesto,
ineficazes os verbos e próximo
o afogamento no abismo
do deserto?

ETÉREAS PRISÕES




... vagueiam
as flechas das sombras,

há fantasmas
que ficarão escravizados
na vida,

enquanto
nos vamos à passagem
da última ponte!

BORDEL POÉTICO


Versos coloridos,
rimas preciosas,
poetrix, ecosys, trovas, experimentais
e o escambal,

e tanto que até
embaça as vistas da gente
e deixa uma clara sensação de que
o espaço poético é levado como site
de relacionamento, em vez
de literatura.

Esqueceram
a essência do que seja a poesia
e esqueceram que ela foi o berço
da filosofia:

eu, Thor Menkent,
afirmo que, no que chamam poesia,
sóme permito uma
regra:

não ter
absolutamente nenhum limite,
nenhuma fórmula e absolutamente
nenhuma regra!

CURVADOS




... quem
quer o quente verão à praia
deve também se preparar
para os invernos nos
montes,
quem quer
o doce da sobremesa
não deve renegar e primeiro comer
o prato principal,
quem quer
o amor tem que estar preparado
para a dor.
e quem quer voar
tem de saber decolar e aterrizar,
sabendo que, durante
o voo,
pode haver
tempestades, quedas e mortes,
ao chão, de insensatas
ilusões.

FATAIS DISSIDÊNCIAS



Discutimos por tudo
no estranho caminho em que
andamos:

das peladas
em campinhos localizados
em algum cafundó

às cúpulas
menestréis que, muitas vezes,
assistimos
na TV.

E isso me lembra
Einstein, ao afirmar que
somos todos ignorantes,mas não exatamente
pelas mesmas coisas;

e de quem, aliás,
discordo:

somos todos
faustamente abnômalos
a criarmos diferenças exatamente sobe
as mesmascoisas

que nos estão alheias
a nossos sencientes e espúrios
modos de ver.

www,espaconiilista.net

NÓDOA ESCURA


... se eu tiver
de colher auroras novamente,

não farei
para me ajudar na travessia
do árduo dia:

colherei no silêncio,
o mesmo silêncio da madrugada,
à hora da morte.

www,espaconiilista.net

RELUZÊNCIA PERDIDA!




... sim, eu sei e eu sinto
que, mesmo ela não sendo tão pura como se dizia
e tão virtuosa como eu
queria,
ela tinha à alma
um azul-turqueza que resplandecia
em meu deserto solitário
e vazio;
e agora
que ela se foi, a única coisa que
me restou foi isso: um caminhar ermo
e angustiante a beijar
abismos!

A CHAGA NEGRA


A chaga negra
sempre andava no andar
de baixo,

mas, quando
falava - estranhamente -,
parecia fazer uma
ligação

para algum cúmplice
filha da puta, que conseguira
se infiltrar no andar
de cima,

pegando emprestado
palavras e trapos de faustas
e falsas luzes.

AMANTES CORRUPTOS


DERREPENTE




Sim, não mais
que num breve derrepente
de chuvas com foices
verborrágicas,

sucumbem-se
os sonhos exíguos
e as esperanças
cansadas:

há marulhos
secos de asas se quebrando;
enquanto, à espreita,
os lobos uivam,

faminta
e libidinosamente,
à esperarem pelo banquete
das vísceras.

www.espaconiilista.net

O VÍCIO DA POESIA




... eu já estou aí,
e vou ficar para quando quiseres
ler algum pedaço de minha
pequena alma!
Thor Menkent
É possível
deixar o vício de escrever
poesias e de delirar aos céus
e aos vazios?
Eu diria
que sim, se trocado por outro vício,
como, por exemplo, o vício pela fantasia,
pela ilusão e peloo sexo;
sabendo-se,
entrentanto, que se aquele vício
(o da composição artística) se faz
com dores de parto;
estes,
depois de um tempo demasiado se iludindo,
transando, punhetando-se
e gozando,
costumam deixar
um vazio tão grande que nada mais
lhe possa ser plantado.

SE TÍNHAMOS O MESMO MAL, POR QUE NÃO FOMOS JUNTOS?




... chorarão por ela o marido,
chorarão por ela os filhos,
chorarão por ela o pai e a mãe,

chorarão por ela os amigos,
chorarão por ela os amantes,
chorarão por ela os poetas, os putos
e os poeteiros,

ao findar dos dias,
chorarão por elas as flores, os tentilhões
e os anjos;

enquanto isso,
solitária e silentemente ao deserto,
aos poucos, estarei morrendo
com ela!

www.espaconiilista.net

SOLIDÃO




... único porto seguro,
onde o combate se dá apenas aos
fantasmas ali outrora
plantados,
sem amores presentes,
sem odors presentes,
sem dores presentes;
e mesmo os fantasmas
passados e os novos que ousarem adentras,
servem apenas para a fabricação
de arte com as dores
do parto!
Our origins
were the same, my love,
as well as our decided
and eternal end
after this life!
Thore Menkent

TU QUERES?


.


... vem,
pega minha mão,
abraça-me,
beija-me,
dança comigo ao som
de uma linda
canção,
encanta-me
com tua beleza, com o perfume
inebriante e com teu jeitinho
florido,
canta-me,
depois de umas doses de vinho
e de veneno, para a cama
e lá me toma,
e me ama
sem pressa, sem limite
e sem pudor; e em mim, na hora
de teu gozo, como um rio
te derrames!

www.espaconiilista.net

A PROSTITUIÇÃO SAPIENS




... deviam reavaliar
a definição de prostituição,
pois parece-me
haver deveras um grande engano
de interpretação.
Prostituição
não pode ser quem vende,
por escolha profissional ou por necessidade,
o próprio corpo,
isso é muito
pequenamente ridículo a uma mente
razoavelmente reflexiva.
Prostituição
é quando um militar com o poder
de zelar pelas margens sociais e pelo bom
convívio dos cidadãos entre elas,
usando de sua autoridade,
transgride-as;
prostituição
é quando um político, nobre função,
é pago para zelar das coisas públicas e,
em vez disso, beneficia-se delas e assalta
esconidamente os cofres públicos;
prostituição
é quando pastores fazem teatros de curas
e de milagres usando o santo nome de Cristo
em vão para encher seus bolsos
de grana;
prostituição
é quando há má fé na intenção, sempre com
objetivos de autobenefício em preterimento a irmãos,
semelhantes ou terceiros;
enfim,
eu poderia falar dezenas de situações
que, de fato, demonstram ser umas putas
e fodidas prostituições,
mas eu não consigo
ver no que chamam de puta o demérito
do título nem de puta nem de prostituta
simplesmente por exercer, com coragem,
o seu livre arbítrio,
sem roubar,
sem prejudicar
e sem maldizer a ninguém.
Biblically
Peter was the apostle.
Philosophically
Magdalene took on the hard and main role
of being the naked human
of business!
Thor Menkent

ALTA MADRUGADA


Era alta madrugada,
ruídos fantasmagóricos estremeciam
a realidade perturbada
de meu ser:

as coisas e os sentimentos
inaugurados pelas avesgalhadas
senciências do ego,

os sinuosos passos
dos puristas e dos anjos de plantão,
com suas superbíssimas
e incautas atuações ao palco da vida,
enquanto se promiscuíam
por detrás de negras
cortinas

- com extremo agravo,
gerado pela presença insana
de uma tênebra demônia -;

tudo parecia mover-se
aos profundos precipícios
que se me abriam às entranhas vazias,
até que a contemplei
à nuvem

- uma bela e esplende
guerreira -,

onde depositei
minhas derradeiras esperanças
e meu dádivo e sincero
coração.

P.S. E tenho um receio: de que, sob chuvas e fogos, se esse sonho morrer, morram-se com ele todas as novas porvindouras manhãs.

CANSAÇOS


LUZES E DELÍRIOS


... as luzes
persistem e não se cansam
de cair em meus sonhos
___ insanos,

trazendo-me
chuvas, com suas sinuosidades
___ e preciosidades;

fazendo-me
abandonar o seguro caminho
___ das sombras

e me suicidar,
com constantes chuvas,
as raízes de minhas
___ ramas!

www.espaconiilista.net

O POETA QUE JÁ NASCEU MORTO!



Ela o viu ali,
sentado sozinho à mesa
daquele boteco
___ vazio,

a tricotar
versos pálidos e imperfeitos
entre um e outro gole
___ de vinho tinto:

"Se já disse
mil vezes que te amo,
e que sempre fui sua
___ (somente sua)

porque
me choveu tanto,
como que a não crer
___ minhas palavras,

como que
a querer tolher a minha
sagrada liberdade,
___ meu amor!?

SENTIR



... sinto
a essência e o perfume

___ de todas as flores,
___ de todas as asas e pernas,
___ de todas as bocetas,

___ de todas as luzes,
___ de todos os desejos
___ e de todas as cativas sombras:

sinto ainda
o cheiro das manhãs cristalinas
e o forte odor

___ do carvão queimado, às noites,
nas fogueiras,
___dos voos incautos,
___ das tempestades avassaladores
___ e dos profundos desfiladeiros:

nesta hora,
sou nada a sentir o peso do mundo
inteiro!

www.espaconiilista.net

SIMPLESMENTE NÃO HÁ OUTRO CAMINHO



... como escrever
poesias sem falar de mim, por mim
e para mim?

E, se sou niilista,
e sabem disso, como escrever sem
a algo do sapiens, ou de mim,
destruir?

A carne
é fraca e triste demasiado quando
de riscos e rios se encharca
para dela eu falar,

a sapiens mente
é um prato muito desejável,
mas impossível lhe saborear sem
aproveitar da demência
que lhe há,

e o amor
é algo que dizem sentir
ou querer sentir sem nunca saberem
exatamente o que é.

Então,
mais uma vez pergunto(me)
como falar de ou escrever qualquer
coisa, sem mostrar suas
sombras,

se é exatamente
quando tento me dirigir aos sóis que,
ao contrário das fênix, sempre
me sobro cinzas?

A FATAL QUEDA AO FRONTE DO AMOR



Fantasiosamente
(em incomensuráveis tempos e espaços),
os pensamentos e os desvarios
___ empenhados,

como se lhes
fosse possível alguma concretude
à improbabilidade das coisas
___ e dos sentimentos:

em épocas
de céus azulados, mitológicos
voos em esplendores
___ serenos;

em épocas
de mares navegáveis, a nau a deslizar
por entre amores e fulgores
___ pseudoeternizáveis;

em épocas
de volúpias terrenas, a obesidade adquirida
no consumo antropofágico
___ de carnes;




em épocas
de quedas e de quebras de asas,
a dor e o choro pelos destroços
___ e cinzas espalhados

e, sobretudo, pela visão
das próprias limitações e fracassos,
tantas e tantas vezes projetados
___ às ilusões fantásticas.

O PÁSSARO EM MIM


Quando Ana
calou meu canto e fez
dormir o pássaro que havia
em mim,

pensei
que já era, que jamais sairia
de meu deserto e que jamais venceria
minha angústia, minha dor
e minha solidão,

e que meu silêncio
seria, ao longe, ouvido somente
por meus tristes versos,

até que ela surgiu,
assim, com seu feitiço poóetico,
com seus sonhos inventados, com um canto
e com um encanto diferenciados,

acordando-me,
uma vez mais, de minha própria
morte de mim!

TODO AMOR



... todo amor
começa com um terrível engano:

que amar
é um ato tão nobre que ilumina
o caminho e impede tropeços
e decadências

mas, quando acordam,
percebem que nele também há escuridão,
insegurança, sofrimento, medo
e dor

e que amar, por ser sublime,
sempre cheira a perfume e refulgência
a estrada, a casa e o leito
escondido,

mas, quando acordam,
percebem que ele também contém,
embutido, o cheiro
de estrumes!

www.espaconiilista.net

A CAMINHO


A vida não é fácil,
só os anjos fodas acham a vida boa,
já me perdi entre marés altas
e céus baixos;

entre meus semelhantes
igulmente anímicos já fui espelhos
e reflexos,

sem nunca ter conseguido
dobrar o sol, nem procratinar a dor
que surgiu com amores tão
fortes como abstratos!

Agora ando com a sensação
de nem mais pertencer a isso tudo,
de nem estar mais aqui 
no meio disso tudo,

vivendo a tentar
procrastinar a inevitável solidez
e eternidade com que vem, querendo se banquetear
a morte!

A CONDENAÇÃO FOI MÚTUA!




... qual louco
apaixonado, sem equilíbrio, sem norte,
sem força para manter um chão
seguro,

bebi do vinho que me deste,
bebi da filosofia e da poesia que me deste,
bebi do delicioso perfume que me deste,

bebi da saliva de tua boca
como se bebesse ao Santo Graal um idílico
vinho suave,

bebi de teus seios,
de tuas pernas, de tua bunda
e de tua vulva quente e fremente
tanto como de teu veneno que, ao nosso céu,
amargurava-me e me envenenava!

www.espaconiilista.net

SEMPRE HÁ A TERCEIRA MARGEM



... no fundo
___ da gaveta do fundo,

por detrás
de suas roupas, de suas máscaras
____ e de suas jóias,

sempre
há algo que o ser guarda
___ em completo segredo,

talvez
alguns sapiscos de lamas
por onde tenhamos
___ andado,

talvez
um punhal bem guardado
para a hora certa
___ de usá-lo,

talvez
a verdadeira face que não
demonstramos em nossas navegações
___ de cabotagens!

TEU FANTASMA SE TORNOU O MUNDO!




... tu adormeces
sob o negro colchão da morte,
enquanto o veto
teima em deixarem vivas em minha
mente demente a tua imagem, a tua voz,
atua quimera entre espinhos
e flores;
e essas
moucas lembranças enchem meu céu
e minha terra, de tal modo que, mesmo
que seja a andorinha mais bela
e branca,
não mais lhes
conseguem pousar do mesmo
absurdo modo:
and thus,
I remain closed, solitary
and prisoner yours!

“EU FAÇO TUDO PELO MEU MARIDO!”


A FLOR QUE INUNDA




... pouco me impressionam
as coisas,
mas,
trajando-te luz,
é incrível
como estás assim tão
efusiva,
vivaz
e paradoxalmente morta!
VISITEM TAMBÉM: www.espaconiilista.net

A CÉZAR O QUE É DE CÉZAR


... teus
olhos, teus peitos
e tua vulva

muitos já viram;
e eu já vi muitos olhos, peitos
e vulvas como e até
melhores que
as tuas;

a questão,
baby, é que acho que ninguém,
além de mim, viu o mais fundo
de teus fundos,

onde carregas,
ocultamente, as zonas mais
absortas e loucas de tuas
sombras!

A CHAMA QUE NÃO SE APAGA


... uma ves tu disseste
que, se um dia, a chama se apagasse
entre nós não sobraria sequer lembranças
ou destroços de nosso
amor;

e eu me lembro
de te afirmar que estavas enganada
e que, quando a morte te levasse antes de mim,
como previste em teu revelador
sonho,

seria,
mesmo em solidão e sombras eternas,
que mais intensa, dedicada e slubimemente
que eu iria continuar
a te amar!

CHÁS DE PALAVRAS E SÊMENS


EU SER INCONGRUENTE




Não nego,
habitam-se grandes incoerências
em meu cerne
vulgar:

por exemplo,
enquanto, ao verbo,
prego fluorescências
subliminares

a puritanas, virgens
e santas, esplendidamente
vestidas sob
o luar;

às vezes tenho
uma irresistível vontade de com elas
me masturbar.

Então,escondo-me
silente a um canto vazio qualquer
e, com vesanias e ominosas fantasias
à mente,

desço a mão à dura
haste e movimento, e bato,
e, em delirante êxtase
começo a
gozar.

Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

O ABRAÇO DA MORTE!


Ela me deixou
pelo crepúsculo frio
da morte,

seduzida
com a exuberância da ilusão
com o sono eterno;

eu fiquei só
neste mundo cheio de fantasmas,
de vazios e de destroços,

em dias onde
não brilha mais sóis!

TUA INATINGÍVEL LUZ




... se és luz,
estás certa e não podes ver
em seus leitos nenhum tipo de sombras
ou de vazios,
posto que
a tudo, de alguma forma ilumina;
mais triste
é minha sina que, sendo sombras
mal posso, sem morrer, agasalhar-me contigo,
em alguma noite fria!


Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

ATÉ AO CAOS, SE FOR PRECISO!


... para se
remontar aquele grande mistério
de outrora, envolto em dor
___ e amor

será preciso
ir além da carne, além do tempo,
além deste mundo e além de qualquer
___ esquecimento

de aqui
de onde tu já partiste
e de qualquer coágulo que se nos fome
em infinitos outros
___ mundos!

DROGADO


MÓRBIDA OBESIDADE


... a fome
anda pelas cidades
dos homens,

fantasiados
de anjos e de santos;

sim, a insaciável fome
pelas libidinosas imagens e ilusões

dos caminhos,
dos jardins,
dos ares submarinos

faz com que
ele abra esquinamente as pálpebras
e escancare as genitálias,

em secretos
e escuros quartos.

QUE HOUVE COM ELES, ANA?





... nesta tua noite
que não finda,
nao cantam
mais tentilhões, canarinhos
nem sapiens anjinhos;
mas late,
solitaria e tristemente,
um cão
que ainda
ouve moucamente o som de teu piano
e de tua flauta,
que sente,
ao vento, o teu suave perfume
que te banhava o lindo
corpo nu,
que transa
contigo como se ainda estivesses
viva, viva, vivíssima
e que continua
te amando, com imaginação, esperança
e fé, através deste infinito
sem fim!

Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

AO CHÃO




Do jeito que
tens me visto e apragoado,
querida

com teus delírios
iluminados

- e já há tanto tempo -,

embora te ame
tanto, já perdi a completa
noção

de quanto limpo estou para
poder te amar.

www.espaconiilista.net

DESÍGNIOS


Por que me lês a caminhar em ebriedade inóspita, se, assim como minhas tormentas de outrora, ao contemplar teus estouvados e arguciosos voos, poder-te-iam evitar tantas quedas recorrentes; os versos tristes que salivo de meu retiro ermo poder-te-ão sedimentar dores lancinantes nos pensamentos que se perdem entre um, e outro, e inúmeros reinos que inventaste em enlaces inexequíveis entre tantas lendas?
Contempla, então, o meu vagar entre areias estéreis, porque, de tudo que dizias do fausto fecundador de sonhos, o improvável se tornou inevitável em meu veio ressequido, sem que possas sentir a solidão nua em que naufrago.
Mas eis que, para teu alívio em leitos nobres e para tua liberdade em horizontes argamassados, melodio, de meu desterro, uma triste oração que a Brisa te segredará em alguma madrugada insone:
"Ó grande reino de ébrios enlaces em quimeras insanas contra o qual ainda me debato em invencível compêndio, não espalheis mais sonhos incautos em meus céus acinzentados para que eu não os desdenhe em esquálida descrença.
Ó grande ego senciente, implacável e degenerado, como a inocência outrora perdida, mortificas-te em mim para que não me volte ao conforto das flores de alvas pétalas nem aos confrontos com os magníficos menestréis do mundo.
Ó regozijadores de todos os tempos e adventos, mantende-vos longe de minha retirada paz no deserto para que não vos exponha os intrínsecos espúrios com o bruto ceticismo me assola em enferma resignação.
E, por fim, ó poderoso deus da flor de inverno, cuida de tua filha à qual vi caminhar perdida.
E afasta-a de mim, que conheço dela os maculados segredos, pois aprisioná-la-ia em minha alma entenebrecida e amá-la-ia em plena e dolorosa eternidade!"

FORÇA ATÉ O FIM




... posso amar,
assim como posso a calos
e buracos instalar
e posso exagerar,
posso me despir e sombrear,
posso me cortar e me arrasar,
posso fixar
a paz ou a dor que há em
um amor;
e tudo isso
não depende de musicalidades,
nem de poesias, nem de palavras
voláteis de quaisquer
qualidade,
mas tão somente
se o mal não me for posto
como negro reflexo
ou não me
for imposto com o ego e com a vaidade,
de modo reencardado.

SEM MARGENS DE ERRO




... mas
que droga!

Que merda
de rachadura!

Que desgraça
a negritude que se
aproxima!

O acaso
acertou o cão
de jeito,

de modo
que ele não tem forças
nem tempo

para dar
mais nem um
tropeço!

www.espaconiilista.net

A CIDADE DO SER


A mesma cidade
em duas divididas,
sem que lhes houvessem
barreiras ou divisas;

ambas as partes
com avidez pela vida,
ambas as partes a se digladiarem
em sismas.

Quando chegou
a fatídica hora do cataclisma,
rugiram, das portas trancadas,
as dobradiças;

evidenciaram-se,
das entranhas sencientes,
as sombras abissas;

e ressoaram,
em palavras afiadas,
as mortiças.

Ao leito frio,
de sobressalto,
acordava um homem
velho e confuso,

a olhar pela janela,
no silêncio soturno da noite,
a cidade que ainda
adormecia.

APODRECENDO




... podes ficar,
mas terás de limpar o instrumento
e mantê-lo protegido
e guardado,
e terás de apanhar
algumas flores e frutas
que tenho plantado ao jardim
de casa
e você,
preocupada com o que há fora,
nem olha ou se importa.

CHEIA DE GRAÇA




... voa como
mariposa em busca de luzes,
sempre caindo com os choques
a suas quentes e fortes
claridades;
comporta-se
como anjo lunar, mesmo quando,
excitada, está a beijar, abraçar
e trepar;
esparrama-se
com mascaras nuas no que chama
de poesia, só para a seu ego aclamar
e a canários e a menestréis
encantar;
foge do cão
porque ele carrega ao bolso
um espelho fiel que se mostrado a ela,
com seu reflexo, pode matá-la!

www.espaconiilista.net

EM MIM, É ETERNA!



... se, por falta
de luz, de sublimidade e de força,
mal podem falar de um
___ terreno amor,

quanto mais
julgarem, como têm feito
algumas nuvens, algumas vampiras
___ e algumas flores,

a eternidade
que ele possa atingir após a morte,
assim declarada unilateralmente
___ pelo que restou!

EM MIM, É ETERNA!



... se, por falta
de luz, de sublimidade e de força,
mal podem falar de um
___ terreno amor,

quanto mais
julgarem, como têm feito
algumas nuvens, algumas vampiras
___ e algumas flores,

a eternidade
que ele possa atingir após a morte,
assim declarada unilateralmente
___ pelo que restou!

HARD AS STEEL, COLD AS ICE!


HIATO


Eram dois,
que se diziam um
em sempiterno
amor:

ao fim,
em doloroso hiato
sobre pedras
e abismos

que se lhes formaram,
em desalinho à mente, ao coração
e à alma:

um e outro se foram
a se acharem, em si, vítimas
do enlace incauto;

um e outro se foram,
com severos julgos e açoites,
a elegerem o comparsa
como canalha.

O DESTRUIDOR DE VERDADES


Sem exceção,
todos os pseudotesouros do ego,
ajuntados à luz da abnormal
senciência sapiens,

incluindo-se

os reluzentes sonhos incautos,
os ominosos devaneios incontidos,
as sublimes crenças fertilizadas,
as tênues esperanças porvires
e todas as dissimulações
ao grande palco,

à sua hora,

apagar-se-ão à inexorável
casualidade das possibilidades
universais.

UM AMOR E UMA LUTA TITÂNICOS!


A CLARA FORÇA DO DESEJO


... desejo e amor,
desejo e sexo,
desejo e poder,

desejo e fé,
desejo e dor,
desejo e angústia,

desejo e boa-fé,
desejo e má-fé
desejo e vida;

e assim tudo
muda de acordo com os mares,
os ares e as tempestades;

mas o desejo
é o que, inexoravelmente,
reina no mundo
que baila.

A NOITE MAIS DENSA


... sentimento

___ indefinido,
___ estranho.
___ vazio;

uma vontade
fraca como se tudo já
tivesse morrido:

___ naquele inverno,
___ naquele mar,
___ naqueles pedaços de asas
quebradas!

CHOREI E CHORO


É VERDADE



... amávamos,
sem dúvidas amávamo-nos,
e os efeitos da morte dela
nos provou isso,

mas nos amávamos
tanto com o doce sabor do bem-querer
e do desejo, como tomando o amargo
cálice da insegurança, da dúvida
e do ciúme:

sim, é verdade,
jamais negarei que absurdo
nos amávamos e que, por tanto nos
amarmos e não nos sabermos
amar,

aos poucos,
embriagados e machucados,
matávamos!

EM TEMPOS EM QUE SE AGUARDA A MORTE, NÃO É PRECISO MAIS VENENOS




,.. um dia,
não distante,
com minha morte física
se fará meu silêncio
absurdo;
e então
todos os meus olhares
serão impossíveis,
todas
as minhas palavras
serão esquecidas,
todos
os meus sonhos
não mais florirão em parte
alguma
todos
os meus quereres serão
inexistentes,
nenhuma beleza,
nenhuma pureza e nenhuma dádiva
me poderá ser dada
ou tomada
e em meu não-ser,
serão teus a paz e o mundo
inteiro.

ESTAMOS NO MESMO BARCO


... sou humano
em senciência e carne,

e fiz central
raiz, como todos, nesta
terra;

mas isso
não foi algo que se possa
dizer, aos olhos do Cosmo,
certo ou errado;

e também
como todos, estou condenado,
em hora incerta,

___ à ausência,
___ ao esquecimendo
___ e ao nada!

EU OUVI MUITOS “PARA SEMPRE”, MAS…


... o fronte final
parece-me próximo, eu o sinto
___ na beleza fria das coisas,

na inveja frívola
dos pássaros e dos anjos
e nas inconformidades dos demônios
___ de plantão:

de nuvens
a liliths, luzes, letrinhas, gigis,
lendas e mais uma multidão de beldades
que já vi penduradas nos trapézios
da vida, agora em longes,
___ mares e abismos,

enquanto eu
aguardo, contend meu ultimo passo
por apenas mais um momento, meu fim
em um desértico chão
___ seco!

HÁ ROSA E ROSAS!


ALÉM DO TARDE DEMAIS!


... antes ,
mesmo que sumisses, eu acreditava
em teu retorno e aguardava-te
com esperança;
hoje não,
hoje
eu ainda espero apenas,
mesmo sabendo ser em vão,
que passe esta longa noite para,
quem sabe, cruzrmo-nos
novamente,
em algum ponto
perdido à fria, apagada e escura
imensidão!

AMAR



Então vem e acaricia-me
a palidez das noites e das noites solares,
nas quais espreitam caninamente
meus fantasmas;

mostra-lhes que outrora
erraram de curral, quando observaram,
com seus vesgos olhares ,
vacas, cães e vermes travestidos
de seres angelicais;

vem e mostra-me
um feltro verde, ou azul, ou de qualquer cor
- menos o cinza negro -
onde eu possa plantar alguma
tocheira fulgural;

vem e tira-me
estas marcas e estas chagas,
estendendo-me um caminho diferente,
sem sonhos vagos e sem sombras
retesadas,

vem, então,
vem e me sirva tua presença
e, se possível, com teu amor sem grandes promessas,
mas também sem esquinas
e encruzilhadas.

ESTÁ FURADO, MAS ESTAMOS NO MESMO BARCO!



... a vida
não é eterna ou sequer vasta
como imaginam,

por isso
não deviam abdicar de se olharem
em seus humano espelhos
todos os dias

para que
não se perca na incauta pretensão
de ser, alienado da própria inutilidade
e falta de sentido
de tudo!

NÃO CONSEGUI TE ACHAR AQUELE DIA



... conheceste
asas que voaram por muitos
___ ares,

nobres pássaros
que povoaram tuas oníricas
___ noites lunares,

marinheiros
que navegaram e se afogaram
___ em mares

e pés que
andaram por muitas noites
___ e desertos áridos;

neste momento,
não sei o que mais pode te ajudar,
___ um anjo ou um cão,

mas ouve
o mestre, em tuas fotos,
estás quase chorando e, se á distancia,
___ vejo isso,

que têm feito
por ti teus amigos, teu marido
___ e teus amantes?

www.espaconiilista.net

SE A TUDO PODEMOS, TUDO É VÃO


VENENO EM GOTAS



Com pueril
cortejo, beijei-te o sonho
encantado;

após afagos
mansos e palavras
alvas,

ao chegar
repentino de rigoroso
inverno,

escorreu-te
d'alma gotas de sereno
envenenado!

VOA PASSARINHA


A JORNADA


De manhã,
tive de lidar com canarinhos e bem-te-vis
que cantavam com extrema soberbia
à minha janela.

À tarde,
as coisas pioraram
um pouco:

marimbondos, urubus
e insetos invadiram o jardim
das primícias,

onde eu tentava
plantar, junto às flores do outono,
meus tentilhões
eriçados.

À noite
- houvesse,
talvez eu ganhasse
algum prêmio entre os mais
solitários e angustiosos
sapiens -,

num banho morno,
deixo escorrer-me o barro
e, ainda semimolhado à cama
prostrado,

ajeito o travesseiro,
aliso os lençóis, e ela, que me conhece
as curvas mais delicadas. os pensamentos mais
degredados e os sonhos mais
extáticos,

e ela,
que, dentre todos,
é a única que sabe que eu lhe
retorno todas
as noites,

suspira ao zelar-me
o sono da madrugada
e ao amar-me, silente e sem segredos,
o corpo excitado e a alma
machucada.

AMEI COMO PUDE




... correste
tão apressada ao cemitério
que pareceia eu ter me tornado
seu maior carrasco,
e o que eu
unicamente procurava era um laço
adequado, destes que te proibissem de cometer
tráficos de esplêndidas imagens,
destes que
não te permitissem sonhar além
de nossas margens, nem foder além de nossa
cama.
Mas tu chamavas
de prisão o que eu via como infinita
liberdade,
e tu me chamavas de monstro,
enquanto eu queria apenas te amar
e sexuslmente te possuir por todos os possíveis
lados,
e tu ainda
me pedias para curar o amor
que dizias sentir por mim, e, eu, tambem
completamente apaixonado,
só queria
tanto mais do viço amoroso e desejoso,
mas mortal, envenenar!
She was not a woman.
She was an angel imprisoned in a woman's body!

FEITOS E VERTIGENS



... mas como
é que me amavas assim
como diseste por
tantas vezes,

se, a todo momento,
falavas de tuas variáveis fluorescências,
sem dividires comigo

as chaves
de teus segredos e as extáticas náuseas
de tuas escuras
sendas?

NÃO HOUVE ÍNTERIM


A ÚLTIMA FLOR DO DESERTO!




... sim,
nova luta, novo fronte,

com meu escuro-cruz,
ponho-me à frente, ando por corredores,
sinto o cheiro frio da morte
como que a me chamar
para uma valsa;

sigo,
soerguido, fraco mas destemido,
com meu Senhor ao lado:

se, ainda assim,
a morte vier, dar-lhe-ei meu último
abraço e meu último beijo,

na esperança
de novamente achá-la (à minha perdida amada)
ao vazio apagamento
do outro lado!

É O QUE ME SOBROU NESTA VIDA



... minhas poesias
são dias sem sóis, com chuvas
ventanias e vesanias
corredeiras;

minhas poesias
são noites sem estrelas, com seus
entre-espaços vazios
e negros;

minhas poesias
são o oposto do azul do céu, da vastidão do mar
e do esplêndido e sublime
sonho lunar;

minhas poesias
são reflexos fragmentados
- geralmente não assumidos à luz
que toca os espelhos -,

que se me emanam
quando estou sozinho e desnudado,
tentando (em vão)
me lavar.

INEXPLICAVELMENTE ABNORMAL


NADA É ETERNO SENÃO O MOMENTO PRESENTE!




... perdas de tempo
irrecuperáveis,
sonhos e amores
perdidos por serem incautamente
adiados,
fusões, elos,
amizades, namoros e qualquer tipo
de relação postos sob um céu
nublado,
com a esperança
de haver sempre algum outro
mais azul e ensolarado:
e, assim,
vai o homem, fugindo de seu passado
e projetando no amanhã suas novas e melhores
possibilidades,
sem perceber
que mal consegue organizar o único
momento que lhe é: a presente
eternidade!

NÃO VI FLORES EM TEU SUBCONSCIENTE!




... daqui a pouco,
quando eu não estiver mais aqui,
a quem mais irás apontar este dedo
em riste,
a quem mais
irás inquirir e julgar com teus verbos
de negros tons,
de quem mais
irás elucubrar com tua imanente
e incontida má fé em ao chão aos outros
sempre pensar,
em qual outro pescoço
irás achar que a corda seja a solução
sem também o matar,
e, sobretudo,
a quem irá dizer amar, se sequer
conseguires, com ele, alguns passos que
não sejam às cegas visões
de tuas retinas,
caminhar?

www.espaconiilista.net

O BRILHO DE TEU OLHAR


SENSUAL HIPNOSE


SOBRE O ERRO


VÓRTICES CEGOS


EGO


Devido à pungente
força do ego,

a pior coisa que pode
nos acontecer,
quando estamos realmente
a amar alguém,

é o afloramento
dissimulado medo da perda,
simplesmente por, conscientemente ou não,
sabermos que não somos
o melhor.

E isso, quando acontece,
é como se vivêssemos inventar duelos
contra mitos, lendas
e deuses

- ou ainda pior:
como que se intentássemos, de forma cruel,
devido ao ciúme e à possessividade,
contra o próprio ser a quem
amamos -,

com nossas torrenciais
chuvas verbais
ou com nossos ominosos
olhares postos em suas lepras
abstratas;

só para tentarmos,
em vão, suprir nossas imanentes
fraquezas junto à pessoa
amada.

ELA ETERNAMENTE: LILITH!



Lilith
está morta, disseram-me;
e eu nunca mais
___ a vi;

mas
eu ainda a ouço
como uma harpa a tocar
___ me afligindo,

como que
se o broto quisesse
se fundir com a flor em
___ eterno mistério:

eles não
sabem, com seus olhos
voltados para a terra
___ fértil,

até onde
combinamos de chegar
___ juntos um dia!
www.espaconiilista.net

ESTE SONHO TAMBÉM SE CONCRETIZARÁ EM UM OUTRO PLANO!




... nem mesmo
à eminência da devastação
de toda a terra pelo singular
cataclisma
consegui
entrar novamente em contato
contigo,
para te pedir
perdão por tudo que juntos
nos fôramos
e por tudo
que eu deveria ser para
que meus entes amados e meus semelhantes
próximos sobrevivessem
à montandade sem
limites.
Assim,
eu teria de me transformer
no embaraço, na pedra de tropeço
e na própria queda de muitos
para tentar salvar
alguns,
eu teria
de ser infinitos para tentar
dar esperanças aos pequenos pontos
escuros que sobreviveram próximos
a mim
e eu teria,
como derradeira e insuportável dor,
já próximo à minha também
morte,
por ter
de ti em tudo divergido, para proteger
meus próximos em detriment
dos semelhantes mais
distantes,
de sempiternamente
desistir de ti!

www.espaconiilista.net

NÃO TEMAS O ERRO NEM A DÚVIDA!




Por que ter dúvidas
se, cerniente e abnormalmente, é-nos impossível,
de nosso centro universal,
errar?
A escolha,
de toda forma, tem origem e consequência
no EU.
E apenas isso
"Origem" e 'Consequência" é fato.
O que seja certo
ou errado, verdadeiro ou duvidoso
é sequer ilusão de nossas abnomalias
que,
muitas vezes,
teimam inconscientemente se desvestir
ou se desprouver do que lhes
é inalienável!

O PREÇO DE SER DIFERENTE




... há, sim,
coisas piores que a morte,
Baby;
e não são
__________ os reflexos,
__________ os devaneios,
__________ os desejos
__________ ou os sonhos quebrados
aos libidinosos
becos:
uma delas
é encarar a própria complexidade
abnômala
é tentar manter
( sobrevivento ao próprio, frio
e tenebroso deserto)
___ a honra!

QUERER V


Há-me um barco
à curva do horizonte, que vem de longe,
muito longe;

e ele vem assim,
de manso, como que a querer pousar
em meu hermético porto;

e ele vem carregado
de estórias de deuses, de mitos, de lendas
e de seus feitos por além,
bem além do mares;

e ele vem assim,
impávido (como sempre) e incauto do risco
de se petrificar naufragado
em meu porto.

QUERO DESLAÇAR CADA NÓ TEU!




... dama
dos das claridades e das escuridões,
estou bêbado
de desejo e de paixão,
querendo-te
loucamente para ir comigo
a céus e camas fazer
amor,
e, ao te amar,
posso te agradar sendo anjo,
sendo herói ou sendo o teu severo
possuidor;
depois, em silêncio
profundo na hora de tua ausência,
quero grafar, com a inspiração que me
semeaste,
teu nome,
teu cheiro, teu corpo e tua alma
em versos de extrema loucura
e amor!

SECRET LOVE



Em algum ponto
será inaugurado um céu,

e ele será demonstrado
em poesias,

e ninguém saberá
que pássaros o povoaram,

em amor,
em desejo e em sublimes sentimentos
implantandos à alada mente
do poeta niilista,

pois será,
por escolha tua, sem que nada
se perca, um eterno
segredo!

TRANSLUCIDEZ



... e, na silente
translucidez dos versos daquele
que um dia se rasgou
___ lírico,

havia uma menina
- tão vívida como mariposas em fogo
e tão sonhadora como pássaros
___ em pleno voo -

pronta para libertar
(a cada amanhecer) os sonhos
aprisionados daquele
___ ilustre poeta.

A BELDADE, O ANJO E O CÃO


AMIGA



... o vinho tinto sob
a mesa da sala, o cd player preparado
para tocar tua música
___ preferida,

apenas uma vela acesa
deixa à meia luz todo o ambiente
___ e nós ali, juntos e conversando,

tudo, tudo, tudo
calmamente perfeito para o imprevisto
e subconscientemente extasiante
___ encontro;

e eu ali,
sem tu ainda saberes, com o firme
inteno de te elucidar, de te desnudar,
___ de te beijar,

de te levar para a cama
e de te amar por toda a noite,
até que meu mar branco se seque
exaurido e não mais
___ derrame!

ANDARILHA DE LUZ E SOMBRAS


... andarilha
deáceus, mares e infernos,

bailarina
de teatros, cinemas
e leitos.

anjo
de doutores, menestréis
e putos;

Lilith,
a alva umbrática,
quem te cita sem te conhecer,
não aguentaria de ti
uma só pedrada!

AS CORES DE VERDADE E AS VAGAS FORMAS




... quando era
pequeno era feliz quando brincava, sonhava
ou me masturbava, sem culpas
ou pecados;
depois que
aprendi a linguagem dos homens
e suas senciências
vassalas,
continuei brincando,
sonhando e me masturbando,
mas não era como quando
menino,
sempre prenunciava
quedas malditas e em nauseantes
naufrágios.

É FATO CERTO


O DEFINITIVO FIM DA NUVEM






Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

O ENCONTRO


... jovem flor
de primavera, que veio
enfeitar meu outonal
inverno,

eu não sabia
mais que meu coração podia
bater assim, com um amot tão quente
como um sol e com uma brandura rtão suave
como a luz da lua.

E agora,
neste tardio, demasiado tardios
de minha vida ao experimentar um pouco
deste teu sensual e suave
vinho

e desta linda
rosa de entre lindas pernas,
senti-me, eu que sou chamado de um cão
niilista ferrendo,

tão cativo
e tão pequeno perto deste teu brilho
que, ao chegar em casa,

continuei
a imaginar que, após te amar,
eu ainda estava ali do teu lado,
ao leito,

acordado,
como o zelador de um tesouro sagrado,
para te zelar até o amanhecer!

PRAZO DE VALIDADE EXPIRADO!



Velhos, velhos, velhos:
geralmente eles detêm o poder político
(deputados, senadores, presidentes
e o escambal)

e fazem belos discursos,
com esplêndidas defesas da igualdade
e da paz entre os sapiens
irmãos,

enquanto vendem
(à surdina) armas e mais armas,
e fazem declarações de guerra
para nos matar.

REVERSOS


É fácil manter
a ebriedade aos claros dos fulgores

e dos amores
das belas e frágeis ilusões;

difícil é manter
a sobriedade às sombras das angústias

e das dores
da dura vida junto ao chãos!

ALTO CUSTO


.


.. ao permitir
invasão alienígena clandestina
e insolente,
pensando
que trazia desejo, paixão
e uma irrefutável
amor,
descentralizei-me
de mim e de minha segura solidão,
até que me perdi entre
as pedras e coisas.

INCÓGNITA SAPIENS




Sabendo que
as coisas não se conhecem
como as nomeamos
ou imaginamos,
e que a ilusão
existencial é imanente ao singular
surgimento de nossa
espécime;
ainda assim
- e eis meu deserto - constituo,
com minhas abnormais e imanentes senciências,
inaugurações de toda ordem
e a todo momento.
Neste ponto,
penso ter-me criado conceitos
- também tão espuriamente abstratos -
que mudaram-me e me moldaram
ao niilismo:
"O surgimento da abnormidade",
"a grande barreira" e o "inexorável apagamento",
em presenças concomitantes,
mas alheias entre si;
e tentar esclarecer
melhor sobre tudo isso de mim,
demandar-nos-ia extensíssimo tempo
de prosas filosóficas
e metafísicas,
em simplesmente mais
e mais excêntricas e subjetivas criações,
sempre à margem do erro do qual surgimos
e ao qual nos andamos.
Não obstante
- e em tempo -, tornei-me tão árido
em minhas angústias e em meus escorrimentos juncos,
que acabei por fabricar-me também
um forte refúgio,
qual seja o de crer
que qualquer sublimidade mais sincera entre os seres,
ou qualquer pureza mais afiada
entre seus limites,
só podem ser realmente
conquistadas, com uma ausência constante
de seus egos, em silente admiração
à distância.

NÃO HÁUM SÓ POETA QUE NÃO MINTA!


Se um poeta
disser que não mente quando
escreve,

ou que não sonha,
ou que não delira ou que não masturba
a id e o ego,

ele mente
uma mentira diferente,

ele mente
tão bem que é capaz de enganar-se
até a si mesmo,

esquecendo-se
de que a poesia, a pitura, a música
ou qualquer tipo de arte, como bem salientou
Nietzsche,

e eu concordo
plenamente que a arte nada mais é
do que a dissimulação que necessitamos
para que negras e rígidas verdades
não nos destruam!

QUEM BRINCA COM FOGO PODE SE QUEIMAR


... não,
não há mais nenhuma nuvem
rondando meu céu,
não há mais
nenhum anjo querendo
dar-me sublimidades ou lições
de moral
e não há mais
nenhuma Lilith (Ana) capaz
de me mover, ao mesmo tempo, na cama
e ao infinito de depois dessa
rama;
eu estou,
sozinho e a tua hora, se quiseres,
podes considerar,
já que sempre
me chamaste de criador de galinhas,
marcada, porque eu vou com fome
e sede para te devorar!

A CABANA QUE CONSTRUÍMOS AINDA EXISTE




... antes, sim,
considerava-me a mim mesmo
como o magnífico criador
e contador de estórias,
que me davam
lougros em ouros, jóias e xanas
sensuais e retóricas;
mas hoje
já não quero muito mais
dessa coisa
toda,
quero apenas
o inverno de volta, a desértica cabana
de volta,
uma cadulcifólia
ao patio da frente, um pouco de água,
um pouco de comida que apenas
me baste para o ultimo
açoite hiemal
e um pedaço
de estrela quebrada no céu,
para que, quando a olhar, eu sempre
me lembre dela!

www.espaconiilista.net

ADÚLTEROS


Geralmente,
as únicas coisas que desejam
é inventar sonhos aos caminhos do mundo,
alimentar desejos às quentes
___ peles dos corpos

e fiar-se
em vãs e vis esperanças
de que tudo seja realmente tecido
___ com feios de verdades.

Às vezes,
bem raramente,
um ou outro coração e alma conseguem
___ ultrapassar as barreiras,

e se entregam
- incondicionais - para serem
estraçalhados por faustas imagens
___ e pedras afiadas.

AMOR BANDIDO




Amor bandido,
incompreensão sobre como fomos
jogado entre as coisas
e sobre como
de entre elas e de acordo com o balançar
da existencial ponte temos
de fazer nossas
escolhas:
neste cenário,
as imagens de magníficas e belas asas
e os movimentos de sensuais e excitadas
genitálias se agitarm,
e, quando o peito chora,
a carne em outros leitos, para alívio,
não aguenta e se entrega;
depois volta
mentindo que o deslize se dera
pelo bêbedo veneno,
como se uma dupla
personalidade ou bipolaridade que
a fizesse mudar a cor do cabelo de branco
para negro,
justificasse
também a mudança da cor de sua alma
ou sua postura de um anjo
para uma naja!

ATÉ A PEDRA FICOU EM RUÍNAS!


Os navios lotavam o mar,
os pássaros lotavam os céus,
os mordomos carnais lotavam seu leito,
o meu cemitério estava lotado,
o meu espelho cristalizado estava quebrado,
em mim o sol já não mais acordava.
Distantemente,
senti um grande impacto, como que
algo tivesse ocorrido de modo
inesperado:
ao abrir minha caixa
postal, percebi que um sol tinha
se posto eternamente e era com o vazio
que eu teria de conviver
do meu lado:
"Infelizmente,
ela se foi no sábado, eu vim dar a notícia,
porque sei que ela também iria querer
saber de ti, que trava a mesma
batalha!"

ENQUANTO ISSO MANTEREI ACESA UMA VELA!


... agora que
tudo à nossa volta se nos calou,
de modo que não podemos mais a nada ouvir
nem ver como se fôssemos
um só,
as flores perderam
as brilhantes cores e os deliciosos
odores,
as estrelas
perderam suas cintilâncias
em minhas escuras e solitárias
noites
and I'm lost here,
feeding me on debris until
the infinite open us
new frontier!

EU TE ACHAREI!


... revolve-me do estar,
faze-me cessar o que chamam "Ser",
nós sempre soubemos,
meu amor, que tudo isso não passavam
de ilusões loucas
e que, dos cernes
inflamados, absolutamente nada
podia ter alguma esperança
de escape;
e nós sabíamos,
amor meu, que, por mais que nos
perdêssemos nos caminhos e nos jardins
da vida,
nós daqui
partiríamos separados, com dores e lágrimas,
para nos reencontrarmos em algum
ponto qualquer do outro
lado!

www.espaconiilista.net

HOJE EU A ENTENDO MELHOR!


Éh, a Flor de inverno

que amou,
que sonhou, que voou,
que caiu,

que transou,
que aos ares dos mitos festejou
e se suicidou,

que aos anjos
se fez dolorosamente uma pueril
criança sedutora;

sim,
tipo como eu, tipo como muitos,
lutando sempre para não ser tão humana
num mundo de loucos
humanos.

Ela venceu.
Nós, por hora ficamos.

Sim, indo
à morte, porque garanto que só na morte
a puerícia espiritual é possível,
ela venceu.

Nós, por hora, ainda
ficamos: e infelizmente ainda
humanamente demasiado
humanos!

MARGEM INVISÍVEL



Dos sonhos
naufragados nas searas inóspitas
da vida,

a dor que
embrutece é a mesma que
lapida;

por isso,
não sou eu a vomitar,
minhas ranhuras
enegrecidas,

nem sou
eu a costurar
minhas ébrias rimas
entristecidas,

isso que
andais a ver por aí,
são apenas os gritos
de uma alma
ferida.

I'm not. I'm a wreck.

NÃO CHORES, QUANDO FOR A HORA!




... sabe, flor,
no dia em que eu me adoecer
em mim,
como já
me adoeci no mundo;
não tenhas
nenhuma dúvida, nem vacile
em tua atitude:
será a hora
de tu partires a outras asas
ou a outros horizontes
e de eu ir
ao vazio eterno buscar uma pwrte
de mim que, como sabes,
por lá perdi!

www.espaconiilista.net

O SILÊNCIO AINDA CLAMA TEU NOME!



... de uma alma cansada
sangra esses versos que andais
a ler,

ela evita
falar do próprio amor
e da própria dor, porque está
diante da morte

e não mais
vê nenhuma harmonia, nenhum voo
e nenhum caminhar

que lhe represente
mais que um fúnebre rabisco
de tudo que está por
vir!

It darkened absurdly
after you've eternally gone,
Ana!

SILÊNCIO!


SOMOS SIMPLESMENTE LOUCOS NESTE NEGÓCIO DE AMAR


HORA MORTA


Bem viu Pessoa,
há momentos em que severos
fantasmas insones morde-nos
o tempo todo;

alguns querem
nossas almas, outros, esquecidos
de serem esquecidos, querem ainda gozar
com nossas carnes sobre
os ossos;

e então não nos
resta mais que um monstruoso silêncio,
a suarmos em dores
e lamentos!

MAIS UM SONHO



Arroz, feijão,
salada e uma andorinha
no prato,

eu comendo aquilo,
e tentando evitar devorar
a coitada;

mas, como
estava faminto mesmo após comer
o que lhe deixara
de resto,

arranquei-lhe
as asas, bebi-lhe o sangue
e comi-lhe as carnes,

ainda não satisfeito,
aos dentes quebrei-lhe os ossos
e chupei-lhe cada gota
de tutano,

por último,
rachei-lhe a cabeça
e sorvi suas substâncias
brancas e cinzas;

só quando terminei
a glutonaria, é que me dei conta
de que o que tinha consumido
era um anjo!

OS SAPIENS E SEUS REBANHOS



.. pastores dos gados,
pastores das ovelhas,
pastores dos urubus idolatrados,
pastores dos pardais
com seus paus ora pendurados
ora eriçados,
pastores das mulheres
com suas vulvas ora esquecidas e ressecadas
ora excitantemente
molhadas;
pastores filósofos,
pastores teólogos,
pastores ladrões dos mais tolos;
todos vós,
ouvi-me, se houver justiça em algum
lugar além deste que agora
havitamos,
estais
vós todos comprometidos
com vossos rabos!

Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

OUVI TEU LAMENTO




... hoje de manhã
ouvi teu teu ego e teu prazer
através de teu posterior
lamento,
como uma menina
com medo e andando a passos rápidos
como a fugir de algum fantasma
comedor de crianças;
"Fiz uma cagada,
estou apavorada!, disseste e te saíste
apressada do barco,
e eu pensei:
"É maqueou-se tanto,
mascarou-se de tanta luz,
usou rímel, baton, esmalte, photoshope,
penteou cabelo e tirou fotos
e mais fotos,
todas
e todos os dias espalhadas por vários
jardins e zonas da cibernética
cidade,
que demorou
que o coitado do marido se deitasse
com o chifre assentado!"
When they dug your pussy,
did you find any light?

SONHEI TE PEGANDO!


... novamente,
sonhei contigo, em lúdicos delírios
de prazer,

eu te amava
e te comia inteira nos escuros
de entre as estrelas,

onde não nasciam luzes,
onde não cresciam lírios,
onde não havia anjos

e onde tu,
com teus segredos sempre
a correres, não podias
me fugir!

ANOITECER


... em criança,
amava dezembro, o natal,
a chuva do natal;

e tanto
que nesse mês não me permitia
caçar passarinhos

com meu
bodoque feito de forquinhas, couros
e resistentes gomas;

sim, em criança,
gostava da chuva mansa
e da paz que trazia em suas gotas
de esperança,

hoje
lamento por ser eu o vento
e as chuvas

dos quais
outrora me abrigava.

BEFORE THE ETERNAL RETURN TO NOTHING!




... look at the sky,
look for the stars,
look into infinity
they talk silently
by me:
"Hey, he
want you to have
his beloved son! "

CERTA VEZ


Certa vez
uma de minhas alunas
quma lição especial e me perguntou
como se tem orgasmos
mentais:
e eu fiquei
a olhar para ela, enquanto pensava
na melhor opção de resposta:
bater uma punheta
imaginando a beldade (ou, no caso dela,
o herói ou tarado) ou investir
com o pensamento,
para tentar
devastar infinitos, possibilidades,
causalidades e condições
sapiens.
Então,
eu lhe disse que em um mês
lhe daria minha resposta, mas como
ela não demonstrou ousar
voar,
dentro de um mês,
levei-a para a cama e dei-lhe
o que me havia de mais básico:
uma bela trepada!

ESTÓRIAS


... essas histórias
de anjos são demais para
___ mim,

acho
que Ana tinha
___ razão:

sou um
cannibal de corpos
___ e almas!

ETERNA AMADA AMANTE


Houve um tempo
em que eu era sempre bem-vindo
a teu coração;

mas, que da mente
em vaidades - ou tresloucuras -
caíram-lhe faíscas
de fogo;

e que da dor
recorrente te foste em lágrimas
silentes;

deixaste-me
assim, entre angustiantes
destroços e nadas,

de onde
ainda tento exortá-la
a que voltes,

que meu coração
também se convulsiona e precisa
de tua volta

à magia das noites
em que nos amávamos
com sorrisos
e lágrimas.

FLORES, ANJOS E PUTAS!




As flores,
com seus espinhos afiados
e com seus perfumes
doces,
e as putas,
com seus rupestres e repetitivos
lavores,
não sabem,
mas são a maior
a maior inspiração das diopsídicas
águias de asas
ninfas.

www.espaconiilista.net

JÁ NÃO É FÁCIL


O POEMA PODE ESPERAR




... quando te aproximas
demasiado e te deitas do meu lado,
sinto o cheiro
de teu corpo, de teus seios lindos
e fartos, de tua xana quente
e extática:
em chamas,
já com bandeira hasteada,
acendo um sol e penso num poema
perfeito para representar tal magnífica
cena,
mas para
ser feito só depois que, nus nós dois,
saborosa e deliciosamente
eu te amar!

www.espaconiilista.net

OS FANTASMAS DO AMOR


Fantasmas
são memórias e lembranças
enterradas forçosamente

que, ao som
de um violino ou de um piano
triste em noites solitárias,

insistem
em sair do túmulo e vir querer tomarem
novamente, com dor e angústia,
suas passadas vítimas!

QUANDO SE AMAM DOIS SERES JÁ CASADOS


... triste
é dormir e acordar pensando
naquela pessoa, sem saber explicar
por quê.

triste é sonhar
com ela em céus coloridos,
em estações primaveris, em céus
esplendidamente azus

e acordar
sem ter ela do lado,

triste é querer
abraça-la, beijá-la ou mesmo e apenas
poder olhá-la passar, mesmo que
de soslaio, e não ter como
fazer nada;

porém,
é muito mais triste amar
assim, à distância, por recíprocas e covardes
decisões e atos,

tendo de andar, de transar,
de dormir e de acordar com a pessoa
ourora escolhida de forma
equivocada

e sabendo
que jamais terá o verdadeiro
ser amado para viver
a seu lado!

SAPIENS!


ÁLIBIS


"Você fala
muito sobre quedas,
Thor Menkent;

mas, por ventura,
você também não já caiu
nos embaraços
do caminho?"

... pois foi tropeçando
tantas vezes, e vendo as cruciantes
quedas de meus demais
semelhantes,

que contemplei
a verdadeira extensão
da abnormidade
sapiens,

e que descobri
o quanto são faustas
as imagens dele
frutificadas.

AMOR INFINITO?




... não há jardins infinitos,
Baby,
e não há céus infinitos,
e não há nenhum horizonte infinito,
e não há amor infinito
como tu disseste,
um dia, sentires por mim;
o que há são
espadas de luzes tintas e de palavras
tintas que, com seus ouros
evidenciados
provocam
(por consequência dos inevitáveis
desastres dos tropeços e das quedas sapiens
por entre, do mundo, desejos
e imagens)
posteriores
noites frias, escuras e sepulcrais!

AQUI VOAM E REINAM LOUCOS E LOUCAS



... flor metálica,
vento de triste lamento,
fáagil contradição das próprias palavras
em devaneios;

o cão vai morrer,
mas antes disso vai te ensinar
uma coisa:

quem caga
pela boca e fala pelo rabo
nunca deixa cheiro agradável
por onde passa!

SÓ PRECISO DE ALGO


TUA VIDA!





... que fazes
aqui nessa aridez escura
e sem vida,
moça?

Eis que és jovem,
bela, inteligente, atraente
e forte,

mas tua vida
é dura e pesada, e não lhe poupa
a árdua lida:

precisas,
tentar vencer agora,
pois, com a idade, não poderás
vencer mais

e ficarás
assim como eu: velho, cansado,
bêbado e perdido em um
deserto seco!

www.espaconiilista.net

A ÚNICA CONQUISTA QUE ME FALTA É A MORTE!



... como poderia
eu olhar, adorar ou amar
ao brilho da lua e das estrelas
acima no firmamento,

se tudo
que me reluziu com a intensidade
de mil sóis já se foi

com a morte
lhe cobrindo com sedoso
e morto véu?

MUITO FRIO




Às frias sombras
do eternal inverno
que se nos faz,
há fantasmas
a lembrarem-me
das incuráveis vesanias
das mentes,
das insanáveis atrofias
dos sonhos
e das apagadas luzes
das esperanças
que, um dia,
se nos habitaram
entre as avenidas
e ruelas
pelas quais caminhamos
com flores de ilusões
às mãos,
entre outros
soberbos sapiens que,
como nós,
espalhavam fluorescências
a esconderem suas
escuridões.

Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

NÃO AMAM COMO NOS AMAMOS!



... amar já não é
como antes, como quando ela
existia,

amar agora
ficou mais fácil, mais extático,
mais cheio de desejos
e de tesões

do que
do pensamento imposto
na pureza e na eternidade de após
a vida;

amá-la
era extremamente difícil,
pois significava sempre adiar a imensidão
que dois ainda humnos não
podiam se dar,

amar agora
é fácil, basta conversar, dançar,
beber um vinho, levar para a cama
e, por um bom tempo, gemer
e trepar!

OS CAÇADORES


Caçadores caçam
ovelhas, cães caçam puritanos
para devorarem com seus dentes
e com seus paus
agudos,

até os canálios
celibatários caçam templos
para se satisfazerem, insanamente,
escondidos;

mas quem mais
exercita o exercício da caça
são os anjos que, com o exercício
da palavra
volátil,

esperam tempos
e tempos a fio, como lhes convém
na perfeição do intento, aguardando que
a vítima lhes creiam

e, sem dar um disparo,
se dirijam ao abate para seu próprio
ninho!

PENSO, E LOGO TUDO SE TRANSFORMA CONFORME AINDA PENSO!



... viver urge
porque o tempo, embora nos pareça
eterno, é humamente escasso
e logo passa:

sonhar, sim;
amar, sim;
fantasia, sim,

sorrir, sim;
dançar, sim;
viajar, sim;

abraçar, sim;
beijar, sim;
transar, sim:

permitir que
o cinza e o negro tome conta
do céu, jamais;

deixar que
se assente a solidão e o silêncio
ao deserto frio e seco, jamais;

esvaziar-se enquanto ainda
se vive, jamais!

How and what do we lean
on in this fragile solidity of life?

A NOSSA VERDADE!


Tento entender
como me perguntam o óbvio
do ser;

em um recanto como este,
em sociedades civis, religiosas, militares,
em congregações esportivas,

em reuniões por motivos quaisquer,
entre familiares e amigo
e sobretudo com o cônjuge e com os filhos
que dizem amar,

os sapiens andam
da melhor maneira possível, moral, ética
e espiritualmente, tentando exercer suas escolhas
da maneira que pareça mais íntegra
e honestas possível,

agindo mesmo
como se fossem anjos em carnes
de formigas.

Mas eu já revelei que,
todos, absolutamente todos, assim o fazem
quando não estão sozinhos, sempre omitindo
o que verdadeiramente lhes move:

sonhos, desejos secretos,
fantasias ardentes e vadias
e libidinosidades que temem revelar
até ao próprio espelho, quando de frente
e nuamente visto!

A TRAMA É ASSIM


APENAS MAIS UM ANDARILHO DE PASSAGEM NO MUNDO




... desde que nasci
estou condenado ao nada;
e o hiláriamente
triste é que só descobri isso
quando pensei
ao topo do monte ter
chegado!

CALVO MAR


... não tens
nada com o que te preocupares,
realmente;

como
cão niilista, a única coisa
que eu poderia
fazer

é te desprover
dessa sua fausta realiza
e te comer como uma puta
dourada!

ESSE É MEU VASTO MUNDO SOMBRIO!


... o que nos inebria
é a estranheza e a incerteza,

assim tolo
é o que quer ter certa, razoada
e normal guia,

que sempre
os poda da audância de ultrapassar
os limites, de pular os muros

e de promover,
com as imagens que quiser,
em todo o infinito presente, futuro,
real, onírico ou pressuposto

e com a força
da mente, as mais sublimes
e idílicas fantasias e as mais delirantes
e extáticas orgias!

IREMOS MAIS ALÉM!


... para se
remontar aquele grande mistério
de outrora, envolto em dor
___ e amor

será preciso
ir além da carne, além do tempo,
além deste mundo e além de qualquer
___ esquecimento

de aqui
de onde tu já partiste
e de qualquer coágulo que se nos fome
em infinitos outros
___ mundos!

NA MÃO!


Somente quem já não ficou
a ver navios ou de pau duro em má situação,
quando aquela pomba que dizia
nos amar voou vociferando
suas indignações,

ou quem já passou
pelas sinuosas trilhas das estações
sem os rígidos frios hiemais
e as fluorescentes foices
estivais,

poderia realmente falar,
com direitos adquirido às horas mortas,
das angustiantes e dolorosas
quedas de meus voos
sem asas,

dos estranhos marulhos
de minhas enturvadas águas
e das desarmoniosas cegueiras
de minhas fluorescências
fragmentadas.


O DESPERTAR DAS CRISÁLIDES


Ventos assoviam mansamente
vestígios das cenas,
entrelaçando coisas e destinos
em labirintos confluentes
de cios caudais.

O sereno frio molha
o silêncio da noite,
enquanto beijos verborrágicos
envilecem o alvorecer.

Flores se vestem de sutis cores,
embalando primaveris encantos,
enquanto folhas secas caem
no compasso dos sonhos.

Pássaros voam mistérios
em dorsos esplêndidos,
enquanto vermes se omitem
em cernes esquálidos.

Lendas vivas (ou mortas?)
regozijam feitos nobres,
enquanto nunes incautos
imergem-se em devaneios.

Gêneses císmicas surgem
nos giros do tempo,
enquanto o momento
morre em meus versos.

O silêncio me abraça
em cinzas. O frio exangue percorre
meus veios. E adormeço
em ebúrneo vácuo!

OH, ANA!



... novamente
sonhei com Ana, chega o tempo
de um ano de sua partida,
e eu, refletindo,
saudosamente sofro e sangro
com isso;
mas no sonho,
ela, sorrindo, tão linda, e pura
vestida com um véu branco,
dizia-me:
"Eu não disse que te veria
boando estando aqui do outro
lado?";
e ali, naquele momento,
eu a amei com tal intensidade
que nem mil sóis se igualariam queimando-se
simultaneamente,
e chorei,
e acordei em prantos, quando dela ouvi:
"Estou aqui do outro lado, mas estou feliz
porque sinto que alguém por aí
te quer bem e vai cuidar de ti
de verdade!

OUSADIA


Quando ousaste
querer alagar-me a planície com teu mar,
fiz-lhe sentir o ardor de um deserto
tão seco e convulso,

que, ao te a regressares
às próprias margens, deixaste-me ao solo
resíduos tão imundos de
teus profundos,

que nenhum marujo,
mito ou lenda sequer suspeitaram haver,
quando te navegaram incautos
as superficiais águas

TRONCOS E GALHOS


... ser galho é fácil
e podemos, sendo, brincar com os passarinhos,
com as joaninhas e com as abelhinhas
que neles pousam sublimes;

difícil é quando
a gente se transforma em tronco
e se nos vem uma profunda cor que começa
nas raízes

e vai até a última
folha, lá no alto, eu tenta em vão,
alcançar o luar, em claras
noites!

VÁCUO DE MIM


Preciso de uma palavra
que não me maldiga,

preciso de um verso
para renascer o poema,

preciso de um leito
para descansar-me a carne,

preciso de uma esperança
para reacender-me a fé,

preciso de um amor
para me aliviar da solidão e da dor,

preciso de alguns sonhos
para refazer minhas quimeras,

preciso de uma nova sinfonia
para apurar-me os ouvidos,

preciso de um porto
onde meu barco não naufrague,

preciso de herói
que o meu está há muito morto,

preciso de um deus
para me amparar a alma naufragada,

preciso de novo par de asas
para me livrar das pedras das estradas,
​​​​​​​
preciso, sobretudo e rapidamente,
perder esse vácuo de mim.

A CHAGA É PIOR DO QUE PODEM SUPOR


E, à iminência
do fim do dia, partirei,
e para onde
vou (se é que vou) não sei,
mas sei que
enquanto chamam meu destino
de morte,
seja lá o que for,
se houver em mim ainda alguma chama
de pensamento, de lucidez
e de sabedoria,
"Que o ser humano
foi a pior praga e abnomalia que
já surgiu no Cosmo, eu ainda
direi!"

A INEXORÁVEL VIOLAÇÃO DAS SOMBRAS


... a luz mostra
toda sua transgreção e ilusória
eficácia ao penetrar e eliminar
___ as sombras;

nós, túrbidos
neandertais, cegados por ela (a luz),
(re)nomeamos, (re)construímos
___ e (re)fazemos

a tudo, de moso
senciente, com extrema agilidade
___ e capacidade,

sempre delirando
e gozando com o maior e mais universal
___ de todos os enganos!

A QUEDA




Eu te previ,
até como gemias e gozavas
escondida do marido,
eu vi as sombras
da traição em ouro escuro sendo
gravadas nas poesias,
eu mostrei, antes de qualquer
coisa e antes mesmo que tu nada disseste,
à Flor do Deserto teu perfeito e fiel
retrato, mulher,
porque
eu sei de muitas coisas, mulher
e eu sei muito do sapiens
e de seu lado obscure;
mas você
deve entender que, mesmo assim,
o tempo é mais sábio
do que eu!
Before you cure an injury,
you will need a doctor to bleed it until
it is gone!

ASSUSTADORAMENTE ABRASADOR!


... teu olhar
é uma lâmina de sol,

a cortar
desertos, mares e paraísos
onde brincas, danças
e transas

sob
céus azuis, madrugadas
escuras e luares
crepusculares;

teu olhar
está entre o riso e o pranto
dos que te olham

e entre
o frio e o quentume daqueles
que de amam;

sim,
teu olhar vai além das curvas,
além dos rios, além das
camas,

teu olhar
é, de sol, uma lamina!

E FOI ASSIM…



... a força estava em mim
e um anjo habitava ela,

de modo que isso
não podia mesmo terminar em bela
sinfonia;

ela queria um pássaro
que eu até poedria ser nas horas
vagas,

mas eu também
não queria somente a um anjo,
como também a uma bela e gostosa
puta na cama:

terminamos
ensopados e adoentados sob tantas
chuvas por nós mesmos
vociferadas!

EU DEIXAREI NOSSA LUA GRAVADA NA POESIA!



... não,
não agora neste vasto mundo
lotado de esplêndidas imagens e desejos
que levam a lugar
algum,
mas quando
vier a noite mais escura
a mais longa e fria, aquela que infinitamente
nos dure,
é que verão
ao céu nossa comum lua, de um modo
tão belo e puro
que se farão
êxtases aos olhos, aos corações
e aos corpos,
e sob ela
se amarão em completa
liberdade, explodindo em fluorescente
loucura!

www.espaconiilista.net

FÊNIX


INCÊNDIOS!




... noite de festa,
noite clareada,
noite suada:
fogos aos céus,
fogos aos chãos,
fogos às camas,
cor aul,
cor violeta,
cor acinzentadamente negra,
a lua sorri
de cima zombando,
os imortais,
sem se atentarem muito às humanas
cenas, masturbam-se nos paraísos;
o cão se recolhe
em seu deserto e em sua sombra,
para se alimentar de fantasmas e de vermes
rasteiros que perambulam perdiso
na noite;
ela, que enfeitiçava
anjos e crianças para degustar com
seu doce veneno,
agora
amortalhada, já não mais canta
nem encanta!

O SER NÃO FOI CRIADO. SURGIU SINGULARMENTE ENTRE AS COISAS




To the most beautiful of flowers:
the being!

... o Ser
não foi criado especificamente
por um Deus;

tudo surgiu,
muito provavelmente de alguma flutuação
quântica com massa e densidade
infinitas

ou com o vazamento
de outro Universo, de onde vieram
as coisas com a força de expansão que
comanda a entropia que vence
em nosso império.

O Ser humano
apenas surgiu no meio disso tudo
ou, como dizia heidegger, foi jogado
no meio dessas coisas
todas,

mas como
singularidade poderosíssima e abnormal,
capacidade de refazer o tudo que dele
não sabia nem sabe

(pois o caos,
alheios ao ser, nunca deixou
nem deixará de haver)

e subjulgar
o tudo que sem ele havia
com suas enganosas retinas reflectoras
de luzes!

PERDIDOS NO TEMPO E NO ESPAÇO



Os que propagam a paz
___ entre os homens

somos os mesmos
que ordenamos, enquanto crianças tentam fugir
em desespero, os mortais disparos
___ dos canhões;

os que pregam a igualdade
___ entre os homens

somos os mesmos
que desperdiçamos, enquanto crianças choram de dor
e de fome, tantos alimentos e tanta grana
___ às lixentas radiações;

os que regozijam o amor
___ entre os homens

somos os mesmos
que semeamos porras e desgraças
aos faustos e profundos
___ furacões;

os que pregam a sublime Luz
___ entre os homens

somos os mesmos
que idolatramos as avessas sombras
e vivemos essa imanente,
___ variável

e abissal
___ (humana) condição.

QUERO O SEM-IMAGEM!



... queria
me despir das imagens do mundo,
como Ana pretendeu
um dia;

mas sem a esperança
e a crença de que ela tinha,

receio que
isso possa acontecer somente
depois que minha morte
se consume!

www,espaconiilista.net

SEXO


... quero saciar minha fome,
e minha sede,
beijando,
roendo e penetrando este
teu lindo corpo,
e contornando
estas curvas lisas com as mãos
e com a língua,
até que
me plante, com meu maestro
em êxtase,
na linda e deliciosa
enseada, que estava antes
escondida em tua perfeita
geografia!

UM DIA NÃO MUITO DISTANTE


Um dia não vão mais me achar
e não terão onde mais mirar nada
além de suas paravras voláteis em flocos
de luzes ou sombras;

um dia não irei mais sonhar,
esvaziar-se-á o meu mare não restará
dele sequer alguma brisa
de esperança;

sim,
um dia, não muito distante,
todos os meus desejos, todos os meus segredos
e todas as minhas lucidezes
e insânias

estarão comigo
enterrados em algum desconhecido
e vazio lugar!

A CAVERNA É A PRÓPRIA ORIGEM DA ABNOMALIA


O que não se pode
pensar, imaginar, sonhar
ou reiventar da caverna
da mente?

Não é preciso
ver os pássaros voarem para,
dela voarmos,

as estrelas brilharem
para junto a elas estarmos,

nem as borboletas
multicores e libidinosamente
lindas

para com elas,
em pura imaginação e solitário toque,
amarmos e gozarmos!

AINDA ESPERANDO O ÚLTIMO TREM


ANJOS DECAÍDOS




Ladrões
- com suas nobres luzes
arreganhadas -

a atirarem
contra arames farpados
e ilusões quebradas:

sim, dissimulada
e infamemente ladrões de almas
naufragadas.

www.espaconiilista.net

AS PRELIMINARES E AS GRANDES QUEDAS!



Vestir um par
de asas inválidas em busca
da ilusão do sublime
amor,

emoldurá-lo
com a volatíssima palavra
em etéreas alvuras
celestiais

e, depois de findo,
reacender os néons em outras
quimeras igualmente
fantasistas,

aumentando,
inexoravelmente, a coleção de vazios
e destroços ao próprio
caos!

COMO UM ANJO!




... ela
de minissaia e com a calcinha
branca aparecendo,
sentada
num banco da Praça
da Matriz,
recitando-me
um lindíssimo poema;
pouco depois,
fora-se apressada:
deste então,
fico admirando-a, em fantasias
e pensamentos,
brigando
e gozando em folhas e telas
brancas!

www.espaconiilista.net

E VOU-ME SENDO LEVADO AOS POUCOS




... minha tarde cai,
e sou obrigado a olhar
para outros amanheceres;
e como é terrível,
ser tarde a olhar amanheceres
fortes e puros,
já estando
no limiar da fronteira.

EM BUSCA DO VOO PERFEITO


... à lembrança
há amores, rancores e dores
degoladas,

querem
nos assustar, a todo momento
os fantasmas,

mas ainda
não convém nos entregarmos
e andar no carrocel
dos abandonados:

antes,
vamos dar sublime colorido
à última filosofia, ao úlmimo amor,
ao ultimo desejo

e às derradeiras
poesias, até que, de amor,
nos adormeçamos
exauridos!

HÁ ALGO


Há algo que nos une,
há algo que faz com que o inverno
se distancie de nós,

bem ao contrário
do que havia com Ana, onde
o inverno era a constante do amor
e da lida;

há algo que nos une,
há algo que resiste ao deserto
e não nos sufoca,

ao contrário
do que havia com Ana, quando
ela alagava minha planície com estrangeiros
mares distantes;

há algo que nos une,
há algo que insiste em manter viva
uma luz e uma chama, ao contrário do que
havia com ana, quando escolhemos
residir exclusivamente
nas frias sombras!

LABIRINTOS HUMANOS




Sonhei um sonho que me lembrou a imprudência de um olhar perdido na primeira manhã. Havia no ar uma fragrância única, embriagadora, que despertava todos os sentidos ainda cândidos dos encantamentos da nascente. Por toda a vista, e além dela, vislumbravam-se relvas verde-alvas que se estendiam a todas as estações, veredas e tempos convergentes naquele emergente devaneador, em que se aprimoravam ilusões cândidas.

O vento tocava uma suave sinfonia que era sentida por todas as almas transcendentes das coisas e dos seres, fazendo-os brilhar em meio ao baile de flores de todos os lugares, que se amalgamavam com arbustos de tamanhos distintos, em cujas sombras se deleitavam criaturas de todo orbe, em convivência pacificada, numa comunhão plena diante do olhar embrionário ainda inconspurcado e alheio a profanações desconhecidas e porvindouras que não pudessem pressagiar.

O céu se estendia na horizontal atravessando etéreas possibilidades, sem fechamento da abóbada em ponto algum. Entre os verdes das arvores, e as cores e os cheiros que habitavam abaixo e acima estendiam-se pequenas passarelas, pavimentadas pelas pétalas que se ofertavam como caminhos aos que não pudessem voar. A imensidade continha uma pureza inerente que ressoava por toda parte. E, assim, não havia açoites a faces, nem pedras de tropeço, nem dores incuráveis, nem solidões condenatórias, nem rancores residuais, e se irmanavam, coabitando-se, homens, animais e todo tipo de seres bizarros, de faces e origens desconhecidas.

...

Num caminhar suave, vi-me defronte ao imenso templo, cujo campanário se arqueava quase tocando o firmamento acima, e de onde emanava a energia purificada que irradiava sobre toda aparição e sobre todo prenúncio universal. Invadido de fulgor em chama ardente pela descoberta, deixei meus pés tocarem as escadas que davam ao interior do santuário. Imediatamente, estranhas ondas de mares e mundos ainda não inaugurados tocaram minhas pernas, sob nuvens longínquas que se concentravam acima. Sóis exóticos caíam dos zênites e desapareciam, tragados pelo sacrário, através das melodias que ressoavam dos sinos em seu cimo.

Abstraído de que mistérios desordenadores adviriam da profanação que estava preste a fazer, investi-me ao interior, subindo lentamente as escadas. Aproveitando-se da singularidade virgem a adentrar, acompanharam-me todos os demais seres, e coisas com suas fundamentalidades autênticas, cândidos das conseqüências do ato transgressor, que viria findar a calmaria e iniciar, a partir do aniquilamento do sublime, expansões multifacelares que figurariam por toda a eternidade.

...

À entrada, visualizei um clarão ofuscante - para onde convergiam os sóis que desciam pelas janelas -, do qual desviei o olhar para alívio da cegueira momentânea que me provocava ainda mais confusão em bolas esbranquiçadas que apareciam e desapareciam por toda parte. Tivesse me atido ao aviso do resplandecer, teria regredido, mas o espírito imaculado já se deparava com a nova concepção, exterminando todo o espectro antes visto ao lado de fora. O ar interior não era mais translúcido, continha uma neblina suave que enchia todo o ambiente. Os bancos vazios, em fileiras incontáveis indicavam que a vida era festejada por toda parte enquanto essências não se digladiassem por seus assentos, em busca do conforto ilusório que ansiavam conseguir com suas novas inaugurações.

Caminhando pelo corredor silencioso em direção ao grande altar, a paz se me enchia cada vez mais, como um último êxtase purificado, e inadvertidamente preste a se transformar em um reino de criações falseadas, onde todos os novos batismos de imagens se eternizassem nos amores, nas dores, nos medos, nos anseios, nas esperanças, e nas crenças que desagregariam a comunialidade pacifica do momento anterior e introduziriam, em querelas devassas, a individualidade de egos da nova gênese. E assim, seguindo impávido e inconseqüente é que cada vez mais alcançava infinitos distantes, ao mesmo tempo em que mais me postava diante da queda iminente em um abismo tão profundo que viria macular o próprio templo original.

Próximo ao ofertório, ainda olhando para os lados e para cima em direção à altura da tranquilidade, quis novamente contemplar o ponto exato de onde irradiava a mesma luz que a pouco houvera me ofuscado a visão. Foi nesse exato momento de vilipendio da virgindade intocada, que a perturbação se implantou definitivamente. A névoa então foi se dissipando, quando comecei a perceber contornos que antes se estendiam à horizontal infinita: As paredes e suas janelas, com magníficas pinturas em seus vitrais já não transudavam sóis, mas mantinha de fora uma nova concretude que eu iria deparar em breve. Os bancos se ocupavam de todos os seres e coisas que se transformavam em semblantes humanos com rostos desfigurados por máscaras em que se apegavam e com seus corpos cobertos por estranhas vestes, roubados da nova natureza que se inaugurava na transgressão do sublime, pelo incomensurável poder criatório que descobriam e a que ansiavam com fome e sede insaciáveis. Não sabiam ainda que, vitimados por si mesmos, um pouco adiante, viriam a se tornar grandes pronunciadores de castiças palavras e a omitir, em tais máscaras e vestes, seus horrores exânimes e seus pecados esvaídos em seus novos paradigmas.

A um som estridente de um céu que se contorcia longe pela dor da anomalia que viria atingir a tudo, enigmaticamente, pela primeira vez em suas concepções temeram sem saber pelo quê, e começaram a orar a um deus que fabricaram com o novo e avassalador poder autoconstituído. Amparados em seu "deus", ao qual se moldaram em imagem e semelhança sacramentaram o destino de tudo que houve ou vir a haver, segundo seus entendimentos e para seus aprazeres, condenando assim a verdadeira sublimidade que havia onde suas loucas razões não tinham adentrado no momento anterior.

Ainda tentei procurar, infertilmente, um olhar distante que me pudesse salvar do novo advento, já eivado e com um peso enorme sobre os ombros. Sem conseguir me mover, um aroma me lembrou sentidos de um tempo distante e esquecido, transportando-me incorporeamente daquele lugar.

Então me vi num casebre que havia numa pequena rua qualquer. Nos muros laminados andavam crianças a sorrirem para o perigo desconhecido. Nos terreiros outras brincavam despercebidas do veneno que fora implantado em seus cernes e que se propagava silenciosamente. Dentro havia comunhões estranhas a mim. Na cozinha com paredes de tijolos falantes, uma senhora manuseava panelas e pratos e fabricava, antes de qualquer degustação, magníficos sabores. Um pequeno corredor, de chão avermelhado e frio, dava a uma copa onde se posicionava uma mesa coxa, escorada por um pedaço de madeira, decepada da palmeira que abrigava, fora, os sonhos pueris. Adjacentemente se ligava à sala que dava a ruas de mundos torpes ainda não descobertos, habitados por seres com os mesmos semblantes vistos dentro do templo onde meu corpo se postava como estátua embalsamada. Ao chão da sala se estendia um pequeno tapete quadriculado, que continha muito mais cores que seu frio aspecto, onde se sentava um menino a construir ingenuamente veredas oníricas, que eram percorridas com encantamentos suspensos em ilusões castas. Imaculadamente se constituía no senhor da criação purificada naquele canto, onde imensidades se exalavam aos ares apartados do mundo exterior, que se lhe ofertava somente imagens e palavras confusas.

Havia algumas pessoas à copa. Uma senhora idosa falava carinhosamente a seu filho, em linguagem que eu não podia compreender. Na sala, um senhor sentou-se no pequeno sofá amarelo, rasgado em seus beirais. Silenciosamente, e com um semblante contemplativo, tivera antes o cuidado de não tocar o tapete onde eu brincava em sonhos. Um emergente e um condenado à beira do apagamento estavam lado a lado sem que se pronunciasse alguma palavra qualquer. Talvez os extremos da anomalia se tenham entendido em toda a cena dos tempos dele idos e dos a porvirem de mim. Sem palavras nascia uma confraternização. Um tempo depois, eu viria a entender que nenhuma mente genial ou criativa de nenhum andante poderia vir a ensinar mais que o velho ancião incipiente.

Fora, além terreiro de meu casebre, no mundo dos homens sábios, às vezes chovia uma chuva fina, fazendo silenciarem as manchas da exterioridade em uma única sinfonia, cujos acordes eram magnificamente tocados pelas gotas que caíam a toda composição, lavando-a, à fuga de todos os atores e escultores de verdades, que buscavam abrigos como que se caíssem lavas incandescentes que lhe queimassem a pele.

Absorto a suas evasões, ainda do pequeno tapete, feito um vasto mundo por minha pequena imaginação, comecei a ver vultos outros que se presenciavam, invisíveis aos demais. Fantasmas e seres de toda parte e de todas as formas apareciam apenas por se sentirem bem naquele pequeno esconderijo purificado, dentro do pequeno casebre, enquanto a chuva continuava a cair em uma doce e contínua melodia. Dentro, entre tantos seres que buscavam paz, sôfregos sorriam, aleijados pairavam no ar, cegos viam em sorrisos descompromissados. Surdos ouviam e se diziam pelo olhar. Todos se abreviavam para sentir o encanto de tão pequeno lugar onde o menino se assentava construindo inocentemente quimeras, como que se soubessem que breve todos os sonhos viriam a sucumbir quando o menino fosse de encontro à porta que o lançaria, sem retorno, à turbulência da qual se refugiaria em si mesmo, revelando em seu ego ainda não contemplado, e omitindo seus horrores em maldições proferidas à fria chuva.

A tênue ponte à lembrança pueril se desfez com o som cada vez maior, advindo das orações que se perpetuavam dentro do templo. Já não apenas contemplava, mas sentia toda convulsão. Súplicas eram conjecturadas ao deus criado como que se pudessem se aliviar dos anseios e das tormentas que se permitiram por violarem castidades com seus egos sencientes e com suas gêneses proliferadas. Amores sempiternos eram perjurados nos doces lábios que se ansiavam em beijos. Desejos libertinos eram liberados e divididos em quartos fechados de si mesmos ou com seus comparsas, exteriorizados em amizades alvas. Boas fés eram mostradas enquanto se detinham, nas mãos às costas, pedras assassinas de alguma sobriedade qualquer. Grandes arquitetos surgiam esboçando metafísicas de vastidões - invocadas para alicerçarem entendimentos sobre tudo que não pudesse ser compreendido - a fim de apaziguassem a fome da nova geração. Soberbos oradores, já totalmente desligados do momento que antecedera a aquisição de suas razões incipientes, vociferavam verdades sobre o novo reino, subscrevendo novas histórias, abrindo novos caminhos e plantando novas bases fundamentais em que se pudessem apoiar para a elucidação da paranóia.

Súbitas prisões nos vastos poderes de criadores sem que ninguém notasse que, ao mesmo tempo em que todos inaugurávamos, de nossos centros infames, existências e ilusões consagradas, assassinávamos tudo que outrora se havia antes do início da grande ponte em que nos postávamos.

E da criança em seu casebre singelo, apenas soçobrava uma pequena sombra, preste a sucumbir na anomalia que se instaurava em meu ego fausto. Atento e totalmente humanizado, ansiei participar em peleja e em encanto com as gêneses, inserindo minhas glórias ao campanário desordenado, de cujos seres contemplava composições e ideações imensuráveis. Impetuoso, e também amnésico como todos, senti o vigor de meu ser em semear imagens vastas. Ouvindo seus delírios translatos e dores inventadas, ofertei passarelas de ouro falso. Percebendo suas orações por salvação, dediquei-lhes paraísos desonestos. Vendo-lhes travestidos de belos e alvos disfarces, ofertei caminhos de pedras e de quedas a suas purezas perdidas.

Lendário, submeti-me a toda realidade inventada, como também a submeti a mim em oblações que continham néctares e odores extasiantes aos quais me misturava. E das alucinações contidas em cantos e em encantos tingidos com tantas cores, agonizei-me em lábios perjuros dos quais surgiam fontes extasiantes de dor e prazer. Excitado, percebi em mim uma convergência de todas as gêneses que se formavam desnorteadamente, com seus sublimes e nefastos enlevos, seus amores ofertados em juras de eternidades, suas fés delineadas em salvações idílicas, suas libertinagens devotadas às carnes escondidas, e suas vozes surdas que, em cernes, escondiam o próximo degrau obscuro.

Então senti, em grande arrebatamento, um líquido quente a escorrer por minhas pernas, em um orgasmo de tudo que se convergia em mim. Levei a mão trêmula à fonte do corrimento na tentativa de paralisar as epígrafes de todas as multidões multifacelares num simples existir, e o estrangulamento que me sufocava nos limites da razão recém-adquirida. Ao tocar-me, cores, cheiros e sons se intensificaram e me quedei entre tantos incensos que enterneciam meu ser com convulsões incontroladas, e se corriam em rios avermelhados pelo chão dentro do templo.

Consumido e quase esvaído de sentidos pela força com que surgiam todas as imagens às quais me amalgamava, inconscientemente ansiei a libertação na véspera morta. Caminhei sofregamente por entre o líquido de mim emanado que agora ia se tornando exangue e frio.

Palidamente cheguei à porta do templo por onde havia adentrado momentos ou eternidades antes. Um sol se fincava ao céu e aquecia todo espectro. Homens andavam travestidos como havia visto dentro do santuário. Carros se moviam a seus comandos em suas ruas e avenidas fabricadas. Flores e espinhos cresciam a seus cuidados no jardim da grande praça. Uma mulher passava abraçada e recolhida ao ombro de um homem. Uma placa fincada ao pé de uma rua conclamava os violadores para uma reunião: "Grande espetáculo, não percam: hoje às 20 horas". Por entre as cortinas da luz do dia, amores e desejos eram divididos em cômodos fechados.

Um marimbondo subtraiu-me a atenção por um pouco de tempo, pousando em meu braço. Ao ser contemplando, antes de partir, injetou-me um veneno dolorido, anunciando-me as boas-vindas.

Elevei os olhos ao céu, exausto. Uma voz bradou insolente: - Alienado!

E tudo se consumou à existência consagrada no ergástulo de perpétuos seres que gritam gêneses, sem que pudessem sentir qualquer vestígio do dia anterior, e sem que houvesse chaves para a libertação da infinda e violadora capacidade emergida de seus egos.

www.espaconiilista.net

QUANDO EU FALAR DEMAIS


Quando eu estiver
muito chato ou falastrão,

assim meio desvairadamente
perdido com o verbo
volátil,

chega,
tapa-me a boca com um beijo,
abraça-me apertado, toma-me inteiro,
joga-me em teu leito

e faze-me
gemer e gozar com a intensidade
tal que não me reste mais nenhuma
força, senão para gemer
e delirar!

SÓ CONHEÇO ESSE TIPO DE LUZES


... em noites escuras
e mórbidas como a que, há tanto
tempo, tem sido a minha,

luzes só entram
em fiampos pelas frestas;

e mesmo assim
carregam em si, o terrível fedor
que vem de for a:

suores,
excrementos diversos
e fétidas porras dos resíduos
de suas sujas bocas!

A ORIGEM


NENHUM EGO MERECE FICAR DE PÉ




... às vezes,
vou juntando venenos
e, silentemente,
me preparando para o tiro;
e ele é dado,
embora, às vezes,
erre o alvo por causa
de (...);
mas geralmente
acerto pois sempre miro
nas sombras.

O SOL DO MEIO DIA


.


... lá fora
brilha um sol,
bem,
não sei bem,
para
mim não parece
mais um sol,
mas
o chamam de sol:
e nele cantam,
amam e fodem às esquinas
de suas luzes;
bem,
eu não sei por que
todo mundo vai ao sol
assim
e eu tenho
me vestido só de molhadas
cinzas!


cinzas!www.espaconiilista.net

A SOMBRA DE UM CÃO PERDIDO



... como
fiapos de luzes
que nunca vencem
às sombras,

como
flocos de neve
que se derretem ao verão
antes de caírem
ao chão,

como passarinhos
que quebram suas asas,
quando se atrevem a pousar em telhados
de argilas,

como anjos
que amasm, ardems e fodem
escondidos nas
trevas,

como qualquer
sapiens, enfim, que tem dois cus,
um na bunda e outro
na boca,

eu sou um cão,
mas sou um cão por
demasiado louco,
baby!
www.espaconiilista.net

ALGUMAS COISAS ELAS GOSTAM. A OUTRAS NÃO RESISTEM


ATÉ A LUZ PODE SE EXTINGUIR, BABY!


... o amor caminha
pelos ladrilhos de ilusões
e de deformados espelhos,
 
o coração
mantém a esperança em buscar,
sempre no porvir algo novo que também
ficará somente na memória;
 
mas não há sonho
que não seja um grande desejo do ego,
não há nada que seja pétreo
e não há amor perpétuo,
 
o que faz da hora,
longe das sombras do passado e do futuro,
o momento sempre mais propício
e incerto!

ININTERRUPTO CAOS


O CÃO HUMANO!


Tudo bem
que sou um cão
a bombardear os palcos da vida;
mas veja bem,
___ querida,

os anjos de que falas
também andam, demasiadamente,
___ ocupados

a regoijarem
luzes e a desfrutrem
___ imagens,

fabricadas
a sonhos e ilusões
das nobres passalavras
___ dos menestréis,

a fantasias
e vesanias das virtuais telas
___ dos arlequins,

a suores
e fulgores dos laivos corpos
___ dos sapiens!

O EQUÍVOCO DOS PASSOS




... mudar o modo
de se vestir, de se maquear,
___ de se perfumar;

mudar as máscaras
com que andamos nas ruas
e nos apresentamos aos espetáculos
___ e às camas de além palco;

mudar o caminho
e o traçado, sem largar o rasteiro
___ arado do terreno viver,
nada disso,

nem absolutamente nada afora,
muda o interior
___ do sapiens:

e este,
meus caros, parece-me viver
___ sempre em trapos!

O VIRTUAL É SEMPRE UM PERTO DISTANTE



Sonhos de amor,
ilusões com jardins cheios de flores,
esperança de lealdade
e de conforto,

sexo virtual
entre dedos nas genitálias
e palavras excitadamente voláteis
percorrendo a mente
privada,

amizade,
namoro,
casamento,

uniões eternas,
uma seguida da outra, sem se atentarem
que uma assassina imediatamente
a outra;

tudo como anjos,
tudo sem problemas,
tudo demasiado lume,

até que
comece a chover chuvas de ciúmes,
de desconfianças e de fantasmas que se
nos vão crescendo à mente
insane,

e, com elas (as chuvas)
o que se chamava de amor transforma-se
em silêncio, em separação e em rancor
com lágrimas de dor.

In virtual love,
my dear,
the end
result is always pain!
Thor Menkent

ONDE ESTÁS TU AGORA?



Onde está você agora?
Cuidado dos filhos?
Lavando roupas de sua família?
Indo a um shoping center?

Assistindo TV?
Dedicando-se ao marido?
Conversando com amigo?

Ou aqui comigo,
em minha mente com minha furtiva
imaginação, em nosso casebre
sobre as nuvens?

TUA LUZ PAIRA SOBRE MEU ABISMO!




... por que,
às vezes, nos enganamos
tanto?
Por que,
às vezes, sentimos tanto amor
onde nos dão tristezas, amarguras
e dores?
Por que
tentamos plantar um jardim
de coloridas flores onde o vazio
já definitivamente
se assentou?
Por que
foi preciso chegar a tua morte
para que tua luz incindice
sobre meu terreno
abismo?

www.espaconiilista.net

A CONDUÇÃO


... que engraçado,
________________ hilária
é a piada _________ humana;

vejam só,
agora no fim da jornada

é que me
perguntam: "Thor,
você é escritor?",

e logo
agora que nem tenho
mais tempo para tirar
uma panorâmica
foto;

quando
antes as interrogações
e as exclamações
eram feitas

________________ assim:
"Você é o Thor,
sonhador e punheteiro
dos teatros e das
__________________ salas?

A DANÇA DAS PALAVRAS


.


... poetisar
é como dançar,

mas com característica
de que não há música e se dança
com o ego

de luzes,
de amores,
de ilusões,

de desejos,
de esperanças
e de sombras:

as mais belas
poesias são feitas com dores de parto,
dançando-se com
as sombras!

www.espaconiilista.net

AS FLORES DO ESPETÁCULO SAPIENS




Lidam com as palavras
como profissionais jogadores
de pôquer;

lidam com os corpos
como profissionais meretrizes
de zona;
lidam com os corações
como se fossem feitos de pedras
e de lamas;

lidam com almas
como profissionais servas
de sombras.

www.espaconiilista.net

DAS ASAS DE UMA CRIANÇA



Havia esperanças
escorregadias aos chãos
e espêndidas imagens
aos oníricos céus,

coloradas de cores e luzes
tantas vezes regozijadas em repetidas
em sublimes e sempiternas
melodias-dádivas

pelos sapiens passarinhos
que permiti me adentrarem o fértil
e secreto jardim
de outrora.

após um tempo
de inevitáveis e cruciantes quedas,
com a mente anestesiada, os pés
e as asas quebrados,

as mãos enlamaçadas,
o coração sofregado e a alma naufragada,
foram-se sumindo os sinais vitais
de quaisquer auroras antes
vividas feridas;

restando tão somente,
sobre o seco terreno que ficou, as falésias
escovadas das dores
e angústias),

tantas vezes fabricadas
a ilusões incautas, a palavras voláteis
e a tênues esperanças
cansadas.

IMAGINAÇÃO, ARTE E MOVIMENTO



A poesia em movimento,
essa sedutora e assanhada estranheza
- inspirada em com suas estórias
de amor e dor -,

insiste em me amar,
às frias e silentes madrugadas,
e sob os umbrais vazios
do niilista:

que triste traição
aos verdadeiros poetas,
que cruciante ferida a sangrar-lhes
os egos e as soberbias,

quando leem
- aos mal traçados versos
nessas secas folhas
sombrias -

os estupros de todo dia
à sua formosa, inspiradora
e preferida musa.

NUNCA HOUVE NADA IGUAL


Nada fora
como aqueles tempos
de estranho amor,

onde duas
mentes imaginavam lucuras
e reinuguravam infinitua a seus
próprios aprazeres
e louvores;

sim,
nada for a como aqueles
de extreme amor,

e tanto que,
à seus rastro , trouxe também
incomparável dose de chuvas de fogo,
de angústia e de dor!

O SENHOR DAS TEMPESTADES


Confesso:
eu sou um cão, sim, mas
ser cão não está
com nada;

sublimissimamente
bons são os anjos que, com seus
olhos lumes

e com suas
alvíssimas asas habituadas
a voarem em paraísos,

descem à terra
e roubam vítimas para levarem,
escondidamente, a seus escuros quartos
de desejo!

O SER EXISTENCIALISTA


Penso que erraram os grandes imperativistas, ao tratarem do "Ser" e das coisas onde ele está inserido, isso se dá porque, em seus excelsos discursos, preteriram a análise da abnormidade que surgiu em misteriosa singularidade no Cosmo, e concentraram-se tão somente em seus estudos sobre o "Ser", e o que dele emerge ou o que nele adentra; na verdade, tudo que há concretamente passou a nos servir, abstratamente, de alguma forma, compondo toda a cena ao modo único que as percebemos com nossas egolatrias sencientes e inalienáveis, assim, não mais há dissociabilidade entre abnormal e as coisas em que ele está inserido, pois estas se condenam a seus modos de ver e a seus poderes de inaugurações cernientes; as raízes de nossas existências são muito mais profundas, e delas é que surgem as árvores, - avaliadas nas exaustivas reflexões daqueles que se propuseram a este estudo -, com suas magníficas imagens postas num grandioso e vil palco a que chamamos de vida. Bem sei que podereis dizer que sou louco e que não me entendeis, e eu compreendo isso por uma simples questão: de nossos galhos e folhas a alcançaremos céus figurados, não podemos contemplar as raízes acidentais, ou sequer supor um antes delas ou, ainda, um depois da morte de nossos frondosos egos, a não ser que também, de alguma forma, criemos algo para nos servir, como os deuses dos paraísos idílicos onde nos imaginamos poder morar algum dia, ou os demônios dos infernos entenebrecidos onde nos podemos ser castigados por pecados que não podem haver, exteriorizados, à grande e indecifrável singularidade que nos gerou.
Eu poderia dizer que somos incautos, despercebidos ou descautelosos, diante uma visão mais honesta de nós mesmos; poderia dizer que samos, e que nos atemos, a um poder de escolha - que só existe em nossas folhas a bailarem em nossos ares inaugurados, - para tentar nos explicar posturas quaisquer, de acertos ou de erros, de ilustres enlevos ou de abissais quedas; poderia dizer que fomos, - e até creio nisso, discordando tão somente da forma como ocorreu, do modo como nos ligamos a elas, e das consequências de tal singularidade ocorrida - , jogados num mundo de coisas, preterindo a visão do apagamento violado, que um dia voltará a haver independente das abstrações neandertais; poderia continuar mostrando, exaustivamente, como tentamos nos livrar, individualmente, do que chamamos de mal", sobretudo quando usamos o verbum volat, com o qual egozijamos com nossos "eus" nossos enredos, sonhos, idolatrias, glorificações, entre uma infinidade de inaugurações que vivemos a nos fabricar de modo singelo, enquanto defecamos todo tipo de misérias verborrágicas e de ações mortais, - que também nos pertencem-, a nossos dissidentes irmãos de abnormidade; mas estou cansado e com vontade de me desterrar definitivamente, - como se me fosse possível, - ao deserto silente.
Por isso, vou dizer apenas o que penso que somos: tão somente células de uma mesma singularidade, estranha e indecifrável por natureza de condenação nos limites da infinda barreira dentro da qual não mais podemos ver concretudes do apagamento de antes de nossos adventos. sem que inauguremos abstrações a nossos modos de ver e de perceber; e é disso que tenho dito sem que podeis entendeis.

TARDE DEMAIS!




O passado sãos as reminiscentes
e inconteste provas,
- das quais não podemos nos desprover -
de nossas vãs e vis passagens
pelo que chamam vida;
o presente é o breve
instante menos improvável,
onde atuamos com máscaras mil
ao grande palco;
e o porvir, a puta
dos três tempos inventados,
é onde semeamos nossos sonhos
e esperanças condenados.

A ÚLTIMA ESPERANÇA



Sob
a chuva de verbos e jugos
e a bruma de dúvidas e incertezas
que há entre nós,

vivo-me ainda
metades a esperar que,
como eu,

venças também
tuas dores, medos
e fantasmas,

para que possamos,
quiçá, reinventarmo-nos
em um só
ser,

reconstruindo,
dos cacos estilhaçados,
um plácido e incondicional amor,
enfim.


A VISÃO


Vi minha alma sombria
e não tive nenhum receio ou medo:

vi fantasmas,
vi mortos-vivos,
vi deuses apócrifos
e vi demônias sensualíssimas
e bondosas,

vi a fome dos anjos,
das andorinhas, dos tentilhões
e dos abutres, e vi também cicatrizes
que não se cicatrização jamais,

E, confesso,
não tive nenhuma
supresa ou medo;

na verdade,
foi a primeira vez que realmente
me senti bem: vi meu reflexo
nu e por inteiro!

ENTÃO


... quando ela me
perguntou por que eu sempre
tinha amado Ana e dito a ela que
a amava,

eu nem cheguei
a me surpreender, de tanto que já conheço,
já andei e já sofri nessa dura
estrada.

Mesmo assim,
pesarosamente me lembrando de ali,
naquele espaço vasto com
Ana,

também fui indagado
sobre a Nuvem e por que motivo
eu com ela ficava;

e eu me lembro
de ter dito uma expressão:
"Não quero nem preciso só de amor
como também de paz".

Então fui instado
a fazer uma escolha e, como as coisas
entre mim e Ana eram sempre
meio trevosas,

escolhi a Nuvem,
a quem amei por 8 longos anos,
os mesmos anos que Ana antes de morrer
disse-me que passou sofrendo.

entretanto,
a paz também nunca veio À Nuvem
e ainda hoje sou questionado por que fiquei
com ela se Amava
Ana.

E eu já não sei
de mais nada, e eu já não sei o que é joio
e o que é trigo, e eu já não sei
se estou no mundo novo
ou se ainda me encontro
no antigo,

e eu não sei
mais, agora que Ana se foi e que ela
(Nuvem) continua sem mudança
alguma,

em que galho
pousar, em quemar navegar,
em que céu voar, em que cama
me deitar e onde posso, enfim, com a paz
que tanto almejo, morrer!



Ana was good to me and, Cloud, although we loved each other and did not know how to love us with the insanity with which we felt love, I learned a lot from her and she deserves to be honored for the rest of my life!

EU TE BEIJO ATRAVÉS DA MORTE!


A morte veio
visita-la há mais de um ano e,
na época, eu quis enfrentar a morte
por ela;

a mesma morte
que sempre me causou horror,
a morte impiedosamente fria,
a morte que corre para todo lado,
todos os dias, em busca de novas
vítimas;

mas depois
que a morte a levou, houve uma mudança
que, em muitos pode causar,
calsafrios:

a morte passou
a excitar meu corpo, minha alma
e minhas partes nuas mais
íntimas,

a morte deixou
de ser algo horrível e passou a ser,
para mim, a única forma de novamente
poder, um dia, contemplar
minha amada!

FOI AOS POUCOS, MAS EU TOMEI MUITO VENENO!




... e agora?
ai de mim, imbecil, idiota,
retardado
que fui amar
logo uma mariposa que,
em vez de se acender
de vez,
apenas
voambulava e piscava!

www.espaconiilista.net

FOSTE MUITO BREVE!


... partiste antes
de mim, mesmo eu tanto pedindo
que não o fizesses,

e me deixastre
sozinho aqui no meio de tudo isso
que parece imensidades, mas que de fato
não passam de coisa alguma;

assim é
que enterraste a única possibilidade
de nós, por um pouco de tempo que fosse,
voássemos juntos na
eternidade!

INEXPLICÁVEIS GÊNESES!


Como não ter
havido algo antes do tudo
ou do nada,

se para eu me haver,
pensar, amar, renomear as coisas
e escrever isso que grafo
por aqui,

é preciso emoção,
raciocínio, sentido, senciência
e a parturiência do que
ainda não foi,

porque
a arte, a música e a poesia
sempre vêm depois?

O SONHO DA MEIA-NOITE




... tive um sonho
estranho essa noite,
o sol desaparecera,
extinguira-se por completo,
os palácios
dos sapiens-rei ruíram-se,
desabaram por completo,
também
já não havia lua, estrelas
nem uma vela qualquer para
se acender;
ela se
ia indo em meio às trevas,
estiquei meus raios e trovões.
que saíram sem destino, sem roteiro
e sem mais poder
alcançá-la.

www.espaconiilista.net

O ÚLTIMO TREM DE ANA


OS ANJOS TAMBÉM


... rosas, andorinhas
ou anjos,

quando pensam demais,
quando falam demais,
quando apontam demais seus dedos
e suas asas a feridas alheias,

é preciso ter muito
cuidado porque, apesar de seus
verbais vicejares,

nada possuem
de ingenuidade e sempre se acham
demais com suas peludas
ou depiladas xotas,

quando, na verdade,
amam de menos, sonham de menos
e fodem de menos!

PERDIDAS E ACHADAS



As puritanas, de alvos
verbos, ofertam-vos puros amores
com que possais
sonhar;

as putas dão-vos
o corpo e vos banhais em êxtases
e em porras
caudais.

As puritanas, de virgens
máscaras,dão-se em candidezes sublimes
com que vos pensais
limpar;

as putas vos contais
segredos e vos mostrais os decaimentos
sapiens.

As puritanas,
com suas refletidas inocências,
dadivam-vos amores eternos
em perfeitos jardins
de paraísos;

as putas,
de almas sórdidas,
condenam-se para dar-lhes
a satisfação do pecado
consumado.

Não obstante,
servi-vos das duas,
enviesados menestréis
sapiens:

tais como as puritanas
a regozijarem, a céus abertos,
seus ilustres
faróis;

e tais como as putas
a esfolarem, a quartos escondidos,
seus quentes
fulgores.

Site do autor: www.espaconiilista.net
Blogdoautor: https://poesiasniilistas.blogspot.com.br/

SEVERA AUSÊNCIA




Tua ausência
seria como o asseveramento
deste deserto em mim,
e de minha laiva
visão quanto ao mundo
com seus fluorescentes vermes
sencientes;
e, apesar de eu
não me dar bem com perdas
- talvez não me permitir
muitas coisas mais -
nestes estranhos
caminhos e desalinhos de por aí,
um dia alguém haverá
de dizer:
"pobre niilita
esse que não pode mais sequer
descrer na fugaz farsa
do amor ";
sob o desdenho
da mesma nuvem que amou.

TEU NAVEGAR SEM RUMO E SEM PRUMO




... não percebeste
ainda que, toda vez que sais
a navegar por esses
amplos mares
- em busca
de mitos, ídolos e sapiens
vestidos de branco -,
voltas com
uma imensa ilha nas mãos
e um cruciante vazio
na alma
[querida]?

UM ANO FAZ DE TUA PARTIDA. MÊS DE SILÊNCIO E REFLEXÃO III




... "depois da tempestade
você ficará bem, meu amor... ",
dizia-me ela palidamente com seus
olhos tristes,
sem perceber
que não haveria o depois da tempestade,
porque esta seria a mais duradoura,
mais impiedosa e derradeira
de todas
e me levaria,
não às reticências que ela usou
em sua frase de consolação para o momento
posterior à sua perda,
mas sim,
e também, já em minha vida,
à minha própria morte!

ANO NEGRO


... depois de um ano,
ajuntando restos e destroços,
não sobrou nem muito o que dizer
sobre ti,

a não ser
as sombras sem forma, ao te levarem
para sempre, deixaram enevoado
meu caminho;

e, em mim
um triste, estranho e humano
vazio branco!

ATOS DISSIMULADOS!



às vezes,
quando se amam
regozijando dádivas
e intentos,

esquecem-se,
nos fulgurosos enlaces
do momento,

de que,
nas estranhas esquinas
do vento,

há outros
sapientes e famintos lobos
carnicentos,

a aguardarem,
travestidos de pássaros
em arroubamentos,

de suas incautas vítimas
algum decaimento.

www.espaconiilista.net

EMBORA MATE, MELHOR É A VERDADE DITA COM CORAGEM



Sentada
à antessala da próxima ilusão,
aguarda a chamada do
___ pássaro azul.

Diferentemente
das outras vezes, em que sempre
fora tão confiante em suas conquistas,
___ tremula pensando:

"Tenho décadas
de experiência, estórias empilhadas
à memória e uma coleção quase incomensurável
de ilusões e de amores já vividos
nesta vida, logo, devo
___ ter sucesso!"

Ao sair, estava estampado
em sua face o grande fracasso de não
mais conseguir tocar ali
___ a mesma nota;




certamente,
houvera se esquecido de ler o cartaz,
que havia sido pregado
___ à nova entrada:

"Sem perjuras vãs,
ilusões frívolas, insanidades incontidas
e pedras (às costas)
___ escondidas!"

ESTILHAÇADO



Separar
os cacos, as cinzas e os restos
de asas e ossos
do caos;

cobrir
de novas ilusões e esperanças,
os vazios pálidos
do caos;

sim, contornar
as sinuosidades espessas
dos caminhos,

percorrendo,
de janela em janela,
a visagem (in)consciente
do caos,

sempre tentando
encontrar, às solitárias e silentes
sombras de cada
noite,

um regular abrigo
para as luminescências avessas
e para os recorrentes
destroços

semeados durante
os dias.

FILOSOFIAS, VERSOS E DOR


FORA DO NINHO


Estava mais uma vez fora do ninho. E eu tinha uma péssima mania de deixar a porra do seguro ninho.

De repente, ouvi um barulho naquela trilha entre a mata. Já havia começado a escurecer e a noite se antecipava. Nem sei como eu, esperto, não reparara. Ali estava eu, só eu, Deus e o diabo.

E a desgraça do barulho em minha mente fez um estrago tal que saí em disparada, com meu bodoque na mão.

À mente, viria o castigo pela matança de pássaros. E o monstro que nela se criou, quanto mais eu corria mais se aproximava.

Cheguei, em um momento, a sentir o roçar de suas garras às costas, mas eu já era meio cãozinho e estiquei-me para frente para escapar de sua pegada.

E corri mais, e mais, e mais, até chegar a uma porteira, de frente para um bar onde homens tomavam cachaça.

Foi a única vez na vida que agradeci a Deus por ver um sapiens na minha frente.

O monstro ainda rosnava na mente mente quando cheguei em casa. O monstro morou comigo, andou comigo e cresceu comigo.

O monstro era o próprio cão niilista que ali se formava!

FÚTEIS CRIAÇÕES HUMANAS


Fúteis criações humanas,
digo que morrereis todas, lentamente,

ao mesmo passo com que vossos
promotores tonitruantes
se dirigem incautos,

e cada vez mais soberbos e imponentes,
rumo ao despercebido e frio
apagamento.

NÃO SEI QUEM OU QUE SOU!


PENSAR DEMASIADO


Quantos sonhos
fantásticos,
quantos amores
puramente alienados,
quantos desejos
absurdamente extáticos,
quantas fantasias
alucinadas,
quanto deixamos
de simplesmente viver,
enquanto
exercemos o abnômalo erro
de pensar?

SE QUERES AMAR MELHOR


... não digas
com a boca o que sentes com as genitálias
excitadas,

não penses
nem elucubres sobre qualquer coisa
que não alcancem tuas retinas
embaçadas

e se queres pronunciar algo,
use uma mordaça na palavra e dize-o
com a demonstração dos atos, e com o silêncio
de teu adoecido coração
apaixonado!

THE END


... mas
que droga!

Que merda
de rachadura!

Que desgraça
a negritude que se
aproxima!

O acaso
acertou o cão
de jeito,

de modo
que ele não tem forças
nem tempo

para dar
mais nem um
tropeço!

ANDANTES MORTOS




... caminhamos por entre
as flores, as matas, as cidades
e as lumiadas ciladas;
navegamos por entre
as estrelas, os mares, os rios
e os lagos;
voamos incautos
pelos céus azuis, pelos céus ilusionários
e pelos céus angularmente
extáticos,
amamos,
beijamos e fodemor pelos vazios
escondidos e escuros, pelos leitos com pardais
amantes longe de nossos leiais
cônjuges,
com os demais anjos,
com os demais heróis,
com os demais santos,
como nós,
autodenominados digníssimos filhos
do Senhor e paradoxalmente traidores
que já estão mortos
e não sabem!

E EU ME APAIXONEI!


O CÃO LOUCO!



... por que
eu teria de ser como os homens
que tu conheces,

só para
te amar como tu queres?

Repara e olha-me
bem, e olha para tudo e como
escrevi,

e olha para
tudo que falei e fiz
e que falo e digo;

e então
me responda: Ainda achas
que sou um homem
comum?

Acaso
não percebeste que tanto minha
sanidade louca, como minha loucura
sã, são só minhas?

In our love
there were never 50 shades of gray;
There was only one tone:
black, dear!
Thor Menkent

OS BELOS CÉUS DO SAPIENS!


Algumas escolhas que fazemos pode nos levar a céus permeados de sombras; outras a céus limpos e azuis, desde que não se lhes coloquem as próprias visões turvas.



É que constumamos nos blindar de forma drástica, sem nenhuma explicação lógica, em alguns encontros casuais, ou mesmo em compromissos mais duradouros.



São tendências naturais da abnormalidade. E a melhor defesa para o ego costuma ser a inversão de valores e o acúmulo de merdas no outro ser, a quem julgamos amar ou odiar, ou de quem nos dizemos amigos.



Se levarmos em contra esse paradoxo de o ser se ver bem, e não tão bema o próximo, a tendência, pelo ceticismo, é o devaneio pela busca no outro do que, na verdade, nem nós temos: a sublime condição de não mentir, de não jogar e de nao ludibriar.



Haveria algum porto Salvador de nós mesmos, se empurramos nossas próprias culpas nos outros?



Não. Definitivamente não. O devaneio é nato e, se a vida tem tanto de sorrisos como de choros, e tanto de alegrias como de angústias a tendência clara é de se desfazer do lixo. E o modo mais fácil de se fazer isso, mesmo inconscientemente é os jogado aos outros.



Se juntarmos tudo isso com os traumas da infância e da fase adulto, tudo fica ainda mais difícil. Se juntarmos o virtualismo atual, ainda mais complicado, chegando mesmo a beirar a insanidade, a partir do ponto onde nos achamos bons demais e aos outros por demais ruins, buscadores de desejos de vãs punhetas.



E não é de se julgar nada. Nós mesmos somos vítimas dos mesmos atropelos, mas se nos masturbamos, colocamos nossos egos em disputa e juramos amores a quem mal conhecemos para, depois, com combates violentos, chover-lhes ataques e chuvas, não deveríamos ter o direito de ainda nos autoconsiderar puros, ou sequer melhor que eles.



De modo que o virtualismo aumenta sobremaneira a tendência ao devaneio que é, logicamente, fruto de nossas próprias frustrações, fraquezas e desejos. Ainda assim, ali a vida chora, brinca e sorri, mas para nós mesmos, quando há dor, culpamos alguém por ela, nunca assumindo que somos um corpo e que nós e que, em certas situações, somos a célula cancerígena.



Não que me intente vestir de sábio ou de egocêntrico, por outra, coloco-me no mesmo nível dos demais, propício, portanto, às mesmas vesanias, às mesmas fantasias, ao mesmo avesso exercício do ego e às mesmas quedas covardes, com o afiado verbo aos demais atirados.



A questão é muito mais profunda. Na verdade, não se importa onde a pessoa se enocntra, ela tende a andar nas margens. No virtualismo, entretanto, tais marges ou desaparecem, deixando tudo parecer possível ou são ignoradas, sendo as coisas quase sempre diferentes do que nos ocorre na realidade.



Concluindo, o devaneio é imanente e precise ser autocontrolado. É maior no meio cibernético e não creio que se vestir de erudição, de anjo, de herói imbatível, de doutrinador com alguma autoridade, de dons huans valha absolutamente nada.



Tal qual na realidade, a participação pelo virtualismo é pessoal; e as responsabilidades por ultrapassar as margens devem também ser pessoais, e nao jogadas ao mundo, como se o mundo fosse nosso depósiti de destroços, de lixos e de porras.



Assim, acho que jamais encontraremos um meio etério e puro, porque a grande barreira está dentro de cada um de nós. Ou vós achardes fácil encontrar alguém em quem possais colocar um diferencial de luz e reconhecê-lo como puro e bom, sem que elas vos sejam e também vacilem como humanos?

TALVEZ DEMASIADO TARDE


Próximo aos 48,
como já não fazia há muito tempo,
levantei-me de minha insônia
e me fui a caminhar pela silente madrugada,
à avenida sombriamente deserta,

tal como quando era uma criança
que, entretida em caçar passarinhos com seu bodoque,
perdeu-se na mata escura,
com a impressão de que havia um monstro
ou um demônio a lhe perseguir,

tal como naquela ocasião
pelejei contra a maldita visagem
em angustiosa correria que não parecia
ter mais fim;

temi, apavorei-me e quis
correr, fugir, ter um par de braços a me abrigar,
ou uma mão que seja para tocar
e me resgatarem o mais breve
possível

- mas não olhos, olhos não,
nem semblantes, semblantes não,
que todos os olhares e todos os rostos
seriam demoníacos naquele,

mas, depois de um tempo,
extremamente cansado, esquálido e ébrio de sentidos,
olhei para todos os lados
por entres as casas, as esquinas e os vultos
fabricados pelas luzes
de neon,

e percebi novamente
que eram tão somente meus terríveis fantasmas
que sempre me acompanharam
deste quando me habitava
em puro templo.

VOAR



Não se nasce
com nada já aprendido,
ainda mais voar,

________ quem quiser
________ voar tem de, primeiro, aprender
________ a engatinhar, a andar
________ e a viver no chão,

caso contrário,
afirmo que todo voo não passará
de uma paixão ou de uma loucura
temporárias,

________ condenadas
________ que, por incapaz nascença,
________ estão!

A PROFANAÇÃO



... alguém, uma só pessoa,
já teve a mim absurdamente,
todo mente, todo coração,
___ todo alma

em meu deserto
onde outrora ousou adentrar
para contemplar de perto
as minhas chagas
___ humanas,

estendendo-me a mão
como uma aberta e suave pétala
___ de rosa,

beijando-me
a boca como a suave brisa
que corre à secreta
___ noite,

tocando
meu corpo como o excitado
___ vento de agosto

e me embriagando
de paixão e de amor,na medida certa


para ir me matando
___ aos poucos!

ALGUÉM ENTENDE REALMENTE O DESERTO?


... ao deserto,
não se há rumo certo,

a melhor direção sempre
parece ser a que oferecer água,
sombra e uma boa
boceta;

mas geralmente,
ao deserto, também não costumam
ser certas as coisas que
vemos,

e, por isso, como eu,
ali alguns morrem, pensando alcançar
amores, alegrias e boas fodas,
de sede e de fome!

ELA DECIDIU E NADA PUDE FAZER




... certa vez
uma flor de inverno encheu
o cemitério com anjos e putos
fantasmas,
sempre a me dizer
"Passado, amor, passado,
eu te amo e sou só sua, acredita
em mim?";
e eu,
que nunca brinquei vestido
de santo, logo lhe falava "não,
não posso acreditar, poisnem tu mesma
acreditas mais em ti!".
Some time later,
padecemos ambos de tumores pesados,
de modo que só nos sobraria
uma libertação;
e foi esta época
que ela, não sei como, decidiu
e me avisou sacramentando:
"Como eu meu sonho,
minha escolha foi definitivamente feita;
eu me vou corredeira abaixo e de lá
continuarei a te ver
voando!"

ETERNA AUSÊNCIA


... ainda me lembro
de quando

o carteiro começou
a passar sem mais trazer
tuas cartas,

as estrelas começeram
a brilhar sem mais sorrirem
por tua ausência;

o vento começou
a soprar, sem mais se preocupar
com a hora morta

e a noite começou
a me amar, enchendo-me de angústias
e dores (de parto).

ETERNAMENTE


Sofri como ela disse
que eu ia sofrer,

lutei como ela disse
que eu ia lutar,

chorei como ela disse
que eu ia chorar,

sangrei como ela
disse que eu ia sangrar

e, quando todos
os médicos diziam que eu não
tinha mais nenhuma
chance,

sobrevivi como ela
disse, antes de partir, que eu iria
sobreviver!

EU POSSO TRANSBORDAR!


FORA DE ALCANCE




... curvam-se
as lendas malcriadas,
nublam-se
as luzes em densos e frios
herbários,
liliths
ajoelham-se ao lado,
de olho à grande alma, mas com
(de for a) o rabo,
pesa
sobre tudo a autoridade absurda
das sombras que silencia até
o mais dourados
sóis!

GOSTEI, MAS NÃO PEDI!



... a verdade
é que eu nunca pedi
nem quis que ela mostrasse
aquelas tetas e aquela
xana na can,

........ com café propositadamente derramado na coxa,
........ com massa de tomate propositadamente passados nos peitos,
........ com fantasias sangrentas e mortuárias que sacava da insana mente;

só sou
um cão que não nega
o que de graça lhe
é oferecido;

eu aceitei,
sem pedir, o que ela deu
por próprio desejo,

após gosar
tive de pagar contas como se
fosse eu a tê-la
seduzido,

como se
fosse eu o capeta
e ela o anjo sem libido
que só mostrava penas, pernas
e dedos na boceta!

INEXORÁVEIS HERANÇAS


Quando partimos,
deixamos sempre dois espaços
de lembranças para trás, nas mentes
e nos corações
daqueles
que outrora nos acompanharam
e disseram nos amar?
Um branco
e um demasiado negro!

INIGUALÁVEL!




... a mais bela
e a mais culta que já conheci,
e a mais aluscinada,
e a mais impiedosamente venenosa,
e a mais excitantemente sensualizada,
e a detentora das mais fortes
fantasias, desejos e insânias,
e a que melhor ensinava sobre o amor
puro que podria have em céus
celestiais,
e também,
paradoxal e deliciosamente, a mais puta,
a mais safada e a mais fascinante Lilith
que já habitou esse inferno
abnormalmente ilumidado!

www.espaconiilista.net

JULGAMENTOS E CASTIGOS


Agora que nos perdemos
atracados no silêncio sempiterno,
feridos pelos severos, cruéis e inquisidores
verbos, e tomados por rancores
insanáveis;

após caminhares
pelos bailes da vida, quando as cortinas
do grande espetáculo estiverem
a se fecharem,

dize-te
de ti mesma,
ao olhares teu rastro
pelos caminhos perdidos
da vida,

sobre teus prazeres
calcinados, sobre tuas as paixões
desvairadas, e sobre teus amores desvalidos,
para que inscreva
em tua lápide
fria:

"Aqui jaz quem
pensava ser um anjo de luz,
mas era eu, simplesmente
uma cadela humana!"

MAS EU SOU HUMANO, POXA!


NÃO TEMAS O ERRO NEM A DÚVIDA!




Por que ter dúvidas
se, cerniente e abnormalmente, é-nos impossível,
de nosso centro universal,
errar?
A escolha,
de toda forma, tem origem e consequência
no EU.
E apenas isso
"Origem" e 'Consequência" é fato.
O que seja certo
ou errado, verdadeiro ou duvidoso
é sequer ilusão de nossas abnomalias
que,
muitas vezes,
teimam inconscientemente se desvestir
ou se desprouver do que lhes
é inalienável!

ww.espaconiilista.net

O DESTINO É SEMPRE O MESMO!


... meia dúzia
de flores dentro do vazo
sobre a mesa
da sala,

uma sublime
oração à luz de velas acesas
perante a imagem;

depois,
vinho e palavras voláteis,

mais um pouco
de vinho e palavras voláteis,
ao som de alguma música
romantizada,

mas tudo
se acaba mesmo é em uma grande
putaria na cama.

O SILÊNCIO FRIO E DOLOROSO DO INVERNO




"... não há nada pior do que ser tarde demais." (Bukoski)


... e ela
não me ouviu
nem ouviu meus silentes
e angustiantes gritos,

avisando que
já nos estávamos ficando
tarde demais.

QUANDO CHORARES


Quando chorares,
e eu não gosto de te ver chorar,
eu me sinto muito sujo, baixo e triste
ao te ver chorar por causa
do que sou ou do que
eu tenha dito;

e, então,
quando chorares, descansa
um pouco de meu linho trevoso,
mesmo que, para isso,

tenhas de passear
nas amarelas asas de canário
ou nos alvos dorsos de anjos em voos
de luzes e de fogos!

A LUZ DE ANA!




... quando ela falava,
os homens mais cultos e poderosos
se calavam,
quando ela
se insinuava e se tocava, até os anjos,
esquinadamente, maravilhavam-se,
masturbavam-se e gozavam,
quando ela
chorava, a todas as terras amolhava
e a mim, em cruéis metamorfoses,
ao pouco matava!

www.espaconiilisdta.net

ALAGADO



... sou um cão,
sou um puto, sou um punheteiro,
sou um mentiroso, sou aquele grande
filha da puta que engana
todo mundo,

como sou
o amor que jura ser eu delas,
o fodedor mais gostoso, o cara mais sincero
o anjo da guarda, o homem de bem
e à margem social e moral;

bem, como vedes,
sou tudo o que dissem de mim,
pous eu sou um espelho que não nega
quem nele se enxerga!

What can you say about me,
without you not holding my reflection?

AMO-TE


ERA PARA SER O VENENO SOMENTE NA DOSE CERTA PARA NÃO MATAR, ANA!


ESPAÇOS E TEMPOS HUMANOS




... o espaço
e o tempo são convencionalmente
humanos
e não espelham
sequer razoavelmente um pouco do caos
que sempre houve e haverá
no tecido cosmológico
todo.
São como
ingredientes indispensáveis
para se fazer uma deliciosa e vastamente
colorida torta,
onde possam
colocar sabores e dissamores,
amores e dores, pazes e guerras,
luzes e sombras, desejos e porras
e mais o que quiserem;
mas, como de todo
bolo, depois de pronto, do caos
só podem ver também a coisa que lhes
pareça inteira,
não lhes sendo
mais permitido observarem os reais
e naturais componentes
da torre!

www.poesiasniilista.net

MADRUGADA FRIA



Durante a silente madrugada,
costuma ser pior:
os sons moucos dos trovões de todas
as tempestades;

os rios, os mares,
as nuvens, os montes e as falésias
de todos os lugares;

os tempos e destempos de todas
as estórias;

os horizontes perdidos
de todos os pássaros com seus voos,
cantos, encantos e faróis
soberbeiros;

os viscos, os rancores,
e as dissimuladas entenebridades
de todos os vermes
sorrateiros.

Tudo, enfim, parece adentrar
- em estranhas e dolorosas cores -
pelas janelas e portas fechada
de minha casa,

como que a acender-me,
ainda mais,
a suspensa hora
morta;

como que suspender-me
- com a mente em vesania e a esferográfica em fogo -,
ainda mais, do apagamento natural
das coisas.

NÃO ENTENDES OU CONFUNDES?


... se não podem
me entender, não podem me amar
as flores das quimeras dos anjos
e dos homens?

Ora,
em minha
poesia ou seja lá o que
for isso que sangro por
aqui,

não é só
de mar, amar, desamar
e outras coisas relativas à sapiens
luminescência que
escrevo;

por outa,
minhas velas são deflagradas
a esmo,

geralmente
sem um norte prévio para
escrever;

e penso que,
ao escrever só sobre luzes
e navios alados,

é simplesmente
escolher seguir por direções
que nunca demonstram a total verdade
de nossas coisas;

e isso
é realmente (não ser só líquido)
mas habitar um branco
lamaceiro!

OS DERROTADOS!



... quando mapeamos
todo o infinito para que nele
pudéssemos nos amar,

não sabíamos
que, entre tantos desenganos
e tropeços entre anjos de ponderosas
e libidinosas imagens
ofertadas,

terminaríamos
com rios de águas salgadas
correndo-nos dos olhos, sem deixarmos
um do outro nenhum rastro
no entorno desta sapiens
estrada!

Do you remember?
What you feared most were the images
of the world;
and the images of the world
have really conquered us,
my love!

OS PÁSSAROS PASSAM




... ou o amor
se vinga e floresce mesmo
ao deserto ou por entre as duras
pedras
ou se se vira
com o que houver na nos céus,
nas mesas e nos leitos
com a exata noção
de que, em algum momento, ocorrerá
gravíssima queda
e mais
um fantasma a nos dar mais ausência
e mais saudas, mais silêncio
e mais angustia e dor!

POETICAMENTE CIENTÍFICO


RETALHOS



... ficou demasiado tarde,
não achas?

Resta-nos agora
retalhos do que outrora fomos,

uma caricature
daquela bela e esplêndida
pintura,

corpos mais velhos,
rios correndo-lhe nas peles,
o desejo já a meio do caminho,

e o pior
é que parece que todos os de ontem,
os de nossa idade em delírios
e fogos,

como nós já
morreram; sem que nenhum deles,
como nós dois,

my love,
left their beautiful and rapturous
completed stories!

TRÊS VEZES



... é um número especial
para êxtases ocorridos, não de modo
multimplo, mas em forma realmente de três
orgasmos fortes e seguidos com intervalos
de apenas minutos.

Até eu fiquei
surpreso, com tal deliciosa visão
e com o frenesi das delirantes
convulsões.

Sim,
noite inesquecível, uma noite
que será lembrada em mais mil e uma
noites,

com tudo começando
por um olhar, depois com a visão
dos corpos nus, seguido de imaginação
vasta e fértil

e, então,
não foram só nossos corpos que
invisivelmente se tocaram, mas também
nossas almas;

e a única diferença
que vi na longa e bela noite foi que
tu tiveste três lindos, extasiantes e longos
orgamos,

e talvez,
com minha haste rija o tempo todo,
iumaginaste que tive só um.

Mas eu declaro
e afirmo que tive, na verdade,
fora quatro orgasmos, pois senti contigo
os três teus e, ao fim, explodi
com o meu!

A BELA DISSIMULADA



... havia
em suas mãos postas
às costas algo que
não vi,

havia
algo em seu olhar
disfarçado que
não vi,

havia
algo em seu amor
tantas vezes perjurado
que não vi;

quando
me dei conta,
era tarde demais,
havia-me deparado de frente
com seus precipícios
e sua alma
negra!
www.espaconiilista.net

A CONSUMAÇÃO DA ABNOMALIA


... nunca
há paz entre corpos,

há desejos
maciços provocados
pela id;

mas nunca
devemos nos esquecer de que
estamos no mesmo
barco

e que,
às vezes, entre as turbulências da vida.
precisamos apenas de um
amigo braço!

AMOR MAIOR QUE O HUMANO


É A MORTE


É a morte,
a morte é que é,
a morte de tudo em vida
e a morte da própria
vida;

é a morte,
vinda por perda
do amor do amante,
ou da mãe, ou do pai,
ou do filho, ou mais que tudo
de si mesmo.

Sim, caríssimos,
é a morte, ou melhor,
é o medo dela que se anuncia
por nossos fracassos
ao caminho,

que dá combustível
a essas nossas faustas atuações
e fantasiosas vesanias
entre deuses, anjos, demônios
ou quentes corpos putos
de outros ratos
humanos.

E, ENTÃO, TU REFAZES MUNDOS INTEIROS


ESPERAS


... sempre esperei

pelos voos
dos belos e nobres pássaros,

pelos sonhos
dos anjos sublimados,

pela linda
virgem nunca tocada,

pela quimera que coubesse
em minha casa,

pelos perdões
dos deuses idolatrados,

pelo infinito
que coubesse em minhas pequenas
polegadas:

agora,
com a vela quase se apagando,
espero pelo último trem,
e mais nada!

HÁ EM NÓS


Há em nós
um pouco de pó estelar,

um pouco de caos
e ocaso,

um pouco de quântica
e de possibilidades factíveis
ou absurdas;

há em nós
um pouco de amor,

um pouco de ternura,
um pouco de luz, muito de desejo
e de aventura

e, claro, há também
em nós um pouco de sombras,
um pouco de areia que já se pensou
ser rocha

e, sobretudo,
um tanto demasiado de senciente
loucura!

MUITO INCAUTOS PARA AMARDES!


O FILHO DAS SOMBRAS COM UM SOL


.... depois de
tanto fulgor em camas, céus
e lodos,

depois de tantos
açoites, jugos e chuvas
de fogo,

depois de noites
e de mais noites de sonhos, de fantasias
e de fantásticos voos,

depois que a morte
nos separou, retirando-te as raízes
das prisões saiens,

eu constatei, enfim,
tarde demais, tudo que outrora
te disse

e percebi
exatamente como podem ser os filhos
de um louco amor entre 7um swol
e a sombras!

nós descobrimox,
enfim, tarde demais, como podem ser
os fgilhos de un amor entre o sol
e as sombras, não é?

O INFERNO


Conheço o deserto,
conheço a angústia, conheço a dor
da parturiente;

conheço e senti
a sentença de morte, conheço o medo,
conheço a fraqueza quando ela
se nos toma por inteiro;

conheço o que dizem
ser amor, conheço as máscaras do teatros,
conheço o desejos, conheço os esfregaços
das genitálias, acompanhados
de excelentíssimas palavras
voláteis;

conheço a soberbia
dos homens em todos os cargos e afazeres,
da medicina à filosofia e à política
e ao celibatismo;

conheço a guerra
que muitas vezes fazem em nome de Deus
e que dizimam milhões, e comemoram a matança
como festas de São João:

não conheci o paraíso,
mas conheço o inferno e digo que
ele é aqui!

O POEMA É NADA SEM TI


OS DEMAIS DASEINS E EU


... perderam-se as aves
em seus magníficos voos,

perderam-se
aos mares os bravos navegadores,

perderam-se
aos paraísos os anjos sem juiízo,

perderam-se
às sombras as luzes que lhes tentavam
engravidar com seus afiados
lumes,

perderam-se
às curvas todos os rios com
seus peixes e com suas sereias
lindas,

perderam-se
nos abismos, tudo que o sapines
almejou fazer com seus
brilhos;

perdi-me eu
em cada pedaço dessa loucura toda,
em que vivem como se fossem realmente donos
de todos os destinos!

SE SOU SAPIENS, NÃO SOU CONFIÁVEL


Se eu fosse tu,
desconfiaria severamente
de minhas palavras
regozijadas.

Para dizer a verdade,
se eu fosse realmente tu,
diria na lata que sou
dissimulado,

e já teria me mandado,
há muito tempo, ao raio que
me parta;

mas, como não sou tu,
continuo te amando, e tanto,
e cada vez mais,

sobre o inevitável declínio
de nossas águas.

SÓ ELA ME CONHECEU TÃO BEM!


Vejo reflexos
do ser disperso por todos
os lados,

não ligo,
não me importo,
porque sei que são imanentemente
negados em suas falas;

e eu sei o que
é ser um inconsciente náufrago,
que espera salvação ou redenção em algum
novo elogio, jura ou afago;

mas queimo como um sol,
sem piedade, quando adentram com má fé,
em meu retiro mais tranquilo, fiel
e solitário!

ELA NÃO ESTÁ MAIS AQUI


... dia de mar,
dia de voar, dia de amar,
mas ela não
está mais aqui;
ela agora está
com seus anjos emplumados
e eu aqui,
ainda jogando neste mundo
alucinado,
no meio de vermes
e baratas que se pensam bons
sapiens,
mas que não
significam absolutamente
nada!

ERA


... tinha os cabelos
compridos e lisos, negros como o breu
mais profundo,

e no meio deles
tinha um rosto angelicamente lindo,
que se parecia como
um linda lua;

tinha um corpo
perfeito, geralmente maqueada,
arrumada como uma linda e pura
princesa

e, por baixo
dessa máscara, tinha a alma
da mesma cor dos seus nigérrimos
cabelos!

ESPELHO


ESTÁ TÃO FRIO E ESCURO


FRIEZA


IMAGINATION



... o poder da imaginaçao e da reflexão pode te transporter a qualquer lugar, filosófica, onrica, especial ou desejosamente.

Com ele, podes amar anjos, colecionar borboletas, plantar um parasidíaco jardim ou levar um herói ou heroína para a cama, com quem vai foder.

Não obstante, em praticamente todas as vezes que a invoca (a imaginaão e a reflexão) para escrever filosofia ou poesia, costuma nos ser mais útil, para a eficácia da mensagem, para sua veracidade mais bem firmada e para a beleza plástica da arte, sobretudo a poética, a dor de parto derivada das quedas de tudo que sublimemente nos permitirmos imaginar e que, de algum modo, a realidade não vai permitir ou em algum momento nos retirar, com a separaração, com a traição ou com a morte.

Então, em tudo, seja para escrever, para sonhar, para poetisar, para compor músicas, para pintar um quadro, para amar e até para foder, eu digo que há causas e consequências. E assim sendo, se as dores de parto são frequentes e exageradas, parimos tantas sombras, dores e descrenças que precisamos visitor a superfície, para descanso, procurando nos server de saladas.

Igualmente quem vive a comer carnes e a beber água fresca na superfície pode sentir um vazio tale m determinado momento, que sentirá falta da mergulhar mais profundamente.

O que acontece é que, quem costuma viver no fundoo, vai facilmente `superfície inventor um sonho e dar uma trepada para se descansas; mas quem se habitua demasiado a habitar a superfície, quando vai ao fundo rapidamente lhe há carestia de oxigêncio, fazendo com que ele não dure muito tempo naquele lugar.

E pode parecer que não, mas é exatamente essa a diferença entre gigantes como Nietzsche, Pessoa, Shopehauer, Eintein, Freud, etecetera e seres microbianos da superfície que passam suas vidas dizendo amar e vadiando sem deixar nem rastros.

Então, amiga, não sugeriria tu deixares o vício de poetisar, posto que o trocará por outro que apenas pensarás te aliviar, mas que certamente causará, a longo tempo, piores consequências, entre as quais está a de começar a discerner um pouco embaçadamente o que realmente ocorre no mundo real e nos sonhos e fantasias que usamos como abrigo dos cansaços e das dores de nele habitarmos.

De qualquer forma, sseja como tuas escolhas à estradao, tudo dependera de fatores como a direção escolida, a força imposta para eficácia do caminhar ou do sonhar na direção escolhida, a escolha sobre se solitariamente ou sobre, se não, com quem andar em sonhos e em realidade (pois são realmente dois caminhares distintos e não necessariamente interligados), e dos momentos escolhidos para estares num (real) ou nouteo (imaginário) local.

À parte isso, digo que a mente sapiens a tudo pode. E a mente sapiens ilimitadamente pode. Mas só o pode se a si mesma se libertar da pseudovastidãao que pensa ter e conquistar a verdadeira vastidão que realmente tem, fazendo-a vigorar no caminho das margens reais, nas onirias, nas fantasias, nas poesias, nas poesias, nos pensamentos sobre o ser, as coisas e o cosmo e até sobre o desejo, os êxtases e os orgasmos.

Partilarmente sobre a poesia, e isto vale para tudo, Nietzche cometeu erros graves e um deles foi achar que para ser forte seria primeiro preciso pensar ser forte. E eu te digo, lindíssima beldade, pensar não significa ser ou voar, é preciso realmente ser e voar.

Por fim, quero dizer que não posso nem consigo te excluir e que estás na cabeceira de meu leito, no cellular quando leio teus poemas e, de uma ou outra forma, portanto presente. E que, do mesmo jeito, com nada deves te preocupar e a nada temeres, e por nada te entristeres ou te constrangeres, pois eu também estou contigo em teu trabalho, em tuas andanças e em teu leito, com minha poesias mal traçadas e com meus pensamentos mal delineados.

E, em eu estando aí, sou um prato teu, e só teu, com o qual, com tua magnifica capacidade de pensar, de imaginar ou de sentir podes me tomar na hora em que quiseres e do modo que quiseres a contento, satisfação ou prazer teu.

LIBERTAT



Quem
dentre nós pode
realmente falar em
___ liberdade,

de dentro
da maior de todas
as prisões que
___ habitamos:

nossos próprios
___ egos?

Angel
abusing night flights
ends up landing on hollowed
out stick!
Thor Menkent


NEGRO DIA


... o dia amanheceu triste,
a tarde se iniciou triste,
a noite estava triste
e tu estavas tristee
quando morreste neste fatídigo
dia triste;
depois disso,
vejo teu rosto apenas na lembrança
e no pensamento; e o tu cheiro quando
uma flor do inverno dança
ao vento!

NUA


OS EXTÁTICOS OCOS DAS HORAS



Borboletas e andorinhas
vivem a me convidar para voos
e abarcamentos fluorescentes
___ em seus ninhos.

Claro que isso
não é um privilégio helmíntico meu,
mas sobre o que me aguça,
___ realmente

- porque é disso que
quero falar -;

não são suas máscaras dimerizadas,
nem suas luzes regozijadas,
nem suas sinuosas curvas e suas vulvas
___ extasiadas,

mas sim observar
como confundem saldadas com sonhos,
em total alheamento, como que a quererem esconder
uma parte do cerne antológico
___ de si mesmas.

PESADELO


SE ESTA RUA FOSSE MINHA



... escrevo no escuro,
até de dia escrevo no escuro,
como se fosse

eterna noite, porque só neste tipo
de noite de absoluta escuridão
e vazio

vêm-me reinos,
fantasias e beldades de todo tipo
e fortíssimos desejos sempre amarrados
nas sombras,

sempre
deixando, ao rastro, este poemas
que tanto escrevo, com as dores absurdas
dos partos!

TUMORAL


Sono profundo,
pesadelo obscuro e imundo,

um martelo pesado depenando
um anjo em algum quarto escuro
dos fundos:

subestimaram
aquele que expulsa a nobreza
dos inocentes,

por saber de seus
negros tons são fundo!

UMA FLOR NO DESERTO


Esse sentimento estranho que de mim se apossa,
neste momento em que se encontra longe as montanhas, as planícies, os mares e os céus em que não lhe posso trocar olhares, cumplicidades, carinhos, afagos,e êxtases.
Esse sentimento que faz doer meu coração, invadindo meus pensamentos, fazendo-me sucumbir ao desejo incessante de poder com ela estar, num delírio de amor. E que, apesar de não estando (assim tão longínquos um do outro), sinto-me transcendentalmente sentir e estar, em plena comunhão mental.



Sempre
me falaram que anjos
são bons e possuem lindas
asas,
mas agora
descobri que os verdadeiros anjos
também são feitos
de carnes,
e de nós
se distinguem pela pureza
que carregam a um coração
sem correntezas, pecados e quedas
dáaguas.
Thor Menkent


Tanta estrelas a brilharem, tantas imagens a se plantarem, tantos desejos a se esparramare, tantas ofertas em dádivas iluminadas, mas a ela
(com seu perfume inebriante, seu olhar penetrante, seu toque suave com os sopros dos versos e seu desejo junto ao meu confinado em minha mente secreta, em fervor em prazer vibrante) é que deve pertencer meu último e maior amor.
É verdade, o cão latia constantemente, seus uivos ecoavam por todas as sombras e por todas as noites. Esse sentimento que me enfraquecia, que me torturava e que atormentava, trazia-me um engerelado inverno e deixava minha alma em ruínas, combalida com a incerteza de o porvir se concretizar com uma nova companhia pura.
Angústia. Solidão. Dor. Um deserto indecifrável onde viam um coração que não era bom. Ela viu o homem por detrás do niilismo e da proclamada atrofia que ele fazia das luzes.
Mas, no passar das horas, dos dias, dos anos, da espera por por uma visão que transcendesse e pudesser perceber o que eu sempre quis dizer aos anversos do que eu tanto disse e escrevi, surgiu uma flor que resistiu e que brotou no seco deserto, como uma forte e bela rosa do Éden!

ACEITAR(SE) NA VIDA E NA ARTE


Se alguém quiser ser mais
para inovar - afiada e livremente -
na arte, na musicalidade
___ ou na poesia,

deve aceitar, primeiramente
e por completo, o cântaro da própria
___ abnormidade humana,

e ousar atingir,
em algum momento,
a transitiva e sublime moradia
___das sombras.

Paradoxalmente,
deve descobrir-se, à nefasta natureza
que adultera a todo
___ momento,

como um deus apócrifo,
dissimulado e ousado, capaz de criar
de recriar suas próprias estórias
___ e imensidades,

a fim de que
consiga ultrapassar os arraigados
limites das regozijadas
___ purezas,

lançadas aos mares,
aos ares e aos montes de ouro
pelos vertebrais
___ sapiens.

AMOR, SEDUÇÃO E DESEJO!


... não há
amor sem sonhos, fantasias
___ e desejos,

posto que
ele tem que ultrapassar
___ todo humano;

quando
falta alguma dessas
___coisas.

é apenas
um capricho
do ego a tentar reluzir
com a força de um
___incêndio!

CADA MOMENTO NOS É URGENTE


Ainda há de nos
haver um tempo mínimo
de paz e de amor,

abaixo
da lua plantada acima
na escuridão;

e nesse tempo,
quero aproveitar o máximo para
pegar em tua mão e te levar
comigo para um belo
sonho,

e lá te araçar, beijar-te,
aspirar o cheiro de teu corpo,
de teu perfume e de tua
perfeita xana

e chegar ao delírio
quantas vezes eu conseguir
sentindo o doce mel que te ti emana
em minha boca e em minha haste,

ao mesmo tempo
em que toco teus seios, em dulcíssimos
pecados, com tesão ora com a boca,
ora com a intensidade
de minha carne

e com a volúpia
e a insaciável fome
de minha negra
alma!

CADA VEZ MAIS SÓ



Nunca
conheci, mas deve haver
algum lugar
onde são felizes,
onde os sonhos ocorrem,
onde as esperanças se concretizam;
afinal,
menestréis e borboletas
vivem a cantar
e a poetisar
vôos azuis,
mares cristalinos
e amores vespertinos.

www.espaconiilista.net

E O TARDE DEMAIS CHEGOU PARA MIM!



Outono, 47,
ainda às voltas em um mundo
de tantos cantos, imagens
e vagas:

um pardal acinzentado,
ligeiramente pendido ao negro,
toma o ninho de um canário
amarelo;

junto à brachiaria seca,
algumas laranjas cansadas
vão-se anoitecendo
apodrecidas;

às estradas,
todos oscilam sonhando nuvens,
como se não houvessem se originado
às eiras dos campos,

enquanto,
ao céu limpidamente azul,
elas desdenham toda a cena,
sem terem noção alguma do que seja
nascer ou viver junto
à terra:

e eu, que também
vou-me apodrecendo entre isso tudo,
tirei o dia a imaginar como deus
parece se rejubilar

com sua esplende, senciente
e dolorosa criação.

WWW.ESPACONIILISTA.NET

EU CREIO


Pode até ser que houvesse
(realmente) aquele grande amor,
que nos regozijávamos em leitos quentes
e em sempiternidades
brancas;

mas houve-nos também
uma ébria, amarga e fatal escolha:
a de nos fazer (em pleno verão)
um sombrio e mortal
in(f)verno.

FOI PIOR DO QUE FATAL


Nunca consegui
me tornar imune ao veneno

dela;

muito pelo
contrário, ela sabia que
não me mataria com ele,

como sabia
que, com ele, era como se aos poucos
me empurrasse a um abismo
cada vez mais fundo

e cheio
de vazios e de sombras
frias!

O ERRO


OPOSTOS



Por que tu não
me podes

ser de outro
modo,

amo-te tanto,
e mesmo assim:

anatomicamente
bela,

e com teu afiadíssimo
verbum volátil.

PALAVRAS ALVAS E ÁCIDAS


www.espaconiilista.net

SEM MAIS


SEU NOME É SEGREDO V!


... vê, querida,
as estrelas ainda estão lá
___ a brilharem,

tal como
na primeira noite em que
nos encontramos naquela outonal
e longínqua noite
___ de suave brisa,

sente, querida,
neste amor tão amplo e sublime
nenhuma luz foi apagada por alguma dor
incontida ou por algum choro
___ mudo;

com nada te preocupes, querida,
daqui a um milhão de anos, o Cosmo
com estas estrelas
___ ainda acesas,

ainda serão
silentes testemunhas,
quase eternizadas na escuridão
___ do apagamento,

deste nosso passageiro
mas lindo, único e sublime
___ momento!

SOLIDÃO E ANGÚSTIA


TRÁGICA SOLIDÃO




... minha solidão
é uma solidão diferente,
não é desse tipo de que se fica
sozinho em algum canto
ou recanto escuro
e escondido;
minha solidão
é do tipo mais cruel, mais angustiante,
mais doloridae e mais
sofrida;
minha solidão
é dessas que se dá até em meio a uma
miltidão de anjos, de borboletas ou de sapiens
coloridos,
porque
à minha triste solidão nem se quisesse
evitar conseguiria,
porque sua causa
e a razão de meu viver, de meu sonhar
e de meu voar foi de mim tirada
para a eternidade não está
mais aqui!

espaconiilista.net

TU SABES AMAR IV


Sim,
sou o cão niilista,
também chamado de criador
de galinhas e de vagabundo pelos puristas
___ e pelos anjinhos de plantão;

mas eu sou
um vagabundo de sorte,
porque não é todo dia que se acha
___ uma flor do deserto

capaz de
ver com a gente as estrelas brilhando
___ além das nuvens,

de ter com a gente
os desejos e os orgasmos mais intensos
em cima de uma cama ou em algum
___ outro qualquer canto

ir ousas construir
com a gente uma cabana só para
nós dois na linda e cheia
___ lua!

UM ANO FAZ DE TUA PARTIDA. MÊS DE SILÊNCIO E REFLEXÃO



... alumas beldades
me querem em seus lares,

alguns anjos
me querem em seus céus
estrelados,

algunas ciriricas
me querem como suas sedutoras
luzes mortais,

algumas putas
me querem para lhes foder em uma cama
ou em alguma mesa, para se sentirem
mais poderosas, gostosas
e sensuais;

outras coisas
e outros daseis me querem para
cividir poesias, fantasias, ilusões e mesmo
dores de parto:

mas eu quero
apenas a ela que já não pode
mais sequer estar
acordada!

UM ANO FAZ DE TUA PARTIDA. MÊS DE SILÊNCIO E REFLEXÃO II


... dizer que é fácil,
ou nisso enganosamente crer,
lidar com uma parte de nossa alma
que foi tirada pela morte

é insandice
de tolos bastardos, porquanto
tudo que se nos resta à qwuebrada parte
que ficou

são restos
fragmentados de dolorosas lembranças,
lágrimas retidas ao infinito que há invisível
dentro dos olhos

e um punhado
de coisas, de imagens e de transeuntes,
em falatórios, onirias, insânias
e desejos que não nos levam
a nada!

UM DIA DIFERENTE!


AMOR E DOR


ANGEL


ANOITECER


Atentai-vos e percebei
um pouco melhor como realmente
são estranhas
___ as coisas:

os imperativistas da palavra
e os loucos que pensam ter asas horizontais
são mais difamados
___ em vida,

mas quando lhes cessam
os sonhos, os desejos e os fulgores
advindos da senciente
___ razão,

costumam ser elogiados,
admirados e até amados postumamente
- afinal já não há motivos para confrontos
em soberbias e quedas
___ egocêntricas -

como que
se nem humanos tivessem sido
___ algum dia.

ARIDEZ


Ao deserto,
areias, espinhos e cactos
por todos os lados;

vez em quando,
à noite, ainda se arrisca a vir
algum anjo estrangeiro,

vestindo-se
âmbar, incenso e esqualidez
beleza.

Convir-me-ia
que eu recusasse a luz de suas velas
e o perfume de suas asas,

pois, como eu,
todos os desérticos, e até os mais
rebeldes e sombrios dos seres,

sabem que
com anjos assim não se brinca:
costuma ser os piores,

capazes até
de nos tomarem a solitária e sublime
companhia das areias!

CADÁVER QUE ANDA


... sedendo,
faminto e me arrastando
já há tanto tempo neste seco e sombrio
deserto,

já não alargo
minhas pupilas para imaginar
um mais razoável
horizonte,

já não alço
as asas dos sonhos para não
me quedar novamente da subsequente
encruzilhada,

já não dou ouvido
às canções dos anjos porque eles
me dilaceram levando-me ao inferno
dos homens.

Então,
apenas ativo o olfato,
aspire o perfume de uma flor
que resiste ao deserto,

aspiro
como se fosse o ultimo perfume
que sentirei em minha
vida,

tentando
me esquecer das passadas e incontáveis
chuvas de fogos e de pedras!

COMO DECIFRAR QUEM NEM SE SABE?


Tolos são
os que tentam decifrar os meus
sinuosos e escuros versos
niilistas,

porque,
desde cedo tenho uma aversão
saliente contra o ser e o que dele
se diz ser:

por isso
não escrevo, eu grito como
quem está perdido em um verdadeiro
deserto de si

e meus poemas
não podem ser compreendidos, pois
não representam mais que uma vã tentativa
possível de fuga

de tudo isso
que andais a ver pelos caminhos,
pelos desalinhos, às igrejas, às associações,
às reuniões de anjos e a suas escorregadelas
vadias para foderem em secretos
leitos!

CULPADO


EU SEMPRE DISSE NÃO A ESSES TIPOS!


... a dor de uma flor
é maior do que a seiva venenosa
que inconstientemente
ela injenta?
O título
ou o status de anjo ou de poeta
significa que el epode volatilizar o verb o
confoerme a hora e o aprazer
que lhe satisfaz o ego?
O vinho
servido sobre a mesa, com juras
de amor eterno, precise necessariamente
nos deixar tão bêbados?
O vento que passa,
pPeregrinamente, sonhando e distraído,
precise realmente ser por nós
aprisionados?
Lendas,
mitos, deuses, heróis
e autodenominados iluministas
ou puristas
que, aos iguais
espelhos ora se maqueiam ora escarram
precisam necessariamente ser
admirados e respeitados?

FORA DE ALCANCE




... curvam-se
as lendas malcriadas,
nublam-se
as luzes em densos e frios
herbários,
liliths
ajoelham-se ao lado,
de olho à grande alma, mas com
(de for a) o rabo,
pesa
sobre tudo a autoridade absurda
das sombras que silencia até
o mais dourados
sóis!


FRANCO-ATIRADORES E SUAS FLEXAS E PEDRAS




... as pedras e as flechas
atiradas ferem, mas de si mesmas e da origem
de seus lançamentos nada
sabem,
as mãos
dos atiradores que as arremessam,
que pensam saber, também absolutamente
nada sabem,
porque pensar
é necessariamente um ato surgido da abnormidade
e, por isso, inexoralvelmente, equivale
a errar,
seja diante
de outro dasein, de outra coisa
ou de qualquer subjetivação por luzes
ou imagens colorada!

IMAGENS QUE ENJOAM


... cheio de flores
iluministas que tentam
se perfumar por
todo lado,

de pianistas que
tentam impor suas melodias
aos ventos e às curvas
das estradas,

de puristas que
se contorcem escondidos
com seus dedos fincados nas
genitálias,

e de poetisas
que se masturbam delirantemente
às madrugadas;

cheio de
tentarem preencher os próprios vazios
com imensidadas que desaguam
em nadas,

de algemas
de ouro castiçadas e de palavras
e preces abençoadas,

dos contornos
burilados pelos que pensam ser
pássaros, mas não passam
de sapiens bastardos;

o mundo
é uma completa e infinita
alucinação estridentemente
enclausurada.

LIBERDADE: SUBSTANTIVO ABSTRATO


MERGULHO


... mergulho na noite
como mergulha o pássaro
em seu último voo:

busco paz,
busco abrigo,
busco o conforto

que nunca
me deram as luzes
sapiens!

NÃO VOS SUICIDEIS COM UM NIILISTA


Eu sou tal
como a vossa sombra,

se movêreis
uma mão contra mim,

estareis,
inevitável e inexoravelmente,

movendo-a
também contra vós
mesmos!

O DESEJO VENCE A LUZ!



... não gostam
de enxergar a verdade
esses anjos bastardos, mas já quase
___ não há a sublime luz,

assassinaram-na
com a senciência racional
___ e emocional,

para
se embebedares das gostosas
labaretas dos desejos
___ e das carnes,

mesmo que
seja em secretas punhetas
em um escondido
___ quarto!

TEU NOME SERÁ HONRADO


ARRASADORA PAIXÃO


... anjos brancos
a beijavam, e pássaros azuis
a beijavam, e lobos excitados
___ a beijavam;

beijavam-na
e a comiam, bêbados, em estranhas
simbioses com sua performance
___ e com sua beleza:

o cão
só se vitimou e a vitimou
com uma jamais vista negra
___ paixão

cujos gozos
os levaram a beiras de precipícios
e de eternas e intrínsecas
___ prisões!

DA VARANDA DE MINHA CASA


É PRECISO VOLTAR A ARDER(SE)!


... para
se abrirem novos caminhos,

para
se pavimentarem novos sonhos
e novos céus,

para
voltar a acreditar que
um grande amor
seja possível

(para foder, não,
para foder é fácil, basta ficar
ao nível do chão e liberar a erstrutura
dos sentidos),

é primeiro
preciso curar-se das profundas
feridas que não se
cicatrizam!

EGOLATRIA DO AMOR



Na noite em que nos acordamos
sob aquele escuro céu, cada um pensou poder
iluminar infinitos com suas tênues
lamparinas às bocas
e às mãos;

quando, enfim,
ao amanhecer de outros horizontes
adormecemo-nos (prostrados com nossas
dissimuladas nudezes)
de nós mesmos

em outros braços e em outras asas,
cuidamo-nos de (antes) nos revelar os abismos
em recíprocos reflexos, atirados
em angústia e desespero.

NÃO TENHO MOTIVAÇÕES PARA ESCREVER. E SIMPLESMENTE ME SANGRO


... não escrevo bonito,
não escrevo com flores,
não escrevo para ganhar taças de vinho,
nem elogios, nem bocetas quentes
ofertadas `zas escondidas;

não escrevo para satisfazer ninguém,
não escrevo para demonstrar que o céu
é falsa e esplendorosamente
bonito,

não erscrevo
"Te amo" falsamente, só para ler de volta
um igual e bastardo "te amo",

não escrevo sob luzes,
eu sequer escrevo com lguma vela acesa;
eu apenas me escrevo e vos escrevo
do exato modo como fomos jogados
e nos postamos nomeio
dessa merda toda!

NÓS, HUMANOS: TÚRBIDOS


"Sabeis vós e vos precaveis: quando me encolerizo, incubo-me primeiro de deixar meu ser devastado. Assim, posso devastar impiedosamente todos os demais reinos."
Sinto uma convergência estranha entre imensidades às quais fonteamos e insensatezes forjadas com um poder absoluto de gestação, do qual não podemos nos desprover. Se nada há antes, nem depois de nós; se lugar algum existe sem nós, e se mesmo inexistências nos pertencem por idealizações; se nossos deuses, mitos, demônios e demais vultos obscenos servem apaziguar nossas fomes insaciáveis; se nos permitimos emoções que nos ceguem perante singularidades outras tão vastas como nós; se nos chaveamos em portos de onde nos damos direitos de escolhas, às sombras de nossas próprias irradiações imperceptivelmente violadoras; e se nos fortalecemos nos recônditos de eternas almas de amplitude universal; que se há de dizer da cerimônia macabra, em que nos postamos, coexistentemente, como noivo e noiva a gerar de nossas entranhas todas as plântulas, vivas ou por vierem, mortas ou por vierem a morrer, e todas as inaugurações de qualquer ponto do espectro ou dele fora?
Eis que tal ilimitado poder de criação e de assimilação de tudo em nossa origem me parece barreira invisível, que nos aprisiona de forma cada vez mais incontida. Ousar contemplar ou sequer imaginar tal barreira, ou além dela, apenas a faz ficar também nossa refém, num paradoxo insolúvel sobre nossos âmagos tacanhos, mas capazes de irradiar, centrada e infindavelmente, todas as possibilidades, como enxovias encouraçadas de incomensurabilidades, libertas dentro das tênues e incompreensíveis muralhas de onde emanamos todas as gêneses possíveis ou não.
Que de mim pudesse não ser origem, melhor fora se não houvesse me atrevido a conceber alguma impossibilidade, nascitura e infalivelmente condenada pela nova inauguração advinda da incapacidade de atingir o não-gerado de mim mesmo. É assustador defrontar tal anomalia: enquanto se pode caminhar pelas estações e respirar o suave ar que nos circunda, contiguamente, toda concepção e todo poder está para nossas vidas parcas, assim como a grande barreira está para nossa onisciência, sempiternamente criadora.
Perdida a condição humana (e até o desumano me é possível, apenas por ainda ser humano) que haveria? Se ouso dizer que venha a ser nada, inauguro o nada. Se ouso dizer venha a haver um frio congelante e insentimental, inauguro tal frio. Se ouso dizer que haverá vida eterna com um Deus onipotente a nos zelar, inauguro um paraíso. Se ouso dizer qualquer coisa, inauguro todos os liames da demarcação minha. E isso se dá simplesmente por, ainda anomalia-centro a tudo poder gerar, inaugurando qualquer ato de pensar havido ou por ainda haver.
Se me esforço indigentemente e adentro a mata sombria, vislumbro a morte como barreira, e violo-a também por estar vivo. Se impinjo um olhar além da carcaça que um dia se desmoronará, crio-me após a passagem de uma forma ou de outra, pois todas as possibilidades, ou impossibilidades, de todos os infinitos me são. Não tenho como nem fechar a porta de meu quarto para me cegar, pois o fora que não descortino, também me pertence.
Quanto mais vastos forem os pousares todos, mais ampla se torna a barreira que jamais poderá ser percebida pelas infindáveis crias, descendentes do "ser". Se, debatendo-me com tal paradoxo, alucinei-me ao tentar criar um apagamento qualquer onde supostamente não pudesse pousar olhar algum, mais confirmei minha mesma condição humana: e enquanto humana, transgressora e presa na construção de um tudo possível.
Palavras cegas de verdades ou mentiras. Pensamentos tão vivos como mortificados: Inaugurei um apagamento e a inexistência do inexplicável.
...
Malogro o intento de avançar ou de contravir sobre o que cogitei haver além - por estar contido numa grandiosidade tão vasta que sempre me fazia incorrer em novas inaugurações, todas elas condenadas nas imensidades de mim emanadas ou nos paralelismos advindos de outros centros regurgitadores de falsas origens, por grandeza imperiosa de nossos centros - , diligenciei-me em meditar nos ilimites nossos.
Ruminando com a reflexão atida na infinda e indefinida planície, onde apregoamos todas as configurações possíveis ou não, colidi com outras confusas quimeras: às luzes por nós lançadas tomam as sombras, surrupiando-lhes o direito a suas essências plenas. Assim, toda vez que parimos gêneses quaisquer, por imagens ou pensamentos, criamos uma série de contingências imprevisíveis, em decorrência da ousadia de nos pousarmos em pontos quaisquer da deformidade.
Antes de esmoer a dura crosta que abriga o cerne primata da extravagância, uma frágil ponte, tão delgada como minhas palavras débeis, estabelece-se entre mim e meu jovem ancestral. Revista a antevéspera, à tenra balda, algo se me lembrou e que agora se assimila, em desordenação, a todo o resto de mim: o pequeno ser já se encontrava indizível na cacofonia párvula que, de seus pequenos semelhantes, ressoavam nas ruelas eneblinadas de poeira e fumaça; e nos sonhos tantos ainda não poluídos pelo claro amanhecer do dia seguinte.
Não sei se foi nesse crucial momento que ocorreu a perda da cegueira que me seria imprescindível para que se mantivesse em mim alguma sanidade confiável. Mas, da ausência incipiente da puerícia, tentando me abrigar de cacos antevindos da futura terra devastada, nos murmúrios presentes daqueles sorrisos ainda descobiçados, foi que pela primeira vez me vi quedar em assombro, na consciência nascente de que, apartado das magníficas irradiações lançadas aos ventos de todas as estações, teria que defrontar meus submundos onde, sob os negrumes de um silêncio estarrecedor, habitam plântulas umbráticas.
Se a pedra angular foi a consciência de que sou todo criações falseadas e mortes genuínas de qualquer realidade possível, não tardaria a me promiscuir com calhaus diversos, famintos e sedentos em seus orbes, com seus imbróglios nucleares.
Deste ponto inicial de visão da fraga prelúdica, com seus abantesmas de âmagos fictícios e incomensuráveis, como de tudo deles emanados incontingentemente, seguiram-se enlaces trespassados com todos os demais entre-luzes sofreados da grande dissimulação. Entre os vales de terras fecundas a imagens, foram-me concebidas cintilações sobrepujantes e sombras esparsas: Sons harmoniosos que se incoerenciavam com suas sublimes notas; cores que se convencionavam na persuasão de seus tons; amores e dissabores sofismados, pregados aos ares em esperanças contraditórias; crenças e expectações apócrifas e dissimuladas num supremo arquiteto, escravo, como todo o resto, de nossas demências egocêntricas; e todo o demais revelado ou segredado, nascido ou por nascer das efígies embalsamadas em suas próprias digressões oniscientes.
Reminiscências vagas se cravam a todo momento como gotas de chuva saindo às avessas de meu ser. Das lágrimas efluídas, há enchentes incutidas em vergéis promissores, contaminando-lhes fecundidades serenas com angústias incontritas. Dos suores mefíticos, imanentes da borralha humana, não há expurgação de nenhuma necrose cerniente, senão pelos vômitos injuriosos que se intermitem com espasmos de benevolências espúrias, ofertadas em sorrisos, em amores e em esperanças, que fertilizam a véspera do pisar estrépito da porvir involução, ulcerada pela dor incontida de tempestades egocêntricas que, antes de espraiar fedor por todo âmbito, condenam toda ideação palavreada, encafuada na castidade do âmago egocentrado. De mim, toda elocução é dissimulada em alvas vestes, epidemizando-se magnificências insóbrias, a refugiar ergástulos da ruína disfarçada. A mim, todo aceite da prosápia alheia, forjada em outras profundezas igualmente dissimuladas nas efêmeras luminosidades que se sonorizam em melodias burlas.
Ébrio ou néscio. Alienado. Adjetivações que não sobrepujariam o verdadeiro descalabro de meu ser, nem salvariam consciências ou inconsciências de ânimos falseados em prenúncios que se me surgem, em dádivas ou em sanhas imbróglias, por todo percurso, com suas idioatrias embuçadas. Omitidos em códices clássicas do talho é que preterimos nossas próprias verminoses em desfrutes de deleitações e de acoimações alheias.
Claustro que sou, não me considero apto a fazer alguma escolha ingênua que contemple minha órbita e meu centro adulterados no amálgama das parecenças. Impermisto e descontaminado fosse - o que não me é possível por minhas próprias aflusões -, renegar-me-ia nos incontáveis versos sinfônicos que fiz para desvirginar tantas pedras nos tantos montes que profanei; nos sempiternos amores inverazes que proferi a canduras ou a dissimulações recíprocas; nas invocações de santos e de deuses - e de Deus - para aliviar os indícios de minhas culpabilidades; e em todas as palras por mim ditas de boa-fé, e presas a um tênue fio de perfídias dissimuladas.
Não me é mais duvidoso sequer que, quanto mais tentamos trilhar caminhos definidos com seguranças e dignidades advindas de emanações quaisquer, mais declinamos de nossas verdadeiras essências. Cada manhã com suas promessas mortas no cansaço ao fim dos dias, cada esperança abortada na angústia de pensamentos confusos, cada vivacidade fugaz desembocada em vazios irrecuperáveis, cada acorde melodioso transformado em silêncio decorrente, cada lisonja pública metamorfoseado em ânsias mudas, cada rosa ofertada com seus espinhos margeadores, e cada infinidade contida no pequeno cômodo de minha mente, tudo foi absorvido com intrepidez. A consciência de que meias luzes serpenteiam-se misteriosamente em redes vivas, latenteando obscuridades, torna-me vulnerável no único porto onde ainda pudesse sentir um alívio qualquer: meus refúgios, meus segredos revelados e minha hediondez aceita.
Sem mais caises, imerso em enxurros noturnos, contra cujas ondas buscava me fortalecer com arranjos compostos de discursos tão belos como desleais, e na busca de alguma detecção de realidade menos inexata, exclamei em gritos e máculas vencidas, meus últimos encantos fabulados à mais magnífica de minhas miragens. Não por muito tempo. Meu último suspiro culminaria em morte de concepções purificadas em qualquer coisa e em mim mesmo. A mulher de negro esplendor, pressentida da monstruosidade que se lhe vociferava, querendo se apropriar de seu mundo, dilacerando com fulgor suas imagens e suas abstrações, cuidou de apartar e de contornar a grande nevasca, fria e mortal, com diligências angustiosas a desertos onde cintilavam oásis despercebidos, condenando-nos à harmonia fria.
Claro que ninguém deve me crer, já o disse. Se sofismo irrealidades, e delas sou refém, nem posso a mim mesmo dar algum crédito de originalidade. Ao construir paredes ou liberdades, sonhos ou descrenças, amores ou perjúrios, crenças ou ceticismos, e tudo o mais, sou criador imperfeito. E como todos, não posso passar passivamente pelo sol da tarde, rumo às sombras reais da noite. E quando mais crio ou inauguro em torno de meu orbe universal, mais me quedo em meus submundos entranhados.
Sei que outros homens, filósofos iminentes que foram ou são, intentaram se incursionar, a partir de seus próprios centros, na amplitude de um conjunto imperfeito. Ao analisarem, entretanto, já estavam predestinados à mesma falha, por queda insensível em suas próprias criações e emanações. Soubessem como influenciariam milhões de imensidades submergidas, teriam ainda mostrado suas magníficas atuações, nas quais a mente, as palavras e as harmonias ou desarmonias resplandeceram de si aos céus das eras?
Entre vários sonhos, presságios em que só eu creio, tive um em particular: Em grande tumulto, todos se apavoravam diante de uma devastação incomum. A desordem se assentava com a junção de todas as gêneses em apenas uma. Sons confusos e quebrados se misturavam originando ecos inaudíveis. Não se podia sentir um cheiro qualquer, pois todos os odores se anulavam reciprocamente. Vi, impotente, a um irmão se decompondo em dor tal que chorava rios salgados. A meu pai, um zumbi acéfalo e incapaz de reconhecer meu semblante, vi em contorces amortalhados e insentimentais, dentro da singularidade macabra. Vi quando mulheres e homens de todos os lugares e tempos abandonavam suas casas e seus filhos por não saberem mais distinguir as flores de seus próprios jardins, nem as cores de suas próprias obras-primas. Os destroços atingiam todo espectro vivo e todo espectro pelos vivos criados, de tal modo que tudo se desconfigurava, estranhamente, numa concentração que não podia ser compreendida.
Todos os germes se desarmonizavam em um só. Os sorrisos da véspera se transformavam em assombros na turbulência negra. Esperanças idas e dores presentes se uniam a caminho do mesmo destino, sem que se pudessem distinguir um do outro. Amores de homens e de deuses por eles outrora criados se aniquilavam juntamente com ódios conglomerados, de tal modo que até ágape ia se apagando na devastação. A maioria dos seres se quedava instantaneamente, estraçalhados, enquanto alguns poucos, mais ásperos, resistiam à brutal força.
Não obstante, em um ponto fatal, a rampa da gênese única se inclinava verticalmente, de modo que os remanescentes mais fortes também iam se acefalando em morte lenta e angustiosa. Até que não sobrasse nenhum ser; e nenhuma coisa qualquer contemplada por ele ou dele descendente; e nenhuma figuração de qualquer tempo e época, dele advinda; esmagadas que foram, friamente, na indizibilidade da morbidade. Por fim, fui o primordial remanescente a me esvair ao inconcebível e, de mim, foram se apagando todas as luzes, quando ainda tentava recriar algo fora do centro da confusão: a mundanidade enfim havia retornado à escuridão eterna.
Despertado em sobressalto caos onírico, pressenti, numa multidão de semelhantes, vultos ressuscitando personificações egocentradas. A normalidade insipiente me indicou que não se liberta o homem das trevas, e nem se o condena às luzes. A coabitação em ambas é intrínseca a seu poder de criar falsas originalidades, até que, atingida a convergência à fatalidade da anomalia recém-contemplada por mim, recaiam, um após outro, no abraço insolente da morte e se apaguem na incapacidade de gerar algo qualquer.
Foi não só desconcertante como angustiante sentir, sem poder explicar, por força de gênese viva que nos aprisiona a uma condição de criadores absolutos de tudo, a barreira que contém nossas infinitudes. E, sobretudo, que quando mais vemos, criamos ou inauguramos mais se assenta o declive invisível, por onde adentraremos em algum tempo do qual nada podemos supor.
E, se estando à margem da lucidez humana, foi angustioso contemplar, em mim e em todos, alucinações confusas e paradoxais emanadas de abismos cuspidores de alegorias personificadas, é-me quase insuportável me imiscuir nos entremeios das gêneses insalubres que, incapazes de perceberem a queda da grande barreira com a morte de seus pensares onipotentes, misturam, cada um a seu modo de sentir ou de conjecturar, seus amores e suas alegrias, suas dores e seus rancores, suas esperanças e suas crenças, seus anseios e seus medos, e tudo o mais de si concebidos, desapercebidos da balbúrdia insustentável que se arrasta ao frio apagamento.
Eu, humano: túrbido primordial.

O CHEIRO DO PÓ DO CARBONO


... camuflados,
os poetas são seres camuflados,

de modo
que nunca sabem realmente

se em seus desertos
há sonhos, flores e pecados

ou se é em seus jardins
que há um verdadeiro deserto
petrificado!

QUE FIZESTE?


A FELICIDADE


ACEFALIA HUMANA


ANDORINHA VOLÁTIL


Por que não
deixaste um pouco
tuas elucubrações
e teu verbum
volat

e não me deste,
ao se pôr do sol
daquela derradeira
e fatídica
tarde,

um pouco mais
de amor e alguns lúdicos
versos;

para que eu
pudesse suportar
a angustiante
e dolorosa
noite

em que se
prenunciava
nossa sempiterna
morte?

APRENDIZADO


Eu nada tenho
a ensinar que também não
tenha aprendido
com meus outros
semelhantíssimos irmãos
igualmente
sábios, soberbos e abnormalmente
humanos!
diante do sincero
silêncio de seus espelhos
ou dos vaidosos reflexos de suas fantásticas
imagens!

CARESTIA!


A parede está
rachada e pálida, como que
fosse a qualquer momento totalmente
aniquilada,
uma andorinha voa
e por ela passa, um anjo voa
e por ela passa, uma jovem borboleta,
toda cheia de graça e colorida
voa e por ela passa;
e ali estou eu,
a parede quebrada e pálida,
solitária, sem mais nenhum sonho
ou esperança em sua
cor desbotada!

EM FORMA!



... andar perdido
entre a multidão de asas
e de camas

é, sem dúvidas,
como brincar de esconde-esconde,
mas daquele tipo
e tempo,

em que
em cada esconderijo havia
mãos bobas, bocas sedentas, tesões
inflamados e troca-trocas!

EU AMEI ATÉ TUAS TRISTEZAS


Muitos te amaram
em horas de alegria, de diversão
ou de tesão,
amaram-te os cabelos
negros, a palidez do rosto, os olhos
sedutores, o corpo curvilíeo
e a mente intrigante,
curvando-se todos
à tua aparente incandescência;
mas somente um continuou a tua alma
peregrina, em tua eterna
ausência!

EU SEI QUE TU PRECISAVAS DA SUPERFÍCIE, POIS OS FUNDOS ERAM TERRIVELMENTE PESADOS!



... lembro-me
de como eu me perdi suavemente
___ em teus olhares

e de como acreditei
intensamente em tuas doces palavras
e em teu puro amor a mim
___ ofertado

em amplo céu,
infinito por todos os lados,
onde a tudo podíamos de modo dourado,
sem receios, sem culpas
___ e sem pecados;

lembro-me também
de quando, de cima de uma árvore,
vi-te sobre uma laje, de anjos e de menestréis
rodeada,

e vi que estavam
a te amar, a te beijar e a te comer
de todas as maneiras e por todos
___ os lados:

sim, eu vi todo
o contrário do que me falavas,
e foi nessa hora que,fatalmente,
___ eu me caí do telhado!

www.espaconiilista.net

HORA VAZIA IV


Fora-se teu sorriso
pueril,

fora-se teus desejos
febris,

for a-se aquele
sonho encantado, for a-se aquele
sentimento machucado;

ficaram
o amor, a dor e a saudade
se mmais nenhuma chance ou esperança
de te ver novamente
um dia,

bandonei-me
na eterna ausência teu olhar gentil
em uma fria solidão que parece
não ter mais fim!

NÃO POSSO


... não posso
e não consigo esquecê-la assim,
nem para reacender o eterno amor
à Nuvem:
uma união
de morte foi feita ali,
e a morte a levou e não é justo,
e não posso, e não quero simplesmente
esquecer
que eu e ela
já fabricamos lindos, silentes
e indecifráveis infinitos!

NÃO PRECISAM ENTENDER, MY LOVE!


... na manhã de hoje,
após a intermitente insônia
da noite,

levantei-me
e me pus a caminhar por
aquela solitária estrada de chão
à frente de meu sítio;

com a mansa brisa
sobre os ombros, a contemplar
a fechada planície, cinza, sob as escuras
nuvens que cobriam o céu,

senti, em solitário
pranto amargo, a tua invisível presença,
como que a me dizer: "Por tudo
que aconteceu, você
foi o culpado!"

NEGRA QUIMERA


PODER DE ESCOLHA E RESPONSABILIDADE




... não existe
esse negócio de príncipes
ou de princesas,
de luzes
ou de sombras de outros
seres,
de amores
ou rancores elucubrados
de outros:
o que existe
é nosso centro e, dele,
a capacidade para entender
que o próximo, como nós,
tem qualidades
e defeitos,
e a capacidade
(e a responsabilidade)
para doar o que queremos que
nos reflita!

SAPIENS:ORIGEM




Nasceram secos
e bêbados,
cheios de vontades
e desejos,
e suas línguas
tropeçavam mais
que suas penas
e pernas,
abrenunciando
o estupro das virgindades
ocasiosas
e a morte das possibilidades
naturais.

SENTA AQUI


Eu te amo,
eu te adoro,
eu gosto muito de ti,
eu quero teu bem,
eu te desejo,
eu me teso muito contigo,
eu te quero sempre do meu lado,
eu vou ficar contigo eternamente,
eu estou completamente apaixonado
por você.
Ah, pelo amor de Deus!
Que estou fazendo se todos falham
em definir o amor ou dissimulam
o modo como dizem
senti-lo,
conquanto
deveria te apenas te pedir
para, neste momento, o único que
é eterno, tu fiques comigo?

SIM, FERNANDO, A LUA NÃO SE SABE LUA, NÓS É QUE A CHAMAMOS LUA!


.


.. porque
toda imensidade brotada
do abnormal
se condena
dentro da barreira
(sua própria mente) que nele
se ilimita.
Fora dela,
as coisas existem concretamente
no apagamento
alheio.

www.espaconiilista.net

SOBERBIA


Quando a soberba
voz do ego se silencia,

é sinal de que
algum coração está sangrando

e de que alguém pode estar
morrendo por dentro.


SONHO ESCURO



Sonhei-me
em um corredor escuro, lotado de aves
e vermes, entre os quais
escorria-me

- de um a outro canto,
de um a outro encanto,
de um a outro lamento -

com vitórias perdidas,
derrotas ganhas e orgasmos
lancinantes;

sem saber,
na verdade, quem era a amiga incerta,
a amante falsa ou a leal
inimiga.

TU DORMES!


Tu dormes,
minha Flor de Inverno,
tu dormes
tão bela e tenuemente
que nem aos pássaros
e anjos mais atentos deste mundo
de pedras mais te atentas,
nem tão pouco
eles podem ainda se inspirar
em teu encanto e em teu aroma
de ouro:
agora,
só as estrelas se convulcionam
em explosões de orgasmos cósmicos
amando-te em eternos
silêncios!

UM ANJO EM MINHAS SOMBRAS


Estranho sonho:
uma obscena forma,
sem rosto,

invadiu minha noite
a me amar entre barro
e cinzas;

com afiadas unhas
vermelhas
alisava-me as carnes

- ou as rasgava,
já não me
lembro bem -,

um doce precipício
sugava-me com volúpia
o eretíssimo pau,

de modo que me fosse
impossível
alguma libertação
qualquer

- e nem a queria,
tal a febre e o delírio
do momento -;

de repente,
vi quatro asas: duas brancas,
duas negras,

a digladiarem
e a se amalgamarem,
fluidamente,
em meu ser;

ao fim, em estranho veludo,
nasceu uma criança
a resplandecer luz,

a seu lado, em lama bruta,
estava seu irmão
gêmeo negro

ambos também
um só ser,

filhos do amor
entre o sublime anjo
e eu.

A DANÇA DAS SENCIÊNCIAS


... e nunca repararam
os sapiens, com suas pirocas
e vaginas,

que, entre as naturais
sombras e possibilidades
do Universo,

não passamos
de abnormais autóctones
transgressoramente
nus.

A DEMÔNIA


... ela atingiu
os acordes perfeitos aos meus
ouvidos

e se apresentou
como um lindo anjo
no palco;

depois,
às escondidas, quis-me
servir pedaços de asas, de peles
e de corpos

que havia
mutilado por todas
as partes!

ANTES QUE NOS ANOITEÇAMOS NA ETERNIDADE!




47, queres?
Então te aproximas,
luta, pega a meu corpo, a meu coração
e a minha alma,
porque,
como tu e como tudo
que ná neste mundo e nesta
estrada,
eu envelheço
e perco a força para me dar
com as coisas do mundo, e perco
as forças para me dar
comigo mesmo,
e perco a força
para te amar como queres e mereces,
e, se não me amares a teu modo
e independente de mais nada,
em breve
anoitecerei, desetificado, e não terei
sido para ti mais que uma flor
artificial amarelada
ou mais um fantasma,
mais um estrangeiro como outro qualquer
apenas,
que passou
por tua vida, sem deixar marcas
ou rastros!

www.espaconiilista.newt

CONFISSÃO




Confesso que
sempre temi te amar no meio deste
mundo lotado de imagens e de daseis
com quem te copulavas em corpos
e em asai;
sim, fiquei horrorizado
quando, perante ti, juravas-me ser pura,
pura, puríssima e e sabendo de que isso era
impossível no meio dos sapiens
ultramundanos;
e o pior mal que
me (nos) fiz foi contrariar meu instinto
niilista e a ciência que e tinha da abnomalia
humana
e crer que poderia
te amar em frágil primavera, além
do mal deste mundo!

E, UM DIA, O PRÓPRIO MUNDO TE DIRÁ!




... depois
de muitos tragos ao vinho
de egos,
os efeitos
não são como os dos vinhos
de Baco:
costumam
ser tão devastadores que nem
às almas é permitidomais algum alívio
ou descanso
da frustrante e fracassada
tentativa de autoexcitação à custa
de nuvens alheias
e da escura
ressaca que, inexoravelmente,
assenta-se à alma!

ESCOLHAS


FECUNDADO PELO TEU MAR!


... quando teu mar,
naquela tarde inesperada e quente,
invadiu minha planície,

engravidou-a
com os mais belos e ousados sonhos,
com mais delirantes e obscenos desejos
e com a mais voluptuosa vontade
de te amar,

e eu quis,
e eu percorri toda a tua geografia,
e eu senti todos os teus golpes de asas,
e eu senti a tua deliciosa chave
de boceta,

e eu te amei
mais, muito mais que que
um demasiadamente louco como eu
poderia amar.

E, então,
quando te foste, restou-me um deserto
tão árido, tão frio e tão angustiante
que,

às vezes,
dá-me também uma enorme
e quase irresitível vontade de à morte
abraçar!

MULHERES: MUITO BOM, MAS NÃO SÃO FÁCEIS!


... dizem que
sou meio louco, mas vejo
escreverem mais estranhezas
do que eu,

por exemplo
uma santa casada escreve que traiu
o marido e adorou dar para
um jovem rapaz,

uma louca lendária
afaga e atira com o seu canhão verbal
enferrujado, demonstrando sempre
duas caras,

ana às vezes
era Lilith, e Lilith às vezes era Ana,
o que me dava uma baita
dor de cabeça,

Nuvem,
onde tanto pus meu amor outrora,
chovia por pouca coisa ou por quase nada
a ponto de me atolar
na estrada,

Gigi
voltou após dez anos, deu umas gozadas
comigo no leito e depois enlouqueceu
quando saí do hospital e me viu
no meu próprio site

imaginando
que eu ali com alguém me masturbava;

e tem muito mais,
mas isso eu deixo como exemplo
das alucinadas beldades que me apontam
como cachorro ou louco,

sem me referir
aos fedorendos homens, que deve até ser pior,
mas dos quais não posso
falar

pois,
se é difícil aguentar lindas beldades
assim toda sinuosas porque são mulheres
e por eu amar as mulheres,

não me relaciono,
nem como amigo, com carniças
que não possuem nenhuma
feminilidade!

PARA MIM, SOMOS UNS HIPÓCRITAS!


PODERIA


Poderia dizer dos segredos escondidos num canto escuro ou sob um lençol qualquer, dos mundos que se escondem em tantas máscaras, durante grandes espetáculos, e antever o severo castigo à pretensão de um porvir onde se possam reter delicados feixes de luz, antes que, novamente, seja feito o contato vulnerável com os mesmos caminhos que deságuam em nada.

Poderia dizer dos sonhos que em mim quebrei alimentando presas férteis, do meu triste canto, violado, que protesta em sinfonias mudas, das lembranças que escorrem transbordando a grande ponte, das lágrimas de cristais invisíveis que, após preencherem brancas nuvens, e caírem como ácido pelas minhas desertas estradas, envenenaram a sede insaciável dos que me habitam.

Poderia omitir minhas jornadas por veredas estranhas e incompreensíveis, e sob a escolta de tantas orações proferidas, fingir não ver a porta errada. Num esforço indigente tirar-me o rosto, arrebentar todas as correntes, e deixar ecoar em mim, aos raios de um falso e magnífico alvorecer, somente as doces palavras que tocariam meu corpo e emudeceriam minha dor.

Poderia tudo, belo ator que sou, em efemeridades de sonhos sem aprimoramento.

Mas queria mesmo é poder transpor mais do que o pensamento e a alma, numa devastadora revolução de águas límpidas e desconhecidas a me romper, em noite fria, emudecendo meus fantasmas e, de mim, a voz do cão que ladra.

PURA MAGIA


... e então,
eu a deitei naquela cama
branca,

e a despi,
e a beijei, e fui descendo,
como que a preparando
e, irresistivelmente,
chupeia,

com o meu pau
a seus pés em duro fogo;

e então,
eu ouvi uns gemidos, e ouvi
ela dizendo ofegante: "Nossa, meu amor,
você viu?

Reparei
imediatamente que suas pernas
lindas ainda tremiam

e não exitei
em responder com a mais pura
e franca verdade: "Ah, sim meu amor,
eu vi e eu provei desse néctar
idílico!"

RUMO AO ÚLTIMO HORIZONTE


SOU VOSSO SEMELHANTE!


TUA BOCA




... de onde saíram,
a mim, tantas juras
de amor,
de onde te atribuías
a ti mesma tanta sublimidade, pureza
e louvor
com a qual,
em minha presença,
bendizias a teu Senhor todos
os dias de manhã,
com a qual,
beijando-me e depois me disparando
chuvas de fogo, injetaste aos poucos
tanto veneno,
com a qual
também a outras bocas beijaste
e a outros paus chupaste
em outros leitos
podres;
sim, tua linda
e maldita boca, agora eternamente
fechada!

... E O VENTO TE TOCOU, E NÃO PERCEBESTE QUE FUI EU!



Lembro-me
daquela sublime noite
em que minhas mão se perderam
___ em tuas curvas,

sob a opaca e turva luz
___ da noite;

lembro-me de quando invadi
teu corpo arqueado, adentrando-me
pela fresta entre
___ as pernas

em extasiantes
___ gozos;

lembro-me
de quando me estiquei todo
para atingir tua pálida
___ alma,

e me perdi na dança,
___ sem nada!

A ÚLCERA


... chão de espuma
escura,

máscara
de luminosidades
obtusas;

ela caminhava
com um sonho impossível
e cada vez mais
branco,

em sua
realidade cheia de
úlceras!

AMOR POÉTICO


Olhares de bilhões
clareiam, com seus faróis - sencientes -,
as casualidades alheias
das sombras;

pontes se constroem
cada vez mais densas - e a todo momento -
com suas magníficas ilusões
fluorescentes;

entremeio a tudo,
um poeta e uma poetisa se veem - distantemente -
e se aproximam com a paixão enferma
de seus versos.

APRESSADO


Segue breve,
em firmes passadas faceiras,
o caminho que está
adiante;

anda,
vá ligeiro
e alcança a honra
e a glória

que tantas
e tantas vezes
regozijaste
possuir

e que,
elucubrando-me,
disseste-me
não ter.

E não
te esqueças
de que este
niilista,

cão a vadiar
por entre lumes
sapiens,

estará lexicando
merdas por essa tela
mambembe;

às quais,
um dia, voltarás a ler
para aliviar-te de dores
e angústias,

oriundas dos vazios
e destroços de teus sonhos
quebrados.

DESÁGUE




... tentei
coser um sonho diferente,
com variadas cores
e com uma infinidade de retalhos
de todos os tipos,
quis pespontar
a pureza, a sublimidade, a paz
à nuvem que nele se fazia:
depois da peleja,
acordei suado pela dor,
com a cueca molhada pelo inconsciente
orgasm incontrolado
e todo fragmentado
de mim mesmo!

IMPERFEIÇÃO


INAFIANÇÁVEL


é preciso
evitar as lâminas luminosas
das palavras,

é preciso
buscar a sincera fluidez
das águas,

é preciso
ser responsável e mestre, com escolhas
e consequências, de nossa
própria alma,

é preciso
tentar ser com os demais daseins
como o sol é com as demais
estrelas;

é preciso, enfim,
acender-se e voar com as próprias
asas que imaginamos ter, sem que firamos,
com pecados e raivas, as demais
faustas asas!

NADA É ABSOLUTO


... dizem sobre
o que seja a verdade e a mentira,
o amor e o ódio, o bem e o mal,
etecetera,

mas eu afirmo
que absolutamente nada no reino
sapiens é definitivo
e absolute,

e que o sapiens,
assim como todos que dele nasceram
como os mitos, os heróis, os anjos,
os demônios e demais entes
abstratos

pensar estarem
no caminho certo, sem que lhes haja
de fato sequer um caminho

e pensar estarem
certos, sendo que a única coisa,
perante o Cosmo violado, que se pode
com certeza dizer é que eles
estão mentindo!

O AMOR FERE


O PRIMEIRO NATAL SEM ELA AQUI!


O que deve estar escrito em sua lápide, no cemitério daquela cidade onde nunca cheguei a ir para vê-la, para admirá-la, para enamorar-me dela?

A estória que sei dela é a que ela contou e a que puder ouvir dela acerda de suas navegações e de seus voos com outros sapiens. E o que dizem sobre ela ou é sinistro ou é apenas silêncio invisível, de modo que não contempla o puro traje que dei a ela.


Jovem, muito jovem se fora, após perder para o mesmo mal que aos poucos me devora. E até que prevíamos nosso destino, devido àquele amor louco, platônico, insolúvel e com constantes chuvas de fogo.


Ambos concordávamos com Sartre e sabíamos que seria caro o preço a pagar por resistirmos a um amor tão mortal, com seus venenos ativadíssimos e reciprocamente e disparados para matar,


E os venenos meus ofertados a ela continham outras flores, estórias de fodas e de pseudoamores e de tudo que lhe pudesse aarrancar de meu peito em franca dor.


E os venenos dela em mim injetados continham outros tentilhões, outros menestréis, outros cães , outros amantes gloriosos e outros putos fodedores e tudo o mais que pudesse aliviá-la do que a arrebentava a alma, devido ao que sentia por mim.


Em terra, como ficar juntos não era possível, ambos optaram pela morte suicida, desapercebendo-se que, a cada golpe que dávamos um no outro, sentíamo-lo com força dobrada, rebatendo em nossos corações como bumerangues afiados e nos fazendo sangrar em angústia, dor e lágrimas.


Muitos anos de amor, de loucura e de luta. Até que a previsão dela começou a se concretiza diante de nossos olhos estupefatos.


Apósuma das ausências em que, mais uma vez, ela saiu sadia para voar em novos ares e foder em novos leitos, anjuntando novas armas, e eu fui fazer o mesmo nas planícies por onde andava, ela apareceu na web can toda linda e pálida e, de repente, levantou a blusa, e vi um corte que a rasgava de lado a lado e de cima a baixo, como que parecendo uma cruz. Tinham-lhe rasgado para tirarem algo, e eu não estava sabendo de nada. Então brotaram-me lágrimas enquanto eu lia ela me chamando de covarde e que a havia abandonado no pior momento de sua vida.


Meses depois, o sonho continuava a se realizar, com o diagnóstico em mim na mesma praga, pegando-me vigorosamente pulmões e a mente a que ela tanto amava. E, então, após biópsias e muitos exames, a químio e o veredito de que eu teria menos de 5 por cento de chances de viver e, ainda assim, somente por 6 meses.


Ao conversar com ela, ela sorrindo disse-me que estava curada, e eu lhe contei todo o meu caso que até então guardava secretamente trancado.


E tal como erla viu de mm outrora, vi sinceros rios de lágrimas lhe descendo dos olhos e uma nova análise que nos deixou chocados.


Então ela disse: "O impulso do sonho, meu amor, você vai pegar o impulso e vai passar!"


E eu lhe afirmei que esta era uma visão muito distante da dos médicos e dos exames,
e que ela é que havia sido declarada curada.


Então ela nos sentenciou, como se tivesse certeza de que tudo que sonhara anos antes a se concretizar estava.


"Não, há algo errado. Eu vi. Eu vi, amor. Você vai pular, e a corredeira vai me levar! Há algo errado na visão dos médicos, é certeza!


De nada, eu em franca luga na quimiom nmorrendo aos poucos,li quando ela me disse que começava a não se sentir bem. Cerca de um mês depois meio centímetro da coisa foi detectada no pâncreas. Um mês depois um cm. Um mês e meio, um cm e meio. A decisão rápida, apressadíssima, urgente de operá-la de novo. Cirurgia que não adiantou, e uma semana depois a corredeira a levou.


Covardemente continuei a luta ao fronte. Um ano internado. Sentenciado à morte pelos médicos. E algo aconteceu: Senti alguma força voltando. Tomando das quimos mjais poderosas, dessas que, quando se toma, não vai para casa, com medula sendo sucessivamente zerada para matar o câncer, matando-se também, assim a própria medula e células normais.


Ana já se tinha ido. Mas eu a sentia ali.


...

Tears.
I can not say anything else!

PORVIRES


SABEDORIA


SENSUAL ENCANTO



Há um corpo na cama
com sua geometria mágica
e sua ilha perfumada protegida
entre as pernas:

às entranhas dímeras,
a indecifrável e esplêndida leveza
dos mares, dos céus
e dos sonhos

a coabiarem
em grande paradoxo,
com os naufrágios, as quedas
e as vesanias do cerne.

Há-lhe, sem dúvidas,
indícios de fluorescências pueris
e de sombras soturnas
- de vida e de morte no mesmo
cálice -;

há-me a irresistível vontade
de beber-lhe tudo.

VIDA


A vida é vossa,
e as escolhas que nela se fazeis
___ também;

não convém, pois,
que a deixeis assim tão perdida
em submissão aos próprios
___ egos sorrateiros.

E sabeis
___ muito bem do que falo:

há luzes e sombras
em todos os caminhos, estejais atento,
pois, porque a vós é que
___ compete

não só decidir
por onde irdes, como de que forma
vos postares sobre
___ os palcos,

com vossas palavras,
ilusões e ideais variáveis ou com alguma
sublimidade que façam surgir
de vossas forças
___ interiores.

VIVER E APRENDER


... se ir vivendo,
como dizem, é ir aprendendo
a sonhar, a amar, á estrada
se verticalizar

e a transar,
entre outras coisas
em tantos leitos e em tantos
ares,

devo dizer
que ir morrendo é fantástica,
triste e angustiantemente
ir desaprendendo,

com a franca e fria
constatação de que tudo isso não passa
sequer de um conto
de fadas!

A GRANDE MANCHA



... o mundo é feito
por imagens que a ele agregamos
conformeas vemos ou (re) inauguramos

para satisfação
de nossos desejos, prazeres,
amores, ilusões,devaneiros e sentimentos
diversos que compõem, sobretudo,
nossa id;

e é assim que
anda realmente o sapiens na luz
que pensa ver e não
vê,

naquilo
em que pensar crer e não
há,

naquilo a que
chamam vastidão, sem perceberem
que não passa de uma intrínseca
prisão.

Assim,
exata e tão exatamente assim
que, ao fim, ainda morrem sem saber
por que a tudo (re) fazem,

exatamente
para serem, de si próprios,
prisioneiros!

A VISÃO DE UM ANJO E A DE UM CÃO SOBRE O AMOR!



Ele a mirou
nos sorumbáticos olhos,
refletiu por alguns segundos
e mostrou-lhe o avesso
do reflexo:
"Bem, penso que
amar (como ser livre) não é
para qualquer um,
não;
amar e ser livre
é só para os que têm coragem e força
de se estabelecerem entre
desérticos limites!"

ATÉ MINHA SUPOSTA LOUCURA É INCÓGNITA


Um nihil
não se dá bem em ambientes
subliminares,

simplesmente
por saber e por admitir
as extraodinárias sencências, quando
estão longe das iluminárias;

________ portais conotativos,
________ paraísos afrodisíacos,
________ sinfonias eternizadas,
________ trilhas comuns e metafóricas
do caralho:

o nihil
é apenas o que é: nada.

_______ mas cuidado
_______ para não verdes nele
_______ reflexos escondidos por simples
falta de coragem!

CONTRA NOSSO AMOR


CORAÇÃO INSONE


Triste,
saudoso, angustiado
adoentado com tua partida
definitiva,

cansadíssimos,
às vezes lacrimejantes
(silentes e lacrimejantes) meus olhos
a te contemplar no vazio
do infinito

e a depositarem
às folhas brancas, como um poeta
niilista perdido, poemas mais desejosos
da morte do que da vida!

DE SÓIS, DE RIOS, DE AMORES E DE OUTRAS COISAS


... se dois sóis
se encontram, explodem-se;
se dois rios
se encontram, convulsionam-se,
se dois corpos
tentam ocupar o mesmo espaço
a um deles a vaca
pare,
se dois muros
se encontram fecham-se os sonhos,
as fantasias e as vesanas
miragens,
e se dois amores,
cujo ego não deixa de exercer
a imperiosa força da interpretação
das coisas e do commando
do caminho,
a morte chega,
a casa se esvazia, o coração se esvazia,
a alma se esvazia e as lágrimas
caem em lament à terra
seca!

DIA CHUVOSO E NEGRO


DORES DE PARTO


... como uma chaga
negra que dizima sonhos
e esperanças,

dentro de mim
está as lembranças soídas
daqueles vívidos tempos
de outrora;

e o pior
é que, mesmo que os deuses
transformem as borboletas e as mariposas
que ficaram por aqui em belos
e sensuais anjos,

eu não consigo
me livrar da angústia, do sofrimento
que me gaz escorrer assim sangue, angústias
e dores de parto!

E A NOITE FOI NOSSA…


Noite cheia,
noite de brilhantes e silentes estrejas,
noite em que as mariposas se suicidavam
se esfregando nos postes excitados
de neon

e que os anjos
se reuniam para suas libidinosas orações
e encontros em algum fantástico
cando, cheio de cores, de desejos
e de encantos;

sim, noite escura,
mas sem fantasmas,
em que as senciências dos demais sapiens
adormecem, deixando-nos somente,
à quieta sombra,

o silêncio e o amor
para mutuamente (e em paz)
desfrutarmos!

EGOCENTRISMO


Sei que corro sério risco
de vereis egocentrismo no que vou dizer
- e nem me nego tal imanência -,
entretanto não mais me permito medos
nesta breve jornada;

muito pelo contrário
habituei-me a transitar entre a solidão,
com meus fantasmas bastardos
e com minhas imanentes sombras,
como há tanto tempo tenho feito:

Raro me é tolerar,
por muito tempo, alguém próximo
sem que o chateie com meus fétidos suores
e meus avessos reflexos;

e quando me perco
a olhar rostos, pernas, peitos, vulvas
e contos de fadas regozijados
por anjos e demônios,








é prenúncio de naufrágio,
não da humaníssima relação em si,
mas do que de melhor se costuma perder
quando também se perde
a cegueira.

Antes seja, portanto,
a inalcançável pureza dos sem-limites
do que os escândalos e as quedas
ao fim dos encharcados
crepúsculos.

ELA ERA AZUL


... em seu lindo rosto
pálido, seus olhos eram azuis,

em seu delicioso
corpo espelto seus seios
era azuis,

sua xota,
a maior de suas preciosidades
era azul,

suas palavras
eram tão belas, puras e azuis

que me encantei;

um tempo depois
veio o desengano qusando percebi
que somente uma coisa lhe
destoava do lindo azul
que predominava:

sua alma
era obscuramente negra!

EM TODOS OS SONHOS TE ENCONTRO


... em meus sonhos te reencontro
das ruas, dos beços, das praias, dos mares,
das florestas, dos invernos, dos leitos
do mundo onde outrora
te encontrei,

mas no sonhos
não mais comungo realmente
o humano com você,

mas sim uma espécie
de alucinação, de loucura, de amor
e de desejos sempre a ser concretizas,
porém jamais novamente
concretizável!

ENLOUQUECES-TE


Enlouqueces-te
ao veres que o cão, ao amar na noite,
é viril como o orvalho que
lhe é fiel

e que ele
não nega, em suas sombras,
nem o frescor do amor nem o quentume
do desejo em gula irresistível;

um dia, porém,
quando o tempo estiver próximo de findo,
tu não te lembrarás de mais
nada

e não sobrará
de mim nenhuma mensão a nosso amor,
nenhuma máscara a ser
usada,

nenhuma confissão
de queda ou de traição por ti
ainda hoje tão esperada,

nenhum poema romântico,
nenhum poema niilista,
nenhum poema erótico,

nem nada mais
que o vazio que ficar, o qual estará,
sem sombra de dúvidas,
ratificando

o que
realmente foi minha vida
vã!

EPÍLOGO


INFÂNCIA QUE NUNCA MAIS VOLTA


... era boa
a luz insipiente de minha
perdida infância,

era bom
comer somente um pão
com manteiga
na janta,

sem sabe
por quê para quê ou como
era assim;

era bom
o dezembro de outrora,
em que o próprio ar se transfigurava
em sonho,

era bom
o tranco no pequeno coração
quando uma garota apenas
se nos aproximava,

eram bons
e excepcionalmente extraordinários
os toques dos inciciais orgasmos
de minhas masturbações;

era bom
ler gibis, juntar figurinhas,
deixar se encardir de macucos
nos pés e nas canelas, sem nenhuma
preocupação;

as coisas
começaram a piorar foi
exatamente quando eu quis
acender algum lampião!

INSANO


Desde que perdi minhas asas,
ando a pensar sobre
vôos e quedas,

porque eu pensei
que era o bonzão nas festas
e nas assembléias dos menestréis
palhaços,

porque, enquanto isso,
sempre disseram que sou amargo,
e que borrifo sal nas feridas,
e que levo uma vida insana
de trapezista de imagens,

e a vizinha disse
que sou um tremendo
de um babaca;

mas eu ouço Tchaikovsky
aos domingos e Deep Purple nas segundas,
já não tenho mais cabelos
compridosaos 47,

tenho mais de 20
tatoos pelo corpo e costumo devorar parasitas
nas coxinhas que do dono do botequim
vende na esquina,

e eu descobri numa feira
onde vendem bijuterias amarelas,
e numa igreja onde falavam de paz entre homens
e de salvação redentora
dos mortos.

e depois na propaganda
do ministério da saúde que diz que fumar
é prejudicial à saúde,

que os cães ladram
às noites suburbanas
e as flores sorriem aos dias
de cristais,

e que, às vezes,
até eu sorrio andando por aí,
sobretudo das desgraças dos meus inimigos,
e que deve haver um equilíbrio
entre luzes e sombras

que servimos e comemos
nos bailes, nos jantares, nas procissões
e nas orgias da vida;

e quem disser que não,
eu derrubo os muros das prisões,
escancaro as guerras da história,
mostro as fomes das crianças
do mundo

enquanto enchem o rabo
de seus filhos de burundangas e presentinhos,
e quem disser que não, eu mostro as facas
escondidas nos cernes de suas abissais
condições!

NÃO CHORES POR MIM


NÃO ÉS ANA, POR ISSO NÃO CONSEGUIRÁS


Ela doira seus versos
todos os dias tentanto atingir
as francas, nobres e puras sombras;

ela se prateia
todos os dias tentando seduziar
anjos, heróis e demais menestréis
e excitados tentilhões,

ela invoca
Deus para orar como se fosse
uma entidade a ser servida no seu modo
de amar e de foder entre
as coisas do muno;

ela tem
em casa um marido chifrudo,
e ela não tem o menor remorso porque
pensa que sabe diferenciar id de smor para
foder com um jovem roliço;

eu, por muito tempo,
fiquei silente, tolerando que ela
se apoiasse em minhas escuridões
para vazar suas podridões e dar descarga
a seus luminosos borrões,

e agora
ela até saberia viver sem o amor que diz
e sem o pau que frequenta, mas jamais conseguirá
deixar de frequentar as excitantíssimas
e virgens sombras,

de onde,
com silentes orgasmos mentais
e doces dores de parto, tira suas elogiadas
composições!

NEVASCA


NÓS AINDA VAMOS NOS REENCONTRAR!


Nós ousamos nos amar
como não-humanos, buscando
a transcendência infinita do não-ser
e do sem-imagem.

e nos sangramos
em um mundo tão fantástico
como sedutor e insano;

nós ousamos
superar a barreira e almejarmos
juntos o pós-morte

como nossa
condição de nos amarmos de modo sublime,
puro e transcendental por toda
a eternidade!


Ni siquiera
cuando los médicos dijeron
que yo estaba muriendo
en aquel hospital,
me sentía
tan triste como cuando se fue,
mi amor.

O SER EVITA OLHAR PARA O PRÓPRIO ESPELHO!




Às vezes, sinto como
que se algumas pessoas realmente
acreditassem que a sinceridade
___ sobre si próprios
seja pior que
a deficiência carnal e espiritual
que lhe escorre, em ebriedades vocálicas
___ e atuações incautas,
na vã e vil tentativa
de conquistarem (ou de manterem) objetivos
- egocêntrica e espuriamente -
___ escusos.

OS DESTROÇOS E OS VAZIOS EU FICARAM


Bem mais que
antes, quando nos amávamos
e nos chovíamos,

há-me agora
um mundo em ruínas,
com seus destroços
e vazios,

como que se eu
habitasse uma floresta
com suas folhas
mortas;

e isso me faz
perceber, que não deveríamos
ter nos separado:

agora sei
que, apesar de tudo,
foi meu maior
erro.

PURITANISMO DISSIMULADO


Mulher,
de mil fases
e de mil e uma máscaras
teatradas,

de mil rosas
e de mil e um espinhos
afiados;

mulher,
que se veste de cheiros e cores
ao corpo sinuoso

e de claridades
néon às belas e ávidas cordas
vocálicas;

é sob as superficiais
dos caminhos e dos desalinhos que costumas
demonstrar suas maiores
desgraças.

QUANDO ELA ME DESNUDOU!


Tenho medo,
ainda me assustam
os ecos de meus fantasmas
passados;

entre eles,
a imagem dela, toda vestida de preto,
saindo nua do meio
de raios de luz

e vindo beber
de meu amor, de meus desejos
e de meus mais devassos
segredos!

QUANDO FALO DA FLOR DE INVERNO!




,,, quando falo
ou escrevo sobre a Flor do Inverno,
deveriam se calar todas as demais
flores,
e todos
os demais anjos, e todos as demais raposas,
e todos os demais putos
fodedores;
porque,
quando eu falo da Flor do Inverno,
eu não mais estou falando de um de nossos
espelhos,
mas sim
do indoloente e consolidado desejo
seu (dela) de ter atingido a complete
pureza!

QUE NOS HÁ NO AMANHÃ?



O que nos resta
de nossas ilusões torpes
e de nossas esperanças inválidas
para o manhã,

senão o apagamento
imediato aos estômagos dos vermes
e das larvas,

algumas reminiscências
próximas, às mentes dos pássaros
ainda vivos,

e, com um pouco
mais de tempo, absolutamente
mais nada?

QUEDA D’ÁGUA


RAZÕES DO PERDIMENTO


Não vês
o motivo de tanta luta,
de tanta dor
e chuva?
E essa massa cerrada,
e esse corpo delicado,
e esse rosto angelicado,
e essa sublimidade recantada,
que me lembra,
embora sem cor e sem rosto
(daquela minha infância
perdida),
a frágil, eterna e sublime
namorada?

SAPIENS VÃOS


... sou cristão,
e como os judeus, os muçulmanos
e outros, às vezes, sou chamado de criador
e de adorador de ídolos,
___ pelos pagãos;

e o que
são esses pagãos, afinal,
se eu analisar profundamente seus cernes,
___ senão iguais irmãos,

com a única
diferença de que pensam inventar somente
virtudes e não leis e costumes
que angariam alguma
___ espiritualidade

que também
lhes é, inegável e inexoralmente,
devido à eterna busca de algum entendimento
___ ou pensamento

sobre
a origem e o destino, que fiquem
aquém e além do vácuo
___ e sapiens vão?

TRAÍDO PELAS NÉVOAS!


TUA ESPERANÇA ESTÁ MORTA!


... entre anjos,
mitos e dromedários
cães,

entre estrelas,
paraísos e escuras
prisões,

entre as razoes
dos sapiens e as vertigens
de seus além-mares:

Bem,
muito bem, eu não sei
se sorrio ou se choro
disso:

Aonde vou?
Não sei.

Aonde vais?
Com certeza absoluta não
sera comigo!

VAGANDO SEM DESTINO


Nem mais
tantos céus azuis,
nem mais tantas asas
___ inválidas;

nem mais
tantos anjos sensuais,
nem mais tantas demônias
___ menstruais;

nem mais
tantas e pazes regozijadas,
nem mais tantas guerras aos covardes
___ silêncios escondidas;

nem mais tantas danças ilusionadas,
nem mais tantas inércias solidificadas;

nem mais
tantas luzes fausteadas,
nem mais tantas sombras
___ escudeadas;

sem mais
pensar muito neste mundo
___ fechado,

vou-me só
pelo deserto, a silêncios e poesias.
___ e mais nada!

A DANÇA DO AMOR E DA MORTE!



... o cão
deve ter sido louco demais
para amar,

como mil sóis,
imaginando
que poderia vencer mil anjos
e mil heróiss;

e, por consequência,
hoje é feito de pedras, de sombras
e de máscaras

nunca
suficientemente eficazes
para novamente

a seu próprio
semblante ou a seus próprios
infernos clarear!

A VAIDOSA


A VITÓRIA SE DEU SOBRE O MUNDO E SOBRE A MORTE


AUSÊNCIA TUA




... em tua ausência
por viagem ao eterno apagamento,
construí um abismo
tão grande
com minha dor,
com minha angústia,
com minha saudade suada,
com minha
tristeza aprofundada
e com minha insanidade
lacrimejada,
que hoje
já não me caibo eu mesmo
nele!

CHUVAS


Já tive amigos,
ominosos marimbondos com aparências
de inocentes pardais
a se balouçarem

nos fios
da vil existência tentando erigir montes
sobre vazios;

já estive em jardins
onde costuma haver fulgas flores,
de acetinadas pétalas e cândidas
palavras,

que se balouçavam
ao vento, com venenosos espinhos
sob suas alvas folhas,

o que não mais há
porque promovi seus enterros
nas solidão angustiante
de meu desterro;

mas,
do que quero
falar neste momento, não é de amigos
nem de flores;
​​​​​​​
é que,
às vezes, quero gritar,
e tenho medo de alagar o deserto
com minhas chuvas
e cinzas!

COLEÇÃO DE DESTROÇOS


... quanto
mais alto o galho,

mais dura e dolorosa
é a queda:

por esta
estrada em que andamos,

à beira
do erro, sempre andamos;

em amores,
desejos, desterros
e enterros,

sempre
quanto mais pensar acertar
estamos!

DOS TEMPOS DA FLOR DE INVERNO


Bem sei
(e disso fui testemunho, flor de inverno)
de tuas veneráveis ilusões
e fantasias,

dos rios
virgens em que banhas
tuas vesanias,

dos castelos
e templos onde praticas
a idolatria

e das sombras
que tentas esconder à fausta
luz de teus dias.

EU TEMO O AMOR




... quando
alguma meliante beleza
e grande formosura e gostosura
___ nos embebeda a mente,

inevitável é,
sozinho ou acompanhando,
saciar brevemente a fome e a sede
___ do prazer,

com uma trepada,
com uma punheta,
___ com uma gozada;

mas,
quando, que não sabemos explicar,
alguma estranha inebriança
___ se nos vai à alma,

a tudo se nos ufana,
com amor completo, e grande se torna
o risco de, tragicamente,
___ nos derramarmos!

www.espaconiilista.net

FRIA SOLIDÃO


... durante a madrugada,
a brisa e minha única companheira
na solidão escura;

ainda vejo casas
com suas luzes acesas às janelas,

ainda ouço
o ruflar de asas de anjos procurando
abrigo ou algum lugar para
foderem escondidos,

ainda consigo
sentir como as putas flutuam
nos mastros duros que estão à deriva
no mundo;

mas ainda assim,
sinto-me só, e contiarei a me sentir
só de quando amanhecer até
o entardecer do dia,

e na noite seguinte,
mesmo que o mundo se colora, gema,
grite e goze, porque a quem
realmente amo e quero
não está mais aqui!

HERANÇA MALDITA!


LISÉRGICO


... eu sei que
estou perdido, eu sei que luto
para não me secar
___ no frio,

eu sei que,
sem ela, estou condenado
___ ao vazio,

porque
o veneno me foi aplicado aos poucos,
para não me matar, mas para
me deixar assim tão
___ esvaído;

mas eu digo
que luto enquanto alguma luz,
mesmo que tênue, iluminar
___ o meu girasol
ao pé
de uma lua que sempre
parece estar em
___ fúria!

O PREÇO DE SER!



... vão,
tudo é solidamente vão;

assim
como o tempo e o vento

levam
nossos sonhos, nossos desejos,
nossas insânias e nossas
palavras,

a morte
consumirá nossas
vis existências!

OS ANJINHOS


... porque, baby,
os anjos,
os anjos,
os anjinhos, baby,
só seduzem
e levam de bonzinhos
a fama;
os cães
e os demônios é que comem,
se ensombreiam
e pagam
a cara conta.

QUANDO SE MORRE DE AMOR


... ela dizia
que estava morrendo por me amar
tanto,

e eu percebi que,
diante de tanta loucura, eu tinha
de abandoná-la para sobreviver, pois
ser-me-ia fatal essa luta
solitária:

entre traições
e chuvas que fogo que promovemos
parqa tentarmos provocar nossas metafóridas
mortes e aliviar nossas insanas
dores,

perdemos
partes nossas, ou nos perdemos
todo em outros cantos, em obscuros recantos
e em leitos brancos:

depois de sua eterna
partida deste mundo, em real morte,
não sobrou praticamente nada
daquele grande e nal cuidado
amor de outrora!

QUEM OU QUE SOU, AFINAL?




... às vezes,
não sei se sou eu mesmo
que escreve,
ou se é um deus,
ou se é um demônio,
ou se é apenas um fantasma
sapiens:
nesse momento
minha visão se turva,meu caminho
se escurece e eu começo a não
ver mais sentido em coisa
alguma!

SERENIDADE PARA SER



... sem que
saibamos por que
qual mar,

por que
qual luarr, por que qual
céu,

por que
qual cama, por que
qual sonho e por que qual
esquina quebrada,

andamos
e, ao compasso (colapso)
de cada instante nos
derramamos!

TU FOSTE


Verão e inverno,
luz e sombra,
dia e noite,

fogo e cinzas,
desejo e ódio,
mel envenenado,

mar salgado,
céu nublado,
chuvas de fogo:

ela foi
o maior amor da minha vida
e foi, também, a minha
morte viva!

UM ANO FAZ DE TUA PARTIDA. MÊS DE SILÊNCIO E REFLEXÃO IV



... o quanto gostaria
de rever-te e de tentar refazer-me em ti
de alguma maneira melhor,

o quanto gostaria
de amar-te e de tentar ser para ti
aquilo que sonhavas linda e puerilmente
querer,

como gostaria
de poder sequer imaginar teu longínquo
caminhar, de poder sequer contemplar,
em pensamento, teu belo
adormecer,

como gostaria de poder
te beijar, mesmo como era à distância,
em pleno entardecer e de poder fazer amor
contigo, após trocarmos filosofias, poesias e estrofes
reflexivas sobre o ser;

como gostaria,
como gostaria,
como gostaria,

como eu gostaria
de poder ter te dado, em vida,
uma pequena porção deste amor
que explode absurdo em mim
agora!

A GRANDE MANCHA


Que bela a marcha
dos sapiens,
em sublime e lúdica
___ existência,

a esculpirem
asas de liberdade
com verbos
___ níveos;

mas,
se alguma voz
se lhes vai contra,
enrubram as clavas
___ em fúria,
engendram

com correntes de ouro
a escravidão,
e tingem de vermelho
___ o chão!

AMAR SEM SEGREDOS




... elevar-nos-emos
aos mais sublimes e limpos céus,
andarmo-nos-emos
aos mais verdes e secos
chaos,
não lavaremos
nossas mãos na poeira que se levanta
e se alarma com nossas
passagens
e nos reluziremos
sob sóis esplendorosos ou por
entres as escuridões:
ao amor e ao desejo
contemplaremos com o enlace
de nossos corpos e de nossas almas,
da primeira à última das
estações!

AO DESERTO


... um anjo
in vitro ao espelho avesso
se desfilou,
uma rosa
com pétalas negras
se mostrou,
a princesa
foi foder com marinheiros
de céus outros,
doutores
e até padres com sêmens
a benzeram:
anoiteceu,
a sombra lh chegou
e se lhe assentou entre a cinza
e a cal,
até que,
depois de muito tempo,
outra flor lhe
nasceu!

ESPLENDOR QUE NÃO VALE NADA!


Amigam-se pala internet,
elogiam-se pela internet,
bajulam-se pela internet,

falam de Deus em próprio proveito na internet,
pernoitam noites a fio paquerando
ou puxando sardinha com músicas e ti ti tis
na internet,

amam-se (pasme), mesmo sendo casadas
e casados na internet,
o imaginário toma o real e as genitálias
passam a feder à internet, ocasionando perda
de controle social,

fodem, fodem, fodem
e traem como anjos, sempre com bons modos
e falando bem um do outro e do santo
nome na internet;

depois, tiram um tempo
para fustigarem e acusarem o cão niilista
de, em seus poemas, escrever o que venha a ser
a merda do sapiens.

É, sim, o fedor esplende,
embora pareça que usem perfume francês
e demonstrem vastos conhecimentos filosóficos,
científicos, espirituais e sobre
bons modos.

Nickam-se e se fodem
no enevoado cibernético clareado por suas
vozes voláteis de neons e por suas juras e punhetasa
e ciricas, em traição a cônjuges,
escondidas.

Perdem casamentos por isso,
mas culpam o corno; mas insistem em atacar o cão
que há décasas sente seus disfarçados
fedores

e lhes descreve
o imundo, sujo, obscuro e fétido
que guardam escondidos em suas
algibeiras!

EU AMO AS FLORES


... está tudo dentro
do normal, embora, com suas máscaras
achem que eu seja um puto
fodedor!
... eu sou um homem normal,
queria todas as flores da terra,
e queria beijar todas
as suas pétalas,
e queria abraçar
todas as suas folhas,
e queria comer
todos os seus deliciosos
receptáculos;
sim, eu sou
um homem comum e, como todos
eu queria todas as flores
da terra;
o problema
é que as próprias flores acabam
com a gente, quando a gente acha
outra flor bela e a quer para fazer parte
de nosso lindo e extasiante
buquê!

INUTILIDADE


MEDO


... quando
___ tudo se medra no circunspectro

___ e no medo da morte;

os anjos e os fortes
___ heróis se acovardam mesmo

e os brutos,
___ e os filhas da puta,

precisam tomar suas
___ posições

ao fronte
___ ao último combate.

O ÚLTIMO COMBOIO


... atirei ilusões,
fantasias e esperanças
ao mundo,
fiz uma
cabana onde
pudesse me abrigar
das chuvas,
beijei
lábios como fontes
puras,
masturbei-me
imaginando virgens
nuas:
e tudo
se foi indo em passagens
esquecidas,
por nunca
se ter tido, da imaginação,
o verdadeiro
colorido:
hoje,
ao deserto, tornei-me
desbotado,
com a certeza
de que não passei de um palhaço
que se apresentou
em circos.

PERDA TOTAL


A eterna ausência
afaga (diluvicamente) minha mente,
meu rosto e meu corpo
cansados;

do deserto, percebo
que nada aprendemos com nossos erros
e com nossas chuvas
de fogo,

a não ser
que somos extremamente parecidos
em ofertar (enquanto ordenhamos
imagens de todo tipo
por aí)

ominosos espelhos:
todos viciados em faustas
e falsas luzes.

POR QUÊ?


...por que foste
para tão longe, para tão inatingivel
lugar,

causando-me
esta angústia e esta saudade
que teimam em não
cessar?

Por que
te fois assim, de repente, tão cedo,
deixando apenas a lembrança de teu lindo
e pálido sembrante e o cheiro
teu perfume a se prolongar
em meu ar?

Por que,
sempre tão firme e teimosa,
não permitiste a estas sombras eternas
e frias,

por mim
agora impenetráveis,
ir em teu lugar!

QUANDO A NOITE ACABAR!


... eu lutei muito
para estar aqui, enfrentei sentenças
de morte, diagnósticos fatais e tumores
que não costumam perdoar nem os anjos
e os heróis mais poderosos
e, enquanto lutava,
já quase completamente esvaído de minhas
parcas forças,
tu também
ainda estavas aqui e no mesmo
fronte perante ao qual caíste pelo mesmo
mau que ainda não me lvenceu,
e foi de ti
que ouvi que iríamos vencer,
infelizmente não aqui neste mundo,
mas quando do novo grande Templo
for reconstruído,
e nele fizermos
de nossa temporária ausência eternal
e leal presença!

QUANDO O AMOR É UMA ILUSÃO


Tudo começa
com a estranha e encantadora
dilatação das pupilas,

passando
pela involuntária criação de sonhos
esplêndidos e de esperanças
lumes, com a mente
em demência,

e pela concupiscência
das bocas, das mãos e das genitálias
com os corpos suados
e ardentes;

para, por fim,
geralmente se acabar entre as pedras
do caminho, em algum outro
leito de semelhantes
fantasias

ou em um silente
e angustiante vazio.

QUIMERA PERDIDA



... quando cheguei,
quis (juro) montar residência fixa
àquela nossa sublime
___ quimera;

mas, toda vez
que se me soprava uma morna brisa
ao corpo e à dissimulada
___ crista,

ausentavas-te
para voar com anjos excitados
ou para hasteares bandeiras de putos
___ menestréis mascarados

e eu me ausentava
para espiar outras ilusões aquareladas
ou para me acabar como
___ um tosco onanista.

... and the consequence was the inevitable
death of our wings, dear!

TRANSCENDÊNCIA


Foi um sem-toque,
foi um sem-cheiro,
___ foi um sem-sentidos,

foi uma extavazação
da ilusão e do delírio que nunca me pôde
___ser entendido.

Era-me novo
e podia construir qualquer gênese
ainda completamente
___ inconspurca;

e assim foi meu primeiro
___ amor:

sem nexos,
sem-rostos, sem-palavras,
sem perniciosidades
___ e sem sexo,

com um pé
(e a asa prestes a se quebrar)
a pisar alguma improvável
___ eternidade.

Meu primeiro
e impossível amor foi
___ assim:

silentíssimo,
algo além, bem além do humano,
o quê, mais tarde, provar-se-ia
nunca poder ter
___ sido.

TU NÃO SOUBESTE ME AMAR




... elegi a ti
meu anjo, minha princesa e minha
beldade preferida,
lambi tuas feridas
e tua vulva macia, excitada
e melada,
também visitei
tuas noites,teus infernos
e bebi de teu amargo mar
salgado,
a tudo isso
e muito mais por ti eu fiz;
ainda descontente
trataste de abismar meu sólido chão
em teu ilusóerio, belo,mas
risonho céu!

AINDA PODEREI ALCANÇÁ-LA!


Quando flutuar
solitária a última noite escura,

u irei procurar
entre as coisas que nunca conhecemos,

entre o não-se
entre elas, talvez em alguma

floresta de sonhos sinuosos e de ruídos
macabros,

talvez entre as estrelas
ou nos confins do ininito

alguma vereda,
por enquanto a nós ainda impossível,

onde eu possa
reencontrar a ti!

ALTA TENSÃO: QUANDO TUDO PARECE DIFÍCIL


Desde fim de semana passada,
dias difíceis,
e contra dias
difíceis, desses dificílimos
que vez em quando nos ocorrem,
costumamos
buscar algum refúgio, algum alívio,
algum porto mais seguro,
seja na ilusão
do amor, seja no desejo ou em sua tentativa
quando tudo parece desabar,
seja viajando,
seja como for, mas há dias
tão severos e difíceis
que somente
uma flor do deserto, consegue
em algo nos aliviar!

AO AMOR NÃO SE BEBE EM POUCOS GOLES


CHEGA, DE REPENTE, NUMA NOITE, E..



... quando,
sem que queiramos,
nasce algo belo, forte e encantado
em nossas sombras,

e aquilo
nos afaga, beija-nos, ama-nos
e impiedosamente nos
conquista,

não há mais
mar que nos encante,
não há mais sol que nos reluza
ofuscante,

não há mais
anjos salvadores em céus azuis
e reluzestes:

o amor
ou a dor, a glória ou a inglória,
a salvação ou a sentença estão inexoravelmente
naquela beleza que ali vigorosamente
se aflora!
www.espaconiilista.net

DEPOIS DOS TORPES ENGANOS



E tu,
agora mais que antes,
silente cantas tua inefável
pureza,

não a mesma que,
à nossa época de caminhamentos
juntos, tanto com a boca
pronunciaste

com as asas
inválidas, que julgavas poderosas,
por tanta parte pairaste
hasteadas

e com as pernas
abertas em leitos brancos de plásticos
dos canários poéticos e dos menestréis
artificializados com que tanto extaticamente
dançaste (e trepaste).

Mas agora,
sim agora, somente agora,
a verdadeira pureza porque a nada mais
reinauguras ou cobres com teu olhar
negro e em glórias

e que nada
mais te cobre, além da terra seca,
em tua cova,

eu posso ouvir
melhor o mouco som, puro, puro, puríssimo,
que ecoa de tua alma
que chora!

ESTUPRO


A poesia em movimento,
essa sedutora e assanhada estranheza
- inspirada em com suas estórias
de amor e dor -,

insiste em me amar,
às frias e silentes madrugadas,
e sob os umbrais vazios
do niilista:

que triste traição
aos verdadeiros poetas,
que cruciante ferida a sangrar-lhes
os egos e as soberbias,

quando leem
- aos mal traçados versos
nessas secas folhas
sombrias -

os estupros de todo dia
à sua formosa, inspiradora
e preferida musa.

EVA


Eu nunca conheci
uma mulher perfeita,
todas tinham
luzes na palavra,
todas tinha
sensualidade atraente,
todas tinha
extasiantes e belos
peitos,
todas tinham
deliciosas bocetas e delicados
trejeitos:
a maioria amor
eterno a multidões fragmentadas
em seus braços e em suas
camas, prometeu!

HORA VAZIA IV


Se o homem se mostra
pelas imensidades que fabrica
com suas senciências,

talvez
eu esteja errado
e lhe haja realmente
luz ao cerne;

mas,
se eu estiver certo,
talvez o homem não
seja mais

do que tudo
que fabrica com suas razões
e vesanias.

Pensando bem,
o beco parece ter se fechado
e não nos parece haver em meio
à escuridão iluminada,
alguma saída!

MEU MAR!




Um dia, quem sabe,
terei lábios em que possa
matar minha sede,
sem o veneno das palavras
regozijadas;
e talvez um corpo,
onde possa saciar minha fome
e mergulhar meus desejos
mais secretos,
sem que alguma elucubração
me seja mirada;
e o mais importante:
um transcendente enlace,
sem tempo de antes,
ou de após,
ao qual me seja possível
manter vivo
o sonho de um amor
pueril e eternal.

NATURAL DISSIMULAÇÃO SAPIENS


Certamente,
e agora tenho convicção disso,
não é possível ao homem
atuar sem ser de modo
dissimulado;

mas, obviamente,
nesses caminhos de tantas cores e imagens
em que andamos incautos,
dando voltas e mais voltas em torno
de nós mesmos;

deve haver os que mentem
melhor com seus faróis tremeluzentes,
a enganarem o que haja às sombras das noites
e às superfícies das águas.

NÓS E NOSSA VAIDADE


Aos olhos dos céus
que vedes, podeis brilhar como ousardes
sonhares e vos imaginardes;

aos olhos ede vossos deuses
feritos entre imagens e mitos podereis
vos amardes, ogvs desejarfdes e vos servirdes
conforme vos agradeis;

porém
aos olhos da terra que um dia
irá de vos comer, tereis de manter
um silêncio frio, insensível
e eterno!

O PULSO


Pulsa o hieróglifo
da existência:
os soberbos pássaros
- que colecionam imagens, sonhos,
pedras e musgos - não estão
libertos em seus viveiros
de ouro.

Há ecos de dor entre
as paredes:

por isso mandem livros
aos prisioneiros, contando-lhes
as estórias dos poetas, das lendas
e dos cancioneiros.

Mas, para que
não morram na alfama,
não deixem que descubram
a grande verdade:

de que são aves
absolutamente planas,
e de que as grades são feitas
de ebriedades

originadas de suas
mentes insanas e de suas salivas
humanas.

OS VERMES III


E vamo-nos viajando,
em grande equívoco de sermos,
por este abstrato e estranho
caminho sapiens,
entre as vastas ilusões
formadas por nossas retinas avesgalhadas
e a alheia coabitação das sombras
e das casualidades;
até que seja chegado o momento
em que hajamos de nos volver a elas
- igualmente apagados de qualquer senciência -,
em inexorável justaposição daquilo
que nunca fomos.

QUANDO EU MORRER


... quando eu morrer
não quero alarde, não quero cortejo,
não quero cochichos ou ecos de pessoas
que dizem ter ido ali para dar
forças à família de um
defundo;

na verdade,
eu digo que vão beber e foder logo
após o ednterro e que, para contuarem
com suas atuações miseráveis,
não esperarão nem o sol
da manhã do dia
seguinte;

quando eu morrer
não quero ninguém no meu enterro,
somente o coveiro desconhecido, urubu
longínquo se preciso que faça o serviço
sem nenhuma fulgacidade
de sentimentos e palavras,

porque, na verdade,
eu digo que os mesmo que irão a meu enterro,
cocixarão entre si como eu fui
ou como eu deixei de ser:

pobre coitado,
era malandro,
um puteiro,

morreu de cirrose provavelmente,
o câncer que o matou foi u castigo de Deus,
agora a família e os amigos dele vão ter
paz sem ele.

Bastardos hipócritas,
não os quero em meu enterro,
não quero que assustem Deus, com quem
eu gostaria de me encontrar,

com o que miseravelmente
dizem de outro semelhantíssimo miserável
como vocês!

SUSPENSÃO


Para mim,
estão suspensos os voos
sem asas,
os ilusórios
amores que, ao fim, levam-nos
aos vazios e aos nadas,
as severas
mãos e os negros açoites
das traidoras,
as flores
que não conseguem diferenciar
a luz do que seja mascaradamente
trevoso;
sim, eu suspendo,
(e eu me supendo) o desejo, o amor,
a amizade e tudo que em meu deserto
vier a ser plantado com a sapiens
falsidade!

TEMP(L)OS


VÉSPERA DE NATAL


Véspera de natal
de 2017,

já devia
ter amanhecido depois
de dois longos anos em luta
às sombras

e depois
de tê-la perdido às mesmas
sombras após uma ano
e pouco;

no entanto,
não ouvi ainda sequer o canto
de algum anjo mais puerilmente
sublimizado,

o voo de alguma
andorinha um pouco mais agraciada
nem algum sol, fráfil que seja, n por alguma
linda beldade, graciosa e novamente
desenhado!

A ETERNIDADE SÓ DURA O MINUTO PRESENTE



A eternidade quase
foi nossa, quando, como se fôssemos
___ deuses em fulgor,

disparamos a, nela,
regozijarmo-nos em ominosas
___ dádivas d'amor;

só nos esquecemos
de um detalhe: havia, na insana cobiça,
___ outros sapiens

que pensavam do
mesmo modoe com igual ímpeto
___ e lavor.

A QUEDA É CERTEIRA!


... quando o sonho
se confunde com o real,

quando s ilusão
se confunde com o real,

quando uma boa
foda atemporal, dessas veranicas
e intensas, se confunde parecendo-e
melhor do que uma boa foda do dia-a-dia
com o ser amado,

é péssimo sinal
de que o sonho ruirá e, junto com ele,
arrastará parte da realidade,

de que a ilusão
vai acabar e contaminará
com sua extinção parte da relação
real

e de que o próprio
prazer, sempre gostoso com o parceiro
de todas as horas, em momentos de luta,
de dor ou de alegria

vai sofrer
um baque infernal diante de um simples
pau duros de algum jovem

que não divide
com a beldade, além do desejo,
o resto da grande
luta ao palco!

A SAUDADE MAIS DOÍDA


... um dia
fomos sonhos incautos, fantasias
incandescentes e dádivas
___ subliminares;

depois de um tempo,
transformamo-nos em chuvas de fogo
e nos escorremos em
___ turvas águas:

hoje somos uma estória
(de amor) mouca, prestes a sair
deste minguante
___caminho

e a ser lançada
à silente e profunda
___ eternidade.

ANTES DE MEU ETERNO ANOITECER


À meia-luz,
lapido as frases,
bebendo vinho tinto
e ouvindo algum clássico
em tua companhia

- e até arrisco contigo
alguns passes de dança na lenta
melodia que
toca -,

para, depois,
silenciá-las com as mãos
a te correrem o corpo e com a língua
a se infiltrar em tua
boca.

Deixo o tempo
em suspensão e em extática tensão
com o desejo quase asfixiante
de nossos corpos,

arrebentando
todas as correntes de caminhos inglórios
que trilhamos, por ventura ainda existentes,
em uma sublime e total
entrega.

Ao leito,
declino teu corpo
ao qual cubro com meu ser
e, como um dia que resiste à entrada
da noite,

busco o momento
perfeito antes que ele se passe,
para congelá-lo na
eternidade

- por que
não te sabes ainda de nosso iminente
e triste fim -.

Com o olhar fixo
em teu pálido semblante,
e já com minha haste rija em sua vulva
aveludada,

percorro-lhe
cada vértebra, até que minhas mãos
toquem tuas
nádegas;

enquanto,
longinquamente,
choram os pássaros e as flores
com o cheiro odorífero
de nosso último
ato d'amor.

Ao fim,
após os orgasmos de nossos corpos,
por um momento, contemplas,
enfim,

minha alma
também em gozo e em cruciante dor,
antes que a fatídica noite nos devore
e nos silencie em sempiterna
morte!

BEBIDA AMARGA!




... mandei mais um anjo
para o inferno,
e eu vibro
como se tivesse feito um gol
ou conquistado um império quando
mando um anjo para o inferno,
porque,
para conseguir isso, eu me movo
e movo muito antes do vento que eles,
tão ilustramente, acham que
os tocam!

BOCAS CHEIAS


DEUS NÃO JOGA DADOS, SR. EINSTEIN?




... no início era o verbo,
mas que verbo senão o que sempre
viria a ser conjuado pelo
homem
(nunca representando
fidedignamente a natureza estranhas,
quâncicas ocasiosas e caóticas
das coisas)
com a genuflexão
ao noms "Deus", invocando-o mascaradamente
como Senhor, mas sempre usando-o
como servo?

DEVÍAMOS


... devíamos sentir
uma, e outra, e outras vezes,
e incontáveis outras vezes, o amor
eo desejo,

com nossos olhos,
com nossos corações, com nossas almas,
com nossas genitálas
excitadas

e com todos
os nossos demais instintos
acesos,

em vez de,
como tenho feito e muitos de vocês
fazem,

andarmos
a carregar sensações e anos passados
em bolsas e algibeiras que só
nos causam dor, angústia
e tristeza!

E ME TORNEI A PRÓPRIA TEMPESTADE


... desde que
comecei a crescer na chuva,
comecei a me habituar
com tempestades;

mais louco
que eu é quem nelas entra,
querendo esconder anjos e nuvens
em sublimes imagens
fulguradas:

assim,
aos céus tudo se varre,
sobrando só os destroços, os vazios
e os nadas.

EM BREVE SEREI APENAS MAIS UM AUSENTE!




... devias atentar-te
a meus últimos passos, pois já
chego ao fim da escada,
sem saber
o que há do outro lado.
O que deve haver do outro lado?
Alguém esperando pore mim?
algum inferno ou algum paraíso que
será minha nova casa?
Ela?
ou, quem sabe, eu mesmo
ausente de mim?

ENVENENAMENTO


... com tanto
veneno nas veias,

não sei
o porquê de meus sentidos
ainda tão acesos,

mas certamente
não é devido a dilúvios
e chuvas,

e provavelmente
seja pela força e robustez
de um amor nuvem.

EU NÃO PENSEI QUE FOSSES CAPAZ


... ela, quando chegou,
trouxe-me um cheiro de suave nuvem,

trouxe-me
um olhar ameno que me apazigua,
quando chovo,

era já depois
de todas as estações, e o fim
parecia iminente na árida sequidão
de mim, quando
ela chegou:

e, então, ela
me chamou para caminharmos,
e ela me chamou para dançarmos,
e, por fim, ela me reacendeu de meu abismo,
chamando-me para nos amarmos!

LOVE: THE GREATEST OF MISTAKES AND PAINS




... o mundo é hipócrita,
beldades me perjuram amores
e eu lhes presenteio com palavras doces
e com buquês de flores;

e nos dizemos,
e nos confidenciamos, e nos abraçamos,
e nos beijamos e nos amamos
em alguma escondida
cama,

mas tudo
não passa de uma farsa,
de mais uma inconsciente e grande
farsa sapiens,

porque
o que nos faz sentir vivos
é a atuação que fazemos
ao palco

e, se sou o mocinho ou o vilão
ou se a beldade com a qual comungamos
palavras, carinhos e máscaras é a mocinha ou a vilã
de nada importa,

porque, no final do dia,
é inexeravelmente certo: no desligar da passagem,
que todos estarão como nasceram:
sozinhos.

Tudo fácil
e irremediavelmente previsível!

MANIFESTO DOS CÃES NIILISTAS


NOSSO HORIZONTE SEMPRE FOI CINZENTO



... havia um mistério
por detrás daquela bela máscara
pálida,

algo que
eu não conserguia compreender
naquele sempre esboço, nunca um sorriso
completo,

naquele olhar
que parecia mirar minha alma
e naquele desejo que parecia querer
comer toda minhas entranhas
e minha carne.

Algo havia ali,
sim, e eu não sei se foi amor de lá
para mim, mas eu desconfio
seriamente

que, para meu
azar e para minha fatal queda,
foi amor de mim
para lá!

O NAVEGADOR QUE PERDEU O MAR!


Dai-me forças para tentar seguir
e para tentar manter erguida aquela nossa
hiemal cabana, pois a imensidade foi rompida
com tua partida,

e eu nem sei
se foi a morte que te roubou
do mundo em que vivo

ou se foi
esse mundo fantásticas imagens
que sempre terminam em
coisa nenhuma

que te roubou,
outrora, do apagamento tão frio
e sublime!

ORIGENS


... não devemos
pensar muito na origem
___ da anomalia,

assim fomos
jogados neste mundo:
e não devemos questioner tanto
os rasos e os profundos
em que nos andamos
___ perdidos:

acordamos,
tomamos café, trabalhamos,
almoçamos, voltamos
___ para casa,

vemos tv,
dia e/ou outro fodemos
a mulher, sonhamos com outra mulher,
___ criamosos filhos

que também
viverão jogados no mesmo
vazio, com imagens
___ confusas:


só contigo,
que há tanto não mais vejo,
consegui evitar um pouco as características
___ maquinais do mundo,

que levam,
ao fim, ao nada
___ absurdo!

OS DETALHES DAS QUEDAS


... a tentativa
de entendimento do que quer
que seja,
sobretudo
do que chamam de amor,
faz fazer
verdades fracas, insustentáveis
a mais que um palmo
do nariz;
a tudo se modifica
com volúveis ilusões, fantasias
e pensamentos
a tudo se destrói
quando aflora a fúria temporária
da inconsciência.

QUE AMOR É ESSE?



Durante esta
dura estada ao deserto,
fiquei pensando
nas senciências, delírios
e vesanias humanas;
e nunca
encontrei uma racional explicação
para o fato de que
meu coração
foi mais machucado e partido,
não pelos inimigos
ou desconhecidos,
mas
exatamente pelos mais próximos
e, sobretudo, belas beladonas que diziam
me amar!

QUERES CAIR? SÊ UM AMANTE CIBERNÉTICO!


Ao computador,
às vezes pensamos poder
ter a sublimidade dos deuses,

o poder dos heróis
e para amar, acender as estrelas
para iluminarem nossas noites de bem quereres,
de companhia mútua e de sexo
vadio:

é, no paradoxo do que,
inconscientemente nos achamos, que
mais nos demonstramos
abnormais humanos!

SONHOS


TRISTE NAUFRÁGIO


Vou concentrar-me
nas melhores lembranças que
habitam-me a memória
cansada,

e me deitar
ao líquido leito do naufrágio,
e me adormecer na esperança de que seja
a última e definitiva noite,

antes que a bela
sinfonia acabe e o terrível frio
regresse.

AINDA HUMANO, MAS RESTRITO!



... enquanto
teu nome puder ser ecoado
___ por mim,

não haverá
nenhum espaço se que nele
___ estejas presente,

não haverá
nenhum silêncio ao qual
eu não rasgue com as lembranças de teus brilhos
___ e de teus suaves ventos,

não haverá
nenhum céu sem a semântica poética
que exalava de tua alma
___ e de teu verbo

e não haverá
nenhum leito em que sejas subjugada
com corpos sensuais e com línguas
___ de fogo!

AO EXANGUE ENTARDECER, O PÁSSARO SOLITARIAMENTE CHORA!


... não ando
mais vendo ou sentindo o sol,
o céu está lúgbre e tomado de escuras
nuvens.

eu ao chão,
com o deserto, com os destroços
de nossas quedas e com um resto
de folhas secas retorcidas
pelo tempo e pelo
vento:

and even if
I want to, I can not stop
breathing to go stay by your side!

APÓS A PASSAGEM



... eu já passei por todas as ruas,
ru já atravessei todas as pontes,
eu já voei por todos os céus,

eu já perambulei por todas as sombras,
eu já me embriaguei de todos os desejos,
eu já bebi de todas as fontes,
limpas e sujas:

eu já estou pronto
para ultrapassar o último fronte
e servir a meu Senhor, mesmo que seja
lutando até as mais distantes
e obscuras fronteiras!

AS LUZES DA CIDADE DOS HOMENS


... sim, caríssimos menestréis
e pássaros azulados,

abnormal
e senciente andante que é,

o sapiens se movimenta
constante,

porém nem sempre
para frente.

ATÉ QUANDO ESPERAR?



Qual geometria
seria perfeita no conglomerado
de razões e emoções
dos homens?

Que de imperfeitas
abnomalias não possam nascer
filhos naturais?

Devo dizer que
nem as bocas, silenciadas em doces
beijos;
nem os corpos,
suados em frenéticos
êxtases;
nem as fés,
esperançadas em sublimes
deuses;
nem os sonhos,
delirados em regozijados
amores;
nem nada que frutificar
dos sapiens possa descrever
- ou (re) inaugurar -
a coisa alguma,
a não ser
com suas abstratas
e espúrias artes, condenadas a se findarem,
em morte de tudo que lhes estiver
às bordas,
quando
o apagamento - com seus ocasos
e possibilidades -
vigorar!

BRANCOS INCENDIÁRIOS


... o amor, os afetos,
os desejos confabulados às escondidas
com tons de prazeres e purezas
desmedidas

não são
monopólio dos anjos;
pelo contrário, também cabe
aos vermes e aos cães;

a única diferença
que vejo entre ambos é que os anjos,
quanto ao desejo, são mais promíscuos
e efêmeros!

CASTELOS


é bom, sim,
ter fortes escudos

ou resistentes
guarda-chuvas,

porque, quando falha
uma murallha

ou uma sombrinha
se rasga

costuma haver muita
dor e mágoa.

ESPELHOS SAPIENS




... eu não penteio
o cabelo, eu não maqueio,
eu nao me olho diante de algum dispositivo
friamente reflexivo,

mas eu penso
e escrevo, podeis ter certeza,
é vendo a meus fiéis espelhos todos
os santos dias!

EU NÃO PONHO NEM UMA UNHA NO FOGO


... já perdi a conta
de quantas mulheres disseram
me amar, e o pior, amarem-me
para sempre;

de fato,
elas compõem a maior legião
inconfiável do planeta, porque de me amarem,
a gemerem em outros leitos
sobre picas grandes e grossas
foi apenas um passo.

E, assim,
vão diendo amar ao próximo também,
sempre em idas e voltas
infindáveis,

sempre com
a eficácia e a artimanha idílicas
que não pertencem aos cães.

E, lógico,
vão me criticar por escrever isso,
e eu escrevo com a franqueza do que creio
e por experiência própria:

em caso de guerra
ponha um rato na torre de vigia,
e não uma mulher, ela pode confundir-te
com o amante;

e em caso de fronte severo,
lute, lute, lute muito, mas lute sozinho,
porque, assim que morreres, ela, chiando
e gemendo em cima de um rola,

irá dizer
que também ama
do mesmo jeito a outro homem
ou moleque!

NATURAL E INEVITÁVEL CAOS VI



... no mais secreto íntimo
do ser não se deve pisar de modo
algum,

lá há folhagens
secas, de outrora árvores verdes,
espalhadas pelo chão;

lá há marcas
profundas, de outrora ilusões amorosas,
perdidas em outros mares em confusão
ou em outros leitos em convulsão;

lá, no mais secreto íntimo
do ser, desliza como um chão liso ensabodo
de sabão, sendo que toda queda que
vemos escondidas lá

refletem o negro
rio que, em nós, tambem aprisionamos!

NOVAS AURORAS MORTAS


... havia
___ uma flor no caminho,

no caminho
___ havia uma flor;

havia uma flor
que carregava (com este cão),
___ meus espinhos,

nada de sonhos encantados,
nada de céus estrelados,
nada de luas clareadas,
___ nada de sexos heroicados;

apenas havia
uma flor que me entendia
___ com recíprocas vesanias;

havia uma flor
no caminho que foi responsável
pelo surgimento do que chamam
de cão ou poeta
___ escritor;

sim,
no meio do caminho
havia uma flor que, ao partir,
deixou-me no rigor de um mundo
___ sem cor!

O COSMO SE DOBROU EM LUTO


... se pode o amor
durar uma eternidade como muitos
juram por aí

em seus jardins,
em delírios em seus leitos carmesins,
em seus céus sem fim;

por que
o meu luto por ela, a quem tanto
amei, não pode também, durar
para um infinito além do qual tocar
a razão e a imaginçação possan?

OS VERMES IV


Dizem
ser sublime quando nossas senciências
são direcionadas à paz, ao amor,
à fé e às demais ilusões
do "bem";

digo eu
que é impossível cultivar
com tanto vigor um lado do fulcro acidental,
sem que o outro seja também
- a seu tempo e de igual modo -
emergido à superfície,

e que
mais sublime deva ser
quando atingimos a inexorável e alheia
leveza das pedras, das flores
e das coisas.

PERDEMOS




... no entanto,
houvera um tempo em que pensávamos
a tudo podermos vencer,
um tempo
em que não deixávamos nada
a esperar,
um tempo
em que bebíamos nosso vinho
como o vento bebe
o mar,
um tempo
em que nossos corpos se devoravam
sem pudor e nossas almas
comungavam a mesma
cor;
um tempo
em que nos esquecemos de que éramos
humanos e estávamos em mum meio
perigosamente também humano,
um temple glorioso,
entretanto, um tempo passado
do qual restaram apenas moucos gritos
de lamentos!

PRECISO DESAPRENDER E REAPRENDER


... talvez precise
reaprender a me relacionar,
talvez precise
reaprendere às coisas colorar,
talvez precise
diminuir meu deserto e me pousar
um pouco mais às luzes
aureolares,
talvez precise,
em vez de buscar o conhecimento
dos mestres, tornar-me um discípulo
do nada,
talvez precise,
para tentar errar menos,
escrever menos, pensar menos
e soltar menos a palavra
volátil,
talvez precise também,
Senhora, reaprender a amar
aem sentir gostos
amargos!

QUEM OFERECE A LUZ TAMBÉM NÃO É À TOA




... tanto faz a máscara usada:
finalidade é a mesma!

Thor Menkent


... não se deve
carregar lues nos bolsos,
pensando-se bons e puros,
para oferta-las
aos outros,

como vemos
por aí, muitas puritanas,
muitos nobres senhores e muitos
ensaístas e discursistas
bíblicos;

por outra,
é bom saber que quem carrega
tais luzes aos bolsos
e às bocas

é também
um humano e não os carregam
nem os ofertam sem troco,

e o troco,
meus caros, é o mesmo (desejos,
amores, ilusões, libidionsidades, etecetera)
que apontam haver
nos outros!

UMA A UMA


... uma por uma
elas surgiram com suas delicadezas,
com seus belos holhares,
com seus lindos
pares de serios, com suas pernas
lisas e bem delineadas,
com suas bundas
tesudas com calcinhas enfiadas
e com os papinhos que delineavam
suas gostosas e extáticas
bocetas;
uma a uma
elas me fizeram amá-las e me tornaram
seu escravo, e comeram de meu corpo,
e experimentaram de minha alma,
e beberam de meu sangue
e de minha porra;
sim, uma a uma,
todas foram amadas por mim,
e cada uma delas, ao nos amarmos, após
se irem, foi me matando
aos poucos!

WE ARE NOTHING!



Nós, os sapientíssimos,
gostamos demasiado das alvas
ilusões e dos verbos
___ voláteis;

mas devo dizer
que, muito provavelmente, haja
menos vida em nossas
___ razões,

ilusões, esperanças
e crendices de que nas indecifráveis
virgindades que povoam
___ o apagamento!

À ESPERA DA ESTIAGEM



... e esse nosso enlace à nuvem,
tão pleno de sublimes amores salivados
como de severas chuvas
disparadas,

é, afinal,

mais ilusoriamente
hipotético, mais dissimuladamente erótico
ou mais convulsivamente
narcótico,

senhora?
What can I do, my love,
if I can only try to touch the world
in the darkness?



A VIDA


... a vida
é pesada, é dura, é por demasia
falsamente clareada com nossas refletidas
imagens;

a vida é uma abnomalia,
do Cosmo uma singularidade
e a ele é trágica;

a vida
é isso, a insustentável leveza
de estar na condição de pensar, de falar,
de sonhar e de agir

sempre
imaginando amplitudes
e caindo, ao fim, em profundos e vazios
precipícios;

em suma,
a vida é um estranho barco,
onde tudo parece possível,

mas só quem
também possa aguentar a dor
saber que,

como nós,
seus pais estiveram
e seus filhos estarão nele,
também só de passagem!

ALGUMAS MORTES SÃO TÃO VÃS COMO A PRÓPRIA VIDA




... não era preciso
entarmos fechar os olhos como
tentamos fazer,
para que
conseguíssemos nos amar
em pas, meu amor;
Pelo contrário,
era imprescindível que os abríssemos
para o mundo e como os seres
andam no mundo
e para que,
juntamente, com ele andássemos
juntos e melhor!

AMAR NÃO É TÃO SIMPLES COMO FALAR E TREPAR!


Um amor não funciona
a peso de grana, de influência,
de status, de presentes, de elogios
___ etecetera;

isso tudo
só gera tolas ilusões
e enganos, seja na lida, na poesia
___ ou na cama;

para que um amor,
exista e funcione realmente, falar,
elogiar, beijar, transar, etc,
___ nunca é suficiente,

além de exigir
também que se resista a sombras,
chuvas e tempestades de imanências
___ inflamadas, da id decorrentes!

ASSIM SEJA, MESMO EM SILÊNCIO ETERNO EU CONSIGO, VIU?



... eu compreendo o humano,
demasiado humano,

e eu compreendo
que o demasiado humano,
se firmememente posto em escolhas,
é o que nos permite,

como única
possiblidade, sermos puos
e sublimes, mesmo sem físicos contatos,
amantes;

eu sei que nossa
maior abnormidade (termos nascidsapiens)
é paradoxalmente nossa maior
fraqueza e nossa única
força;

e eu sei que posso,
como fiz com Ana,mesmo após tanto
tempo de sua morte, pôr-te
num céu

de outras estações,
de outros tempos, mesmo longínquos,
com minha poesia mínima, que certamente
daqui a centenas de anos, alguém ainda
irá ler e, neles, ver um pouco

de tua beleza,
de minha fraqueza,
de minha paixão sem razão,

de minha loucura,
de meu amor nunca compartilhado,
mas sentido e do céu de que falas,
pois eu posso construí-lo

e deixa-lo
eternamente em versos tã humanizados,
tão cheio de angústias, de dor
e de amor,

que até
os anjos se emocionarão
e tristemente chorarão
ao lê-los!

DIZE AO FIM A QUEM MAIS AMASTE, AINDA É CEDO PARA ISSO


Dizer que me amaram
nuitas disseram, e tqnto que perdi
a conta;

dizer que era só minha
muitas disseram, e tanto que até perdi
a conta;

cruzar infinitos comigo
usando o verbo volátil muitas cruzaram,
e tntas que eu até perdi
a cxontas;

eu quero ver,
tirando-se as máscarqs, os deserjos
e as pifiandades da palavra usada
com duas falsas metáforaa,

é queme estará
do meu lado na hora exata ( e após)
de eu morrer!

É ASSIM




... é assim:
quando chegas é como
se o vento me soprasse deliciosos
segredos,
a lua me
revelasse teus belos reflexos
e seios
e minha mente
se povoasse de misteriosos
e intensos desejo
e amor!

ELA DAVA PARA MIM, MAS ELA NÃO ACREDITAVA EM MIM!




..."Ah, pra merda,
você ama e se deixa amar
por todo mundo, Thor!"
Ao ouvir
de mim um "Eu te amo muito!,
depois do sexo feito
em êxtase,
relampejou
a nuvem em seus constantes e tétricos
desvarios e tempestades;
e, mesmo assim,
azeda como o fogo do inverno
e dezarroada pela raiva que lhe comia
o cerne,
nunca acertou
tão em cheio um cravado
disparo!

www.espaconiilista.net

EM LUGAR NENHUM


... nem aí, nem aqui,
nem numa praia, nem numásítio,
nem do outro lado
do mundo,

nem em lugar nenhum
eu tento voar novamente além das nuvens,
esperançar-me novamente além
do minuto presente

nem mergulhar-me
novamente em algum profundo amor
ou em qualquer outro, do ser,
profundo escuro!

ESTRANHA LEVEZA


Que estranha
leveza essa que se me instala,
ao abnormal, fausto
e seco cerne,

deixando
minha mente tão ausente
das coisas e dos seres que estão
ao caminho,
​​​​​​​
que, de meus vagos
- e tresloucados - pensamentos,
mal consigo semear versos
menos borrados!

EU SEI LIDAR COM A COISA!


Entre imagens,
sonhos, fantasias, devaneios
e paredes excepcionalmente bem inaurugradas
e pintadas,

entre ruas,
jardins, mares, casas e leitos
onde falam sobre o amor e sobre
coisas libidinosas sem o menor receio
de que suas mascaras
caiam,

sigo como niilista,
nasce sol, entra noite, hora megulhando
na tediosa solidão que tem só
quem sente a famigerada
condição humana,

ora apenas
me canibalizando, também humanamente,
entre as calcinhas, os seios e as xanas
das beladonas puristas,

sempre, claro,
com o cuidado de lhes tapar a boca
com a mão para que não contradigam,
em uma cama, os belos ensinametos que dão
em seus claríssimos e soberbos
plantões!

HORA VAZIA X


... chora silêncio!
os cemitérios ficaram lotados
mesmo antes de minha
___ morte;

o que
os inccautos amantes
pensaram que nem a morte
___ poderia destruir,

destruíram
___ ainda em vida!

Reina deserto,
chora silêncio, eu sinto agora
o teu medo, o teu terrível
___ medo,

aquele medo
que nunca mostraste ter
nos magníficos bailes e nas notivagas
___ noites a meu lado.

Chora, morte,
és a mãe de todos
e respeitada apenas pelos
___ mais fortes!

IMPRÓPRIO PARA OS ANJOS




... em pequeno,
não me lembro a idade,
eu estava diante da TV vendo
a Xuxa,
e não percebi
o tempo passando, péssimo
hábito que tenho até
hoje
de não ver
o tempo passar quando estou
sonhando:
A porta semiaberta
e com a hora de ir pra escola
já vencida,
entrou furiosa
minha mãe me pegando num
flagra com o pau na frente
da TV batendo punheta.
Desde cedo,
já aprendi que para sonhar
e para se masturbar tem de ser algo
bem dissimulado e escondido
dos anjos.

INALCANÇAVEL PELO SER, TU GANHASTE A COMPLETA PUREZA!




And, human,
I am not worthy to touch y
our pure flame!
... agora
que tu partiste ao apagamento
infinito,
tu te tornaste
muito mais bela, muito mais puerilmente
feminana e muito mais pura;
e eu te olho,
não te lembrando humana
e não com minha visão de mim
ou de outruns neste mundo
de coisa alguma.
E ainda
me caem constante as chuva
e ainda se me queima a aquele amor
e aquela loucura:
e eu apenas
me sento ali, à beira daquele teu mar,
e fico silente, a contemplálo
de fora
with my dark eyes!

MARÍTIMA


Explusamos
de nosso santuário
todos os anjos,
todos os heróis,
todas as lendas,
todos os mitos e deuses;
porém comentemos
um gravíssimo e fatal erro:
ao não percebermos que os expulsando
de nosso temple,
estávamos
nos fragmentando, escondidamente
junto a eles, de nós
mesmos!

NATURAL E INEVITÁVEL CAOS VII




... passa o tempo
e nos escassamos no tempo que passa;
e quanto mais o tempo passa,
mais perdemos a boa visão das coisas;
é nessas horas que quase
tudo cessa,
exceto o poema
que das cinzas sempre emerge!

NOITE VAZIA


... depois que passaste,
ao rastro de vazios e destroços
vi a noite escura ficando vermelha
e queimando como o fogo
do inferno:
os caminhos se perderam,
os espaços desapareceram,
as amantes fugiram,
as flores murcharam,
as ruas se tornaram mortas,
e o leito ficou constantemente
vazio;
à frente, sinto donde
vem o mouco som de teu grito:
o apagamento,
ao qual
ainda desafiarei para te resgatar
a seu devido tempo!

NUNCA MAIS TIVE AQUELE AMOR DE MENINO




... seria
reconstruir com a amada
o mundo,
não confundir-se
ela com as vozes e as imagens
do mundo,
desfazer-se
dos oceanos, dos céus, das flores
e dos pássaros
do mundo,
seria
maquiavelicamente
belo, egoísta
e puro.

O AMOR NOS TEMPOS DE HOJE


O AMOR, A IMANÊNCIA E O VERBO



O amor é bonito
na ponta da língua
a acariciar o ego
do amante,

o amor é extático
na ponta da língua
a lamber o pau e a boceta
do amante,

o amor é sublime
na ponta da esferográfica
que traça o que não
há do amante;

a um sinal de sombra,
o amor se suicida e se some
como um peido,

mas não sem que antes
as mesmas línguas disparem lâminas verbais
contra os peitos

e impregnem,
com estranho fedor e com amortalhado
vazio, as almas dos outrora
amantes.

Por que
falais tanto de luzes,
se são elas que vos
cegam,

perante tudo
que é, sem vossos egos,
razões e insânias
sencientes?

Antes,
o verdadeiro sábio conhece o ímpeto
dos olhos carnais
e mentais,

e sabe que tudo,
e todas as coisas, que nos são visíveis
apenas esconde o que
por si é,

sem que
deixemos de figurá-las,
apocrifamente,

com nossa espúria
condição sapiens para que,
a nosso modo de ver,
passem a ser.

O MAGNETISMO DAS FORÇAS


... meus olhos
estão se fechando,

e o mundo
já não me é todo,

meu mundo
és tu,

meu deserto
e uma única flor:

sim,
meus olhos
estão se fechando,

mas não,
não precisas se entristecer
nem chorar,

basta,
comigo, num sonho puro,
que pouco dure seja,
eternizar-se,

neste
momento sublime
e angular!

O SAL DO SER!


... e algo que
se deneminou de ser,
surgiu;

e depois que
surgiumos tudo se tornou
inexoravelmente,

por desconhecida
condenação,

​​​​​​​fruto da mente
humana!

OS NOBRES COMEDIANTES


ó menestréis,
de quem outrora me ebriei
em fulgurosos devaneios
lexicais,

ó puritanas,
com quem tantas vezes
me servi em banquetes
sexuais;

foi só me desterrar
ao deserto, embalsamando
sonhos e entrevando
realidades,

para que
me condenassem
com vossas reluzentes
áureas?

PERDÃO, ANA!


às vezes eu a achava
ruim, traidora, diabólica.

Geralmente
eu via nela o desejo dos putos
e das vadias mascarado com brancas
asas.

Eu sempre sentia
dela um extremo mal cheiro,
quando escondidamente lhe olhava
nua diante de um fiel
espelho.

Hoje, pouco mais
de um ano após sua morte, eu lamento
muito e sofro muito por não ter percebido
a tempo

que ela
era somente mais uma como tu,
como eu e como todos nós condenados
a sermos jogados

neste mundo
de coisas, de modo fatsalmente
abnômalo!


SEM ELA


Silenciem-se
os anjos do céu e os porcos
do inferno,

parem os sádicos
ventos e tempestades que querer
correr em nossos corpos;

agora, neste último
instante, sem ela, sobrevivo apenas
ao preâmbulo das cinzas,

porque minha alma,
sombria e destruída, já me consome
antes mesmo da morte!

SER INSUFICIENTE A SI MESMO


... já não
bastam as fantasias
bastardas,

já não
bastam os sonhos idealizados
e depois naufragados,

ja não
bastam as porras
derramadas,

já não
bastasm as apresentações
aos teatros,

nem os muros,
nem as grades mais espessas
bastam mais
a algo:

este
é o ponto-chave, o lugar
de onde o sapiens faz suas escolhas
ruminadas!

A PIOR MORTE


AMARGAS ILUSÕES


Não chorem pelo que não somos na terra desconhecida, Nem pelo que almejamos ser em alma posta na carne, em egos translúcidos que se deleitam com imagens magníficas, contidas nas seduções e nos delírios do grande cenário abismal.

Foi assim me perdi ao ousar caminhar sem pisar o chão ressequido, pavimentado com espinhos invisíveis, caídos de frágeis sonhos suspensos no ar, incapazes de alimentar seres estranhos com espíritos mumificados que nele habitam, Sob a falsa luz que esconde infalivelmente a noite interior, a consumir canibalisticamente das próprias entranhas, quando se movem durante o dia, entre os aromas das flores e os suaves toques do vento, sem que se percebam que as flores são gélidas e que o vento é traiçoeiro.

Não me lembro quando percebi que o mundo se esconde atrás dos rostos de tantos protagonistas, Atuando incessantemente na imensidade à qual se centram e fazendo-me quedar diante da vulnerabilidade do olhar, posto nos corpos nus e nas mentes contrastantes das multidões que se desvencilham dos espinhos mortificados pela planície, em busca do ponto de equilíbrio inexistente no mar de sentimentos invasores.

Ânsias e vômitos desvendados, máscaras e faces expostas sem que se possam distinguir entre uma e outra, deuses criados para salvação do que já predestinadamente está salvo, e demônios criados para a condenação do que já predestinadamente está condenado.

Não sei onde me encontro com o andar suspenso, talvez entre a loucura e a razão. Se tento fugir de retalhos de tempos e vidas irrecuperáveis ou se fico em dor e lamento. Se tento me soerguer para a queda certa, ou se me abandono prostrado à angústia. Se busco a liberdade nascituramente condenada, ou se me deixo escravo da tragédia.

Sei apenas que ousei romper num momento perdido, incapaz e sem sentidos, extremos de meu ser contido, nos mesmos caminhos irreconhecíveis agora atacados por minha loucura assentada, onde também sou prisioneiro nos limites em que se encontra o olhar de minha face.

AMAR-TE FOI ASSIM


ATUAÇÃO


COMO É TRISTE A VISÃO DOS PÍCAROS!


Aspergem-se
palavras incautas em enlaces
cândidos;

semeiam-se
sonhos lumes em quimeras
oníricas;

constroem-se
esperanças exíguas em tempos
porvires;

num átimo,
tudo nubla e caem punhais
de lágrimas sobre a terra
devastada.

ENTRE OS SONHOS E OS TOMBOS



Sapiens
vagueiam perdidos
em suas sombras
lúdicas,

a sonharem
céus cingidos de nuvens
e de flores,

a atarem
ermoscom luzes
e cores,

a navegarem
mares com enredos
de sublimes
amores,

a ladearem
rotas de espelhos
refletores,

a orarem
para livrar as almas
de dores

e a se arderem
em chamasde carnes, de palavras
e de suores.

Why does not she come
and take possession of me with
her petals, her breasts
and her flower?


ESTOU SÓ NESTE VASTO MUNDO CHEIO DE COISA ALGUMA!



... sozinho,
não há asas que possa mais
me carregar,

nem braços,
nem um par de belos seios
onde eu possa me deliciar, saciar-se
e me proteger,

não mais
um mar onde eu possa com ela
nadar, nem uma lua para com ela
contemplar,

não há mais uma casa,
um lugar, uma gruta qualquer no meio
de um mato ou um leito, mesmo
que encharcado para com
ela me deitar;

agora
o que há de Thor Shaitan e Lilit
é o vazio que ficou,
e mais nada!

EU DESAFIO O IMPOSSÍVEL!



... relembrar
teus mistérios é por demasia
dolorido;

cuidar-te
como pediste, mantendo tua imagem
em franca pureza, após te ver caindo
em lamas e leitos a vida inteira
é por demasia difícil;

continuar
amando-te, mesmo ausente há tanto
tempo e sem mais nenhuma possibilidade
de amanheceres neste estranho
mundo

é úma tarefa
que parece impossível;
but I challenge the impossible
and I continue to love, kiss and lick
Your secret beaches!

EXTRAVIO


Às vezes,
perco o caminho
e me perco em obscuros
desalinhos,

mas nunca perco
a volatilidade da palavras, nem a incrível
capacidade de lavar as coisas,
segundos minhas cegas
ilusões e vontades;

por exemplo,
agora mesmo, ao deserto,
ando criando vermes quentes
e pássaros gelados.

FATAL DESTINO


MINHA AMADA IMORTAL


Quebrando as barreiras da insanidade,
invadi os espaços todos do Cosmo,
violei os tempos, tornando-os meus escravos.

Toda a natureza me obedeceu e a mim se sujeitou
perante a energia despendida na gloriosa busca.

Na Terra levantaram barreiras, já demolidas,
e, antes, na vida passada, em Querac, sob a escuridão
do planeta sem sol, seres dobraram os joelhos
perante a força de um amor que trancende.

A morte vinda em batalha, em Lasaac, ao confrontar
deuses irados que me queriam tomar a amada,
apenas por algum tempo conseguiu o odioso intento,
lançando-me ao inferno, sob a vigia dos indignos.

Mas eis que nem os servos de Hades ou de Malamac,
ensandecidos com tal amor conseguiram me conter.
rebelando-me contra o próprio mundo das trevas absolutas,
em pulsares de energia contínua, também a reclamei.

Os inimigos concentraram tamanha força e união
para as batalhas insanas, impondo-me a dor da ausência,
que ao início voltei e contemplei a grande explosão original,
em busca de energia bruta, concentrada e absorvida para sobrepujá-los.

O Cosmo estremeceu perante a violação inicial,
leis físicas não mais existiram em muitos reinos
e o tecido cosmo-tempo fora alterado sob tal poder.

Até os paraísos intocados dos luminosos se abalaram.
Fortalecido, venci o deus-demônio Isalin, filho de comunhão vossa,
e vosso mais poderoso guerreiro, com armadura de sombra e luz,
e o fiz dobrar os joelhos na grande nebulosa distante.

Ao sobrepujá-lo, tornei-o prisioneiro enfraquecido,
enviando-o às incertezas e tornando-o um fantasma sem rosto.

Deuses e demônios, seres titânicos de todo o Cosmo,
por que ousastes tentar separar tamanha força de união?

Por que me obrigaram a destruir os mundos de Laizin, de Harkak
e tantos outros a quem contra nosso amor envenenaste?

Eis que ainda sinto vossas forças agindo em profanação,
em todos os tempos e espaços e possibilidades possíveis,
contaminando mundos vários de seres inocentes com a pregação infame,
contra nosso amor, para apartar-me de minha esposa celestial.

Não sabes que à eternidade me lancei para a amar,
e para retomar minha amada imortal em alma e fogo?

Se condenares nosso amor e contra ele vos insurgires,
poupais, ao menos, os mundos inocentes de minha ira contra vós!

MUITO ME HONRA O TÍTULO QUE ME DERAM: O CÃO NIILISTA!



... sim,
eu me assumo um niilista cão
com minha abnormal
condição,
mas,
como outros poetas e nobres
menestréis soberbos eu poderia também
me vestir de ajnos,
seduzir
mulheres virgens, solteiras
e também as já
casadas,
candidatar-me
politicamente e,com alvo discurso,
meter a mão na grana
adoidao,
acender
os faróis focálicos e, às caladas
e às escondidas, agir como um libertino
selvagem,
dar bons conselhos
sobre respeito, moral e ética
e, por detrás do palco me masturbar,
denotativa e conotativamente,
ilimitado;
sim, eu poderia
vestir-me anjo e fazer tudo isso
que eles fazem; mas eu faço tudo isso
que eles fazem, sendo mesmo
apenas um cão sapiens!

www.espaconiilista.net

O CONVITE


Um anjo
me chamou ontem,
e ele estava mais anjo do que habitualmente
anjo jé é:

e eu fiuei ali
entre adminirar aquele pezinho
com o dedo machucado, entre imaginar
com ela experiências ainda não
vivenciadas

e entre convidâ-la
para um canto para lhe dar uns beijos,
uns abraços, uns amassos e, se possível,
escondidamente a um canto,
uma boa trepada!

O PERDÃO!


Quero deixar
esta solidão que em mim
habita já há mais de um ano;
quero guardar
somente as boas lembranças,
na esperança de, antes de partir,
poder a algo melhorar;
quero achar
um caminho de luz entre as sombras
que restaram de minha árvore
ressecada;
quero voltar
a acreditar no amor, na paz
e no perdão que cura a todas as mais
terríveis chagas:
quero encerrar
essa espessa madrugada, sonhando
poder conseguir ser perdoado
e perdoar!

O SENHOR DAS QUEDAS!


ORIGEM MINHA: ABNÔMALA


... quando
uma dúvida se perpetua,

sabendo
a amada que, como ela sou

e tenho os mesmos
limites, sonhos, fantasias e desejos
de meus semelhantes

o melhor
a fazer é partir,

enterrando
as asas do anjo

que
se te insinua!

OS VERMES


"Papai, papai,
o senhor comeu o verme!"
- gritou ele assustado;

"Sh, ah, ah!'
e eu lhe sorri
um sorriso amarelado,
porque ele nem desconfiava
que aquilo era nada,

que duro mesmo
será quando ele crescer e, como o pai,
tiver de lhe dar com vermes
sapienzados.

PENUMBRAS DO INCONSCIENTE


Eu acreditava
que o ser humano
fosse capaz de algo mais
que desconstruir

e que violar
ocasionalidades, com seus faustos
fios de luz;

quando migrei
ao deserto, conheci a nobreza
dos insetos, das serpentes , dos aracnídeos,
e dos vermes concretos.

Eu pensava
que era sublime o cultivo
de magníficos jardins oníricos,
em furtivas e vãs
esperanças;

depois que conheci ,
nos campos agrilhoados de imagens,
os esplendores dos amores, as inevitabilidades
das quedase as violências
dos abismos,

fechei os portões
e as janelas com um muro escuro
que impede as entradas dos condores,
das flores e dos excelsos
menestréis.

E eu, que já contemplei
as mais secretas trilhas do estranho desalinho
andando descalço por ruas
de sonhos, de cacos
e de destroços

da abstrata
di (simetria) sapiens,
a admirar as luzes dançantes
de suas superfícies;

abandonei a abstrata e trevosa
realidade abnormal, que colorem
a seus aprazeres e anseios, e fui transpirar
a solidão de um morto

junto a meus novos amigos,
longe das obesidades mórbidas,
das concupiscências cálidas, dos regozijos tolos,
e das insânias incontidas
de nossos sencientes
e espúrios egos.

SE EU AINDA PUDESSE


... se eu ainda
pudesse pegar tua mão,levar-te-ia
para casa, para aquela cabana que fizemos
ao inverno por todos
abandonado,
se eu ainda
pudesse te abraçar, eu o faria com a mansa
brisa que, suave e constante, abraça
toda uma colina;
se eu ainda
pudesse te beijar, eu te beijaria
com tanto amor como se nos fosse
o último instante neste mundo
de coisa alguma;
se eu ainda
pudesse transar contigo,
eu me entregaria em mistérios e fogos
que até aos anjos mais belos, bravos
e destemidos assustaria
e teria contigo
um orgasmo que em algum pequeno váculo
infinito do espaço, a algo esplendoroso
e sublime eternamente
inauguraria!

SER CONTRA O AMOR É SER CONTRA SI MESMO




... o amor
é, de longe, o mais sublime
dos sentimentos
do ser,
e toldá-lo,
aprisiona-lo, liga-lo
a princípios de conduta
ou fé que seja,
é um horror;
é como
se imaginássemos
um exuberante beija-for
voando parado diante
de uma flor,
sem poder
tocar aquele botão
com o néctar que lhe dá vida
e vigor!

THE FLOWER AND ITS SECRETS


... você tinha
meu mundo em suas mãos,
Senhora,

e como uma flor
perdida e incerta, mataste-me
deixando outros

beija-flores
pousarem em tuas pétalas
e ejacularem em seu doce e saboroso
receptáculo!


... and I chose you
among crowds of gardens!

A INFRATORA VII


Só,
com a saudade asfixiando
e o coração quase parando,
calado,
quieto dentro de uma alma
cansada e inquieta
que não
quer mais caminhar, sem ti,
no meio dessesses artesãos e dessas
estruturas concretas!

A PAZ É TAMBÉM SEMPRE UMA ESCOLHA


Quando se força
(dos amantes em recorrentes chuvas)
a paz à sublime morada
do silêncio,

acabam-se
as fábulas máculas das frívolas paixões
e cessam-se as essências inventadas
das exíguas ilusões:

apenas flores murchas
e algumas dolorosas e angustiantes
reminiscências
submissas

restam suspensas,
entre a serenidade das longínquas estrelas
e a proximidade da cova
ao chão.

APENAS UM SAPIENS


ASSUSTADORAMENTE ABRASADOR!


... teu olhar
é uma lâmina de sol,

a cortar
desertos, mares e paraísos
onde brincas, danças
e transas

sob
céus azuis, madrugadas
escuras e luares
crepusculares;

teu olhar
está entre o riso e o pranto
dos que te olham

e entre
o frio e o quentume daqueles
que de amam;

sim,
teu olhar vai além das curvas,
além dos rios, além das
camas,

teu olhaar
é, de sol, uma lamina!

EIS-ME


há tanto tempo no deserto,
que não distinguo mais
entre escorpiões, aranhas
e homens;

quando às belas flores
de peles acetinadas
aos excelsos pássaros
de nobres cantos,
e aos sublimes anjos
de deus,

eles não costumam habitar
o centro do assombro.

EU E MEUS VERSOS CANSADOS!



... vedes
como meus versos andam
tão secos e cansados
___ como eu?

Vedes
que mal consigo mais falar
da esperança, da ilusão, da fantasia
___ e do amor aos espetáculos?

Vedes
como tens chorado silente,
com seus medos, degredos e segredos
___ este palhaço?

Acaso
não percebestes que meus versos,
como eu, estão acabados e apenas
esperando o momento
em que a morte
___ lhes chegar?

EU PRESSENTI




... na semana
que antecedeu tua eternal partida,
tive um sonho
diferente:
toda a floresta,
antes escura, parecia por demasiado
verde e inspirada
e tudo nela
germinava em abundante
glória e vida;
ao acordar,
vendo-me ao espelho, tives a sensação
de que a qualquer momento os chaos iriam
se estremecerem e as portas todas
iriam se fecharem para sempre!

HORA VAZIA VI


Quando a hora
se veste de luto e se torna morta
como a própria amada
perdida,
nada mais
resta a fazer, senão tentar,
vã e enlouquecidamente, sobreviver ao abismo
e ao vazio que ficaram
em si mesmo!

HORIZONTALIDADE




Sou uma testemunha
- ainda viva -
do horizontalismo da estrada,
da dura pedra alongada
e da concavidade laiva do cerne
da humanidade;
incautamente mascarados
a transitivos sonhos erectados,
a harmônicos céus povoados
e a eternos paraísos
concretados.

O INFERNO ESTÁ AQUI!


... sim, ele existe,
e está em várias formas
___ aqui

na fome,
na miséria, nos aparteids sociais,
nas guerras, inclusive nas que se fazem
___ em nome de Deus,

nos abusos,
nos estupros, nos assassinatos,
nas mentiras, nas traições, nas sorturnas
decisões e rasteiragens nos cantos
___ escuros;

sim,
o inferno é aqui,
e ele está aqui agora, exatamente
quanto escrevo essa poesia
___ triste,

às três
e meia da silente e fria madrugada
enquando, levada pela morte,
encontro-me angustiado
e desesperado
___ sem ti!aqui!

OÁSIS


... ó grande
rio luminoso que apareceu
___ em meu deserto,

tuas águas
cantam em encantos
e o amor vai-se manso se abrindo
___ em meus veios:

quanto
dessas águas eu, um nihil louco,
___ pode beber,

antes
que te tornes imortal e inunde
___ minha terra inteira?

QUE ISSO? EU SOU UM CÃO, MAS EU SOU BOM!



... eu sou bonzinho
perto disso,

eu sou um santo
perto dos que são verdadeiramente
amados

e ainda
de glorificam de serem
tão amados;

porque
ser demasiadamente amado
implica consequentemente causar
inexorável e inevitável dor
e tormento!

SOBRE O AMOR E O DESEJO


SOLIDÃO


Uma noite só,
e outra, e tantas, em sucessivas escolhas
por silentes solidões
às madrugadas
frias,

com angustiosas
- e algumas cândidas, mas não menos dolorosas -
reminiscências de caminhos e descaminhos
tantas vezes trilhados
por aí;

e, assim, o deserto
vai se firmando como amargo remédio
- ou refúgio -,

com suas coleções
de destroços e vazios,
nesses mal traçados versos
que andais lendo
por aqui.

A FLOR DO DESERTO V


Não sei de que são feitos as asas
que nos permitem voar
por entre os jardins e os espetáculos
do mundo;
sei que, a todo momento,
forjamos sonhos e ideais quase idílicos,
com nossas esperanças
exíguas e vãs,
postas em um próximo
veleiro a zarpar sob céus azuis,
em uma próxima vesania
a surgir como brisa
matutina,
ou num belo par de pernas
a se abrir extaticamente em algum leito;
sempre com destinos certos
a quedas, cinzas
e vazios.

A POUCOS PASSOS DO ABISMO FINAL


A SENSIÊNCIA HUMANA!


Que seria a maior virtude
- ou riqueza -
há no ser humano,
senão a razão, que o difere
das demais coisas
e animais,

que lhe permite,
entre tudo que imagina, sente ou vê,
fazer escolhas que melhor
lhe aprazem?

Não obstante,
que também maior chaga
há no universo
que a aquisição acidental
dessa racional
senciência,

que lhe permite
colocar-se ao centro de tudo,
rasgando possibilidades,
inaugurando novas casualidades
e provocando extermínios
plurais?

AINDA CHOVENDO


Eu era chuvas
de fogo contigo, eu bem me lembro,
e isso não era bom pois
queimavamo-nos
ambos;

mas agora
que partiste eternamente, ficou
ainda muito pior:

eu continuo chuva,
mas uma monótona e constante
chuva fria e sombria!

ALIZARES


Ninfetas e garanhões
a alisarem peles, peitos e genitálias
em seus leitos infames;

anjos e santas
a se consolarem, com sonhos, asas e mãos,
em seus paraísos secretos;

homens-vales,
homens-insones, homens-insanos:
whitmans, sartres, sheakespeares, raquéis,
mozarts e o esbambal:

Putos, todos putos,
proxenetas, como eu, de palavras
voláteis (vadias) e de oníricos
orgasmos vazios.

AMÁVAMOS MAIS QUE SUPUSEMOS, POR ISSO NOSSO ERROS NOS LEVOU AO TARDE E AO TRÁGICO DEMAIS, ANA!




... "Sou sua,
sempre fui sua, só sua
e serei eternamente só sua,
acredita em mim amor?"
dizia ela
como em uma oração repetitive
e convicta, enquanto guardava mentes,
corpos e paus escondidos
na bolsa.
"Sim, meu amor,
e eu sou teu, só teu, sempre fui
e serei somente teu, acreditas
em mim?",
respondia eu
a ela, com as gavetas do quarto
dos fundos de imagens de todo tipo
trancadas e cheias.
E assim
nos amamos cegando-nos por
tolas e ilusórias escolhas, como dois fantoches
e nada mais que dois fantoches
tolos,
que diziam
um ao outro quando perguntados
sobre o que havia na bolsa e nas gavetas
trancadas do quarto dos fundos,
e ambos respondiam-se
a mesma coisa: é segredo!

AO EXANGUE ENTARDECER, O PÁSSARO SOLITARIAMENTE CHORA!




... não ando
mais vendo ou sentindo o sol,
o céu está lúgbre e tomado de escuras
nuvens.
eu ao chão,
com o deserto, com os destroços
de nossas quedas e com um resto
de folhas secas retorcidas
pelo tempo e pelo
vento:
and even if
I want to, I can not stop
breathing to go stay by your side!

ÀS VEZES


Olhamos para o céu sem luar, numa noite escura de todos os dias, e na sombrosidade nos alertamos às beladonas dos jardins proibidos, onde há entregas com palavras e sorrisos falseados em imagens esplêndidas e em desejos obscuros e insolentes à vaga chama da alma covarde, já Combalida e amargurada na morna brisa aparente que fulgura invisível.

Às vezes é preciso chorar a esperança de viver algum sentido qualquer, que se eterniza nos confortos oníricos e perfídicos a que nos permitimos, e ser avassaladoramente cão na peleja dos olhares que nos comem, e nos bebem maliciosamente, ofertando pseudogotas de consolo ao flagelo.

Às vezes é preciso ignorar o negro céu sem expressar o que corrói os corações, e permitir que se vejam tão somente um relvado berço das noites de solidão escondidas entre os abraços, e as juras, e as promessas trocadas insanamente pelos atores todos que vão se apagando abaixo do mesmo forro negro da fria noite.

Às vezes é preciso compor entre cheiros, cores e sons estranhos e desconhecidos, andar suavemente por pedregosos caminhos que há entre jardins de sóis, extasiando-se nas maiores chagas - perfumadas rosas com seus espinhos venenosos e com suas futilidades às avessas a nos invadir as entranhas inflamadas e apodrecidas.

Às vezes é preciso apenas nos deixar doer, incrédulos, esgotadamente cansados e sofridos, e, na mesma noite fria de todos os dias, em fúnebre silêncio, sem mais palavras ou sorrisos, atravessar praias desertas, com nossos obscenos vermes internos e com nossos corações vazios.

Às vezes, como as mariposas cegas que buscam desesperadamente a luz, numa entrega onde se esvaem suas vidas ansiadas em mortes incandescentes, é preciso que se permita ficar nu nas cenas vazias, onde festejam despojos forjados, com seus suspiros desconexos nos espaços ainda livres onde se assentam ilusões condenadas, deixando de si nada além de um quase invisível rastro de morte lenta e incompreendida.

E, então, omente esperar pelos demais carrascos bem travestidos em máscaras nobres,Que nos trazem à cena sonhos mortificados dos quais somos incapazes de fugir.

AUTOCONDENADOS


Nós sabíamos que daquele
amor só sobraria padecimento
___ por dor,

ela com trinta e seis
e eu com quarenta, ambos já casados
e com filhos, tínhamos de sobra consciência
e entendimento para saber que a situação
___ poderia ficar insustentável,

sobretudo se,
além desses fatos, voassem por nossos
cibernéticos terreiros, outros
___ pássaros.

E provavelmente
foi por isso que abrimos as cercas,
as portas, as janelas e os íntimos quartos
e os deixamos entrar,

imaginando
que isso, daquele doentio e platônico amor
que ameaçava nossas família e nossos
___ filhos com nossas ausências

e imaginando os medos
que possuíam de perderem seus pais
por nossas escolhas de deixarmos tudo
e seguirmos juntos nova
___ estrada,

que, por escolha mútua,
decretamos a nossa morte de asas,
e a nossa consequente
___ condenação

de voltarmos
a nos amar, não mais neste mundo,
mas tão somente na porvindoura
___ e apagada eternidade!

DA ÚLTIMA VEZ


Quando cheguei da última vez,
nem me houvera tempo de chover
sob as sombras de suas árvores
ou sobre suas embaçadas
lajes.

Vi, de imeditato,
sandálias atiradas aos chãos,
roupas espalhadas sobre a escada
e dois copos de vinho sobre a mesa,
enquanto "Whiter shade of pale"
tocava ao cd player.

Era, de fato, o pior castigo
à minha ousadia de sonhar impossíveis
e à minha soberbia com o manuseio
de luzes néon e de palavras
voláteis:

ao quarto, amavam-se
aquela que supunha ser minha
(só e eternamente minha) e outro pássaro,
velho e amorfo, por ela
ressuscitado.

Mesmo em angústia e dor,
se eu lhes dissesse que quase
me morri por causa disso,
mentiria;

eu poderia, na verdade,
era tê-los de minha mente dizimado
e a um severo apagamento lhes
ter destinado,

mas perderia, sem dúvida,
um grande e valioso aprendizado
e a triste mas poética visagem
do árido deserto,

fruto de como nos amáramo
(eu e ela), como duas rígidas e desgraçadas pedras,
de anjos e querubins
disfarçadas.

ERROS, QUEDAS E PECADOS


LUZES FAMÉLICAS


Dizei-me vós
algum real mérito ou sublimidade
no nascimento e na vida
dos sapiens;

a não ser
contardes-me
das efabulações, dos lampejos,
e dos festejos

que fazeis,
em tantas andanças pelo caminho,
às máscaras que lhes
convêm.

MEU CORAÇÃO NÃO BLASFEMA


Sei que não sei amar,
sei que nunca vou aprender a amar
um sapiens,

sei que isso,
essa loucura e essa dor nunca
irão cessar

(não restaram
nem cinzas dos ecos passados
em que estive com
ela);

mas eu quero
que tu saibas que eu tenho me esforçado,
mesmo sabendo que me transformei
inexoravelmente

em meus próprios
precipícios internos, para te dar um pouco
de companhia, sem muita da agonia
e da dor infinita que povoa
minha alma!

MINHAS AMADAS SUBLIMES


Acompanhei-as
até o sagrado tempo,
ambas se ajoelharam,
entregaram-se e orara, e digladiaram
por um pouco de luz
divinda;
lá de fora,
eu esperava sentado às sombras,
sem que nem elas,
nem eu mesmo,
percebêssemos
que o que ocorria é que eu realmente
não consiguia mais beber
água no deserto,
nem acender
uma vela ou lâmpada!

MINHAS CHUVAS E TUAS MARGENS


... disseste
que as águas das chuvas de fogo
que te lancei forqm demasiado
___ violentas,

que queimaram
seus olhos, seu corpo, suas geniltáalias
___ e sua alma pseudoluziada;

mas nem reparaste
como foi apertado o laço, a compressão
___ e a violência

das tuas margens
querendo contê-las, não é,
___ Senhora?

O FIM DA LINHA


... bem que queria ter,
mas não tenho a consciência limpa;
onteu eu apenas pensava,
hoje eu sei e tenho certeza de que
não há nada pior do que
ser tarde demais;
e que o golpe
da morte a tudo ceiva, sem nos permitir
seque algum regress para mudarmos
algo que fizemos de errado
ou sequer
para pedir perdão à perdida
amada!

OUTRORA O AMOR


Em uma conversa
sobre o amor, ela disse

"E se eu lhe confessar que te amo
e que serei tua para sempre,
acreditarias em mim?";

e imediatamente,
sem que percebesse, estava
a compor

as irremediáveis
cores que antecipam a angústia
e a dor!

QUEM ESTIVER AO FUNDO ME FALE!


SOU SOMENTE TEU ESPELHO!




... eu não amo
sozinho, eu me doo a quem me ama
para que façamos o conjunto,
eu não danço
sozinho, eu me enlaço com a beldade
para dançarmos a linda valsq
juntos,
eu não componho sozinho,
eu sempre tenho andorinhas e anjinhos
como inspiração para o branco e para o preto
de minhas mal traçadas linhas;
e eu não transo sozinho,
gozo como goza quem vai comigo
para um ninho,
mesmo que depois
jogue-me a culpa por ter seduzido,
enganado, mentido, traído e mais uma pá
de lixos dos quais se desprovê, com o verbo volátil,
em mim!

VOCÁLICOS


... tomais
cuidado com os verbos
voláteis, acidentais,
insensatos;

expostos
em ilusões perenes
ou em extrusões
terrenas,

porque vos digo
que, na verdade, toda boca
de onde se originam
é suicida.

A CABANA


Construíste uma cabana
com cheiro de lavanda para sonhares, fantasiares
e te esconderes em seu canto
mais escuro;
para lá é que, às noites escuras,
levas os pássaros puristas para os seduzires
com suas mentiras mais ousadas
e com tuas concupiscências
mais perfumadas;
e, quando estás lá,
tens certeza quase absoluta de que estás segura
com esses teus tesouros segredos
bem guardados;
a não ser quando
apresentar o lugar a seu amado mais sincero,
o qual virá a se tornar para ti
como um estranho,
ao sentir, no ar
carregado de umidades e pós passados,
os estranhos e azedos cheiros
de falsos ouros.

ANJOS DE SEDA SE DERRETEM NAS SOMBRAS


... às sombras,
escondem-se as coisas e as sensações
mais secretamente quentes
e sem quaisquer
pudores,
lá pombas
não têm cores e anjos não
têm asas:
lá pombas
são apenas pombas que se inflamam
quando os anjos abrem,
escondidamente,
as pernas!

ASSIM DIZ O NIILISTA!


Por que
ainda sonhas tanto
com os reluzentes voos
dos anjos,

com a vigorosa
força dos mitos e lendas
e com as promessas
dos homens?

Porventura,
já não conheces o suficiente
de tudo que há à vã
estrada?

Antes, anda e apressa-te
sem olhares muito para os lados,
mova a terra e dela
os vermes,

transita as sombras
com coragem e evita a exagerada
exposição às luzes
artificiais;

evita também
e, sobretudo, as pedras.

Ah, as pedras,
essas estão por toda parte,
mas - mesmo assim -
nunca pares,

carrega tua cruz
por entre os anjos, os mitos, as lendas
os homens, os vermes
e as pedras.

CONDENEI-ME QUANDO BEBIDE TEU LINDO E DELICIOSO MAR!




... vou-me afora,
neste mundo, já sem rumo
ou prumo algum;
vou-me esgueirando
por entre as sombras,
sem deixar marcas de minhas
sôfregas pegadas;
vou com aquela
lembrança que se infiltrou em minha mente
e tomou minha alma como
herança
(eu ainda me lembro
dela a cada dia, a cada momento
do dia ou em cada acontecimento
do dia);
vou-me como o vento,
sem saber de onde vem, para onde vai
ou como dança;
vou-me assim
caindo-me lentamente,
com uma escura nuvem sobre minha
mente e minhas asas quebradas,
frustrado,
cansado,
triste demasiado,
apenas
e tão somente esperando
a morte chegar!

CONFESSO: DESDE CEDO, SOU FRACO PERANTE TAL PODER!



Cedo, era bem cedo de um dia distante. Parti de Bom Despacho a uma cidade, chamada por meus pais de "Terra que prometia!". Talves por ser cedo demais, já ao chegar, tive péssima impressão de tudo aquilo. Na verdade, senti-me pisando no inferno, mal saindo da idade templária.

O tempo foi passando e eu ali, naquele gabinete, trabalhando de mensageiro concursado e com esperanças ilusórias em minha mente de que futuramente me haveria futuro melhor naquela empresa cheia de anjos, beldades e menestréis de ternos engomados.

E eu fui muito útil: servi de comprar cigarros a acompanhar os senhores e as senhoras a seus carros levando suas bagagens.

Por isso eu sempre digo, a desgra e o inferno são aqui na terra, e para atingi-los não é preciso primeiramente cometer o pecado, porque o pecado te molda e te faz o que venhas a ser a sua sobra dele (pecado).

Coroa. Lineda. Gostosa. Casada. Bem casada suponho, pois vestia-se como rainha e tinha por marido um cabra afortunado.

E as coisas começaram com pedidos de compras de estranhos remédios, tipo anticoncepcionais, a preservativos, calcinhas, etc.

Calcinhas?

Ah sim, as calcinhas! Lindas. Delicadas. As melhores que eu achasse nas melhores lojas da grande cidade. Dinheiro não lhe era nenhum problema.

Porquê?

Por que ela pedia para eu comprar calcinhas? Uma mulher tão linda, tão bem situada socialmente, tão bem casada, tão rica, já mãe de duas filhas...

Bem, ainda aos quinze, fui mandando a uma agência bancária e, claro, que omito tantas coisas nesta pequena estória, como a vez em que ela me encurralou com mus 14 anos numa parede e alisou meus ombros, minhas costas e meus braços olhando-me firmemente nos olhos, com um sorriso tão lindo como encantado.

Chegando em tal agência, estava tudo combinado. Aos poucos fui sendo trabalhado. Uma outra linda mulher que mais parecia uma sensual feiticeira escarlate, esperava-me e não tinha nada a ver com o pacote que a senhora com quem eu trabalhava me pediu para entregar.

- Ouvi falar muito de você, é tão jovem, tão forte.

- Ah! Desculpa, não estou entendendo, não conheço quase ninguém nesta cidade.

O perfume, a beleza, a arte da sedução, parte do sutiã à mostra com o rego de entresseios à mostrs, a cantada para trepadas em troca de grana.

Sim, o inferno já é aqui e não se precisa pecados para visita-lo.

E talvez isso tudo explique minha tara por beldades de lingeri... Talvez..

Mas talvez isso o quê?

À proposta da linda mulher, minha decisão e meus feitos, com quinze anos, é um segredo que guardo bem trancado!

DE QUE SÃO FEITAS NOSSAS ASAS?


As imagens
que o ser contempla
e cria com suas sencientes
e poderosas retinas
são um mal
conquistador em um cosmo onde
havia infinitas possibilidades
virgens!

DESEJO: ATRAÇÃO FATAL


EM CHAMAS!


Às vezes não quero,
chego irritado e começo a escrever
já soltando meus literários
raios negros;

às vezes não quero,
porque estou chato equero refletir,
analisar e pregar em cruzes
poéticas ou filosóficas
a besta do ser;

às vezes não quero
porque não estou a fim de mais uma vez
me render ao êxtase supremos
do desejos

e, depois,
ter de enfrentar suas consequências
sinuosas, tênebras e avessas;

nas em todas as vezes
em que ela entra, torno-me frágil, rendo-me,
e entrego-me logo que a vejo ali
de lingeri e calcinha enfiada,

desfilando
pelo corpo lindo e seansual,
com seus delicados
dedos!

ESTÁ FICANDO TÃO TARDE!


Hoje eu não queria
que o pôr do sol chegasse,

como se fosse,
dos dias meus, os derradeiros;

eu já não conheço
mais o vigor dos lobos, o amor
das beldades de maqueagens e peitos rijos
e bocetas deliciosas, em suas altar
torres de babéis;

na verdade,
tenho me sentido apenas o eco mouco
de um passado, cheio de confetes
e guloseimas,

ressoado
à sombra fria da cruz
que nesta terra
me segue!

EU AINDA TE AMAREI POR ALGUMAS ETERNIDADES


FERNANDO PESSOA ESTAVA CERTO


HORA VAZIA III


... não dá
para viver assim, ainda temos,
mesmo que não nos
seja possível,

de tentar subir
os montes, secar os mares
e colher algumas
estrelas,

mesmo que
seja apenas para enfeitar

a pequena eternidade
em que nos ainda estamos
despertos.

INCIDENTE NO RIO


... acontece
que houve um mal entendido
no curso do rio,

que não
mais pode ser corrigido:

enquanto
o mundo olha e se
masturba,

um anjo
e um cão não podem navegar
no mesmo barco
juntos,

senão
é fato, é certo que
afundam!

NAS SOMBRAS


Que posso
fazer a não ser regurgitar,
da sinceridade das
sombras,

este monte
de palavras, em estranhos e tortos
versos que andais a ler
por aqui;

se, de outra forma,
estar-me-ia agindo dissimuladamente
com uma das mais nobres
artes?

QUEM SABE AINDA CONSEGUEM MINAAR MEU DESERTO?


A diferença
entre os deuses e os mortais
parece ser realmente a de que aqueles
andam em retas,

e nós em lindas,
belas, sensuais e instigantemente
extáticas curvas;

ou seria vice-versa?

SEU NOME É SEGREDO!


... um dia
conheci uma mulher, ainda virgem
depois dos vinte,

e mulheres
virgens depois dos vinte,
não sei por quê, costumam ser
muito bravas;

e eu fui como mineiro,
comendo pelas beiradas, no elogio
e no bom trato, para ver se, a uma hora,
conseguia arrancar um pedaço.

um ano depois,
em um muro, um grande amasso,
haste rígida querendo furar a cueca
e a calça,

incontroláveis mãos bobas
tateando peitos e xota por cima da calcinha
e da saia enquanto as bocas
se lascavam.

Tst. Entrou,
o dentro entro ao lado da calcinha
e tocou aquela delica
molhada

ao que,
como resposta, tomei imediatamente
um baita tapa na cara e um sonoro
"Filha da puta, quem pensa
que sou, some daqui!".

Saí dali com lágrimas
nos olhos, mas com uma convicção
pela qual lutei nos próximos
anos:

hoje esta mulher
e meus filhos têm meu sobrenome!

SINGULAR ATRAÇÃO


Às vezes,
eu observo teu sorriso descompromissado,
teu jeito de insister em manter a sublimidade,
a feminilidade e a nobreza,

mesmo num mundo,
em que jogados entre coisas de todos os tipos,
costumamos entrar em Guerra
contra nós mesmos.

Então te observo,
pego carona no teu equilíbrio,
para que consiga controlar melhor as misturas
de minhas emoções e sensações

e reparo que,
mesmo quando choras, com o rosto
molhado em lágrimas,

tu manténs
para mim os braços abertos,
o corpo nu, o amor, o desejo, o sexo
e a alma de pureza certa

para
me ajudar a não me naugragar
tanto, como me é de hábito, nas incessantes
loucura e fúria deste mundo!

TERRA RASGADA


... novamente
vi rios correndo de teus olhos,

e foi com tua mão
estendida que eu consegui forças
para me reerguer quando, à beira da morte,
todos me abandonara:

os estrangeiros,
os de longe me veem e dizem,
com toda razão:

"... não tem jeito,
ele é mesmo um cão!

TEUS POEMAS: PERDIDOS COMO TU!



... quando
tentares me seduzir ou a mim
se referir em algum poema, faze-o
de forma que eu perceba teu intento,
não nas linhas escritas, mas nos intervalos
entre as palavras e elas;

quando tentares
me abraçar ou me dar algum afago
não o faças somente com belas e magníficas
palavras, mas usa as nuvens, o vento
e os sóis das meias noites;

quando tentares
me beijar, faze-o com mais que
a boca e a língua de tua luz de lamparina,
faze-o também com alma,

à qual sinto
desequilibradamente vadia, como se fosse
de uma galinha perdida;

e, se algum dia,
pensares em me amar, tira os rímeis,
os batons, as maquiagens e as máscaras
todas

para que,
deste teu tão incauto e tosco céu,
ao meu chão não sujares!

TUA VISÃO PARTE DO TEU EU


A FALHA DO CÃO NIILISTA


... humano como qualquer
outro!
... seus olhos firtos,
seus seios lindos, seu corpo deliciosamente
curvilíneo, a firmeza nos gestos
e na fala,
uma musa a tratar
um velho niilista poeta como
um anjo-menino;
seus gestos
diziam, suas mãos diziam,
sua boca dizia, seu sexo dizia
e o niilista a tudo queria,
e tanto,
e por tanto tempo esperou que,
mesmo sendo um cão, ali naquele momento,
diante de tanta formosura
e disposição,
vacilou!

A RAINHA DA SUCATA


A VISIONÁRIA


... aí, não,
tu dizes que sorris,
depois choras;

tu dizes
que o amas, depois
reclamas;

tu entras
em cena e sai no intervalo
das apresentações;

tu floreias
os sentimentos e colores
os sofrimentos;

tu vais
para a cama e nega, do cara,
a breve derrama:

deste jeito,
aí não, tu vais te acabar
é exatamente no que não te
consome!

ANÊMICA


Loucura incógnita,
andande de solo torpe,
frequentadora de céus escondidos
com porras azedas,
sempre proclastinando
o reflexo do corno em outros
leitos refletido!

ANTES MIGALHAS DO QUE NADA


... querer amar-te
inteira foi um erro, pois isso me
implicou querer ser melhor e vencer
o resto do mundo;

aprendi que
é melhor um pouco de vida, de desejo
e de sonho do que uma morte
certa,

assim como
é melhor um gole de água
em teus lábios qwe padecer solitariamente
em alguim deserto de miragens
secas!

EU VI


Sim,
de esguelha,
eu vi por entre as horas
e as ondas incertas:

há sonhos e esperanças
aos jardins outonais, há desejos
e concupiscências aos leitos
caudais;

lendas e mitos
vão colher frutas nos pomares,
homens vão cair com seus
lumes bipolares.

FÁCIL DE COMPREENDER, DIFÍCIL DE SENTIR



... amar é algo
relativamente fácil de se entender,
embora seja doloroso
sentir,

porque
se traduz sempre no fato
de que

do eu para o outro,
parte e escudo;

e, do outro para o eu
tudo;

o que nos leva
ao insolúvel paradoxo sobre
o fato de que

amar é
também inexoravelmente
sofrer!

FOGOS, CINZAS E PEDRAS AO DESERTO SEM MARGENS!



... jovem dama
de minha chama invisível,

que silente
queima ao escuro e seco
deserto em que
habito;

chamas
ardentes, persistentes,
vivissimamente excitadas
e por ti sedentas.

E, como o mar
distante e imponente, jovem dama,
faze-me desejar-te, sonhar-te
e amar-te

como a brisa
do vento que, sem tocar,
em delírio, percorre, lambe,
masturba-se e goza à superfície da água
que lhe queima!

INOCÊNCIA



Urge tentarmos
nos desfazer da falsa inocência
que plantamos por entre
as coisas;

urge tentarmos
nos libertarmos da irresistível vontade
de sermos anjos, heróis ou algo
traçado em linhas retas;

urge tentarmos
olhar ao espelho nossos fiéis reflexos,
em vez de só elucubrarmos e de condenarmos,
pseudopuristamente, as chagas
dos outros;

urge termos coragem
para aceitarmos nossas origens
- à casualística e singular aberração cosmológica -
com suas inexoráveis e espúrias
imanências.

O GRITO DOS INOCENTES


O PREÇO POR TE AMAR!


Custou caro,
paguei cada riso que me deste
com dolorosas lágrimas,
afoguei-me
em tuas chuvas de amor, de fogo
e de eternas águas,
gozei rios
vendo teus banhos nus
sob a lua e as estrelas que arregalavam
os olhos:
quando a soube ferida,
em gravidade, a morte veio me anunciar
a vitória solitário neste mundo
cheio de vazios e nadas!

PERDÃO


QUEM SÃO OS ANJOS?



... são seres,que se vestem de branco,
para falarem mal

________ dos cães,
________ dos vermes,
________ e dos putos;

escondendo,
com asas dissimuladas e palavras voláteis,
as próprias e promíscuas
perversões!

SALADAS


... todo dia como saladas,
seja no trabalho, no clube,
andando numa praça ou olhando
a luz nua,

eu como saladas
vendo os olhos, os cabelos,
os seios e a xana vestidas, as pernas
e imaginando as beldades
nuas,

eu como saladas
toda vez que tenho de ouvir
algum canário desafinado ou algum
discurso de anjo purista,

eu como saladas,
como se o mundo fosse um self-service,
e eu nele fosse tanto o freguês
como parte do cardápio,

do qual também
sou comido com palavras, poemas,
corpos, masturbações e tudo o mais
que nasça à imaginação de quem
se serve neste restaurante
chamado mundo!

SE ESSA HORA FOR TAMBÉM MORTA, É O FIM!



... se conseguirmos
calar o mundo dessa vez, será
a nossa última hora,

a única hora
perfeita que nos houve até
hoje;

e, nesta hora,
a rosa vai precisar ser, não espinhos,
mas apenas rosa;

e o cão vai precisar
ter apenas uma face, e não máscaras
diversas e indecifravelmente
dissimuladas!

A SINA


AMA-ME II


ÁRVORE SECA


Aprendi a suportar
tudo nesta vida,
a dura lida,
as dificuldades,
os desejos promíscuos,
os sonhos impossíveis,
as esperanças perdidas,
o amor fugidio;
mas a duas coisas
ainda não aprendi a suportar:
a ausência dela e esse escarro em rios
secos que cresce eem meu corpo, em meu rosto
e em todo o meu corpo,
levando-me, ainda vivo
(e antes assim não fosse) à franca
e inevitável decadência de minha própria
carne!

ASSIM


A andar
pelas areias do deserto
que eu mesmo
criei;

porque
foi vivendo em meio
aos seres e às coisas
do mundo,

com suas
montanhas-russas
artificiais,

que mais me
quedei.

CHAOS THEORY


Dizem que tudo pode mudar,
quando bate as asas uma borboleta;

digo eu que isso e tudo o mais
certamente é mudado

toda vez que o sapiens firma
suas retinas para ver, contemplar,

admirar, imaginar ou pensar
em algo!

DESABAFO


... agora que ficou
tarde demais minha boca
se silencia, arrependida de cada
palavra maldita que saiu
para te desgraçar,

meu coração sangra
de saudade, de dor e de agonia
por nunca mais poder te ver
e te abraçar,

e minha alma se paralisa.
vazia e desiludica, naquele frigidíssimo inverno,
sempre ansiando pela impossibilidade
de um dia te reencontrar!

DESCULPA, MAS EU NÃO SEI AMAR!



... chove,
a estiada pode até demorar,
mas sempre chove;

como chovou
eu, mesmo que haja regular estio,
no amor, mas sempre, em algum momento
morro eu,

com a diferença
de aquelas chuvas, as naturais,
trazem vida e conforto,

enquanto,
quando chovo, prevalesce a noite
e a morte vem chegando
aos poucos!

ESTRANHA PÁTRIA




Minha pátria
são estes cantos escuros,
em que escrevo
absurdos,
são algumas
lembranças passadas,
fragmentadas às vozes moucas
de meus fantasmas,
são estas
descrenças nos porvires
onde previamente
me anoiteço
vazio,
é este deserto frio
que ninguém entende,
de onde me escorro como
areias juncas.

FRANCO-ATIRADORA


GLÓRIAS E QUEDAS


HÁ SOBRAS AO DESCANSO


As luzes
que andam acendento por aí
com seus pensamentos, com suas imanêrncia
e com suas cores únicas
têm um disfarçado
fedor vazio, que conquista
e depois asfixia pessoas frustradas
com suas colheitas
incautas.
Mas eu,
niilo, sou como a noite, quando
chega com suas sombras frias para
embalar a solidão que lhes
fica,
e, ainda assim,
sem nenhuma causa, sem nenhuma razão
têm extreme medo
de mim!

INSONE


ITINERÁRIO INDEFINIDO



... foi por ti que pensei
ter me achado e foi por ti que inteiramente
___ me perdi de mim

e, desgrenhado,
subi e desci dos montes por onde
andavam as flutuantes
___ borboletas

e frequentei
os bailes dos contos de fatas,
os bailes de mascaras e as zonas
por onde andavam outras
___ beldades:

ao fim,
de puro amante eu,
restou-me o título de um dos maiores
fodedores, punheteiros e putos
___ da parada!

NADA RESTOU!



... onde foi parar
o baton que usavas em nosso
último encontro,

o perfume
que passaste naauela úlitma noite
em que até as estrerlas pegaram
fogo;

onde foi parar
os gemidinhos de prazer e as juras
de amor daquela linda e ensolarada
noite,

a sempiternidade
presente em justa à posteirioridade
que nos viria à frente;

onde foste para
tu, agora quer me rendi inteiro
e absurdo?

O que foste
tu fazer tão cedo deste outro
lado escuro do muro?

Por que
não pudemos, antes de que tudo
isso ruísse abismo abaixo,

corrigir-nos
dos trágicos erros que cometíamos
enquanto, vivos ambos, em corpo e alma
ainda noa amávamos?

NÃO HÁ VOVÓ NA ESTÓRIA!


... certamente,
um sonho de consumo
para adolescentes e menestréis
___ de merda;

desvirginada
ainda se parece virgem,
desconversa quando o papo
___ é ousado e atrevido;

sim,
uma mulher ainda menina,
com fogo nos olhos, bem produzida
___ como bonecas barbie,

a correr,
com seus desejos secretos,
das escuridões
___ do cão!

NOSSO MAIOR ERRO


Nosso maior erro
não foi os ciúmes reciprocos,
nem a troca de chuvas
de fogo,

nem foi nos amarmos
à nuvem, ao escuro e ao fogo;

nosso maior erro
foi, sem dúvidas, ficar adianto nossa gravidez
para o incerto futuro,

até que a morte
veio faminta e impiedosa e te levou.
ao silêncio sempiterno!

OS FANTASMAS


Pediram-me para que lhes mostrasse onde há vida, para que pudessem se deleitar com seus egos incautos; e lhes mostrei suas inconscientes mortes.
Pediram-me para lhes pintar um céu límpido para que o contemplassem de seus soluços terrenos; e lhes expus suas nuvens entenebrecidas.
Pediram-me que lhes cantasse suaves melodias para lhes acalentar medos na escuridão de suas noites; e lhes mostrei suas cruciantes cantigas de lamentos.
Pediram-me para lhes conceber um arrebol de amor cândido para que se deitassem com suas superficialidades airosas; e lhes mostrei suas espuriedades intrínsecas.
Pediram-me para crer em suas realizações inconspurcadas, para que tivessem uma trégua de minhas chuvas escumadas; e lhes mostrei punhais afiados em suas mãos.
Pediram-me para apontar algum abrigo seguro onde pudessem repousar seus cansaços sôfregos; e lhes mostrei suas ilusões tênues a caminho do abismo.
Pediram-me sobriedade em meus sentimentos alocutórios para lhes atenuar a sede insaciável por uma visão impermista; e lhes mostrei mentiras silentes em seus sorrisos perversos.
Pediram-me que me atentasse a suas candidezes de momentos anteriores para que pudessem ser perdoados em seus presentes tórridos; e lhes mostrei lembranças brancas em suas semeaduras de angústias.
Pediram-me que lhes desse uma face genuína, para que cressem em minhas palavras de dor; e lhes mostrei suas máscaras desvanecidas em reflexos oportunos.
Pediram-me para contemplar suas essências nobres, para se apaziguarem de seus labirintos escusos; e lhes mostrei que se metamorfoseiam na relva infausta.
Pediram-me para acalentar seus sonhos inexequiveis, para que pudessem voar como águias envilecidas; e lhes arranquei as asas da imaginação, evidenciando suas plumas delicadas.
Pediram-me para lhes alimentar a crença num paraíso idílico, para que se abrigassem nos braços de um pai que lhes aliviasse de suas angústias; e eu lhes mostrei o frio apagamento que lhes aguarda.
Então, em autopreservações de seus vultos pálidos, escudeados de meu ser amaldiçoado e tomados de iras e de rancores incontidos por meus jugos, em vez de pedirem, sentenciaram-me ao deserto frio; e os abandonei na ilusão de suas frívolas vivências exteriores.

PASSOU-SE O TEMPO DE BRINCAR


... agora
vou te brindar sob uma noite
___ estrelada,

vou te namorar,
vou te beijar, vou te amar,
___ vou de ti cuidar;

e contra
os cânceres e contra as pseudoluzes
do mundo e, sobretudo, contra mim mesmo,
que sou um humano
___ absurdo,

eu vou lutar
a fim de tentar evitar, ao máximo,
que ao caminho nos haja pedras
___ de tropeço

que nos levem
às quedas, aos destroços, aos vazios
___ e aos nadas!

PENSAR É, SIM, ESSENCIALMENTE, ERRAR!


Quando a gente
toma a firme resolução de sermos
mais racionais, mais razoáveis
e menos emocionais,
é que mais
devemos nos acautelar das luzes
espraiadas pelos demais sapiens
e por nós mesmos,
porque
é exatamente aí que mais próximos
estamos à humana condição
do erro,
de acordo
com o abnômalo reflexos da luz
em nossas visões!

QUANDO TUDO ISSO ACABAR


... ao fim,
não restará na noite uma só
___ de minhas estrelas,

uma só
de minhas flores,
uma só de minhas amantes,
___ um sé de meus sonhos;

ao fim,
não me restará nem
___ a própria noite,

apagar-me-ei,
e comigo tudo que somei
ou que subtraí do sincero universo
o que verdadeiramente nunca
___ conheci!

ROSA NOTURNA


Noturna rosa de outrora,
por que não levaste contigo o cheiro
de teu corpo e de teu perfume
embora?

Borboleta mágica
que dominava até os mitos e os heróis
mais poderosos e que seduzia até
os deuses mais sublimes

deixando-os
bêbados de amor e de desejo
por que ao cão niilista também fez
voar em falsas glórias?

Lilith,
dominadora do averno e de paraísos,
onde frágeis anjos eram feitos
indefesas vítimas;

Ana, linda e pura Ana,
na outra ponta extrema
de sua bipolaridade
maldita,

por que
me ofucaste com a luz que carregavas
às mãos e aos olhos,

e me mataste
com as sombras que trazias
escondidas na bolsa que, pendurada às asas,
carregavas?

SER OU NÃO SER


SILENTE ANGÚSTIA


TRISTES ECOS


Os ecos,
ecos voando, galopando, ressoando
dos fantasmas bastardos
de todos os outroras;

as seivas,
a seivas escorrendo, lacrimejando, lacteando
Dos reflexos ainda reminiscentes
daquela pedra traiçoeira:

os ecos e as seivas
do passado, ainda pairando como ervas
daninhas em minha esteira,

a me exigirem
o sacrifício de novos crânios brancos,
para lhes manter mortos com seus alvos,
mas espúrios espelhos.

A CONSELHEIRA!


"Você não anda
ensinando nada que presta
a seu filho!",

disse-me ela com aquele
olhar enfurecido.

"Bem, não sei
diferenciar muito bem
sobre o que seja realmente
certo ou errado,

mas tenho tentado,
tenho mesmo tentando
ensiná-lo algumas
coisas.

Por exemplo,
de quando lhe falei
para tomar cuidado com menestréis
e donzelas puristas,

porque, por detrás
dos sublimes e fluorescentes verbos,
costuma haver pedras
e abismos!".
Por exemplo,
de quando lhe falei
para tomar cuidado com as flores
de botões abertos,
que ficam às margens
do caminho,

porque, quando
uma boca e uma boceta engole um pau,
pode levar junto o coração
e a alma!"

A DUPLA FACE DO SER



Eu, por exemplo,
sempre escondi meus escuros
de minha própria
prole,

abrindo-me em princípios morais,
em idealizações éticas e em extraordinárias
forças, para lograr êxito
em seus amparos;

o que não significa
que eu não me escorra em latridos lumes
e em esplendes atuações
dissimuladas,

por entre as andorinhas
de colares branco, as borboletas puristas
e as demais bicharadas que andam
por todos os lados.

A FRAQUEZA NEM OS PRECIPÍCIOS SÃO ALGUMA SOLUÇÃO!




... lanças-me
um olhar e reclamas que
te devore com os meus
olhos,
convidas-me
para uma dança e reclamas que
algomeu em tua cintura cresça
e encoste,
convidas-me
para voar e reclamas que ultrapassei
as nuvens e atingi o frio escuro
sidereal,
convidas-me,
enfim para a cama e, querendo dormires,
criticas meu tesão, em tempestades
de chamas
a quererem,
longe dos noturnor rumores dos lobos,
das noturnas vozes dos poetas e dos noturnos
delírios dos anjos,
devorar-te!

www.espaconiilista.net

A PSIQUÉ PRECISA SER LIMPA TODOS OS DIAS!


Nossa alma
é como o telhado de nossa
casa,

compõe
todo nosso ser com as demais
imanências sapiens;

mas é bom
ter mais cuidado com ela,
porque ela é como o telhado
que ao resto protege,

e se falhar
como cortina que nos protege
das chuvas e das vesanias, todo o resto
embolora e se perde!

ATÉ QUANDO?


Meu corpo,
surrado pelo tempo,
parece rogar descanso eterno
à terra funda:

avanço com ele,
sem resistência de alma,
sem armaduras fabricadas com fé
ou com esperança
alguma;

e sigo assim,
imaginando quando chegará,
o nobre momento de eu
me libertar

-enfim -

das vastas imagens
espúrias.

CHOVEMOS TANTO, QUE ME TRANSFORMEI NA PRÓPRIA CHUVA, MEU AMOR


COMPLETAMENTE DECEPCIONADO COMIGO MESMO!


Quarenta e sete,
puta que pariu, que decepção
é ter a convicção
de que sempre estive certo
ao olhar o mundo no reflexo
de mim mesmo!
Sim,
aos quarenta e sete,
que inferno é constatar que,
quanto mais estudei, procurei evoluir
e decifrar o ser,
mais exatamente como
ele, ao puxar o saco de beldades
e de anjos ciriqueiros para lograr êxitos
e êxtases, eu me fui!

DOCES VENENOS



Venenos costumam aleijar
- ou até matar -

sobretudo os que são feitos
a verbos incautos,

a sonhos exíguos
a esperanças grávidas
e a gozadas fartas;

não obstante
os sapiens parecem
tanto mais felizes
quando mais os tomam.

I always try to be fair.
For those who do not like my poems,
I postol pictures of beautiful and
delicious beauties!

ELA PASSA


GENIALMENTE TENEBROSA


Mais que uma queda: morte!
Sinto-me destruído com o que,
em vida jamais conseguiu a ta ponto
___ me atingir:

agora, enternecido,
mesmo aos mais ensolarados dias,
com as recordações de nosso maior,
mais intenso e mais doloroso
___ amor,

visto aos versos
teu ausente manto frio
e, em mim, uma escura e constante
___ noite sem sentido!

HORA VAZIA VIII


... não houve
lágrimas quando nos
___ separamos,

para
nos amparar, o mundo
estava cheio de espetáculos
___ e de anjos;

e tu gostavas,
maqueavas-te, seduzia-os
___ e com eles fodia,

e eu gostava
de colocar o ego e o pau
___ em ação;

dominamos
as noites assim, sempre
sabendo e nos descuidando para
___ o fato de que,

um dia,
era a noite que iria
___ nos engolir!

ÍNTIMA MANHÃ


... amanheceu,
enfim, uma manhã que
não durará
muito,

eu havia
me dormido daquele
lugar de onde mantinha minha
puerícia na infância,

e isso
era terrível;

em meu sono,
fantasmas estavam sempre
berrando em lutas
e pesadelos,

o barulho
das minhas chuvas e ventos
nas árvores afugentavam
todos os vaga-lumes
e anjos;

mas,
amanheci, enfim,
como quando era criança,
com um forte desejo de, mesmo
que por pouco tempo
ter novamente
asas!

NATURAIS CASUALIDADES E CAUSALIDADES SAPIENS


Rompidas
as casualidades alheias,
as sapientes fluorescências brilham
sobre as coisas todas,

dando origem,
dos funerais das possibilidades naturais,
a cada vez mais densas
ilusões,

cultivadas
entre o tempo e o espaço
que reinauguramos com nossas vãs,
vis e avesgalhadas
visões.

NATURAL E INEVITÁVEL CAOS III



.... e eis que temos
feito a tudo, com o que chamamos
de racionalidades, de fantasias, de desejos
e de insânias;

e eis que
não aprendemos com as naturais
coisas que se postam alheias
ao tudo ou ao nada;

eis que,
depois da senciência, a maior força
que nos impele a inventor situações
e diferentes mundos
é o medo;

eis que, portanto,
para nossos EUS, imaginamos que todos,
e todo mundo ou ninguém seja assim
ou assado,

sem mais nos
darmos conta de que estamos fugindo
do medo de nos vermos, perante um fiel espelho,
a nós mesmos de verdade!

NO TEMPO DO SEVERO INVERNO!


... houve um tempo
em que nos amávamo de tal modo
que não conseguíamos nos aceitar
humanos,
e eu não falo
de crises, de inseguranças de ciúmes
causadores de tempestades
e de chuvas,
eu falo
é que nos queríamos (e ainda vou
buscá-la no pós-morte, um dia para tentarmos novamente) com o amor, com a sabedoria
e som o sublime silêncio
dos anjos!

NUNCA SE ESTÁ SALVO


... existem
nos profundos lados
de nossas próprias
noites,

algo que
talvez nunca tenhas
percebido:

auroras surreais,
desejos menestrais,
e ilusões sem iguais;

mas quando
se acorda aos próprios fundos
é sempre tarde
demais.

O GRANDE ESPETÁCULO


Os vampiros levam fama
de só acordarem ao som das ave-marias
e de foderem (com) belas virgens
às soturnas noites frias;

mas ninguém os vê dentro
(que talvez até mudassem de opinião
sobre suas vertigens subjetivas):

ali é que costumam manter
suas mortes-vivas (ou vivas-mortes) em eternos
amores, envenenados por lumes artificiais
que lhes tomam as sombras vazias.

OUSAR O ALÉM


...ousar olhar
sobre o muro das margens
sapiens,
ousar pular
e ultrapassar todas as barreiras
sapiens,
ousar voar
além dos céus sapiens,
ousas navegar
além dos oceanos sapierns;
sim, ousar
não mais ver a aurora morta
que pintam com as falsas luzes
de suas retinas sapiens!

PÁLIDO AMOR


Assim,
tão débil e palidamente
como tenho andando,

só vejo
uma maneira de te amar
em teus braços abertos como vermelhas
pétalhas:

é mergulhar,
entre as frias sombras desta longa noite,
minha dor em teu coração
transbordado

e enxugando,
em teu lindo sorriso, minhas
tristes lágrimas!

UM ANJO EM DIA DE DESCONTROLE


Foi de repente,
em um dia de chuva de verão,

ela chegou de repente
toda se ardendo em fogo incontente

e me pediu para
abraça-la, para beijá-la, para amá-la
e para fodê-la.

Estanquei
de repente, surpreso, mas logo
liberei a corrente e a levei
para cama

e aquele mar
estava tão trepidante e quente
que quase fez transbordar involuntariamente
minhas margens,

mas tinha de ser domado,
porque aquele mar se fora feito com chamas
de ego;

e então deixe pular,
dançar, e me simulei de um deus metedor,
e deixei esfregar, e chupar, e meter,
e esfregar mais

até que o mar se acalmou,
e eu ouvi o que queria ouvir com uma voz
fraca, suspirantes vindo daquele
corpo de anjo todo transpirado:
"Nossa, eu estou cansada!"

UNLIMITED LOVE


Sim, eu a chamava de Lilith,
sim, como todos nós, de nascença
ela tinha problemas;
sim, ela montava
nos pombos, nos urubus, nos anjos
e nos pardais;
sim, ela amava
anjos, mitos, deuses e até
os cães do diabo;
talvez ela não
tivesse tanto problemas como eu,
mas esta tinha sim, severos
problemas,
and it just made me love her even more!

A ILHA


Que não me queiram
interromper o deserto, onde enterrei
insanos flashes
de néons;

que não me queiram
acordar as vãs ilusões e as incautas esperanças
que abandonei em infinitos
quebrados;

que não me queiram
ressuscitar a puerícia perdida
em campos de vermes
e feras;

que não me queiram,
enfim, alimentar mais a qualquer
fome ou sede
doentias

(com seus indecifráveis
cantos e encantos) algum desses
anjos puristas

que costumam cruzar
os céus com suas harpas mágicas
e com suas máscaras
diluculares.

ACASO A LUZ PODE ADENTRAS AS PROFUNDESAS?


Acaso a luz pode adentrar
as profundezas côncavas de vossas sombras,
para que continueis vos achando
assim tão inocentes,

enquanto mal conseguis
intransitivar o verbo às elucubrações
e julgos proferidos aos dissidentes
semelhantes?

Acaso já destes
mais que um paus e uns trocados
às putas em seus leitos
mordacentos,

enquanto vos derramas
em amores, lavores e sublimes ensinamentos
junto a vossos amigos, esposas
e famílias?

Acaso já vivenciastes
de modo pleno, alguma vez que seja,
o vasto limite das purezas divinas
que vós mesmos inventastes

- e das quais tanto vos
regozijais -,

enquanto vos escorres
dissimuladamente com mãos, sexos,
fantasias, insânias e verbos
por recantos escondidos de graciosas
obscuridades?

Ora, caríssimos menestréis
e doutos formados em luzes artificiais;
se já, então podeis atirar a este cão
as piores pedras.

ACHAR-TE-EI ENTRE AS ESTRELAS!


Ferida que não se cicatriza
no coração,
faca cravada
na alma, sobrecarregada de saudades
dos nossos tempos de glória
e de amor
e sufocada
por dores do mundo, por gritos, por desejos
e por angústias de um mundo onde
tu não podes mais comigo
viver:
náufrago de asas sem abrigo,
apenas a esperar o inevitável destino
de junto a tuas águas, a ti novamente
me entregar!

AH, O (A)MAR!


Amar não é
como dizem essa beleza toda,
essa sublimidade toda, essa espiritualidade
toda, esses sonhos e esses
desejos todos;

amar,
diria eu, é como andar cego
em uma casa vazia, a imaginar as cores
de suas paredes,

a aparência
de suas coisas, como está limpo
seu interior, mas sempre com o risco
de tropeçar em alguma pedra que,
pelo caminho, não vê!

ANGELICAL TENTAÇAO


AQUELA PEGADA


Noite. Madrugada.
Ela de frente para mim
naquela esquina escura e erma,

com o decote
parte dos seios bilhava sob
o luar,

as pernas
igualmente captava aquela luz
como se a própria luz
a desejase para
amar;

eu estremeci,
arrepiei e senti que tudo se concentrava
ali e, num beijo, tudo se moveu:

minhas mãos bobas
procuraram cada parte de teu corpo,
meu membro duro apertado nas calças
pedia por Socorro

e, uma vez libertado,
foi a vez de saciar a minha fome
com a boca, beijando e chupando cada
parte de seu corpo,

até que se consumasse,
ali naquela esquina erma e escura,
antes mesmo que conseguíssemos chegar
a uma casa e procura um leito,

ela com dois
e eu com um orgasmo
tão alucinantes que o grito
de prazer

soou como
se a própria noite tivesse soltado
um gemidoem forma
de relâmpago!

BELA, OBSCURA E MUITO AMADA



Em certas noites,
ela chegava tentando esboçar
um sorriso amarelo
como quem tenta levantar
mil toneladas,
acomodava-se em silêncio
e, de repente, começava a manusear
o verbo volátil como um hábil malabarista
de adagas afiadas;
e eu, espremido
entre a tentativa de manutenção da calma
e a entenebrecida vontade de reagir
com o ego em chamas.
Sim, em certas noites
- prolíficas em chuvas e sombras -
não parecia ser ela
que estava ali na minha frente,
com o siso do ego
inflamado.
Nestas noites,
dava para perceber
a dolorosa confusão que lhe havia
entre paradoxais labirintos
da mente,
como que perdida
entre sinuosas trilhas de lava-pés
tendo que decidir, sufocada e angustiadamente,
que caminho tomar com relação
a nós dois,
que nos pendulávamos
incautos entre o voo e a queda,
o amor e a cólera, a loucura e a sanidade,
a vida e a morte, enfim.
Sim, dava até para sentir
os gritos de dor
como que a pedir socorro,
ao grande sonho de nuvens brancas
que se iam tingindo de sombras
nossas.

É AMOR OU É PAIXÃO?


... o amor é inexplicável
e a paixão é o bem querer mais
perseguido pelas proibidas casadas
quando olham para fora
das janelas de suas
casas;

o amor é fruto
de convivência, de luta conjunta
e de resistência; a paixão é um delicioso
sentimento cego de êxtase
e tesão;

no amor as fêmeas
conquistam o homem com o coração,
na paixão conquistam com a boca,
com os peitos, com a xana

e com a incontrolável
e insaciável volúpia por paus e montes
que as façam enlouquecer naqueles
jardins ou cômodos escondidos
em que encontram seus
bastardos amantes;

o amor nunca é fatal
e vence à própria fatalidade, o desejo
morre após os disparos
dos inevitável gozos

que levam
a posteriores quedas, advindas de uma id
totalmente descontrolada e confundida
com, do amor, a espiritualidade!

EU QUERO


EVASÃO


... preciso
evadir-me completamente disso
que outrora fora uma branca, linda e meiga
nuvem;
porque,
depois que começou a chover,
nunca mais parou até que me alagasse
e me afogaste com suas águas
salinas, sujas e demasiado
envenenadas!

FLORES E VOOS


Margaridas e tentilhões fediam
ao desfilarem com suas belas pétalas e plumas
pelos canteiros e terreiros
da cidade.

Dentre eles,
a fulga flor de inverno (com seu tridente
dourado), que vivia a cantarolar:
"sou pura, pura, pura",

como que se
não tivesse nascido entre as demais,
como se não conhecesse
o próprio rabo;

como se também
já não tivesse a vulva (por todo tipo
de pássaro que se imaginar)
já rasgada.

FOSTE TÃO PEQUENA QUE NÃO TE VEJO MAIS!




... não habitas
os céus, nem os salões dos melhores
e mais sábios,
não sabes
voar como as borboletas e como
as andorinhas douradas,
carregas
à bolsa alguma erva alucinógena
que mistura com tua
maquiagem;
mas, com vivência
louca e embriagada, apenas fode
com os sapos e com as mentes mais
bastardas,
sendo-te
a visão da plenitude, o descanso
e o desejo, ao leito de um deus,
barrado!

MORTE DE ASAS


Foi depois que
sonhei com um pássaro sendo morto
por dois anjos
negros

- que desceram
do céu invadindo seu reino
com suas adagas de fogo
às mãos;

um a segurar-lhe
e a mutilar-lhe as asas,
o outro a castrar-lhe
as genitálias

para, em seguida,
cravarem-lhe, ambos,
seus afiados e frios punhais arrancando-lhe
as vísceras e os caldos -;

que, ao acordar,
tive claro pressentimento
de que algo iria acontecer aos corações
que caminhavam juntos
a lutarem pelo amor.

À tarde de alguns dias depois,
quando melodiava uns versos quaisquer,
despercebido do ser abissal
que havia se atocaiado
em seu lar,

o pássaro começou
a ser atingido com afiadas lâminas,
que eram disparadas em forma
de tênebras e inquisitórias
palavras;

enquanto isso,
sua amada a tudo assistia
em silente angústia, armazenando
também rancores que seriam aspergidos
mais tarde;

e tal como no sonho,
a morte chegou com verbos impiedosos
a sentenciarem o severo
julgamento.

O pássaro morreu
sem as asas, a amada morreu
com grande dor na alma, e o abissal ser
foi latir sorrindo nas trevas
​​​​​​​fecundadas!

NÃO HÁ CULPADOS, HÁ ABNOMALIAS


... em sua época dela,
em que estávamos juntos todos os dias,
dizia-me a razão:
"Não vai, ela é deste tenra indade
feroz e inteligentemente dominadora
e não mede esforços nem consequências
para suas seduções e conquistas".
Dizia-me meu coração
"O amor é uma coisa únida, vai pois,
que aquele olhar estrelado, embora possa
te causar loucuras, é únicoe ebriado de beleza,
de desejo e de ventura".
Meu corpo dizia pouco,
as com vigor "Não se pode perder algo
tão precioso e gostoso assim,, vai, abraça,
beija, chupa, se enrola com ela
e come".
Minha alma,
como que antecipasse a tragédia,
não dizia nada: já antevia que, depois dos gozos,
viria a incontida e estrema agonia
e dor!


NOSSOS REFLEXOS


... quando disseres
"esse cara é um burro", estás dizendo também
que tu mesmo és um burro;
quando disseres
"essa mulher é uma puta", estás dizendo também
que tu mesmo és um puto;
quando disseres
são loucos e dementes esses poetas, esses pensadores,
esses puristas e esses pardais malabaristas
todos punheteiros às escondida,
estarás dizendo também
que és um louco, um demente, às vezes um poeta,
às vezes um pensador, com o verbo volátil
um purist,
um parda malabarista
e certamente um baita de um punheteiro
às escondidas!

O MORADOR DO DESERTO



... há muito
vivo no deserto,

cercado
de areias, de pedras, de escorpiões
e de demais bichos e anjos
peçonhentos;

há tanto tempo
vivo no deserto, que também
me transformei em algo
qualquer

como um frio
grão de areia, como uma muda pedra,
como um venenoso escorpião
ou como um dissimulado
anjo de proveta!

OBSCURAMENTE


Nunca mais seria pura,
e nunca mais estaria sozinha
nos anos que se sucedessem
pelo resto de sua vida:
à mente estilhaçada,

haver-lhe-ia os ecos
esconsos dos fantasmas,
a quem incautamente abrira
as portas do templo, na longínqua
infância perdida.

Haver-lhe-ia um céu vazio
sob o qual colecionaria velhos tentilhões,
que usasse para lhe alimentar
as insânias germinadas
à alma vazia.

Haver-lhe-ia também outra coisa,
ainda mais sombria:

toda terra e todo sonho
pintados pelo ego e pela boca,
dissimuladamente,
em mágicos tons: fluorescentes
e fraternais;

enquanto, concavamente,
promovesse tudo à incessante guilhotina
- inclusive o mensageiro -,
com as tétricas reminiscências
das vesanias.

Tudo de onde se perdera,
inexoravelmente, junto às tenebridades
e às bestialidades dos defuntos
e das idiolatrias.

OS ANJOS NÃO EXISTEM


Já era essa estória
de crer em anjos puristas que vivem
em meio cáfilas de bocas
e cus contaminados:

agora, ando vendo apenas
(de minha janela ao deseto) os fervorosos
labores das formigas
terreiras,

as exíguas ilusões
das santas sacramenteiras, e as recorrentes
quedas das águias
trepadeiras.

OS ESCONDIDOS GEMIDOS DELA


Há uma mancha
em tua alma,
uma invizível
macha que só eu consigo
ver;
uma mancha
que te condena e à qual não
posso,
por mais que quisesse,
ajudar-te a limpar!

PESADELO SEM FIM


A mente tresloucadamente
insone;
o forte tom
escuro do que eu compreendia
como não-ser, agora personificado
em tua eterna ausência
me descompassa;
a dor do ser
que ficou na mente de um cão
niilista
que vive desértica
e angustiadamente, com tua lembrança,
com uma cadavérica saudade e com os fantasmas
quem deixaste em meio a meu cansaço
e à minha dor!

QUANDO A GENTE AMA, SIMPLESMENTE AMA!


... sei
que pensas muita coisa
___ que não é preciso,

e eu te amo,
mas sou humano
e, tanto eu como tu, já amamos
___ na vida;

mas,
e se eu
estiver perdido no fim
___ da vida,

e se eu
souber que ela partiu
e ficar ainda mais perdido
no fim da minha
___ vida;

e se eu
achar que sem ela
neste mundo não mais
___ vivo:

qual é,
afinal, o tamanho de teu amor
para aguentares a minha
dor e me dares
___ abrigo,

se eu me doar
a ti, pelo resto de minha vida,
de coração e a alma
___ partidos?

QUEM DISSE QUE O NIILISTA NÃO SENTE E NÃO VOA?



... pobres anjos incautos
e pássaros assoberbados, com suas
___ coliridas asas,

vivem peidando
sublimidades, luzes e amores
___ inconspurcos

e mal sabem
que eu tanto mais bem voo
quanto mais meus pés sente o torpe
___ e movediço chão!

RESTOS SOMBRIOS



... sinto algo que não sei,
sinto algo que não consigo substituir,
já não é mais só amor,

é algo sem nome,
pertencente ao sem-imagem do ser,
transparente, disforme,

mas que dói,
e dói com demasiada saudade
e dor,

é algo que não está mais aqui,
que deixou as veias terrenas e pulou
o muro para brilhar na
eternidade,

isto que eu sinto
que me deixou com essa dor que sinto
no meio desse monte de coisa
nenhuma de aqui!

It is impossible to describe,
even with the most beautiful and sad poetry,
the pain you have left
me here!

SEM RUMO


SENHORAS BAIXAS


... quem cozinha
e nos server intrigas como algumas
pulgas lendárias,

embora pensem
ser poetisas, não passam de péssimas
cozinheiras

que, com suas oferendas,
dão-nos severíssimas e chatas dores
de barriga!

SUBVERTENDO


O que o homem faz
de melhor é se aproveitar
da gravidade das (e entre as) coisas
para subverter o inexorável
estado do caos,

e de maneira
tão sencientemente fausta e espúria,
que é como se a própria
entropia

e todas
as causalidades alheias
de todos os tempos e espaços
passassem a lhe
pertencer,

dentro das margens
da mesma gravíssima
prisão.

TEU OLHAR, POR NÃO PODER SER DE OUTRA FORMA, SEMPRE FOI ERRADO SOBRE MIM. E VICE-VERSA!


...nunca sou como me veem,
razão pela qual declaro que nunca erro
sobre mim mesmo, por simples fato
de abnormalente não me ser
possível, de meu centro,
o erro;

nunca são como eu os vejo,
pela mesma razão, pelo fato de que nem
o que chamamos de alegria, de amor, de dor
ou de qualquer outra coisa pode ser sentida
de modo sequer semelhante:

na verdade,
meus caros, podeis supor saberdes muito,
pi tido, de vós mesmos e do mundo;

mas há um enorme
abismo entre isso e o que o vivo olho
do teu irmão também vê!

ABOMINADOR


Chovo
o verbo volátil
e abomino a loucura
dos homens;

e, por isso,
é que vivo lhes expondo as espúrias,
acidentais e sencientes
abnormidades:

mas ainda
espero conhecer, ao incerto porvir,
algum sublime
ser,

capaz
de mostrar-me
o erro fatal e de redimir-me
desta tênebra
capacidade

de não crer
nos ditos, nos feitos
e nos enredos
sapiens.

ABSTINÊNCIA


... não faço
mais pedidos mirabolantes
e não bato mais punhetas
confortantes,

também não faço
nenhum busca mais que não seja
humana,

e não espero
mais do que por si de deem
ou do que um último
suspiro da noite;

eu apenas
ando com incontinências urinárias
e em abestinências do
que supostamente
queira.

ALÉM DA NOITE


... há um lugar,
além (bem além) das bordas difusas
que saem de nossas
retinas,

por onde ainda
se arrastam (entre sombras e brumas) fantasmas
- com suas duras sinas -
sofridos,

por onde ainda
voam ( entre o distante e o infinito) pássaros
- com suas tristes melodias -
feridos

por onde ainda
se escorrem lágrimas (em chuvas invisíveis)
por nosso amor outrora
malferido

e por nossos pecados
não remidos.

ALÉM DAS APARÊNCIAS


... como vês,
querida, além das aparências,
sou o elo mais fraco
nessa relação:

és jovem,
és linda,
és pura

e danças,
e amas esplendidamente bem,
como se fosse tua
a eternidade;

enquanto,
apesar de carregar rios profundos
à pele e cruciantes dores
ao coração,

(incapaz de fugir)
danço-te e amo-te, sofridamente,
como se fosse

o último momento
de minha fragilíssima imensidão.

AMANTES PERDIDOS


Depois de tanto
tempo entre sóis, chuvas
e devaneios,

quando é que
vamos nos servir do sonho
inconspurco

e do eterno
e incondicional amor que
andamos tanto a
nos prometer
afinal?

AMAR: ATO EXTREMAMENTE MALDOSO QUE MERECE CUIDADO


Acho deveras
estranho quando uma senhora
diz te amar
e por ti
fazer qualquer coisa
e te acompanhar por toda
a vida,
se ela mesma
não pode amar o companheiro
do jeito que ele também
quer ser amado
por ela!

CEGOS CONTRAPONTOS


Quanto mais
envelhecemos, menos entendemos
os sinais de nossas fraquezas
e fracassos;

muito menos
queremos deixar, das andorinhas,
as novas e extáticas
carnes;

e, dos anjos,
as promessas de eterna e fulgurosa
vida em paraísos
idílicos;

não obstante
estejamos cada vez mais
corcundamente inclinados às margens
dos lúgubres abismos.

CEGOS VIVOS


De luzes cobrem o mudo,
usando imagens, pensamentos, emoções
e volatíssimas palavras;

de minha passagem
notam apenas um vulto canino
e uma sombra que sempre assusta
seus desejos, suas senciências e suas frágeis
metafísicas;

todos, porém,
como se vivessem em um paraíso,
totalmente alheios de que, em abnormal
essência, são exatamente
iguais a mim!

COM ELA


COMO DEIXAR A ÚNICA QUE SOBREVIVEU AO ESTRANHO, ALUCINADO E INEXPLICÁVEL DESERTO MEU?


Achaste-me
cheio de pecados, de fantasmas
e de imagens embaçadas,
e eu sei
o quanto é difícil e doloroso
lidar com isso, eu sei;
eu sei
porque já lidei com isso
com uma lilith que se travestiu
de anjo no passado,
roubando meu coração
e arranhando minha alma;
sim, achaste-me
semimorto ao deserto, cheio de pecados,
de fantasmas, de imagens
e de miragens
que não me
abandonam e que, ao mesmo tempo,
sempre me levaram a vazios
e nadas!

DO CENTRO AO MUNDO, OU VICE-VERSA


É PRECISO SABER AMAR


EU, INIMIGO MEU


Eu e meu boné
sempre posto à cabeça calva:
fosse ele superficial juízo,
estaria salvo;

eu e minhas caixas de imagens
empilhadas na memória fragmentada e cansada:
tivesse ouvido minha mãe, decerto
não haveria tanto lixo
em minha casa;

eu e minhas chuvas incontidas,
e meus lestes derramados, e meus juízos dissimulados:
fosse como os puristas, poderia ter
alguma chance nos constantes
naufrágios;

sim, eu e minha indomável
fluorescência avessa, faminta e sedenta,
por sencientes combustões coronárias que sempre
- e inexoravelmente - deságuam
em vazios e nada.

I DID NOT KNOCK ON YOUR DOOR!




Eu não bati à tua porta
para te ver,
eu não te pedi
para me mostrar nada;
eu mantive
a tua total liberdade,
justamente
para que, junto à fria pedra
que se postava à sua
frente,
te arreganhasses
e inconscientemente gozasses, sangrasses
ou defecasses!

INCONTESTÁVEL



Passam,
____ e não voltam mais,

as inocências perdidas
____ da puerícia,

as amizades floridas
____ nas carícias

e as pedras-verbo servidas
____ com sevícias.

Passam,
____ e não voltam mais,

as sinfonias aos ventos
____ uivantes,

os discurso dos menestréis
____ gigantes

e as juras sempiternas dos
____ amantes.

Passam,
____ e não voltam mais,

as borboletas dos jardins
____ oníricos,

os mares dos poetas
____ líricos,

e os heliantos das retinas
____ idílicas.

Passam,
já antes de terem
____ passado,

e não voltam
____ mais,

até as tênues esperanças
____ amolhecidas.

Tudo passa
no oblíquo fulgor
da simetria,

porque passar
é um infinito renovar
nas asas esplendes das novas
____ anomalias!



Yes. Time is the
most abundant and wise thing
in the Cosmos!

INOCÊNCIA


LUZES BRANCAS


Embora
costumemos escorrer
luzes brancas
por aí,

enquanto
apontamos escuras
e torpes vagas nos avanços cegos
de nossos semelhantes
irmãos;

a um ponto,
convém refletirmos
em que nada do que vive
em nós mesmos

- ou que
emerja entre as margens
de nossos cernes
côncavos -

possa haver-se,
de semelhante modo
e por igual motivo, inocente
ou verdadeiro.

MAS EU A VI E A BEBI ASSIM MESMO!


MITOS E CRENÇAS


... não creio
___ no azar ou na sorte,

creio na senciência racional
___ e sentimental humana

que se nos florescem
e nas coisas onde fomos jogados,
onde escolhemos ficar após adultos
e em como nos escorremos
___ entre elas:

Por exemplo,
a sedução e o corpo feminino para
mim é tão lindo
___ e sedutor

que, por este motivo,
podem me chamar de cão vadio
ou tarado que não vai mudar
absolutamente
___ nada;

e assim
o é em outros aspectos,
logicamente não tão belos e atraentes
e não com a força total
___ empenhada!

NÃO TENTES. AO ANOITECER, NÃO CONSEGUIRÁS SUPORTAR O DESERTO NIILISTA!


... não tenho como
mostrar o caminho das pedras,
não tenho como
mostrar o caminho das tempestades
e das chuvas,
não tenho como
mostrar o caminho das frias e dolorosas
sombras,
não tenho como
mostrar o peso do mundo que recai
aos ombros de um niilista
de merda:
eu, simplesmente,
já sou as próprias pedras, as próprias tempestades,
as próprias chuvas e as próprias sombras,
tão somente
abnormalmente fantasiado do que chamam
de ser humano!

NENHUM FRONTE DEVE SER ABANDONADO



... mesmo nas noites
mais escuras, onde o frio é intenso
e cortante,

e as nuvens
barram qualquer ultrapassagem
de luz e tudo se nos parece
sombras e abismo,

é preciso saber que,
por detrás da obscura cortina,
ainda há a brilhar, ainda que escondidas,
a lua e as estrelas!

O VÍCIO DA VAIDADE!


Ela era uma
excelente fingidora, faladora
e sonhadora,

até morrer afogada
na própria luz que com o verbo
fabricava,

com seu
dissimulado jeitinho de anjo
sedutor!


POR QUE NÃO ME CALO?


Transpiro saudade
até nas noites mais escuras
e frias,
e isso não é bom
sob nenhum aspecto:
quanto à flor de inferno
por quem padeço de dor e saudade,
porque já está morta
e quanto às flores
ainda vivas, porque me olham
como quem denunciam um louco tarado
de face pálida!

SONHOS, SUORES E VÍSCERAS!



"O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaa é a mesma que apedreja.
...
Apedreja a mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!'
Augusto dos Anjos


... silêncio,
ouve apenas, já que não me
respondes,

o jardim outonal
entrou em franca decadência,
e o limpo céu se turvou
em cinza-escuro:

agora não
sou mais poeta, nem pássaro,
sou apenas mais um animal aguardando
a sua definitiva treva
sepulcral!

TEU MESTRE


Não é à toa
que me chamavas de mestre.

Com poucas palavras
e sem te comer, ensinei-te a ver um pouco
melhor as coisas onde
fomos jogados;

agora a id,
o amor, a espiritualidade e o superego,
ou seja, nenhuma das nossas imanências
tem a ver com nosso poder
de escolhas,

o qual também
é conhecido como livre arbítrio,
e exercido de acordo com as decisões
que partem dos centros de nossos
EUs,

nem com as consequencias
delas advindas, pelas quais temos
de pagar, como bem salientava
Jean Paul Sartre!


VOOS SAPIENS


A todo voo,
quanto mais alto se alçam
as asas, maior risco
de cair,

e isso não
significa que eu seja contra
o amor; pelo contrário,
acho-o necessário.

Mas levar
fama de demônio, enquanto
alguns, como Vinícius, são admirados
por escolherem escrever
ao sol,

parece-me como
dizerem que comem caviar,
negando que possa estar contaminado
com estrumes.

A INUTILIDADE DE UM AMOR VÃO


... amar tem
que servir para alguma coisa
que não seja a impressão
de nele ser algo vago
e ausente,

que não sejam
negativas para tentar, em vão,
preservar a própria
vida,

que não sejam
as loucuras realizadas por tanta parte
com infiltrações angelicais
e com gozos e prazeres
espalhados,

que não sejam
as horas ocupadas com pragas
e merdas por todo
lado;

amar
não pode ser assim,

tão inutilmente dentro,
tão inutilmente chuvoso,
tão inutilmente cruel

com a mansa
brisa a tocar só quando
se está fora.

A INVASORA


Quando chegaste,
por educação, eu abri a porta
da sala para te atender;

mas eu não
sabia que invadiria meu quarto,
entraria em mim,

tomaria meu coração
e faria escrava de um louco
e impossível amor, minha alma,
Senhora!

ABSTRAÇÕES


Comecei a ver esconderijos há muito tempo. Já na nascente da inocência condenada não compartilhava passivamente as blandícias da véspera dos escarros que viriam.

Ao vento distante daquela época em que não me justificava nas brincadeiras e nos sorrisos dos ainda inviolados templos, nem nas ambiguidades dos homens que se envergavam na corrupção de seus próprios dizeres e ensinamentos, não notaram que, além das palavras primitivas que se ensaiavam para o grande e iminente aviltamento, iniciava-se em mim, tenramente, uma perdição que me levaria ao apartamento de minha alma. A um ponto, a convergência de mundos seria inevitável.

Não sei por que contemplava, inábil e alheiamente, os vastos mundos desconhecidos, além os horizontes fechados pelos morros de minha infância. Talvez houvesse de ter, naquela imensidade dissimulada em minha mente, algo que pudesse me aliviar das visões que se me seriam reveladas, quando me aprofundasse na mística envolvida no decadente ser humano. Foi um engano que não se repetiria: os rabiscos delineadores de purezas, sonhos ou alívios quaisquer se perderiam no debater-se de egos de todos os seres.

De fato, não tardou a se confirmar a estranheza da conjuração dissimulada. Um pouco mais de caminhada e deparei com o desconcertante poder das palavras. Assim percebi que ervas daninhas foram omitidas no magnífico plantio feito nas fontes ingênuas, que se iam transformando em rios de águas turbulentas.

Foi nesse momento que quis tirar satisfação com os mais eficazes pronunciadores de falsas verdades. Tímido e ainda carregando resquícios da semeadura recente, comecei com sussurros abafados. Mas haveria de me desfigurar o rosto, vestir uma máscara para lidar com tantas máscaras, e bradar em alta voz, transformando-me num grande construtor de imagens, mediante mentiras omissas em belas pinturas e sonoras sinfonias.

Nem o grande mestre, insipiente aos olhos de todo o resto, tendo percebido no pequeno amigo o assentamento da deformidade, pôde desveredar-lhe o caminho sinuoso. Deuses ditos em purezas e onipotências, lendas disseminadas com amplidões falsas, sonhos e projeções exaltadas em ineficácias, vastos conhecimentos forjados, amores jurados em eternidades, e rancores trancados em crueldades, tudo seria confrontado com um vigor que não continha permissão para derrotas no cerne da aberração, onde se escondia as construções de si: fatídicas a emanações quaisquer.

Lembro-me, dentre tantas coisas, a um encanto perdido na bravia e condenada vereda de fantasias efêmeras, de um mito que ousou me amar e me defrontar. Antes tivesse apenas amado, ou apenas defrontado. Mal sabia que a espectação mútua viria a lhe consumiria o resto do caminho até o grande penhasco, condenando ambos a mais uma grande queda em si mesmos. Todos os dias a fábula balbuciava entregas purificadas, forjadas na delicadeza de sinfônicas palavras. Em contraparte, todos os dias havia chuvas torrenciais advindas da macabridade, que lhe aplicava um veneno invisível nas veias. De ambos, foram-se sentenciados a ações mútuas e a um aniquilamento ausente, sem perceberem que em seus rios corriam angústias inconscientes: comprimidos nas margens mal delineadas havia, entre a água gélida, destroços mortais, travestidos de notáveis aparências. E ela não notou que todos que afirmam suas personalidades são reféns da representação falsificada de si mesmos.

- Um dia, serei eu, e somente eu, quem poderá te resgatar! Grava isso nos ares dos tempos todos, pois isso exigirá minha morte!

Com zelo, até intentei procurar zelo outras possibilidades, em todos os cômodos havidos e por haverem, e por fim compreendi que a desembocadura se dá no mesmo ponto: uma chaga interna, de onde eflui todas as criações e todas as imperfeições.

De fato, os andantes atemporais são indolentes no olhar e no desafio perante o abismo em que se colocam. Talvez não tenham percebido bem os monstros que abrigam em seus refúgios internos. Em toda parte do espectro, assentam-se imagens tão puras e grotescas que seus ecos sufocam qualquer essência diligenciada.

Toda fonte é, por si, tão límpida como fecunda a tudo que lhe correrá no veio de possibilidades que se seguirão pelo leito. O maior problema dos que se chamam humanos é que sempre deparam com outros humanos. Tais encontros não se mostram, além dos estereótipos, esvaziados de cobiças e pretensões subjetivas. Aprendi a não subestimar meus semelhantes: vistos de fora, resplandecem como um belo jardim cujas flores se desdenham magnificamente em palavras que manifestam purezas e belezas extasiantes. Além da alegoria, onde repousa a sinceridade omissa, há paradoxos profundos que não contemplam alguma perfeição moral, tantas vezes regurgitada aos ares exteriores.

Se toda observação pressupõe queda pela visão das imagens que figuram perante os olhos e das que propagamos a todo canto e a todo tempo, devo admitir que de tudo que se surgiu e surgirá de mim e a mim permitido, sou o culpado.

Sou anomalia indizível. Bem sei disso. Poderia dizer de outra forma, mas nunca devo ser confiável. E mentir é uma confirmação de minha natureza. Sou meu Deus morto. E sou Senhor e carrasco meu. Se me dou ou se conquisto, se me permito ou se violo, se amo ou se me dou a ser amado, se alço algum voo fadado à queda ou se me mantenho no rastejo do chão, escolho.

Sim, faço escolhas. E, na imperfeição de julgamentos e de visões, todos os erros são meus. Acertos, não. Não existe isso, condenados que estão à farsa da figuração egocêntrica. Dos erros sou detentor inalienável, embora cuspa aos versejantes inconsciências em forma de lâminas afiadas. Não obstante, sois vós todos também culpados da grande farsa que convosco coabito. E já não me apiedo de mim, nem de vós outros em vossas próprias insignes.

Isso também aprendi ao me ofertar a mundos alheios e também deles me alimentar nos mesmos moldes e nas mesmas sombras em que todos nos sentamos para aliviar uma chama qualquer - vaga, perene e insustentável em seus bocejos pronunciados -, sabendo que as metas de todos os sonhadores culmina na imperfeição natural de suas próprias fraquezas, não reveladas nas translucidações de seus seres. Assim foi que, em angústia - e até de minha dor devem duvidar -, vi-me impotente contra minha própria humanidade. E me percebi um inconfiável contracenante na abstração horrenda de todas as coisas vivas ou mortas. Incapaz de ser sincero por nascença, confesso que, ao penhorar ilusões ou outra coisa qualquer, consciente estava de que o desdouro se daria em algum cruzamento de escolhas fugazes.

AH! COMO FUGIR?


... e quanto mais velho
mais só,

e quanto mais velho
mais aprisionado ao desjo que a mente
ainda quer e a carne já não mais
corresponde,

quanto mais velho
maior o sonho e mais próximo a noite
derradeira, onde não haverá
mais nenhuma quimera,

nenhuma esperança,
nenhuma fantasia, nenhum céu com estrelas
e também nenhum pesadelo!

BONS TEMPOS MORTOS


De onde habitamos
com reminiscências de nossas fulgurosas
e devaneadas noites
de outrora,

como pedras negras
enterradas sobre os esplendes e superficiais
jardins de novas
auroras;

hemos que cuidar
para que, ao alimentarmos ilusões e fantasias
em outros incautos pássaros
visitantes,

não os firamos
com nossas enfermidades úberes,
nem os deixemos contemplar
o que realmente

há sobre o infértil solo
de nossas asas.

CULPAMOS A ID E O CIÚME, MAS...


DASEIN X DASEIN


Não era só Ana.
eu também e todos vós que
me ledes e os que não
me leem;

todos os daseins,
para amarem, relacionarem-se seja
da forma que escolherem se torna um potencial
inimigo,

tendo-se em vista
que todos, consciente ou inconscientemente,
carregam venenos que injeta pensando
ser a medida certa para não matar
o amante ou o amigo!

DESASTROSO ENCONTRO


Era, realmente,
o tipo de mulher que não se
___ deveria amar:

sempre tinha livros
às mãos e falava de filosofia
___ e de poesia

como que se fosse,
delas, inventora e inspiradora
___ com sua egolatria;

penteava-se,
maqueava-se e, ao adentrar cantos
e recantos, negava-se a vaidade
___ e a soberbia,

até encontrar
um cão bêbado que lhe mostrou
a carne pálida e a alma
___ fria.

DIAS CINZENTOS


... quando a gente
está doente e tem os dias cinzentos,
os anjos e as pomas costumam
voar sobre nossos terreiros
abanando suas penas
___ e bundas;

e eu disse
isso a ela, para que não
caísse no fatal deslumbramento
___ desses momentos;

hoje sou eu
que anda endo um amontoado
de estrelas, piscando teus faróis
___ a teus próprios contentos,

com a única
diferença que, desde cedo,
habituei-me a andar entres sarnentos
e não temo o breve e peregrino
___ apagamento,

para
correr atrás de uma saia
ou de um rabo que se me balance
___ ao vento!

DORME EM PAZ, EU CUIDO DE TI POR AQUI!


ENIGMA


... para vencer
as leis gravitacionais do Cosmo
somente a força da expansão em absoluta
e incalculável entropia,

cenário que é,
lógico, extremamente complex
de se imaginar;

para vencer
a reinauguração do tudo, inclusive
de Deus e do infinito pelo homem, somente
o frio apagamento,

cenário este
impossível com a abnormidade
com seus neons ainda
acesos!

HORA DE RISCO


... não és apenas um lembrança,
eu ainda te escrevo como se estivesses
ao meu lado no caminho, no mar
e na cama,

e eu não posso
apagar nada com palavras e versos
vazios, e talvez não possas
como tu tentaste fazer,

falhando,
durante muito tempo;

Mas eu cansei
de ser chamado de cão vadio
e de ver coisas tolas e indescentes
de alguém que dizia tentar se livrar
de mim por dor do amor
a mim;

e então decidi,
eu que nunca fiz da forma que fizeste,
vou tentar me livrar disso
tudo

percorrendo
o mesmo caminho
que te levou a tantos êxtases,
a tantos orgasmos
e a tantos abismos!

LOUR



Nunca um tom
mais elevado na voz ou na forma
de falar,

nunca um ato
vulgar em minha presença
realizado,

nunca um ataque,
por ciúme, possessividade
ou qualquer outra imanência
humana, comodesculpa,
alegada,

nunca uma cobrança
por uma presença que, quando ocorre,
é por ambos sempre deliciosamente
festejada:

linda,
meiga,
sempre carinhosa
seja na terra, na água, no fogo
ou no ar,

de tal modo
que até hoje nenhuma tempestade
foi capaz de nos fazer
naufragar,

de tal modo
que chego a pensar que, às vezes,
já nos houvéramos amado, mesmo antes
de nunca nos termos conhecido!

MISTÉRIO


Para ainda
estar contigo,
fui capaz de sofrer
e de resistir

até às mais
torrentes chuvas
de tua nuvem:

acho que
realmente estou
te amando

como, outrora,
julgara nunca mais
poder amar.

MUITO ME HONRA O TÍTULO QUE ME DERAM: O CÃO NIILISTA!




... sim,
eu me assumo um niilista cão
com minha abnormal
condição,
mas,
como outros poetas e nobres
menestréis soberbos eu poderia também
me vestir de ajnos,
seduzir
mulheres virgens, solteiras
e também as já
casadas,
candidatar-me
politicamente e,com alvo discurso,
meter a mão na grana
adoidao,
acender
os faróis focálicos e, às caladas
e às escondidas, agir como um libertino
selvagem,
dar bons conselhos
sobre respeito, moral e ética
e, por detrás do palco me masturbar,
denotativa e conotativamente,
ilimitado;
sim, eu poderia
vestir-me anjo e fazer tudo isso
que eles fazem; mas eu faço tudo isso
que eles fazem, sendo mesmo
apenas um cão sapiens!

www.espaconiilista.net

NUNCA FOI NADA!


... frente a frente,
luz e sombra, ego e reflexo,
o susto,
o pasmo,
a incontinência;
fora,
um tremendo alvoroço
de marimbondos de paus duros
e ciriricas de xotas
molhadas;
ela não vai
provar jamais o sabor deste
tempero,
ele não
pega em pratos com malícias
brancas!

O ÁRIDO AR DO DESERTO



Nesta planície,
onde não há mares, nem praias
às quais andorinhas e borboletas costumam
voar, com suas asas
enfiadas,

sob os clarões
das luas, das estrelas, dos sóis,
dos poetas de versos maduros, e dos tentilhões
de paus duros;

é preciso suportar
o peso de não ter um refúgio de águas
e de fabricar uma fluorescente
máscara,

para tentar manter cativa
a dama que, um dia, ousou incauta
a margear-me a condição
enferma.

O BOM AMANTE



... um bom amante
deve ser incansável em seus beijos,
___ carinhos e tesões trocados,

um bom amante
deve fazer de tudo para que tua amada
tenha com ele momentos
___ encantados,

um bom amante
não deve desperdiçar sequer uma gota
de vinho da vulva dourada
___ da mulher que ele ama,

um bom amante
passa horas, dias, meses a esperar
pela mulher que ama e que, por algum motive,
___ anda com a cara fechada;

um bom amante
tem sempre o verbo, o sonho, o prazer
e a espada estremamente
___ afiados!

O MENTIROSO II



... eu sou bom,
eu só falo a verdade,
eu nunca traio,
eu sou um pai de família,
eu sou um cara casado,
eu sou muito responsável,
eu ando sempre reto
e direito com minhas coisas todas,
eu não olho para mulheres, sobretudo
para as belas mulheres casadas,
e repito:
eu nunca traio!

O SER NÃO TEM UMA FACE, TEM INFINDAS MÁSCARAS!



... e nunca
construíram, os assoberbados
e sapiens pássaros
azuis,

um voo,
ou um pouso, ou alguma encenação
outra qualquer,

de modo que
pudessem ser vistos
verdadeiramente
nus.

OS FANTASMAS!


Havia fantasmagóricas
e silentes vozes, e risos, e choros,
e saudosos amores, e desamores que ressoavam
por aqueles esquálidos corredores em que
me colocava a caminhar solitário
nas madrugadas;

e era como se eles tivessem
sendo obrigados a deixarem tudo para trás
- após apagados -, promiscuamente misturados
com as infindas e esplêndidas imagens
proliferadas pelos ainda incauto
andantes da vida;

e era como se quisessem
- mesmo ausentes das senciências vivas
e incapazes de com elas voltarem
a interagir de alguma forma -

continuar ainda,
agora de modo sempiternamente pueril,
como templos depositários
de comunhão, amor
e esperanças;

e era como se eu
os tivesse conhecido humanos e; agora,
estranha e fidedignamente, sentisse-os como anjos
em procissão e sofrimento em busca de alguma
purificação enquanto caminham
pelo espesso limbo.



Até que,
por não sei por qual razão,
fui novamente liberado de um tumor
que parecia definitivo,

e, ao regressar para casa,
a reparar pela viagem os movimentos
das árvores, dos carros, das carnes
e de invisíveis asas,

pus-me a lamentar
minha própria sina, qual seja não
lhes ser conveniente
que eu fale;

mas antevi
minha chegada entres os que esperavam
por distante e longa
ausência:

todos com as mesmas perguntas
e com semelhantes recomendações feitas
por enfermeiras, médicos e demais
transeuntes do hospital.

Ora, que da parte lume
não é difícil decifrar ao sapiens,
uma vez que ele enche as bochechas,
acentua as orelhas e aguça a visão,
foi certa a previsão, exceto
por uma coisa:

meus filhos diziam o tempo todo:
"Papai, papai, você não vais mais embora?
Você levar pra jogar bola?
Você vai me dar um presente?
Você me leva para nadar?"

Com o peito dolorido,
um pouco de morfina ainda correndo às veias
e a tosse insistindo em cutucar-me
os pulmões,

decidi que sim;
alheamente ao que falavam os visitantes adultos,
a mulher e a filha
já crescida.

E lá, enquanto nadavam,
- abrigado a uma sombra de palmeira -
Eu contemplava a puerícia e a sublimidade
do ainda não se saber ser.

E o vento - como há muito não sentia,
trancado que estava naquele prédio em que a morte
parecia caminhar desdenhando moucamente
dos moribundos -

confidenciava-me
aos ouvidos: "Enquanto os adultos
esqueceram, as crianças
sabem.

Sim
- talvez como também os fantasmas
que te visitaram à crina de suas peregrinações,
tenham redescoberto após
suas passagens por aí -;

as crianças,
em seus inconspurcos templos,
realmente ainda
sabem.

OUR ETERNITY WAS ONTEM, MY LOVE!


Originamo-nos
de um ventre vazio,
engravidado pelo Caos,

e nossos pais
se tornaram servos de nossas senciências
e de nossas chamas
vivas;

e eu sempre
te dizia isso, meu amor,
que saímos sem saber em que tempo,
ou de onde e que apenas teríamos,
um dia, de voltar
para lá;

e eu te pedi,
e até implorei, amor meu,
que não subestimássemos nosso céu
que parecia tão amplo
e tão profundo,

porque não mais
percebíamos a oculta neblina,
como uma imperceptível noite que, aos poucos,
ia nos acariciando, até que conseguiu
seduzir-te a seu fatal
destino!

SAPIENS, SAPIENTÍSSIMOS!


Cães e cadelas
andam a remexer sonhos e lixos
com suas máscaras
douradas,

fazem-se rios
e os destroços dos rios,
mas sem que se deixem molhar
à imunda água.

Os mais novos,
ainda aprendizes de luzes e sombras,
labutam por uma posição entre os mitos
e os ídolos constituídos,

enquanto os mais velhos
povoam os vales e os céus de entre as margens
de todas as coisas e de todos os sonhos
com suas idiolatrias fulvas.

Todos com os tremeluzentes
verbos às bocas e com as entenegrecidas
espadas escondidas às costas,
digladiando-se ora como deuses,
ora como demônios

sobre o vasto cenário
circensencemente mambembe
a marcharem sobre as invisíveis ruínas
de tudo que, antes de seus adventos, fora virgem;
e que vieram a povoar, inexoravelmente,
com espetaculares e estridentes
latidos.

UMEDECIDO


Chegaste tarde,
como que a querer iluminar-me as sombras
com tuas fluorescêncais
úmidas:

era o início da pintura,
na qual haveria chuvas de fogo aos céus,
restos de ossos e asas queimadas
aos chãos,

e um aterrador
e angustiantes silêncio à casa abandonada,
tudo sobre o pálido testemunho
das paredes.

VOAR, VOAR, CAIR, CAIR


À ALVORADA, O DIA SERPENTEIA VAZIOS


Hoje sonhei-me mistério
no caminho de flores
a bordarem, entre espinhos,
enlaces com estilhaços de luz.

Na imensidão dos mares
a abarcarem, entre ondas,
náufragos com cacos de esperanças.

No pendular dos ventos
a embalarem, entre calidezes,
vicejares de instantes.

No carpintar das nuvens
a adornarem, entre céus,
pássaros flutuantes.

E, como via poesia
até na verborragia dos homens,
desconfiei-me de mim
e acordei a refletir, entre chuvas,
precipícios e vazios.

A BELA MONOTONIA DE UM ESTAR




Quando cheguei em casa,
ela me serviu, como de hábito,
o almoço à mesa:
ao prato,
arroz, feijão, caruru,
um pouco de abóbora marimba
e dois bifes à milanesa;
ao corpo cansado,
olhos em lágrimas, sonhos naufragados,
e esperanças mortas por minhas
quedas mastreadas;
em minha alma,
uma estranha e dilacerante dor,
por ter perdido seus nobres
ventos e viagens
em consequência
de minhas incautas incursões
por ângulos contrários.

A CINZA AINDA ESTÁ QUENTE!


Conseguite,
seduziste-me ao me falares
de sonhos, de desejos e de amores
eternos,
ao me abraçares,
ao me beijares e ao andares comigo
por paraísos encantados e por vales
assombrados:
acendeste-me
em descontrolável fogo, fazendo
com que minha haste se esticasse
na calça como uma tenda;
e eu me rendi ali,
naquele exato momento, perante
tua beleza, perante a perfeição
de teus gestos e de tuas
curvas,
ajoelhado
e com a boca, deliciando-me
em tua vulva molhada!

A PEDRA


No caminho há uma pedra,
há uma pedra no caminho
há uma pedra,

dizia Drummond;

eu digo que no caminho
há estrelas, sóis, mares, abismos,
florestas fechadas,

e há desejos,
libidinolidades com neons acesos
ou apagados, em palcos com o uso de máscaras
ou de palavras,

ou em leitos
molhados, escondido entre paredes
das madrugadas;

mas a tudo isso
podemos resumir como uma pedra,
e Drumond cometeu um erro tropeçando
na própria pedra,

ao não perceber
que nós é que somos a pedra
er que tu tudo e qualquer coisa é agora
advindo desta abnormal
pedra!

A VIRGINDADE UNIVERSAL NÃO PODE MAIS SER CONTEMPLADA PELO SER


... sim,
foram as sombras,

(com seus receios e medos,
com suas angústias e dores, e com suas ilusões
e esperanças silenciadas)

que me segredaram
sobre a afiada pureza da própria visão
perante o turvo reflexo
aos espelhos

e sobre a dissimulada
condição das luminescêncais que emanam
do que chamamos
de "Ser".

ABSOLUTO CAOS ESCURO!



... nas sombras
absolutas, qualquer faísca
e luz, baby;

e eu sei
onde tudo acontece,

e, por isso,
garanto que a luz,

do mesmo modo,

sem a excuridão
é nada!

www.espaconiilista.net

ANA


ANDARILHO ALUCINADO


... incauto transeunte a sonhar
com moças lindas de corpos gostosos
e de almas limpas,

louco como o vento
corre volvendo folhas, pedras e outras
coisas fabulosas para chegarem
à presa.

e como o vento,
pobre coitado, sempre morre em algum
redemoinho escuro, tênebro
e frio!

AS CINZAS DOS ANOS


Precisas,
talvez nem tanto como eu,
mas precisas também

de um canto
onde possas falar das estrelas
e da eternidade

mesmo que
elas não existam, mesmo que
não haja nada;

precisas,
como eu, tentar subver a razão
e fugir das lógicas dos lábios
e dos traços,

mesmo que
isso rasgue os ventos,
os versos e tudo que te houver
sagrado;

precisas,
como eu, que estou ao fim
da jornada, de um lugar
onde possas te
descansar

e te sentires
simplesmente amada.

AS LUZES E SOMBRAS NOSSAS


Acaso a luz pode adentrar
as profundezas côncavas de vossas sombras,
para que continueis vos achando
assim tão inocentes,

enquanto mal conseguis
intransitivar o verbo às elucubrações
e julgos proferidos aos dissidentes
semelhantes?

Acaso já destes
mais que um paus e uns trocados
às putas em seus leitos
mordacentos,

enquanto vos derramas
em amores, lavores e sublimes ensinamentos
junto a vossos amigos, esposas
e famílias?

Acaso já vivenciastes
de modo pleno, alguma vez que seja,
o vasto limite das purezas divinas
que vós mesmos inventastes

- e das quais tanto vos
regozijais -,

enquanto vos escorres
dissimuladamente com mãos, sexos,
fantasias, insânias e verbos
por recantos escondidos de graciosas
obscuridades?

Ora, caríssimos menestréis
e doutos formados em luzes artificiais;
se já, então podeis atirar a este cão
as piores pedras.

ESTOU ESTRANHO NO NINHO


... não há mais sóis,
não há mais mares,
não há mais estrelas,

não há mais sonhos,
não há mais esperanças,
não há mais amores,

não há mais
a expectativa de o ser mudar
e se tornar melhor, como se não
fosse,

não há mais
a menor condição de te rever,
de te beijar, de te levar para a cama
e de te amar:

o ques me resta
é unicamente a geografia da solidão,
por onde me tenho andando
cercado apenas de espessas
escuridões!

EU AINDA TE OUÇO NO SILÊNCIO


... naquele tempo
rasgávamos novas estradas
___ entre as matas;,

questionávamos
o grande estouro e ousávamos
pensar em outras
___ possibilidades;

víamos
na quântica o poder
ondulatório e ocasioso das
___ coisas todas;

dissecávamos
o ser em todas as suas faces
___ e máscaras;

origem,
destino,
amor,
vômitos de sombras e de fogos,
irreverência
___ e coragem:

sem dúvidas
nos viam como dois loucos
___ libertinários,

com o absoluto
poder da imaginação, da palavra
e das tresloucuras mais e menos
___ encantadas;

naquele tempo,
naquele tempo,
___ naquele pedaço de tempo,

em que tanto
falamos do Ser, do que dele é reinventado
___ e do não ser nada!

JOVEM ANGEL




... tens vinte e poucos anos
e vejo-te a reclamar das dificuldades
da vida,
e eu, com 47,
sei o quanto são pesadas e muitas;
e é por isso
que escrevo este pequeno poema,
por responsabilidade de já ter vivido
coisas e percalços que ainda
não viveste,
e porque tu
ainda estás apenas no princípio
e eu posso te garantir que, o maior de nossos
problemas é suportar o tempo passado,
quando ele já estiver mais
comprido!

MARES SOTURNOS


Uma formiga-feiticeira
corre sem parar, por sinuosas trilhas,
imaginando ser uma pura
e esplende águia;

carrega
néons às mãos e à boca,
cuspindo clarões aos iludidos céus
e concupiscências aos quentes corpos
dos demais bundas-de-ouro:

à noite, ela
se chove (em avessos escuros
e cernientes destroços)
às mais frágeis
almas.

NÃO HÁ UM SÓ ANJO QUE NÃO SEJA UM ESCONDIDO PUTO!




... quando o amor é maldoso
ou infiel,
quando o amante
tem prazerm em aplicar o veneno
da traição,
quando o amante
se saceia em outros mares, em outros céus,
em outras casas e em outras
camas molhadas
não se pode
chamar isso de amor,
sob o risco de,
encabrestado, habituar-se
a gostar de venenos e de sêmens
de porcos traidores!

NATURAL E INEVITÁVEL CAOS IX




... ando sozinho,
sem rumo, sem prumo e sem sentido,
s sombras são meu
costumeiro caminho, às quais tudo posso
na imaginação que eu quero, na hora
em que eu quero;
nada me falta,
e eu só caio em meio a estas sombras
quando tropeço numa filha da puta
de uma pedra pura ou de uma
pedra lume!

NÓS ESCOLHEMOS TAMBÉM A QUEM ABRIMOS AS PORTAS


Ninguém chega
à casa da gente, entra para
tomar um café,

conhece a casa,
visita o jardim, usa o banheiro,
adentra ao quarto,

bebe,
deita,
dorme,
come,
fode,

etecetera,

sem deixar
rastros ou vestígios de alegrias,
de dores, de sêmens
ou de sangues,
querida!

O PORVIR SERÁ NOSSO


Fomos luzes
que nunca viram,

fizemos amor
como nunca fizeram,

voamos
como nenhum pássaro, anjo
ou homem jamais voou,

amamo-nos
como ninguém, e de tal modo
que até os deuses se
enciumaram;

todavia,
e exatamente por tanto amar,
e por tanto amor não caber em nosso
invólucro humano,

fomos também
tão chuvas de fogo, tão obscuramente traiçoeiros
e tão salgadamente traidores,

(tudo para tentar
nos aliviar de nossas dores, provocadas
por aquele insano amor)

que nos morremos
suicidados almejando metamorfoses
projetadas para o apó-vida,

como uma só
alma gêmea; and I've never forgotten that,
and I want to tell you that you can wait for me
I'm going, my love!

PARA SER COMPLETO


PERIGO: FILOSOFIA À FRENTE!




... o amor,
às vezes, parece-me tão tolo
e vão como as flores que nascem
de manhã para morrerem
na noite fria;
o desejo
e o tesão parecem-me tão humanos
que, seja qual for a estação, é como se fôssemos vivas e extáticas
baterias;
a religião
é o nome que se dá a quem pensa
exercer a espiritualidade, dando um nome
à coisa reunida em congregações
e costumes humanos;
as ilusões
e as esperanças nada mais são
do que aquilo que nunca irá
se realizar um dia
e a ciência
fracassa sempre quando pisa
no imprevisto comportamento quântico
ou não visto.
Filosoficamente
a coisa se torna ainda um pouco pior,
porque é através dela que buscamos analisar
tudo acima e tudo do ser sem jamais
a nada realmente sabermos!

PIOR QUE ANJOS E DEMÔNIOS


Se eu tivesse
nascido anjo acho que seria
o grande risco ao reino
celestial,

se eu tivesse
nascido um diabinho, seria
risco ao reino das grandes e ininterruptas
escuridões;

acho que
o único lugar que me cabia
e que acharam de bom senso me jogarem
foi junto aos humanos!

QUANDO CHEGAR O FIM



Não, querida,
não agora neste momento
em que os bailes a fantasias
estão à toda,

mas quando estiveres velha,
corcunda e lenta

- sem que os extáticos desejos
e as esplêndidas imagens do caminho
te enganem as retinas -,

olha para trás
e sussurra um nome ao vento,
para que ele leve os ecos
de tua voz cansada,

ao túmulo
daquele a quem,
indubitavelmente,
tenhas amado em tua vida
passarinha.

SELVA DE CONCRETO


Querida,
olha em volta
a selva de concreto,
onde tudo pode parecer
perfeito,
desde que
não se pouse nela mais
que a distante e torpe
visão;
e me dize
por que me foges
- e por que e condenas
assim? -,
se ainda podemos
nos habitar o mesmo local
e o mesmo momento
eternizáveis,
se não sabemos
o que vai ser do mundo
amanhã,
e se até o minuto seguinte
não nos passa
de uma vazia possibilidade
sem nosso sonho
nuvem?

SER LOUCO SERIA UMA HONRA!


Toda teoria
está condenada a conter vícios
sapiens que a levem
ao fatal erro;

todos os sadios
e bons sentimentos que dizem
sentir estão contaminados diante
das coisas insencientes;

neste cenário,
todas as luzes virgens, após refletidas
pelas retinas humanas, tornam-se
inexoravelmente hipócritas:

tanto mais lúcido,
tanto mais conhecedor das coisas
que o homem já descobriu e pensou,
tanto mais sábio,

piores,
bem piores que os completamente
loucos e alucinados, a que chamam
de idiotas!

SOMBRAS OPACAS


De fora,
já fui elucubrado
de todos os modos possíveis,
como que se pudessem
estar dentro de mim;

à prova, o temperamento,
as verdades ou dissimulações,
o singular niilismo exacerbado,
e, sobretudo, sobre o que julgam
ser personalidade e moral
- ou a falta delas -;

quando mais acertaram,
foi quando, desapercebidamente,
falavam de si próprios
com a palavra volátil atirada
contra mim:

e eu aí,
exatamente como diziam
- e reagindo do mesmo modo -,
fidedignamente retratado na mesma moldura
em que todos, humanamente,
habitamos.

VOOS HORIZONTAIS


Do voar
por céus fulgurados ao cair
até te espatifares
ao fundo,

das ilusões
que te ofertaram, das chuvas que te choveram
e das pedradas que te
atiraram,

deste cansaço
(do tamanho do mundo),
enfim,

___ que te prostra,
___ que te entristece,
___ que te assuta,

não te entregues ainda;

e não te hesites
(mas nem por um segundo mais)
em crer que, quando a vida
nos deixa,

Deus nos ampara
e nos salva de todas as superficialidades
de nossas passadas e artificiais
luzes.

... PORQUE UM DIA É TARDE DEMAIS


A MORTE – ÚNICO REFÚGIO


A morte
é a nossa única chance
de redenção,

para que,
ao nos tornarmos nada,
restaurar a virgindade do nada
universal que estupramos

com nossas
eficazes e reluzentes retinas
abnômalas.

A VISÃO DO ESPELHO


Não é difícil
analisar, compreender, foder
e até julgar os outros

(aliás, até
fazemos isso a todo momento
diante de nossos andandes e semelhantes
espelhos,

mas torna-se-nos,
por inconsciente defesa da pisiqué,
quase impossível analisar, compreender,julgar a
e foder com nós mesmos!

ACORDA-ME DESTE PESADELO


ANGELUS


Não,
não me esqueço de quando
mãe me dizia, toda
sorridente:

sim, filho,
os anjos existem e são seres muito bons,
e são feitos de plena
luz;

e eu, intrigado, sempre
os procurava por entre os néons da cidade,
sem, contudo, jamais os ter
encontrado.

AUSÊNCIAS


Durante tantas
e tantas tempestades de outrora,
que culminaram em nossa
separação,

nunca percebestes
que minhas torreciais chuvas
sempre podim ser
suspensas

quando
- em vez de também me tempestuares -
Me afagavas com tuas
suaves brisas?

DAS COISAS


Sim, importa redimir-me
desta inocência insana,
quebrar os espelhos,
evidenciar abnormidade,

assumir as dores
da existência abstrata
- as estrelas só são vistas
porque as sombras prevalecem entre
suas distâncias -;

não importa a dor
e a angústia de me saber não-ser,
urge-me mais que isso:

urge-me a impossibilidade
de não ser.

DEVANEIOS


Não entendo
muito bem tua linguagem,
mas conheço a abnormal origem
de teus alvos devaneios:

está ao silente
avesso do que vives a frutificar
com tuas fluorescências
laivas

e com tuas asas
inválidas.

DEZEMBRO ENCANTADO


Era dezembro. Chovia fino e constante nos meus idos de infância perdida. Minha vó fazia pirulitos puxentos, com açúcar e limão para vendermos. Também vendíamos, sob a chuva fina, ovos e verduras que pai e mãe traziam da roça. E em dias de sol, picolés em uma caixa pendurada no pescoço. Ganhava-se alguns trocados e, vez em quando, apenas riam, zombavam e saíam chupando o picolé sem pagar.


Mas vamos de volta ao dezembro de constante chuva. Eu amava dezembro com seus cheiros de plástico, com férias de escola e com a alegria de todo mundo naquele mês.


Num deles, desses dezembros, uma amiguinha minha perdera o pai. E eu pensei comigo, estou triste, mas vou aproveitar o dezembro, afinal é só um por ano e nem fui lá ver o defunto, coisa que eu fazia por curiosidade.


Uma semana depois, briguei com um amiguinho. E no trava-trava de gavetas, mãos nos pescoços, derrubei-o e montei nele. E o humilhei "Vai mexer comigo de novo, vai?"


O coitado sangrava pelo nariz e nada respondia se esperneando para sair. Outros me tiraram de cima dele e fomos embora.


Bem, mas o destino é o destino. Uma semana depois, ao descer de bicicleta uma rua com forte inclinação, trombou na trazeira de uma carroça que carregava, arrastando, ferros para construção. Ficou tão machucado pelas ferragens que, quando o fui ver, estava todo enfaixado dentro do pequeno caixão.


E eu pensei. É dezembro. É dezembro. É dezembro, poxa. E sinto o cheiro de plástico, dos presentes do papai noel. E dali me fui.


No dia de natal, ganhei um aviãozinho de plástico. Para a desgraça voar só na minha mão e com a minha mente no céu. Então pensei para que serve esse aviãozinho se sem ele posso voar mais, e o pai da minha amiguinha e meu amigo não podem nem andar mais.


Então fui tomar um banho. E descasquei a banana voando com uma mulher. Aquilo foi mágico, imaginar algo grande e peludo.


Gozei! Pela primeira vez na vida, gozei, embora não tivesse saído nada, a não ser um liquidozinho transparente. Mas o fato é que tremi e gostei.


E pensei de novo: "Caramba, que coisa boa!" Daí para frente, como sabem, é o humano cão.


E nunca mais deixei de descascar, nos banhos, a banana, com o uso da mente sobrepujando o mundo, a vida e suas trágicas contradições!

FOI QUASE DELIRANTE E NEGRAMENTE POÉTICO


... ela jogou
ao dados que havia
marcado

(com um instrumento
esporrado,

com uma mensagem
do diabo,

e com uma pureza
esquizofrenica);

mas ela
não percebeu que eu estava
preparado,

para,
qual fosse o resultado,
lhe enfiar tudo no santo
rabo.

HAVIA UMA MULHER


Havia
uma mulher que conversava
com anjos e com demônios,

que andava
igualmente entre luzes
e sombras,

que orava,
autopurificava-se, e ao mesmo tempo,
fodia com nuvens, sóis
e cães;

havia uma mulher
que tinha o poder de dobrar os joelhos
dos mais nobres e poderosos
deuses,

havia,
havia,
havia,

e o nome dela
era Ana!

INALIENAVELMENTE, DO CENTRO AO MUNDO




... só nos adentra
o varanda, a sala, a cozinha,
o terreiro
e o quarto
onde guardamos nossos segredos
e nos masturbamos com
nossos desejos,
a quem dermos
as chaves da casa, razão pela qual
a ninguém, nem a nada
podemos culpar
por consequentes
erros, quedas ou pecados!

www.espaconiilista.net

INSUBSTITUÍVEL


NATURAL E INEVITÁVEL CAOS




... sempre ditou
e continua ditando o ritmo do mundo
e o ritmo de tudo, o caos;
fora de nossas retinar
refletoras de luzes alteradas, dançam
as portículas elementares
e quânticas
em imprevisível
caldo onde tudo, imaginado ou não,
seja eternamente possível ou eternamente
impossível;
exceto pelo surgimento
da abnormidade sapiens que nele (ao caos)
pensou por ordem, com seus corpos
quentes, com suas mentes
dementes,
com suas ilusões,
com suas fantasias, com seus desejos,
com seus amores e com suas
dores!

NEM FORÇA, NEM SUBLIMIDADE


... uns velhos vinis,
uns vinhos também velhos,
as músicas eram clássicos do arco
da velha,

os paus eram velhos,
e havia até um tio no meio,
e pensava ser forte,
mas a força era tão velha e patética,
e velha também era a palavra
que peidava ao vento;

e o Deus dela
sempre falhava, ou era ela
que com ele falhava.

Sem querer
digladiar com Dylan Thomas,
afundei mais de metro
para aguentar uma estética
assim tão fraca
e esquizofrênica;

então deixei
o sublime concerto,
e fui ver as estrelas e as siriricas
que dançavam um funk, um roque,
e comemoram e se masturbavam,
sob o luar,

a vida sob sua autêntica
forma;

e ela, de repente,
surtou.

NENHUMA ASA VÁLIDA


... quem
sonha por demasia
ser puro e forte passarinho,

é certo,
numa hora acaba sendo enrabado
por algum gato
faminto

que habita
os nobres paraísos.

POR ENQUANTO NÃO


... quando
eu for só brisa,

ou nem isso
mais;

não orem por mim,
apenas digam ao mundo,

conforme
seus imundos olhares e conforme
lhes convier,

quem fui
neste mundo de loucos.

RASTROS DE CINZAS



Foi ontem
que colhi tuas pétalas dádivas
que adornavam meus
anseios,

sem perceber
que, por detrás de teus verbos incautos,
a tecerem redes e mares
com lumes diáfanos,

havia uma imanente insânia
incontida a uma latente incapacidade
de contornar as fluorescentes e ominosas
pedras do caminho.


I do not want an angel of clay with me.
I want with me a light that can light
up my dark ones!

SEGREDOS


SER: ERROR AND GLORY!


Humanos,
demasiado humanos, condenados
à beira do erro inexoravelmente
estamos,

por isso
que concordo com Fernando
Pessoa quando disse que "pensar
é essencialmente errar!";

mas, querida,
é só sendo humanos que podemos
também dançar, poetisar
e amar!

TALVEZ UM OUTRO DIA


Se,
em algum um dia,
após te servires das esplendes miragens
___ do desalinho,

invadir-te
um incontido e angustiante desejo
pelo desterro à solidão
___ nua,

poderás sentir
que as flores, as estrelas,
as noite e tudo
___ que há

continuam
marchando, magnificamente,
sem as idéias que delas
___ trocaste

aos leitos,
aos pleitos e aos sonhos com menestréis,
arlequins e querubins de falsas
___ asas;

e, somente
neste singular momento, é que,
abdicando de tudo onde, supostamente,
___ vês brotar a vida,

é que
poderás ouvir e sentir a sublime
e suave melodia, que há
___ no apagamento.

TEMPEST



... o céu se nublou,
a terra tremeu como se o vento
lhe corresse os lábios, os membros
e as mãos,

a chuva
se encismemou e caiu absurda,
árvores caíram, pássaros incautos caíram,
algumas damas da noite
caíram;

após passar
a gostosa, toda irada, inflamada
e excitada, a calmaria voltou em meio
aos destroços e nadas deixados:

ela havia acabado
de ter um imenso orgasmo!

I love the rains
and the tempest,

because
they always have strong orgasms
with me!

VERTENTES


Que forte
esse nosso sentimento:

conseguimos ir juntos
às nuvens,

abraçados
com afiadas farpas

e pisando venenosos
espinhos;

chegando lá, ainda fizemos
poesia e amor!

A BARCA FURADA


Já ouvi dizer
que certos orgasmos
umedecem até
a alma

que é,
extasiadamente, ofertada
ao concupiscente
leito:

o mais estranho
é que quem me disse isso
não parecia ter nada
além de vazios,

e muito menos
aquilo que tão faustamente
considerava ser, em si,
uma alma.

A BUSCA


A FALHA DO CÃO NIILISTA


... humano como qualquer
outro!
... seus olhos firtos,
seus seios lindos, seu corpo deliciosamente
curvilíneo, a firmeza nos gestos
e na fala,
uma musa a tratar
um velho niilista poeta como
um anjo-menino;
seus gestos
diziam, suas mãos diziam,
sua boca dizia, seu sexo dizia
e o niilista a tudo queria,
e tanto,
e por tanto tempo esperou que,
mesmo sendo um cão, ali naquele momento,
diante de tanta formosura
e disposição,
vacilou!

A INFRATORA VIII


Ela chegou
naquela noite me contando
fantásticas estórias de carinhos,
de carícias e e de contos
de fadas mágico

e conseguiu
fazer de mim o que bem quis,
pois o meu coração fora ocupado
de tal forma que se tornou
dela escravo:

ainda me lembro
de ela dizer: "o meu fígado, amor,
coma o meu fígado", vindo a ter um alucinante
orgasmo;

o que, momentos após,
fez-me, com lágrimas aos olhos, a apregoar
quem quer que tenha inventado essa
estória de humano amor!

À MEMÓRIA DE ANA


... uma vez ela
me disse que eu iria mudar
quando ela partisse;

sim, há muitos anos,
não me perguntem como, ela já sabia
de tudo que viria acontecer,

e ela me disse
que não mais verias cores e que as cores
que eu via no mundo iriam
mudar

e lindamente
disformes começarem a ficar;

e ela disse:
"E lá, do outro lado, enquanto tu
ainda aqui estás cego de mim, eu ainda
estarei a te olhar
e a te amar!"

Sorry, my love,
for having doubted you one day!

A VIDA PASSA



... a vida passa
e nem percebemos, porque incoscientemente
vivemos como se fôssemos
___ eternos;

daí passamos
diante de belas flores e não
as colhemos, pensando que elas
estarão ali novamente
___ amanhã,

passamos
diante de belas mulheres e não
as amamos, pensando que elas
estarão ali novamente
___ amanhã,

passamos
oportunidades viajarmos, denotative
e conotativamente, por lugares esplêndidos,
pensando que elas estarão
ali novamente
___ amanha,

deixamos
de levar a mulher que amamos
para a cama e dar nela uma foda todos
os dias, imaginando que sempre
nos haverá o dia
___ de amanhã;

até que
tudo isso pode até estar aí
no dia de amanhã, mas talves
nós não estejamos para ver, pegar
___ ou delas nos passar!

AMA-ME


AMANHECER


ANJOS DE SEDA SE DERRETEM NAS SOMBRAS


... às sombras,
escondem-se as coisas e as sensações
mais secretamente quentes
e sem quaisquer
pudores,
lá pombas
não têm cores e anjos não
têm asas:
lá pombas
são apenas pombas que se inflamam
quando os anjos abrem,
escondidamente,
as pernas!

CAUSA MORTIS


Aquele anjo
que morreu de efeitos
colaterais noite
passada,

coitada

pensou que,
só porque amava, poderia
aguentar as sombras de um deserto
destroçado!

DESNUDEZ


Choveu o céu cristais de gelo nunca antes vistos quando a grande angústia alcançou nuvens horizontais que pairavam escondendo, em sua moldura azul, todo o infinito condenado em suas estranhas frialdades.

Desnudou-se-me a imensidade em vultos frios e mortais. E da terra umedecida pela chuva abismal percebi que minhas frágeis asas, oníricas e desvairadas, convergiam-se em um manto estranho e mortal para, depois, desaparecerem-se com a minha nudez tantas vezes escondida.

Vi-me então como jamais antes me fora visto de meus esconderijos. E grande temor se me apossou com as muralhas destruídas que tantas vezes abrigaram mundos em atuações incompreendidas.

Foi então que percebi que o céu, e o além- dele, e o tudo que há nada mais fora ou venha a ser que o nada que me habita em imagens falsificadas.

Desnudei-me enfim e, no cansaço e dor extrema da queda fatídica, vieram beber de minhas entranhas expostas todos os anjos mascarados de alvo branco, e todos os demônios assumidos em seus delírios, e todos os demais seres bizarros na multidão ainda de mim desconhecida, deixando-me espalhado macabramente, sem essência alguma, numa fina névoa de poeira, sombriamente oculta em teus semblantes.

ESPETÁCULO PREVISTO


... nunca gostei
de anjinhos, sempre falei
o que é o ser;

e quando falo,
falo tão sincero e rasgado
que costumam me chamar de
cão do diabo.

Agora vejam,
quanto tempo perdem com direitas
e esquerdas na política
brasileira,

onde aos palanques
pousam como salvadores e,
às escondidas enchem
as algibeiras.

Alguém aqui
já me viu perdendo tempo
com políticos de belas palavras
e de cu sujos,

piores, muito piores
do que as putas que comem
e de que falam com o dinheiro
público?

Alguém tem
que carregar o fardo mais pesado
e ultrapassar siglas políticas e correntes
idealistas de merda

e dizer,
que abnomalia, como sempre falei,
é originária e nenhum cu
está livre da avessa
porcalhada!

FIEL RETRATO


Antes do eclipse, na omissão de minha verdadeira face sob belas máscaras dissimuladas, deixei todas as minhas fragrâncias espúrias perdidas pelas efemeridades de minhas atuações pelos ventos de todas as épocas; pelos mares, cujas ondas ritmavam danças sensuais; pelos prados onde se versejavam cantos e encantos a romperem a brisa cipreste; pelos belos jardins floridos, onde desfilavam as senhoras com suas peles claras e acetinadas, a se me oferecerem em volúpias de enlaces em santuários de amor.

Não sei por quanto tempo andei perdido entre minhas próprias e frágeis luzes. Mas lembro-me de todos os náufragos - com seus amores, com suas dores, com seus sonhos e com suas esperanças - que acoitei com promessas puras e com elocuções divinas, salpicadas a ouro falso, que agora ressoam silenciosamente em meu âmago, em dor que não suspeitava existir.

A estátua posta sobre a relva ostenta-se sob o brilho dos dias, mas por dentro há convulsões insanáveis e gritos mudos de angústias que, alheios ao belo arlequim, nunca ouviram. Sou algo qualquer entre meus próprios céus e infernos, a andar sob sóis e chuvas constantes, enquanto tudo a meu redor se consome em vastidões empalidecidas sobre a terra devastada, na qual não passo de um murmúrio presente, sem aprimoramento de uma vontade qualquer.

Agora, o dia se precipita ao fim da tarde e as dobras da jornada se acentuam, efêmeras, com seus ares carregados de essências incapazes de ressoar uma melodia qualquer, como alívio à cólica derradeira que precede o declínio meu. No sangue esvaído do crepúsculo, sacudo-me em crises de angústias e delírios translucinados. De que adianta tamanha encenação humana de todos, e também de mim, a esconder o quanto impiedosos somos em nossas alegorias pálidas?

Com o olhar perdido, contemplo meu retrato encharcado de atraentes cores irreais, e caio no mesmo poço de criadouros absurdos, com a exaustiva tarefa de viver sempre a esconder o que me tornei a outros compositores, com suas próprias urdiduras secas, e com seus próprios sonhos incautos.

Em pouco, a noite se abrirá gélida e negra, acolhendo minha mortalha. E minhas próprias sinfonias compostas em minha mente tresloucada; meus passeios e meus voos invisíveis por paragens que jamais se possam sonhar além das palavras-pincéis que meus lábios pronunciaram; minha descrença no porvir de um resgate da simplicidade e da pureza que nunca senti em plenitude em nenhum emanador de sombras ou de luzes; meus âmagos dissecados em incompreensões assassinas e minhas entranhas apodrecidas na lama negra que me corrói adentro, resguardados em minha bela crosta externa; meus pesadelos entorpecedores de todos os meus sentidos adulterados; minhas promiscuidades disfarçadas em poses magníficas, de contornos expressivamente claros demais para que se possam notar além a superfície minha; e minha alma combalida pela tresloucura que se assenta mendigando gotas de consolo a uma realidade inexistente.

Tudo me leva a um caminho único rumo à decrepitude fatal; onde árvores e flores se murcham perante minha simples presença; onde amores e venturas condenados pela simples versificação me são uma praga atirada à beira do abismo; e onde todas as demais coisas confundem minha visão falha. Já não sou mais sequer senhor dos segundos de meus próprios tempos, e nem de meus próprios templos, e nada mais se pode decifrar por si só, senão por minha loucura posta.

HÁ UMA DIFERENÇA ENTRE QUERER SER NIILISTA E DE FAATO SÊ-LO!


... eu tenho a chave
da hecatombe e, em vez, de pelo meno
aliviar-me,

soberbamente,

ainda queres
três homens: um marido, um amante
e um poeta que inspira suas
sombras.

mas
como sou niilista e sou honrado
porque um verdadeiro niilista já sabe
do ser antes mesmo de o ser
se dizer,

eu vou te dizer
que apenas tentas o milagre de habitar
um deserto e de ser vaziamente
niilista,

mas que,
para realmente conseguires isso,
deves pagar a tragédia que fiz em ti,
embora possas negar, com meus
verbais incêndios!

LÁGRIMAS FINAIS


Ando perdido
sob minhas próprias
chuvas.

Sob jugos,
palavras voláteis,
voos inválidos
e palavras voláteis
já entendo tudo.

Sim,
Tornei-me a própria chuva
E sai de mim um sombrio
vento frio,

e, depois que ela partiu,
não vejo mais nenhuma razão
e nenhum sentimento
me move

a apanhar
mais alguma flor parecida
com ela, neste pomar
cinzento!

LAVANDA FLORIL QUE GOSTA DE PERFUMAR O MUNDO NÃO SE APRISIONA EM UM ESCURO QUARTO!



... eu queria só o branco
ou só o negro, nada misturado;

eu qweria só o tudo
ou só o nada,nada de meios termos;

eu queria só o paraíso
ou só o inferno, pois são juntamente
irreconciliáveis,

eu queri só teu abrsço,
só tua boa, só teus peitos, só tuas
pernas abertas, só tua boceta, só tu inteira
e tua alma,

e não apenas
ilusões vãs, esperanças inválidas
e restos de pedaços
usados:

isso é o que eu
mais queria, como se minha vida agora
dependensse só disso,

é o que eu queria, eu queria,
eu queria!

I do not think I'm going to climb backwards,
I do not think you'll see my wings,
and I do not think our sexes will ever meet
in a white bed!

MORTO ANDANTE


No fim da balalha,
a mais terrível que já enfrentei,
naquele louco amo;

ela morreu
e foi se abriga, junto aos anjos,
no eterno paraíso,

eu também morri
e continuei jogado neste mundo
de imagens feito pelos homens e mulheres
da terra,

que nunca
levam meu andante cadáver
lugar algum!

NÃO DEVERIA SER EU


Não deveria
ser eu o teu amante predileto,
eu estou cheio
de destroços, de cinzas
e de abismos escuros
e alagados;
não deveria
ser eu a ocupar este teu coração
bondoso, eu sou feito de sombras, de conflitos
e de chuvas de fogo;
não deveria
ser eu a te amar no leito
e a te sussurrar juras de amor
ao ouvido,
minhas sinfonias
vem do acaso e soam como
um cruciante vazio sem sentido
e rumo;
não deveria
ser eu a te amar e ser por ti amado,
mas sim um anjo que consegue seguir-se
na abstrata inconsciência
da luz!

NÃO SUBESTIMEM A ETERNIDADE PRESENTE, O PORVIR SEMPRE TENDE AO NIHILO!


E entre o amor que pensávamos termos,
o sorriso que pensávamos termos,
o sonho que pensávamos construirmos,
e entre as florestas em que abrimos passagens
a lagos e rios virgens,
e entre os leitos
em que nos comemos e gozamos
extasiadamente aos litros,
e entre os paraísos
que onirizamos para nossos comuns
infinitos,
o que havia,
de fato, e não percebíamos, era só o momento
ao qual, muitas vezes, subestimávamos
colocando-lhes vãs atuações
e idolatrias.
E agora que não podemos
mais falar, pensar, sonhar, amar, sofrer, foder
ou chorar
comprovou-se
que nunca tivemos foi,
como eu sempre dizia e não entendias:
um nada vestido de vãs
fantasias!

O BEIJO


... é deveras algo
maravilhoso e provoca efeitos
avassaladores, mesmo quando não se está
em local apropriado;

eu mesmo,
em mais jovem, quando conhecia
alguma moça e, numa mesa de bar
ou numa discoteca dançando músicas
românticas,

enquanto a beijava
peguei-me com incontidas ereções
inviáveis para o momento, em que o tesão
não devia ser exposto!

OS VELHOS MENESTRÉIS


Pobres
de nós velhos,
que pensamos dominar o mundo
e regozijamos vastos conhecimentos
da vida, e do mundo,

e da mentes, e dos corpos,
e até abusamos da vantagem de ser velhos
para angariarmos vantagens,

enquanto falamos
de amor, de paz e promovemos
guerras por aí.

Tudo isso
só porque perdemos a capacidade
e nos alegrarmos com figurinhas
compradas no boteco
da esquina,

para montar
aquele álbum que cheirávamos
como se fosse o melhor
perfume que
existia;

ou porque perdemos
a capacidade de nos transformar
naqueles heróis aos quais assistíamos
quando crianças,

ou de tremer
diante daqueles
pares de pernas que desfilavam
à nossa frente,

ou quando passávamos
anel por entre as mãos das mocinhas
e lhe poupávamos de queimadas
bruscas no paredão,

só porque ainda tínhamos
algo de tão puro e sonhador que nem
os anjos mais promíscuos
já sonharam ter.

PORQUE É TUDO QUE NÃO HÁ


"Por que as pessoas,
mesmo ao sorriem, parecem tristes,
quando falam do passado
ou projetam o futuro,
Thor Menkent?"

Planos, idealizações
e sonhos costumam gerar
expectativas

que,
cedo ou tarde, irão a frustrar
nossos egos;

Se o pretérito
nos é morto, a não ser por
reminiscentes lembranças que, de fato,
trazem alguma melancolia
à alma;

e, se o porvir de igual
modo nos é, sem sabermos a que
distância está o apagamento ou a condenação de que
ele também venha a se tornar
pretérito;

deveríamos nos conter
- possível nos fosse isso -,
tão somente, à imensidade do momento
presente.

QUANTO MAIS INTERAÇÃO ENTRE OS DASEINS, MAIOR O CAOS


SER OU NÃO SER HUMANO


Embora não pareça,
o ser humano tenta se simplificar demais
da singularidade máxima
de que surgiu,

e isso se deve,
muito provavelmente,
às inseguranças que temos diante
da imensidade de tal poder

___ incomensurável,
___incontrolável
___ e avassalador.

Ora, pois,
qual a necessidade ou relevância
de nossos ideais, de nossos anseios, de nossos sonhos
e de nossas esperanças,

de nossos desejos,
de nossas concupiscências, de nossas quedas
e de nossos perdimentos,

de nossas virtudes ideais,
de nossos pecados inevitáveis,
e até de nossos deuses,
enfim;

se basta aceitarmo-nos
em nossos espúrios existencialismos,
sem nos atermos tanto a outras explicações
ou crenças quaisquer

- filosóficas, religiosas
ou científicas: todas simplificacionistas
a nos servirem de algum
modo -

que nada mudam da inexorável
e fecunda casualidade cosmológica
que nos gerou?

SERÁ QUE HÁ AMOR SEM ALGUMA CONSEQUENTE DOR?


TALVEZ, APENAS TALVEZ


"Talvez seja
possível ensinar as pessoas
a se amarem incondicionalmente,
e se respeitarem mutuamente
a viverem em paz, enfim",

disse-lhe eu
para não desanimá-la de
sua difícil jornada.

"Como você aprendeu, isso?",
perguntou-me.

"Bem, na verdade,
estou entre aqueles que também necessitam
aprender e compreender,

e pensei que
- quem sabe - poderíamos tentar
ver o sol nascer de novo
juntos.

TODA BORBOTA BEIJADA É TALEMBÉM CHUPADA


... borboletas flutuantes,
maqueadas de angélicas claras
joaninhas de perfumadas
___ essências,

luzes artificiais
ligadas, etampas bem delineadas e pintadas,
senhoras dos leitos, dos ares
___ e dos mares,

não me peçais
mais palavras, pois vãs
foram as palavras que
___ me déreis:

aqui,
só uma mulher conseguiu
ver realmente ao coraçãodessa desértica
___ açaflor,

e este amor,
garanto, não será grafado
somente com letras
___ de fogo,

mas também
com a coragem e com a sublimidade
da verdadeira força para,
mesmo além da morte,
___ amar!

TUDO PODIA TER SIDO DIFERENTE


Ela escolheu
amar sob cerradas chuvas
de fogo

e, assim sendo,
deparou-se com o frio golpe
de meu hiemal deserto;

e de tal forma
que nem ela conseguia me matar
com suas tempestades,

nem eu a ela
com meu frio silêncios e desleixo
dissimulados.

Resultado:
quando a morte a levou,
ficou tarde demais até para que
eu me aproximasse para
lhe dar meu último
adeus!

A BUSCA!


O que busco é nada,
não adianta mais insistirem,
o nada é meu rumo
e meu prumo;

o tudo é nada
no porvir que inexiste,
nos indigências famintas,
nas masmorras sem luz,
nas catástrofes empedernidas,
nos medos, nas dores e nas angústias
das flores perdidas.

só a inconsciência de coisa alguma,
quando aflorada ao fulcro
esquálido do cerne,
pode conter a inútil necessidade
de um tudo
e a sincera leveza das pedras;

sim, estou mais perdido
que nunca:

o que busco é o nada
- insulso, descolorido, inanimado, insciente -
sabendo ser-me impossível atingir
a plenitude dessa paz.

A PROMESSA ESTÁ SENDO CUMPRIDA!


... e, após
passarem os sonhos, as chuvas
e as recorrentes
quedas,
eu cuidarei
para que teu santo nome
seja perpetuamente
grafado
em brancas e sublimes
paredes
[Sim,
às branquíssimas
e dissimuladas paredes de meu
inferno].

A PUREZA DO SER SÓ DURA EM SEU ESTADO TEMPLÁRIO!



... à planície esverdejada,
havia um pequeno par de olhos
a me espreitarem,

enquanto
(com o suor correndo a bicas)
eu capinava a densa
brachiaria.

De repente, rasgou-se
- com uma fina e templária voz -
o cacofônico som da enxada
chorando à terra:

"papai, papai,
quando eu crescê, vô fica forte
que nem ocê e vô capiná
tudo!";

e eu fiquei a pensar,
emocionado, em como o ser humano
pode ser tão sublimemente
puro,

quando não percebe
ainda que, ao crescermos, transformamo-nos
em estranhos, soberbos e incapináveis
seres do trajeto.

AMOR VERDADEIRO


... posso não saber
o que seja um amor verdadeiro,

mas sei bem
que nunca te deixei, quando de mim precisaste,
na mão,

e eu sei pelo menos
o que certamente não possa
ser condiderado um amor
verdadeiro:

aquele
que se diz apaixonado e capaz
de tudo pelo ser amado e, em vez de ajudá-lo,
trata-o com imperioso e inquisitor
verbo volátil;

aquele
que se diz apaixonado e maltrada,
e desconfia e afronta o ser amado por ele
escrever poesias com abertas
asas,

confundindo
a arte da imaginação e da composição
com algo que pensa lhe ferir, sem perceber
que está caindo é pelo
próprio ego;

aquele
que se diz apaixonado e fala
"Te amo", "Te amarei sempre",
"Sou eternamente sua e pode contar
comigo, meu amor"

e no primeiro
aperto ou relâmpago covardemente
abandona o ser armado jogando-lhe,
como se já não fosse demasiado
o fardo que ele carrega,
mais dor e cansaço!

AMORES LÍQUIDOS


... o cão se interna por um longo
período, para químio e uma puristana que se acha boa
liga a ele para apoiar, pedindo sexo
telefônico ou virtual;

outra amante,
a chamada Lilith, liga para dizer
que enfrentam a mesma doença e lhe conta
estórias de seus namorados e putos
com quem traiu o esposo
corno;

uma nuvem,
em quem ele cria no amor, liga
e ele liga a ela como a última esperança
de morrer simplesmente como
um homem;

ao retornar para casa,
é recebido com cobranças, jugos
e ferradas por comentários feitos em suas
poesias.

E eu fico pensando
como são bons os anjos, que vivem a refletir
suas alvíssimas almas às negras sombras
dos piores e devaneados
cães.

DESCOLORIMOS A MANHÃ E A TARDE


Quando Ana
e eu andamos juntos,
pegamo-nos nas mãos, abraçamo-nos,
beijamo-nos e nos amamos

em meio
a luzes e a sombras, em calmarias
e incontidas tempestades
e chuvas de fogo;

e tivemos tempo
para mudar as coisas e para
escolhermos nos amar sem as severidades
que nos impomos,

mas por uma década
não conseguimos sair totalmente
nem das chuvas nem
das sombras;

quanto eu tinha quarenta
e cinco, Ana se foi com seus quarenta
e dois anos, sem termos tido mais tempo
para absolutamente nada

porque o tarde demais
já havia nos punido, mesmo antes
de nos chegar a noite!

EIS O QUE SOMOS II


EM UMA MANHÃ SEM SOL


ESQUECIMENTO


Junto a minhas coleções
de destrços, talvez ainda se achem
- esquecidos
de mim -,

alguns cacos brancos
de sonhos, ou algumas penas
remanescidas

da época
em que eu ainda passarinhava
e caranguejava
por aí;

mas, a quem ousar
adentrar-me os silentes, desérticos
e indecifráveis
umbrais,

é preciso cuidado
com esplendes miragens de sombras
transfiguradas em mortiças
luzes

e com
o angustiante vazio que parece
me escorrer da alma.

GOTA A GOTA


Se deixo beijares
minha boca,

se deixo tocares cada
parte de meu corpo,

se deixo sufocares
meu coração de amor
e de sufoco,

se deito beberes
meu riso, meu pranto
e meu gozo,

se te deixo a suspirar
exalando tua umidade, gota a gota,
mim todo

e não tem
te bastado, acaso queres
também minha alma servida
em tristes ecos moucos?

HÁ HORAS EM QUE APENAS PODEMOS DIZER: NADA


... quando acontece,
como tem acontecido há tempo demasiado
neste deserto comigo,
de perdemos
alguém tão amada e querida
e ficarmos com o coração em destroços
e vazios,
não adianta,
não adianta nada e nenhuma va tentative:
as coisas se tornam tão sem
sentido
e tão friamente
sem sentimentos e alicerces
que é como aprumar
pipas sem linhas!

HORA VAZIA XVIII


No silêncio da noite,
ao aroma da dama-da-noite que inebria,
com seu sedutor perfume, a escura
brisa,

espero-te,
solitariamente entre uma imaginação e outra,
entre um suspiro e outro, a imaginar a elegância
de tuas pétalas e a sinuosidade
de teu corpo,

para que realizemos,
uma vez mais nosso ato de amor
em segredo, somente sob o brilho do distante
olhar das estrelas!

HUMANUM


... pois
que assim sejamos,
por vontade divina ou por ocaso
quântico,
porque
simplesmente (e nada
mais)
é o que
verdadeiramente
somos:
HUMANOS!

I STILL FEEL YOUR PERFUME


Sim, padeço
de algo incurável,
deveras
pior do que os negros tumors
que me tomaram:
the winter flower
was eternally ahead, leaving
your perfume!

IMANENTEMENTE FIRME


Sei que corro sério risco
de vêreis egocentrismo no que vou dizer
- e nem me nego tal imanência -,
entretanto não mais me permito medos
nesta breve jornada;

muito pelo contrário
habituei-me a transitar entre a solidão,
com meus fantasmas bastardos
e com minhas imanentes sombras,
como há tanto tempo tenho feito:

Raro me é tolerar,
por muito tempo, alguém próximo
sem que o chateie com meus fétidos suores
e meus avessos reflexos;

e quando me perco
a olhar rostos, pernas, peitos, vulvas
e contos de fadas regozijados
por anjos e demônios,

é prenúncio de naufrágio,
não da humaníssima relação em si,
mas do que de melhor se costuma perder
quando também se perde
a cegueira.

Antes seja, portanto,
a inalcançável pureza dos sem-limites
do que os escândalos e as quedas
ao fim dos encharcados
crepúsculos.

JUÍZO FINAL


... fechavam
os olhos com horror as beldades,
os homens
se escondiam atrás de suas capas
ou às sombras de alguma
esquina qualquer,
algumas pessoas
oravam em desespero por aquele
momento onde parecia ser
impiedosa a ação
da foice:
todos temiam
demasiado a demasiada ternura
com que a escuridão, com a morte a seu lado,
passavam!

NADA HÁ MAIS TRISTE QUE NÃO MAIS ME OUVIRES E NÃO MAIS ME LERES!




... dor,
angústia,
saudade
porque
meu amor se foi
com o trem da morte,
em um dia
em que não havia nele,
para mim, a seu lado, um
lugar;
e agora
eu tenho que caminhar e pelejar,
atrasado e perdido neste mundo de coisa
alguma,
sem sequer
(pois me espreitam anjos,
e lobos, e irmãos que precisam de mim)
poder parar para chorar!

NÃO É O FIM. É APENAS O ETERNO COMEÇO!



... que mais nenhuma
máscara queime teu lindo e pálido
rosto,

que mais nenhum
mito se lhe torne como ídolo
adornado,

que mais nenhuma
virtude te seja ultrajada ou por veados
e punheteiros violada,

que nada mais
do sapiens impuro germine
na calada de tua escura
estrada,

que teu corpo
apodreça debaixo deste túmulo
caiado, porque à tua alma eu vou procurer,
infinitameente, por todo possível
e impossível lado!

I'll let everyone die and shut up,
but you will not!

NÃO VEEM BEM APENAS PELAS LETRAS FRIAS DE MEUS VERSOS



... se imaginam
que sou um cão niilista, sarnento
e predador do sapiens
___ tormento,

ainda não viram
nada, porque o início do mundo,
como seu fim, sempre se dão nos claros
___ dos dias,

o que significa
que tudo eu vemos e imaginamos
já é nada senão apenas da forma que os vemos
___ e imaginamos;

e sobre meus
versos chorados e sangrados,
se imaginam que sou um cão niilista,
sarnento e predador do sapiens
___ tormento,

também
ainda não viram nada, pois, embora pareça
sair e ser escrito, sempre ainda está
para ser construído, de todos,
___ o poema mais triste!

O CHÃO


O PODER DE UMA MUSA


... naquela noite
estava em profundo êxtase
so de lhe contemplar o olhar
em brilho,

e ela ainda
deu uma cruzada de pernas
deixando transparecer a calcinha
com aquele pacotinho

que imediatamente
me deixou ali, em sua frente,
silente e dissimuladamente, sob
a calça, em brasa pura!

O QUE ME DESTE FOI O SUFICIENTE PARA FORMAR O PENSADOR, O NIILISTA E O POETA


RUÍNAS


... é tarde,
é tarde demaia, meu amor,

estás a uma inalcançável
morte de mim adormecendo
eternamente nos frios braços
da morte

de modo que
jamais poderei sentir teu toque,
a saliva de tua boca, de teu corpo
e de tua linda boceta,

porque agora
moras longe, longe absurdo
de todos os homens e cães do mundo,
diluída apenas entre as imprevisíveis e incertas
veias das sombras!

It's late.
It's too late for both of us, my love!

SAUDADE


SOU EU E O CAOS MEU!


Desde o princípio até o fim,
sou eu,

com minhas senciências
apócrifas;

e nada sou
¬- embora embutido de abnormal
condição de ser -

entremeio
ao alheamento das coisas

e das possibilidades,
desde o princípio até o fim.

VELHOS E BONS TEMPOS


... tardes desesperadas
___ de sol,

o cheiro
___ de plástico dos natais,

bolinhos
de chuvas nas noites
___ de sábado,

a carne
tirada da gordura branca
da lata cheirava
___ ao quarteirão,

a primeira
punheta com uma calcinha
___ esquecida no banheiro,

bodoques
e mamonas eram minhas
___ armas,

a cabana
___ foi abandonada,




a cabana
que fiz outrora na infânci
___ perdida,

e não restou,
além da casa fria e vazia,
___ mais nada!

A BELA ERA TAMBÉM UMA FERA!


Graciosa e bela,
permitiste que muitos voassem
teus céus,

e se deitassem
em teus esplêndidos leitos
de nuvens,

e te amassem
em brancas camas o corpo
nu,

nos verões
em que te insinuavas aos anjos
e aos soberbos feitos de luzes
de neon:

a mim, porém,
que tanto te amava, só me permitiste
ouvir a navalha de tua fria
palavra,

frequentar
teu rigidíssimo e enregelado inverno
morta

e me ferir
mortalmente nas afiadas pedras
de teus escondidos
chãos!

A ESTRADA É HORIZONTAL



Sou uma testemunha
- ainda viva -

do horizontalismo da estrada,
da dura pedra alongada
e da concavidade laiva do cerne
da humanidade;

incautamente mascarados
a transitivos sonhos erectados,
a harmônicos céus povoados
e a eternos paraísos
concretados.

A FECUNDAÇÃO DAS AREIAS SECAS!


A NÁUSEA


Primeiro o olhar,
depois a dissimulação e o engano,

seguido de paixão
e de um amor dito eterno
e leal,

e o impulso
começa imediatamente
a entrar em ação: caverdas meladas
e árvores em ereção;

depois do êxtase,
vem o ostracismo, a sensação
de vazio, o ciúme, a posssividade,
a desconfiança

e um monte
de lixo advindo do palco anterior
onde se deitaram e se foderam sem estarem
preparados:

anestesia da razão,
vesanias,
medo,

as aguas se turbam,
chegam os vômitos verbais,
o efeito-náusea chegou!

A RAZÃO E O SENTIMENTO INTERPRETADO ALGO EXCLUSIVAMENTE HUMANO



... amores,
sonhos, ilusões, palavras,
___ fantasias;

dores,
angústias,sofrimentos,
___ solidões;

palavras,
acordes, poemas e versos
plantandos em jardins floridos
___ ou de rimas:

tudo duvidoso
do ponto de vista da filosofia,
a nada disso a verdadeira natureza
___ e, das coisas, a virgem física!

A TRAGÉDIA HUMANA


Se os animais
temem e evitam o homem, sem terem
das coisas a senciente
razão,

imaginem só
se soubessem discernir sobre o que
realmente somos
capazes?

DEVIA HAVER UMA HORA DE SER FELIZ


De que vale
um amor, familiar ou de uma beldade,
se,
quando mais precisamos,
nos piores momentos de nossas vidas,
ele nos abraças os vazios
com chuva de fogo
e com pesadíssimas pedras
frias?

E EU AINDA CONTINUO A TE ZELAR


... contra a rigeza
fria do inverno sem ela,

criei
um solitário, angustiante
e seco deserto;

contra a eterna
distância e as moucas e tristes
lembranças dela, cavei ocos e buracos
no mundo para enterrar

o que em mim tivesse
aqui ainda ficado do olhar, do prazer,
do amor e do orvalho angelical
dela.

De repente,
adoeci e me adormeci no mundo:
de quando acordei até hoje não vi mais
que multidões e rebanhos

de sombras
disfarçadas com alguma clara
e tediosa luz sapientemente
arquitetônica!

ERA DESTINO?


Veio assim,
numa tarde morna e vazia
como outra qualquer,

cumprimentou-me,
conversamos,
paqueramo-nos,

em constante aproximação
andamos de mãos dadas,
abraçamo-nos, beijamo-nos
e nos amamos;

até que, de repente,
começamos a chover de ciúmes,
de desconfianças e de insignificantes
ignorâncias:

à noite,
a morte a levou suave
e famintamente,

e foi assim
que aconteceu, tudo ontem,
tudo com a intensidade
de uma estrela!

EXCEÇÃO


... e eu,
ando-me assim,
de portas e janelas
trancadas,

onde apenas
a um ser
tem sido permitido
entrada;

de todo o resto
das imagens
espalhadas pelos céus,
ruas e mares,

senhor me tornei,
com as chaves em mãos,
tornando-as minhas
escravas.

FRIAS E DOCES SOMBRAS


Sim,
vou ocupar teu coração,

beijar,
chupar e cavalgar em teu
belo e sensual corpo

e abrir
uma rachadura em tua
limpa alma,

de modo tão intenso
que até a uma flor do deserto
faça tremer,

quando eu a amar
por inteiro e por tempo incalculável
em minhas frias e doces
sombras!

JANELAS


... imensidões delas,
janelas de todos os tipos, por onde
entram e saem imagens
de todos os tipos:
amores,
desejos,
fantasias,
insânias,
promiscuidades,
ventanias,
etecetera;
janelas,
bilhões delas abertas,
incontáveis outras fechadas
com o apagamento das retinas
sapiens;
mas quanto a ti,
que bem conheci, eu digo que quem
nem a morte foi capaz de
mantê-la fechada!

LEMBRA-TE DE MIM!


Quando eu me partir
para a distante terra escura
e silenciosa,

lembra-te
de mim!

Não poderás mais
afagar-me a cansada fronte,

nem pegar,
para caminharmos minhas
mãos,

nem tão pouco
me amar em nossa simples
mas quente cabana;

mas, quando eu morrer,
não nos sonhe mais em algum hipotético
futuro, nem lamente o que houve
ou deixou de nos haver
no passado:

sim, qquando eu morrer,
apenas me leve na lembrança,
mas sem te esqueceres de que,
se não te amei como
querias,

foi porque não consegui,
foi porque estava imbutido da condição
humana!


www.espaconiilista.net

MONTES E DESPENHADEIROS


... há quem vomite luzes
sem ter combustível para sustenta-las
por muito tempo,

há quem tropece
nos próprios sonhos, nas próprias ilusões
quedadas em desenganos,

há quem beije
e afague, e chupe e fode; e depois cospe,
escarra er, claro, esporra;

há quem fale
de honestidade, de moral er de lealdade
escondento putos de pau duro
no armário,

há quem fale de Deus
com o diabo enfiado na bolsa e, muitas
vezes, usado como
escapulário;

há também os cãe,
que faze tudo isso aí, assumindo
como um vendaval indigente, com destinos
finais sempre turbulentos!

MY LOVE: TOP SECRET


Ah, amar, amar, amar,
um amor secreto em escondida
noite de lua cheia,

longe dos olhares
dos anjos, dos puritanos
e dos cirilampos faroleiros;

amar
absorto no bem querer
e no prazer de amar,

amar à distancia,
amar em presença,
amar às sombras ou às fluorescências,

amar de manhã,
amar de tarde,
adormecer amando,

amar a mente
amar o corpo,
amar a alma,

amar,
secretamente amar,
porque há graves ramos e fantasmas
sempre à espreita para lacerarem
a puerícia existente neste
plácido ato!

O EXERCÍCIO DO VERSO


... o exercício do verso
não faz ninguém melhor ou pior,
nem mais ou menos digno,
nem mais ou menos confiável;

exercitar o verso
é como dar um trago de cigarro após
uns goles de vinho e uma boa
trepada:

ou seja,
ainda se costuma estar, pela beleza
da beldade e pela embriaguez seus néctares,
embriagado!

O INFERNO DO SAPIENS!


O JOGO DO AMOR


Sei que não conviria
dizer isso, sobretudo nessa hora
de inquietante indecisão
à nuvem:

mas o amor
é como uma mesa de apostas,
onde se flerta com um
ou outro jogador
dissimulados;

onde se blefa, ou não,
com cartas escondidas
às mãos,

até que elas sejam expostas
em vitórias extaticamente regozijadas
ou em dramáticas
derrotas.

Um pouco depois,
renovam-se os personagens
e se começam novas partidas
em incautos e viciosos
ciclos.

O PARADOXO DO SER


Há um querer cintilar, entre as espectrais coisas a que nos ligamos, com a vesania da mente e com o paradoxo da palavra que me incomoda.

Nas verdade, nenhuma metafísica, fé ou qualquer outra alucinação pode ser verdadeira, além de nossas idéias de que nos sejam.

Assim, nossas projeções e visões de tudo que nos cerca, ou do que abstratamente criamos, são-me tão aterradoras que superam o último ciclo do inferno de Dante, também, logicamente, inaugurado no teatro de nossas existências inconcretas.

Não gosto de ser extensivo diante de velórios, sobretudo quando ele dá sob cintilantes brilhos de alguns de meus irmãos apagados.

O estar tenuamente no meio das coisas (entendam-se: viver entre elas, e sem elas nada ser) de Heidegger; a condição inerente que o homem tem de poder fazer escolhas sob todas as circunstâncias, apregoado por Jean Paul Sartre; o Zaratustra e outros reflexos egocêntricos de Friedrich Nietzsche espalhados com sua assumida soberbia; e aquela estorinha fabulada, contada pelo ébrio pescador, alheio aos imperadores dos verbos, no botequim que eu freqüentava, têm todos suas relevantes verdades verbalizadas, diante, logicamente, das retinas de seus emissores e das idéias que têm delas os demais abnormais que as ouviram ou leram, em concordâncias ou não, uma vez que foram inauguradas e postas por e entre outros abnormais.

De fato não me parece possível exteriorizar em regozijos, contos, invenções ou quaisquer enredos que envolvam o verbum volat, sobre nossos semelhantes e as coisas entre as quais estamos, sem que mostremos reflexos próprios e de nossos semelhantes, ou vice-versa. Ou seja: não me parece plausível um fiel olhar diante do espelho, intrínseco, sem que se veja um pouco de nossos congêneres.

Isso coloca a faustidade do lume ou a verdade do ser como absolutas em suas existências anômalas?

Se tudo reflete de nossos cernes, parece-me haver um grande paradoxo:

Se emanado nos foi algo qualquer de qualquer ser, inaugurado foi, e haverá diante dessa nova gênese a idéia de que esteja certa ou errada, de que exista ou não. Mas sendo idéia que apreendemos do feito, passaram a haver diante de nossas razões sencientes seja para viver ou para morrer entre as demais criações do desalinho. Isso nos torna deuses apócrifos, em que nos tornamos despercebidamente.

Por outro lado, se no valsar concreto das coisas que há, adquirimos, em algum momento, a condição de nada mais emitir, criar ou expurgar com nossos lumes (ao que chamo: "apagamento"), abnômalos somos e, por essa condição nata, condenados a apenas ter idéias próprias das coisas (ao que chamo: "estar na ponte" ou "na grande barreira"), sem que elas sejam como a idealizamos, e sem que deixem de existir concretamente, ausentes nossas ideias do que sejam. E aí se configura a abnormidade singular da existência.

P.S. Assim seja diante de minha ideia do não possa ser, além da grande barreira, objeto de estudo dos abnormais citados e de tantos outros.

OBSTÁCULOS


OS FILHOS DE DEUS!


Dizei-me padres, pastores
e demais apóstolos da Palavra,
vós que dizeis seguir aos ensinamentos
de vosso deus,

e que tanto vos rejubilais
de serem dele filhos à imagem e semelhança,
pregando sublimes ensinamentos
e angelicais posturas por aí;

qual seria a desnecessidade do mal,
se isso implicaria, por inexorável consequência
a morte de tudo contra o qual lutais
com vossos discursos voláteis,

como também do próprio
deus que fabricais como lixão
para vos aliviarem de vossas espúrias
e imanentes chagas?

QUE NOS HÁ NO AMANHÃ?



O que nos resta
de nossas ilusões torpes
e de nossas esperanças inválidas
para o manhã,

senão o apagamento
imediato aos estômagos dos vermes
e das larvas,

algumas reminiscências
próximas, às mentes dos pássaros
ainda vivos,

e, com um pouco
mais de tempo, absolutamente
mais nada?

RAZÃO, SENCIÊNCIA E LOUCURA


SE PENSAM, SEMPRE ERRAM QUANTO AO SER


... dizem,
no estudo da ciência e da biologia,
que o homem é um ser
vivo;
e até inventaram
um ramo que ao estudo dele
se dedica: a filosoia;
mas eu devo
esclarecer que a tudo que o homem pensa
enxergar e ousa pensar não é como ele realmente
vê ou pensa
e, assim sendo,
mesmo vivo, não passa de uma ilusória
abnomalia já destinado a voltar
ao não-ser!

TU ESPERASTE DEMAIS


TUA ESPERANÇA ESTÁ MORTA!


... entre anjos,
mitos e dromedários
cães,

entre estrelas,
paraísos e escuras
prisões,

entre as razoes
dos sapiens e as vertigens
de seus além-mares:

Bem,
muito bem, eu não sei
se sorrio ou se choro
disso:

Aonde vou?
Não sei.

Aonde vais?
Com certeza absoluta não
sera comigo!

A FLOR DO DESERTO II


... e eu,
para muitos sou cão,
para outras um puto degenerado,
para outras ainda um criador
de galinhas safado;

para ela,
no entanto, um deesjuiízo d'amor,
um louco com que diz verdades correndo
o risco de morrer,

um algo qualquer
como queiram chamar, por ela com seu
coração de ouro, concebido
com alguma dignidade,

além dos caminhos
comuns em que dizem que ando
e das libidinosidades e luxúrias que dizem
que tenho!

A GENTE NUNCA APRENDE


Não se deve amar
acendendo a luz neon nem a luz
vocálica no rosto
do próximo,
não se deve amar
quando há sombras demasiadas,
com o desejo é bom,
mas há que se ter cuidado para que
ele não se torne uma montar
a ruir abaixo,
o céu convém estar limpo,
sem muitas nuvens negras e sem chuvas
e tempestades de fogo;
sim,
é difícil,
é sufocante,
é catastrófico amar
e, mesmo assim,
a gente nunca aprende!

A INEXORÁVEL VIOLAÇÃO DAS SOMBRAS


... a luz mostra
toda sua transgreção e ilusória
eficácia ao penetrar e eliminar
___ as sombras;

nós, túrbidos
neandertais, cegados por ela (a luz),
(re)nomeamos, (re)construímos
___ e (re)fazemos

a tudo, de moso
senciente, com extrema agilidade
___ e capacidade,

sempre delirando
e gozando com o maior e mais universal
___ de todos os enganos!

AGOSTO!


Quando uma nuvem
ama, deságua suas águas em deleites
e orgasmos,
e a seca terra,
uma vez mais, tem a chance
de se fecundar em sonhos
fantástiscos;
mas quando uma nuvem
chora, deságua em raios flácidos
seu veneno impiedoso,
fazendo com que amantes,
fantasmas, poemas e até minhas sombras
se morram afogados!

AS GUERRAS


Carnificinas,
o passe a fios de espada,
a atomização das explosões,
a pestilência e a fome propagadas
e outras variadas formas
representam, sim,
o lado mais negro do ser;
mas, se pensarmos bem, a causa
dos maiores confrontos
e matanças
(e devo dizer
aqui que é até provocar com dor
uma morte viva do que tirar
a vida)
é, sem sombra
de dúvidas, o ego, a id, a alegação
da espiritualidade (matança e confrontos
em nome de Deus
e, em caso
paradoxalmente particular,
o sublime amor a que tanto alardeiam
com seus verbos alvos!

AS PORTAS DO MUNDO!


O objetivo desse
mal traçado poema é unicamente
para lembrar-te que, embora nunca conseguiste
me amar com as portas do mundo
abertas

- como se fosse
possível mantê-las fechadas,
ou nos havermos como hóspedes invisíveis
aos caminhos e desalinhos
das estradas -,

e sem chaves ou trancas
existentes para se evitarem o trânsito dos tentilhões,
das andorinhas e da metaforia que se possa
dizer dos soberbos sapiens;

após nossa morte
por afogamento sob incontidas chuvas
de fogo e ódio, sempre te devas - vez em quando -
contemplar nos céus

a eterna prova
do que tivemos juntos, embora jamais
me tenhas acreditado: um grande e inesquecível
amor às nuvens.

CASA ABERTA


... não, não mais interdito
nem minhas piores palavras, caros puristas
de luzes à boca e cruzes
___ às mãos,

e não fui jogado
ao mundo só para quebrar sombras
com meus olhares
___ de neon,

nem só para me escorrer
pelos espetaculosos bailes de fantasias,
a cortejar - de seus freqüentadores -
___ dissimuladas omissões.

CONVENIETÍSSIMAS MÁSCARAS


Enquanto se mantêm,
os olhares cegos diante
dos negros véus de si
___ próprios,

é que mais
transparecem os elos que ainda
nos acorrentam
___ à caverna.

Aos olhares
postos fora dela,
através de fúcsiasde luzes
brotadas em nossossencientes
___ cernes,

inundamos,
como verdades próprias,
tudo que há,

e inauguramos,
assim, um novo universo
___ a nosso aprazer,

tão somente,
com as cegueiras subliminares
___ de nossas mentes.

CONVULSÕES


Entre paredes
e fantasmas à silente e fria
madrugada:

às vezes,
solidão, angústia
a me assombrarem
em clamor;

às vezes,
Tchaikovsky, Elvis
ou Springsteen,
e um pouco de café
para acalmar-me
a dor;

às vezes,
teus ausentes beijos
em dádivas
d'amor.

DELÍRIOS


Sim, querida,
podes levar-me
ao delírio com teu
sonho nuvem,
ou ao martírio com tuas
chuvas de fogo;
e ali, entre as cinzas,
podes deixar-me,
solitária e angustiadamente,
jogado,
ou podes soprar-me,
ao coração,
uma cândida brisa
fênix;
mas eis uma coisa
que não podes
fazer:
matar-me
o amor que te tenho
em minh'alma.

DEMASIADAMENTE


Mares bravios demais,
céus azuis demais,
amores puros e lealmente dadivados
demais,

sublimidades demais,
desejos que parecem somente ao ser
que dizemos amar sendo
disparados,

autobondade proclamada demais,
neons verbais acesos demais,
mitos, heróis, anjos e infalíveis fodedores
tipo dons juans com os verbos
se fazem;

mas não é bem
assim que vemos nos silentes reflexos
dos espelhos que não refletem esses loucos
murmúrios e delírios
sapiens!

EIS O AMOR!


O ciúme,
a possessividade, o que dizem ser
amor

e que, às vezes,
parece apenas uma paixão
em noites de calor

são frutos
do impulso, do desejo e do tesão,
da id enfim.

Quando tu provares
realmente de algum desgosto
de verdadeiro amor,

dele não farás ira,
conflitos, nem guardarás
rancor:

you will create
poetry with silent pain and beautiful
and sad flowers!

HORA VAZIA XVII


... entre amores,
desejos e vaidades humanas,

entre as luzes
em que se apresentam em seus
magníficos palcos

entre as sombras
onde confabulam, tramam, fodem
e traem escondiamente

ou entremeio
a tudo que sapiens, deles sendo
semelhante,

não sou exigente,
contentando-me apenas com braços
presents, olhares cruzados, uma trepada
na noite calada,

algum sorriso disfarçado,
alguma esperança inválida,
alguma lágrima abandonada,

alguma saudade amarga,
alguma paixão que me faça esquecer
o grande naufrágio e, quem sabe, um poema
pelo menos que me baste
até o fim do caminho,
e mais nada!

JARDIM SEM FLORES


O jardim está
sem flores

e nem sei
se ainda há algum
vago sonho

ou alguma
tênue esperança
por aí;

mas,
se um dia voltar
minha força
ausente,

nesse desterrado
e angustiado
deserto,

quem sabe
possa te buscar

pra um renascimento
de asas?

LIBERDADE AINDA NÃO CONCEDIDA


... nasci numa gaiola
chamada mundo e, nela, comigo
foram jogados outros, como eu,
abnômalos azarados;

após algum tempo
comecei a procurar a liberdade
para tal prisão a céu e infinitos por mim
mesmo abertos

e, em todas as vezes,
usando a filosofia, a poesia ou o pensamento
para buscar uma saída,

a única coisa
que tenho conseguido, até hoje,
é ficar ainda mais
aprisionado!

LUZE-LUZES


Os homens,
geralmente,
temos medo de dizermos
tudo aquilo que
somos,

mas não nos
privamos de dizer
tudo o que nossos semelhantes
são.

Assim,
há um enigma
nas verdades havidas por detrás
dos verbos voláteis;

e árdua,
diria eu impossível,
é a tarefa de discernir, da essência trancada
do ser, quando há sinceras fluorescências
emitidas, ou quando são apenas
sombras travestidas.

Por isso,
cansado de lumes às avessas,
e também de doar meus turvos e imanentes
reflexos,

poderia eu dar
uma severa ordem de restrição
a meus semelhantes;

mas não farei isso
porque eu sei, ou penso que sei,
que, da abnomalia acidental que não se
aceita em plenitude,
​​​​​​​
ao fim,
tudo se metamorfoseia
em nada.

MANGUE ALAGADO


... o tempo corre
escasso, e eu ainda ouço
e sinto a chuva;

e nisso há
algo de inconsistente, de nojento,
de egocêntrico;

sei lá,
mas acho que acabei
me transformando na própria
chuva

que sempre
gostei de ver cair sobre
os pássaros e sapiens
às margens dos
caminhos.

NÃO SABES O QUE É O DESERTO!


... ao deserto,
não há descansos,
não há abrigos
e não há oasis no deserto,

nem a poesia,
com suas mais magníficas miragens,
com seus mais sublimes sonhos
e com seus mais extáticos
desejos

pode amenizar
um verdadeiro deserto.

No deserto,
os pássaros não cantam mais,
as estrelas não brilham mais,
os sinos não tocam mais nem na fúnebre
hora da tarde;

alias,
o deserto, que muitos dizem ter
e não têm, já é, em vida, a própria
morte!

NINGUÉM É BLINDADO


... o medo paralisa,
e o pior medo que existe
é o medo de máscaras por nunca se saber
o que realmente há por trás
___ delas;

sim, o medo
pode dominar tudo: o voo, o sonho,
o desejo, peitos, pernas, genitálias e até
o que há na mais profunda
___ escuridão do inferno.

Mas o pior medo
não vem de miragens, nem de fantasmas,
o pior medo é real e se faz por sapiens
___ que usam lumes máscaras!

O MENINO-CÃO


... era uma vez em Bom Despacho, as ruas não eram calçadas, e os passeios não eram todos cimentados, o esgoto corria livre pelas calçadas, com seus marimbondos pretos pousados. Fedia. Fedia muito, mas mesmo assim, de pés ao chão, jogávamos bola no meio da rua e, por vezes, as pegávamos no meio das bostas das beiradas. Nada digno sequer de uma classe média de 5.000 anos passados.

Era, pois, preciso criar cabanas e esconderijos nos vagos matos, por onde pudéssemos virar heróis com uma tampa de óleo de 18 litros, um pedaço de pau feito espada e um bodoque com uma sacola de mamonas a serem atiradas.

Não tinha esse negócio de TV, Playstation, nada. O que havia eram crianças, com a mente empenhada nas brincadeiras alvissaradas. Troca-trocas que nem se penetravam, queimadas, passar-anel, pique-em-lata, rouba-bandeiras, paredão, e um escabal de brincadeiras. Do paredão, as meninas eram poupadas, porque eu caprichava na força e na mirada.

Vez em quando se via um e outro reclamar de dor de barriga e cagar cobras pelo cu nos terreiros desmurados. Mas a gente entendia, que as lombrigas em nossos estômagos se fartavam.

Às vezes, escapulíamos escondidos e invadíamos o campo da praça de esportes. Claro é que não gostavam e colocaram um monstro para nos vigiar. Cascudos, esfregões e pontapés rodaram-nos.

Nas escolas, éramos motivo de piada, com nossa piolhada, quichutes desgastados e uniformes rasgados e a agulha costurados.

Eu não comi uma menina nessa época. Só dava para os boizinhos a desgraçada. Mas me lembro de como eu a pegava sozinho com minha mãozinha atolada em meu pau já acordado.

A passarinhos a gente por prazer matava. Sobretudo pardais, mas também canários, sabiás, bem-te-vis, pássaros-pretos, tesoureiros, beija-flores e o que demais surgisse nas matagais caçadas.

As professoras? Eram uma piada! Na quinta-série deviam ter se tornado nossas alunas da vida na dura estrada. Era tão engraçado o que elas tentavam ensinar que mais atenção em seus peitos e bundas prestávamos.
Bem, eu me tornei um mestrezinho da cambada, ardiloso, maquinador, traiçoeiro, um anjo disfarçado que escondia nos bolsos pedras e contos de fadas, para usar conforme a situação adequada. Sobreviver e com a mente sempre alerta era a jogada.

Um dia, uma mulher me levou para casa dela. E não sei por quê, sentiu por mim algo que eu só sabia em sonho. Sentou-se. Abriu as pernas. E socou o dedo na xana do lado da calcinha. De olho em mim, gemeu e, depois, me deu um pouco de café com leite e bolacha. Só depois fui saber que aquele belo anjo havia era gozado na minha cara.

Mas não deixei por menos, depois disso ela esteve em minhas punhetas de vezes uma porrada.

Um livro inteiro poderia ser escrito, mas estou deveras da vida cansado.
E assim, já em pequeno, em cão me tornava. E hoje sou o que chamam de cão niilista ou cão do diabo, mas garanto que sei tudo sobre o que está dentro e fora das margens.

Luto contra os anjos, porque sempre são os que mais extrapolam tais margens e luto pelos humildes que, mesmo em pequenas alegrias ou vitórias, pelos soberbos do mundo são massacrados!

O MENTIROSO




... sim,
podem me tomar por mentiroso,
eu realmente
evito mostrar o fiel reflexo
e dizer as verdades sapiens à frente
de vossas máscaras,
porque,
quando eu digo, mostro seus tropeços,
e mostro suas traições, e mostro seus escuros
avessos,
sempre
se enterra alguém ou algo!

O MUNDO TREMEU SILENTE AO NOS OUVIR!




... uma troca de olhares,
a troca de alguns poucos comentários,
ali sempre silentemente a te olhar escondido,
naquele canto em que jogavas
suas flores-versos;
em algum momento,
algo mais nosso se tocou, e de algum modo
fomos ao encontro um do outro
e, inexperadamente,
peguei-me
te abraçando, acariciando, beijando
e, no calor da emoção, acabamos pela primeira
vez nos amando;
sincronizados,
em um ritmo ardentemente demasiado,
com se4ntimento e amor
recíproco,
e seguimos
assim por mais de um ano entre
companhias, divisões poéticas
e companheirismo,
com entorpecimentos
oníricos, construções de fantásticos
paraísos e divisões de nossos sentidos
e de nossos desejos mais
íntimos!

O NIHILO ESTÁ MORTO


Clausura
do corpo: êxtases
e desejos em carnes que transpiram
suores e dádivas.

Desvarios
da mente: sonhos em voos
de águia sem rumo, e quedas
em deserto
silente.

Há manchas
na água que cai
molhando
meu medos.

Em meu corpo,
falésias se abrem com os tempos
que passam.

Em minha mente,
sonhos naufragam em eternos
que passam.

Até que,
por fim, à última noite,
tudo passe, e tão somente reste
o anseio de uma alma
angustiada!

PENUMBRAS


Quando o sol banhar teu corpo moreno, fazendo-te sentires nas entranhas o calor que faz fervilhar teu sangue em paixões humanas, saibas que em mim o caos ainda estará latejando.

Quando um arco-íris riscar o céu azul, e tu falares inocentemente do lindo dia, pintado em sublimes cores horizonte irreais, saibas que em mim as sombras ainda prevalecerão.

Quando a primavera te chegar em esplendor, e teu coração vibrar com intensidade, em anseios pela energia da vida que brota, saibas que em mim o frio ainda é constante.

Quando o forte vento se acalmar em ti, tornando-se não mais que uma mansa brisa, a tocar suavemente rostos angelicais, saibas que em mim, a tempestade ainda vigora.

Quando encontrares flores sobre sua mesa, e conforto em palavras suaves e amenas, em baixo tom, sussurrando ao teu ouvido, saibas que de mim só emanam perjuros impiedosos.

Quando te embebedares de mentes sãs, que te despertam o desejo incontido, pela conquista do irreal que em ti transcende, saibas que toco corações apenas para devorar corpos.

A isso saibas de mim, porque de ti sei tudo: Por detrás teus discursos com a cabeça soerguida, e do olhar posto na visão entorpecida não te mostram tua fragilidade, análoga à escuridão minha em que adentraste, e escondida em alvas vestes.

E da incapacidade de sofreres dores por te veres a ti própria, jamais foste forte o suficiente para sequer passares do portão que levava a trevas maiores, as quais pudessem demonstrar, sem medos, todas chagas do reino adulterado.

Não aprendeste, meretriz de sonhos perdidos em quimeras tolas, que se toda escuridão iluminada com insustentáveis luzes Torna-se mais negra após suas passagens vilipendiadoras, também toda luz conhecedora de sombras torna-se mais tênue, até que se apague no impiedoso e intrínseco inverno do porvir.

O tempo é o mestre e carrasco dos insolentes regurgitadores e adulteradores de verdades, que afaga a face de manhã, e castiga severamente ao anoitecer. Nele a vida se esvai como prenúncio de um apagamento insolúvel, onde tudo se converge em algo qualquer que não se pode definir.

E de tua pálida luz, inverídica como meus fantasmas, postei-me insolente extirpando-a de minha morada antes que a adentrasses.

Levanta! Lamenta! Chora pelo que te foi subtraído de tua visão! Que teus sôfregos relampejos, moldados para tua própria queda, ainda despercebida, se apaguem com meus escarros pérfidos!

PESOS E BALANÇAS


Ninfetas e garanhões
a alisarem peles, peitos e genitálias
em seus leitos infames;

anjos e santas
a se consolarem, com sonhos, asas e mãos,
em seus paraísos secretos;

homens-vales,
homens-insones, homens-insanos:
whitmans, sartres, sheakespeares, raquéis,
mozarts e o esbambal:

Putos, todos putos,
proxenetas, como eu, de palavras
voláteis (vadias) e de oníricos
orgasmos vazios.

PLATÔNICOS


SOBREVIVÊNCIA



Em pequeno,
eu sonhava muitas coisas,
por exemplo: uma casa,
___ um automóvel,

um poder de ser
e de fazer, uma fé inabalável,
uma pura - e só minha -
___ amada,

___ bonita,
___gostosa,
___ de calcinha enfiada;

hoje, eu sobrevivo
___ na estrada.

TEMPOS DE PRAZER E ESPANTO!


... nós nos amamos
tanto, com tal intensidade
e prazer

que, para nosso azar,
enquanto nos desbravámos em quentes
e fulgorosas intimidades,

surgiam,
já excitadas, dos úberes da terra
e do céu,

as teimosos
desejos e excitações dos anjos, dos vermes
e dos pássaros!

TUDO PARADO: PARADO E MORTO!


... tento
fechar todos os espaços
e todas as frinchas
___ das janelas,

na esperança
de conseguir, enfim, descansar
na escuridão
___ fria;

mas nem
as sombras vazias
trazem-me algum alento
___ possível,

da dor
que sinto por aquela já apagada
e única luz que em minha
___ casa esteve um dia!

VIVES AQUI DENTRO


... vives
aqui dentro

com gosto de amor
antigo,

com gosto de desejo
antigo,

com gosto de dor
antiga,

e com a eterna
esperança de não nos haver
nova partida.

A ANDORINHA


ATÉ A MAIS SUBLIME DAS CRIAÇÕES SERVE O HOMEM?


À imagem
e semelhança somos,
dizem

de um deus
que não poderia ser
senão fruto

da abnormal
aberração da mente
humana.

CAMINHOS DO DEGREDO


... neste ano,
ainda não fez sol,

está muito atrasado
e não sei por quê;

acho que
se ele demorar demais
a aparecer ainda,

antes de morrer
vou, em poesias escuras,
afrontá-lo.

DA LUZ E DA SOMBRA


... nada tem
esquecimento, e um perdão
só vale quando alguém
realmente perdoa
e quando
aquele que pede perdão
realmente se empenhe para
não repetir tantos
erros
___ vãos,
___ confusos,
___ que não levam a nada
e que não trazem nenhuma paz
ou união:
o amor,
sobretudo, não é no mundo
um leilão,
que qualquer
pensamento desvairado e qualquer
angústia ou insegurança
incontidos,
possa fazer
com que atiremos a quem
mais amamos num
lixão!

É POSSÍVEL SONHARMOS COMO OS ANJOS?


EMBUSTE


"Eu decidi ficar com o amor.
o ódio é um fardo muito grande
para suportar"
Martin Luther King

Concordo
com a dissimulação política,
e com todas as outras;

para além disso,
seria necessários o impossível
desumanizar-se.

EQUIVOCADA VISÃO SAPIENS


... à nascente
___ da túrbida visão sapiens,

voam-se aves sem asas,
cantam-se sublimidades compassas,
comem-se virgens cheias
___ de graças:

há severíssimos
infernos criados nas terras,
nos céus e por todos
___ os lugares.

ESTOU ESTRANHO NO NINHO



... não há mais sóis,
não há mais mares,
não há mais estrelas,

não há mais sonhos,
não há mais esperanças,
não há mais amores,

não há mais
a expectativa de o ser mudar
e se tornar melhor, como se não
fosse,

não há mais
a menor condição de te rever,
de te beijar, de te levar para a cama
e de te amar:

o ques me resta
é unicamente a geografia da solidão,
por onde me tenho andando
cercado apenas de espessas
escuridões!

EU AINDA TE AMO


... não tenho muito tempo,
tu precisas ser forte;

e eu torço muito
para que te tornes tão sábia
como o vento

e tão sólida
como a mais dura rocha!

Thor Menkent - Teu marido


... porque não há
o totalmente puro, totalmente calmo
ou o totalmente dácivo,

porque não há
o totalmente sonho, o totalmente
rido ou o totalmente
desejo,

porque,
com o tempo, há também aquela
sensação de vazio
sórdido,

de monotonia
mesclada a fragilidades a depressões
que parecem imortais e à sensação
de que perdemos por sempre
pensarmos ter podido
mais,

porque há também
chuvas de fogo, há resistência ao fronte,
há tristezas hiemais e há infectas imagens
a desviar nossos olhares;

sim, porque,
apesar de tudo isso, após 27 anos
eu posso dizer e posso gritar ao mundo
inteiro

que ainda
te amo demais!

EU POSSO OUVIR O SILÊNCIO E SENTIR O VAZIO DE LÁ!



... ao me falarem
de amor, de desejo, de ego
ou de qualquer outra senciência
da abnomalia sapiens,

é precido,
para que não tropecemos
e nos morraos precocemente,

I know
what is happening,
where the wind falls asleep
to the infinite erasure!

EU QUERIA


EU QUERO!


EU SINTO


... às vezes, em meu sítio,
deito-me sob a sombra de frondosas
árvores e tiro uma soneca
ao vento;

e ali, dormindo sozinho,
vejo anjos, vejo beldades, vejo cores
inexistentes, vejo sonhos-pecados
adocicados:

vez em quando
também, entre uma acordada e outra,
sinto a presença de fantasmas

trazendo-me
os verdadeiros pesadelos na decadência
por mim conhecida da fria, dura
e sapiens realidade!

EU SÓ. EU LIBERTO EM MIM MESMO, NÃO!



... por que
te dizes tão só?

- Perguntou-me
ela, após ver andorinhas voando
pelo meu terreiro e anjinhos indo
para minha cama.

Porque
esse que vês aí a criar galinhas,
andorinhas e a enganar anjinhos
para os foder em sua cama,

não sou eu,
é meu outro eu, vestindo
de heróis invencível, de puto infalível
e de deus dos impossíveis!

EU SOU DO MUNDO


... sou do mundo,
e não entendem que sou e que também
são do mundo,
ora pois que
eu converso, danço, bebo, beijo,
amo, trepo e dou para
o mundo;
e o mundo
conversa, dança, bebe, beija,
ama, trepa e dá para
mim;
e sou isso,
sendo fiel reflexo de vosso espelhos,
de modo que, quando me lançm uma pedra
ou uma flexa ela também,
como alvo, certíssimo
regresso!

INALIENAVEL E INEXORAVELMENTE VÓS CANTAIS DE VOSSOS CENTROS; E EU, DO MEU!




... ele, para muitos,
um cão a latir ao céu inclemente
por algum pedaço de sonho ou de asas
que lhe caia,
para outros,
um inverno que anseia,
por uma vez sequer, conhecer a estação
da primavera;
para outros ainda,
um mito que canta e conta a seca
e a úmida condição do ser
abnomalamente
humano;
para ele mesmo,
a mesma abnomalia que todos,
que teima em ser no que já pertence
ao apagamento e já está, portanto, morto,
algo que pareça sencientemente
vivo!

INESPERADAMENTE


JÁ NÃO ME IMPORTO MAIS QUE SOU!


... já não me
importa mais o que ou quem
pensam que sou,

se bom ou ruim,
se de boa ou de má fé,
se leal ou traidor,

se capaz de mais
amar ou de mais odiar,

se capaz
de atuar e de dissimular;

na verdade,
depois de 47 anos vivendo como
e como os sapiens,

já não me
importa mais o que eu fui,
o que eu sou ou o que eu venha
a ser ou deixar de ser,

porquanto
já percebi que, somente enquanto
ainda sou neste mundo de coisas onde
fomos jogados,

é que meus olhos
por vós veem e os vossos olhos
por mim veem, como único e inexoráveis
pontos centrais, onde supostos erros e acertos
se confunderm a todo instante!

MEDOS


Eu também tenho medos,
por exemplo, tenho um medo
dos bem fantasmagóricos,

é que se eu postasse
cinco por cento dos poemas
que escrevo

- sobre o ser e suas senciências
sobre o ser e seus desejos, e seus amores
e suas concupiscências
vadias -

onde pudessem lê-los
meus amados, como por exemplo,
no facebook, certamente, ao me lerem
eu já os teria perdido.

E o pior é que,
quando eu morrer, como secondo todo
o meu acervo emu ma secreta
biblioteca,

quando eu morrer,
irão ver a verdadeira cor de seu
pai, que viveu em severas loucuras
e pesadelos!

NÃO GUARDO RANCOR, MAS SINTO PENA


... perdida
em embriaguezes vacilantes,
ela congita, totalmente alheia
ao que sou,

e insipidemente
frenética e alheia também o
que de si mesma
é:

e não há
remédios ou anestésicos
para tal chaga,

que
sempre almeja luz e paz
absurdas, acenando os negros
mantos da guerra!

NÃO HÁ AMORES NO INFERNO!


E quanto
àquela estória
de fugirmos desses mundanos
jardins?
E quanto
àquela estória
de evitarmos esses caminhos
comuns?
E quanto
àquele sonho de amor
que combinamos de manter
limpo e eterno?
E quanto,
ao voltar de minha visita do inferno,
àquele teu abandono, sob chuvas
de fogo e de verbo!

NÃO QUERO VIVER DO PASSADO


NINGUÉM VÊ!


O AMOR É UM ASSASSINO FRIO!


Eu comentava
algo com uma nuvem ontem,

com a qual
sonhei um voo esplêndido
já há uns 10 anos:

"A única coisa
que estou conseguindo ainda
é ser amado,

porque amar
já me matou!"

O SOM DA CHUVA


A luz do relâmpago
de teu rancor de teus rancores,
de teus ciúmes, de tuas chuvas de fogo
e de teu tão prometido
bem-querer

foi, aos poucos,
derrubando todas as paredes
de minha casa e todas as árvores
de minha escura
floresta,

e murchando
todas as flores de meu imenso,
colorido, e erótico jardim
secreto,

fazendo com que
o fim de teu amor, tão proclamado
por mim em nosso leito e em nossos
céus se aproximasse cada vez
mais perto do fim!

POR ENTRE FLORES E ESPINHOS


Por entre flores e espinhos
ao caminho, ou melhor,
por entre ilusões e quedas
em desalinho,

damos a nossos passos
os tons lumes e frugais das estradas;
enquanto, insanamente, tentamos guardar
luas sob sombras de árvores

e trocar sóis de invernos enregelados
pelos de quentes verões,
sempre escondendo nossos espelhos,
porque é assim que realmente
somos.

POR QUE OS POETAS TANTO CAEM E TANTO SOFREM?



... quando queremos,
por desejos, por fantasia, ou crendo
em tal possibilidade, sobretudo
___ no amor,

alcançar
o infinito, flexionamos e extasiamos
___ tanto a imaginação que,

ao fim,
diante da constatada
impossibilidade de sequer se atingir
um céu que seja apenas azul
___ celeste,

sentimos
como se nossas asas inválidas
pensassem como granitos e se depencassem
em vertiginosa e aflita chuva
___ ao duro chão da vida!

QUERO FUGIR


Sim, já não aguento mais,
quero fugir disso que se chamam mundo,
disso que se chamam luzes,

disso que se chamam pazes,
disso que se chamam justiças,
disso que se chamam amores e sublimidades;

quero e consigo fugir
de todas essas farsas sapiens, sempre
defendidas em discursos ensolarados, mas
nunca cumpridas na observada
prática;

sim eu quero fugir,
trancar-me ei em meu quarto, solitariamente,
e dissecarei o ser e tudo que dele
seja em francas folhas;

mas meu Deus,
Deus meu, como é que eu vou conseguir
fugir de mim mesmo!

SEM REFÚGIOS


A eterna ausência tua
faz com que todas as nuvens
se pareçam turvas

e, sob estas
sombras projetadas ao chão
em que habito,

na solidão,
no silêncio e na angústia
que ficaram

ainda não
vi algo qualquer que a tal
brumática situação
mude!

SERÁ POSSÍVEL AMAR DE VERDADE?


... porque,
para se amar real
e plenamente,

seria preciso
suportar (amando-se
ainda mais)

a angustiante dor
que há às inevitáveis dobras
dos naufrágios!

TUA MORTE FOI MINHA MAIOR QUEDA


Quarenta
e oito tiros em sete
___vidas minhas;

matou-me
___ nosso voo insensato,

matou-me
___ nossa esperança perscrutada,

matou-me
___ nosso amor angulado:

eis o efeito
___ de seus céus noturnos

e de suas instáveis e devastadoras
___ tempestades.

AMOR E MÁGOA!


Eu vi uma mulher
de véu negro na noite,

ela estava quase
invisível sob o céu
gelado,

parecia
extremamente bela e sensual,
e seu decote inferia que ali havia
lindos peitos;

e eu me atrevi
a segui-la até o cemitério
e lá, com ela, encontrei o verdadeiro amor,
o verdadeiros inferno e a verdadeira
morte ao me deitar
com ela!

AMOR: O PARADOXO!


No amor,
as coisas são muito piores
que nas paixões e nos avassadaroes
desejos:

é que, quando
de uma trepada em um leito,
rwgado a abraços, beijos e excitantes
trepadas,

nenhuma chuvas,
empestade ou furacão mata o que
simplesmente ali não existira: o verdadeiro
ato de amar.

Mas, quando se ama para valer,
à lindíssima flor a que amamos com o corpo,
com a mente e com a alma, até uma levíssima brisa
atravessada no meio de uma noite,
mata!

ANDARILHO DAS AREIAS


Com minhas asas
pousado e vazio em minha ilha
desértica,

tentaram dar-me
algum alento, algum sentido
e alguma esperança:

foi um erro
celestial cometido por um anjo
incauto,

que caiu nos mesmos
caminhos de descontrole, de chuvas
de fogo e de lágrimas
incontidas,

advindas
das dores contidas na alma
do moribundo e decrépito andarinho
das areias!

BELDADES


... belas,
belos corpos,

despertam o desejo
auando se vê,

atiçam
a vontade de abraçsr,
de beirar e de comer,

leva-se ela
para a cama ou à mente
para bater uma baita
punheta:

de manhã, aina se está
totalmente ligado e inquieto, sem conseguir
sequer trabalhar direito:

desse néctar
basta um dose para, por toda
a vida, viciar-se!

CÉLIA


Sempre ansiei
pelo olhar com que me tocaste
naquela primeira noite,
sempre desejei
estar de teu lado para toda
minha vida,
sempre quis
dançar contigo ao ritmo do vento,
da brisa e da chuva,
sempre me
embriaguei toda vez que bebi
de tua boca e de teu mel, como se fosse
um menino caçador
estrelas.
sempre eferveci-me
no calor de nossos corpos e com teus
toques suaves, enquanto contornava,
com as mãos, as curvas
de teu corpo nu;
e, sobretudo,
sempre me senti realizado, pleno
e totalmente contemplado com tua companhia
como eternal amada minha!

CINZAS


COME, NOBODY!


EMBORA SE SONHE A SOLIDÃO, NÃO É POSSÍVEL ESTAR-SE SÓ!


Mesmo a um niilista
não se é possível andar só,

razão pela qual
ele deve aceitar seus reflexos em si
mesmo e nos espelhos que
o refletem,

porque assim sendo,
sem a possibilidade de estar só,
como todos é capaz de amar, de odiar,
de andar mais depreza
ou mais devagar,

de se conter
nas margens ou de ultrapassá-las
e, nada disso de chamar os outros de puto
e putas, porque, em não sendo possível
estar só, como quer,

também tem
o desejo e a vontade, com o ego geralmente
em riste, com a vaidade aguçada

e com as genitálias
prontas para, no menor vacilo,
de imediato pegar, dominar
e comer!

ETERNIDADE


... eternidade não existe
no sentido físico de que falam
para o sapiens,

uma vez
que este deixará, um dia,
de existir jogado no meio
das coisas;

portando
é bom estar atento e saber que
a única eternidade possível
para o ser

é a do momento
em que ele sonha, em que ele ama,
em que ele deseja e em que
ele leva para a cama!

EU E VÓS


Sou dissimulado
e vadio demais para escrever aqui,
no meio de menestréis, puritanas e anjos
mascarados;

assim como
eles vê, desfilam, exibem troféus
literários, conquistas, fazem suas masturbações
egocêntricas, literária
e genitálicas,

sem perceberem
que são frágeis demais para lerem
e aguentarem os labirintos subterrâneos
do ser que mostro em sais
e pós!

EU NEM ACREDITAVA NO AMOR


Tua ausência,
há mais de ano ainda

me apavora;

ao ruído do relógio
na parede, de madrugada, é como
se eu sentisse teu respirar e teu pulso
ainda presentes na hora:

sempre deixo
a luz apagada, para não ver,
com meus olhos, o vazio que a luz
tras diante do espelho

de minha cômoda
vazia, onde guardo os tristes
poemas que tenho andado a fazer
com a dor quem em mim
brota!

IMANÊNCIAS DA PSIQUÉ E O AMOR VERDADEIRO



... não se deve subestimar
a força do fogo de uma paixão,
que pode momentaneamente supercar
totalmente até a mais forte e sublime força,
que é o amor;

a feras da psiqué
não é o superego, uma vez que este
tem como primcipal objetivo combater
oes efeitos a bruta fera,
que é a id.

Faltando ele,
confunde-se o desejo e o sexo
com o amor, ocasionando muitas vezes
traições por ilusõe que levam a grandes
perdas, como separações, etecetera.

Outra consequência
da fera, quando falha em seu controle
o superego

sao os ciúmes,
as inseguças, as discussões, etc
que também levam à perdas
severas e familiars;

por último,
se falha o superego, ele mesmo
se volta contra si, provocando angústia,
dor, desespero e,no cume, podendo
levar ao suicídio.

Por isso aviso
desejar, masturbar e foder é bom,
é ótimo; mas deve estar sempre sob o controle
do superego

e, assim que realizados
os atos, deve-se haver imediatamente
o retorno da psiqué ao centro(ego),

sob o risco
das extasiantes e delirantes fodas,
com seus esplêndidos orgasmos,
acabarem mesmo e em merda!

NA PENUMBRA DESTA CASA



... aqui estou eu
novamente, neste espaço de fundo
negro,

onde geralmente
escrevo e não sou lido,

onde geralmente
falo e não sou ouvido,

onde geralmente
sinto e não sou sentido,

onde geralmente
choro em feio ssilêncio ninguém
dá algum sentido;

cá novamente
estou eu neste espaço escuro,
com alguns versos grafados como luzes
acesas em postes de neon
às noites,

apenas esperando,
de uma boa, bonita, inteligente e gostosa
mariposa, o voo do último amor que culminará
em mais um suicício de asas, junto à lume
e poética incandescência!

NÃO FAZ MAIS DIFERENÇA


NÃO HÁ MEIOS NOS CENTROS MAIS PROFUNDOS DO SER


NÃO LIGUES PARA O QUE DIZEM, EU SOU TEU TESTEMUNHO, MEU AMOR!


... que fizeram
de teu nome, meu amor?
Como ousam
difamar aquela que do ser
quase tudo entendeu e que dele
sentiu quase todas as dores
e os prazeres,
e que lutou,
e que lutou,
e que lutou o tempo todo para
tentar conquistar a humana
pureza;
e que,
enfim, à fria, eterna e madita morte
se foi em espírito, com sua
renovadíssima chama!?

O EXISTENCIALISMO SAPIENS ESTÁ CONDENADO!


Cosmologicamente
falando, não há um Deus que possa
ser entendido, imaginado
ou amado,
nós não passamos
sequer de uma ilusão e, de fato,
nunca existimos
e não existe o que chamam lua,
nem o que chamam estrela, nem o que chamam
amor, nem o que chamam carinho,
amizade ou qualquer coisa
advindo da senciência
sapiens.
Sim, aos olhos
frios do apagamento, o que há é um emaranhado
ilógico e dezarrazoável de possibilidades
e nem o Cosmo, como o vemos,
existe em nada!

PORTAS FECHADAS


Em espanto e dor,
aquele sublime e eterno amor de outrora,
que tantas e tantas vezes
nos (per)juramos,

padeceu no último adeus,
juntamente com todas as quimeras que sonhamos
e com todas as esperanças
que engravidamos:

e até hoje,
quem se nos passa vê
[aos chãos do cais abandonado],
sem entenderem por quê,

os caóticos resíduos
des asas quebrados, des cinzas molhadas
e de destroços espalhados
por todo lado.

PSEUDOILUMINURAS


Do caminho
iludido de iluminuras,
entre raízes escondidas,
flores bem vestidas
e pétalas caídas,

o que mais poderia
restar senão os desenganos

e as durezas
das inexoráveis perdas

de um pedaço de pão,
de um pouco mais de amor e ilusão,
condenados como esse
velho e fraco cão?

SE VIERES ESTA NOITE


SEM SURPRESAS


Ainda bem
que já não me surpreendo
mais com os menestréis,
com os doutores e com os velhos
puristas que habitam
os píncaros urubuzeiros:

quando eu era jovem,
diziam que minha geração
estava perdida,
e hoje repetimos o discurso
de que a nova geração
está perdida;

e nisso eles acertaram
mesmo em cheio,
porque todas as novas gerações
estiveram perdidas
no exato ponto em que
envelheceram,

porque, quanto mais estudados
e talhados a conhecimentos
e experiências de vida,
é que mais reinauguramos incautamente
as casualidades do universo,

desafiamos o poder do átomo,
criando mortais ogivas nucleares,
decidimos pela guerra quando podemos
escolher a paz,

e contribuímos,
embora os esplendes discursos
sejam sempre mantidos,
para os ominosos apartheids
entre raças e povos.

SILÊNCIO


SINGULAR CONVULSÃO CÓSMICA


Dia desses,
quando fazia uma despretensiosa
caminhada noturna pela avenida que
fica próxima à minha
___ casa,

começou a me seguir
um cão sarnento que me fez lembrar
a Fernando Pessoa, com um de seus grandes
___ paradoxos

(escrito,
diga-se de passagem, com grande primor ,

sobre o ato de pensar levar
essencialmente ao erro projetado,
com uma diferença que descobri neste
___ longo desterro:

pensar
é algo essencialmente do ser,
e o não-ser nos é impossível diante da maior
e mais avassaladora de todas
___ as causalidades,

que é nos sermos
de forma concreta (ou assim nos imaginarmos)
em existencialismos condenadamente
___ abstratos;

ou por outra,
o erro surgiu - e está -,
de modo imanente e inexorável,
já em nossa fausta origem
___ abnormal.

THE DESERT FLOWER II


Há duas flores do deserto:
uma com a imperiosa força e inspiração
que move a poesia,
a outra que mantém
a margem e o controle ao centro
de seu próprio
EU.
Timy Tammer
tinha um reloginho mágico,
e tu pergutarias quem é Timy Tammer,
mas isso não importa,
o que importa é que ele tinha
um reloginho dado a ele por
seus padrinhos mágicos.
Toda vez que Timy tamer
errava ele apertava o reloginho,
do qual saía uma palavra "repeat",
"repeat", "repeat",
que imediatamente
o levava de volta ao ponto onde ele
cometeu o errou ou teve
q queda.
Sabe, Desert Flower,
eu queria ter um reloginho
desses para poder voltar e corrigir
meus erros.
Não tenho,
mas posso dizer que,
por escolhas, podemos renascer
ou morrer todos os dias
em uma ou outra situação,
em um ou outro céu,
em um ou outro inferno!

URGÊNCIA


Entrega-te a mim hoje,
como se fosse o ultimo dia
de tua vida,

e como se esse dia,
esse ultimo dia pudesse conter
uma vida inteira,

com seus desejos e amores,
com seus rios e destinos,
com seus prantos e risos,

com suas lágrimas e gemidos,
com seus silêncios e gritos.
com seus gozos e suicídios!

A EVOLUÇÃO HUMANA SERÁ A MAIOR TRAGÉDIA DE DEUS!


Ainda bem
que já não me surpreendo
mais com os menestréis,
com os doutores e com os velhos
puristas que habitam
os píncaros urubuzeiros:

quando eu era jovem,
diziam que minha geração
estava perdida,
e hoje repetimos o discurso
de que a nova geração
está perdida;

e nisso eles acertaram
mesmo em cheio,
porque todas as novas gerações
estiveram perdidas
no exato ponto em que
envelheceram,

porque, quanto mais estudados
e talhados a conhecimentos
e experiências de vida,
é que mais reinauguramos incautamente
as casualidades do universo,

desafiamos o poder do átomo,
criando mortais ogivas nucleares,
decidimos pela guerra quando podemos
escolher a paz,

e contribuímos,
embora os esplendes discursos
sejam sempre mantidos,
para os ominosos apartheids
entre raças e povos.

A PASSAGEM LEVA TANTO AO SONHO COMO AO TOMBO!



... em algum lugar,
do outro lado de meu computador,
há dedos a digitarem algo de uma mente
que às vezes está
___ a me pensar,

outras
a me olhar, outras a me refletir ,
outras a comigo em uma transa imaginar,
___ outras ainda a me amarem;

e, às vezes,
eu até ouço o som das teclas
ao compor um poema de amor,
de prazer, de angústia
___ ou de dor;

e é como se
eu me ouvisse e me sentisse também
ali com a pessoa que comanda aqueles
___ dedos,

pensando,
poetisando, sofrendo, voando,
tropeçando, delirando, gozando
___ e chorando!

A VERDADE DA HORA MORTA


... imaginemos
que ,entre uma e outra fantasia,
entre um e outro desenjo,
entre uma e outra
____________________ trepada;

imaginemos
que nos calores e delírios
das horas e dos leitos, pensemos
silentemente um no
____________________ outro;

Imaginemos
que diante do entusiasmo do mundo
e das magníficas imagens dele,
ainda mantemos inesquecível
aquele nosso secreto
____________________ jardim;

Imaginemos,
por fim, que na hora da morte
prounciemos, em sussurros derradeiros,
o nome um do
___________________ outro:

depois disso tudo,
teremos a certeza absoluta
de nosso amor e da incrível estupidez
que cometemos ao não vivê-lo
__________________ juntos,

curvados
que fomos sob outros céus,
sobre outras ilsusões e sobre
outros arcos
________________ de flores!


AINDA SEI


... ainda sei
da cor de teus olhos,
ainda sei de como eram
lindos teus cabelos lisos, ainda sei da suavidade de tua pele,
ainda sei
do gosto do teu beijo, do teu sour,
das tuas lágrimas e teu teu
delicioso gozo,
ainda sei
que gostas do céu azul e do rigoroso
inverno onde não se intentam
os demais sapiens,
ainda sei
que brilhas por onde é que agora
tens andado ai neste outro
lado,
ainda sei tudo
sobre ti, e ainda sei que te amo demais,
meu amor; e isso é o que me fortalice para
não me cair curvado!

AVESSOS


Não raciocineis
- nem sonheis -
pois, ao fazê-lo,
estareis (re) inventando
vossas próprias e exíguas
possibilidades;

e nada há
que possais fazer
aos ocasos e às possibilidades,
nem a vossos (di) simétricos
semelhantes sapiens

- seja em amores, dores
ou rancores -

que não seja
tão somente para vos servir
e aprazer.

CÉUS EM FOGO


CURVADO


Tenho sempre
fome e sede daquele tempo
que não volta mais,

daquela
casa em que nos fomos
mútuos espelhos,

dos mares,
das árvores,
dos céus,
dos sonhos,
das fantasias
e dos infinitos que juntos
povoamos;

tenho saudade
de tudo, até das chuvas de fogo
e das afiadas pedras que
nos jogávamos

num círculo
louco de amor, de ciúme,
de possessividade, de ódio e de loucura
incontrolados!

E A MORTE LEVOU...


É PIOR QUE UM FINGIDOR, PESSOA, É UM ENGANADOR!


Por que
te preocupas se tens a beleza
que inspira
os poetas,

se eles não são
tão sublimes como pensas,
para que te tenhas
de ser mais

- aliás, são bem
mais dissimulados
que os arlequins
e menestréis -

ao fundo,
querem apenas
o misterioso olhar da flor
e as pétalas e espinhos
escondidas
ao caule,

para que,
assim, possam fabricar
seus próprios sonhos e suas próprias
vesanias em versos
ébrios,

sem se importarem
como andas com suas lamparinas,
às mãos.

ESCURIDÃO


FLOR


FRONTEIRAS FECHADAS


... fechei todas as fronteiras,
agora se tornou impossível chegarem
amm por caminhos
comuns,

e ão é que
estou me escondendo num castelo,
numa viela ou na Fortaleza
dentro de mim mesmo
assim:

é que, para me despertar,
realmente é preciso que alguém consiga
ultrapassar as margens sapiens
e pular o muro!

GUARDA UM PEDACINHO DE MIM CONTIGO!


Cheguei muito tarde a este porto,
estou atrasado para nossa viagem
E hoje é teu aniversário, eu sei;

E o que é pior
é que eu estou por demseado
cansado dos sonhos, das lindas e das idas
e vindas de uma vida que parece cheia e colorida,
mas que tem-se mostrado,

depois de cada ato,
escura, vazia e abstrata.

Eeu queria te dizer
"feliz aaniversário, meu amor,
e depois nos servirf um vinho ao somo
de Dream baby dream
de Bruce;

e eu realmente
queria estar aí agoa contigo
e te presentear com a lua, com as estrelas,
com meu amor e com um pouco
de meu calor;

mas eu tenho que
te dizer que de meus olhos já nem
mais correm lágrimas e que minhas asas
já se tornaram totalmente
inválidas

e que, meu Deus,
eu sinto que realmente estou atrasado
para ti e já a caminho de minha última, fria,
eombria e eterna casa!

INFINITUM


Em universos infinitos
que inventamos para amarmos
a deuses, lendas e mitos,

costumamos ser
muito mais frios e cruéis do que
nossos semelhante pares

que escondem
as asas dos sonhos, para se foderem
aos falesiosos e obscuros
chãos.

INVERNO FOI FATAL


... quantos risos,
quantas alegrias,
quantos sonhos e fantasias

e quantos beijos,
quantos abrsaços carinhosos
e quantas fodas extasiantres,

e quanto de mares,
de céus, de florestas encantadas
e escuras vivemos
lado a lado,

para que viesse
assim tão sedenta e tarada
para levar com ela
tua luz?

LILITH PERDIDA


... parece
que já não é mais
dos picos que olhas as coisas
do mundo;

parece
que realmente perdeste
o sentido da ilha

e da reflexão,
ao dançares tanto nas picas
do chão!

MEU JARDIM


NÃO HÁ MUITO MAIS O QUE DIZER


Não há muito mais o que dizer,
a vida segue impiedosa e as próprias
estações vão se deteriorando
e se secando,

seguir olhando
para o que ficou pelo caminho
é penoso a meu ser e chega a ser quase
insuportável diante da tão
cruel destino:

em breve o sol
do meu dia vai se pôr e, às sombras
da noite que me será eterena não levarei
sequer a lembrança de algum
amor perdido ou de sua
saudade tão doída:

vou apenas seguir,
insentido, apagado, sem senciências
e sem destino, totalmente seduzido
e entregue ao horizonte
vazio!

NOITE ADENTRO



... eu não vou procurar
absolutamente mais nada em ti,
depois que não consegui achar nem mesmo
a mim,

eu estou angustiado,
eu estou triste,
eu me sinto perdido;

mas eu juro
que, mesmo que tudo se perca
e se disperse de mim,

eu não procurarei
absolutamente mais nada
em ti!

If there is a world that eats us
and a sea that melts us,
there must be a sky to fly, baby!

Thor menkent

NUDEZ LITERÁRIA


Se a meus poemas leres
ou se a meus livros abrires,
mesmo que seja para uma rápida
visagem panorâmica,

talvez um pouco venhas
a achar que te faça sorrir;
e provavelmente muito que te faça
lamentar ou chorar:

é que, nos avessos dos reflexos
tão secretamente guardados,
que demonstro em meus versos
extravagantes e tortos,

teus mares parecerão pequenos;
teus ídolos, putos hipertensos;
tuas esperanças, suspensas;
e teus sonhos, ferrugentos.

O MAR CHORA. A PLANÍCIE CHORA. MINHA ALMA CHORA!


Flor de inverno
que outrora foi além-mar

donde, após mais
uma quebra de asas,

devido a fracassadas ilusões
fugazes,

regressaste
a casa, em nosso inverno pelos
demais inabitável;

agora já não anda,
não voa, nem navega mais, deixando
em dor e choro o grande mar, o céu azularado
e o escuro pedaço de alma minha

que apodrece
naquela cabaninha eternamente
abandonada!

ONDE ESTÃO AS ESTAÇÕES?




Descobri há muito tempo que os guardiães e os compositores de verdades, em máscaras sublimes para suas atuações, estão condenados às superfícies em que se banham.

À frente, do alto de seus campanários formidáveis, os pronunciadores de imperativos arquitetam alegorias ardilosas, seguindo-os em procissões zumbátidas os devotos de mitos por eles criados; e as excitações senis diante do espetáculo pipocam por todos os cantos em adágios de toda ordem, encontrando amparos frágeis nos sonhos de amanhãs redentores, invocados como contravenenos a angústias cruciantes do presente e condenados em inconsciências de quedas porvires.

Nenhuma hora pode ser suspensa na messe autoconsagrada. Nenhum espaço pode deixar de ser conquistado e violado pela infiltração nociva que lhe toma como um câncer morto. Nenhum horizonte adiante do minuto seguinte pode estar exangue das novas cores que lhe são dadas. Nenhuma melodia entorpecida pode deixar de ser ouvida nos ares rasgados dos ocasos. Nenhum silêncio pode deixar de ser estuprado por algazarras da humanidade perfídica. E nenhum crepúsculo pode deixar de ser incendiado pelo fogo impetuoso dos pássaros renascentistas que teimam voar com suas liberdades e escolhas comprometidas, alheios de que, ao nascer, no primeiro choro, já nos condenamos em nossas imensidades transviadas.

E detentores inalienáveis que somos da condição de senhores do misterioso amálgama, com o escorregar venal pelo tempo, a parálise contrafeita atinge nossos nervos e vasos fundamentais, deixando ecoar, em nossas superficialidades confusas, sedes insaciáveis por alquimias encantadas. Nos espaços infindos de nossas protuberâncias, os olhos da face são os mais cegos, e tola é a existência em sua forma apregoada.

Nas veredas translúcidas, todos os cânticos ressonantes, todos os sonhos condenados, todas as súplicas negadas, e todas as angústias incuráveis são tão vãos como a pseudoatuação de seus emissores, a partir de seus próprios tabernáculos.

Ébrio por dissecações estultas de gêneses é que desatino e digo: se houver algo inconspurcado, é a equitação em neves negras, onde a luz emanada de nossos cernes argúcios não possa penetrar intrusamente, aportando um algo qualquer, imaginativo que seja, que contamine o impermisto de antes ou de após nosso desabrochar.

Donde estamos, porém, entre magníficas searas frutificadas de nossas mentes transcendentais, parece inevitável a condenação a nossos egos sencientes, contidos em nossos frágeis liames humanos.

SIM, EU TE SABIA DE COR!



... só me fiz deserto,
só me tornei fria pedra,
so visitei o inferno

porque,
como uma criança brinca de viver
no túmulo de outra criança,

era o único
modo (sem que nos refletíssemos
avessos) como podia
te amar!

TOMANDO UM CAFÉ À PORTA DE UM BOTEQUIM


An ram!

Bom, desculpem-me. Deixa eu falar sério um pouco.

É verdade que os ventos, as chuvas e as tempestades são velhos companheiros meus. Digamos que me alivia um pouco quando, com o verbo em contos ou em poesias, coloco as culpas e os pesos no mundo.

Mas não é que eu seja totalmente insensível aos revezes da vida. Por outra, costumo mirar os maiores egos e os mais sonerbos anjos. Aos humildes, eu poupo, e desafio um só de meus poemas lhes serem afiadamente destinado.

Mas quando um trovão sobrevoa o ar que respiro, realmente tenho de mostrar umas coisas. Por exemplo, ,como sempre digo, em países desenvolvidos jogam Playstation, vão a parques de diversão, comem e bebem de tudo, e regozijam que são bons. Ah, claro, e dentro de nosso próprio país ocorre o mesmo com alguns irmãos.

Mas, enquanto isso, e sempre digo que enquanto isso muitos morrem de frio, e muitos templos padecem de fome biológica e cultural.

Então, são sons desconexos. "Sou bom", "Estou morrendo de fome". Tudo nas mesmas células do corpo humano.

Então vos pergunto: "Onde é mesmo que está a porra do câncer?"

UM AMOR FEITO NAS SILENTES SOMBRAS!



... chegou-me ela
repentinamente, em uma madrugada
fria;

com os negros,
lisos e compridos cabelos
a lhe correrem,

ao lado do belo
semblante, em forma de
cachoeira;

e com um tênue sorriso
aos lábios,a clarear-mealguma esperança
derradeirade um sublime voo
sem asas,

rompendo virgindades
estelares, inaugurando infinidades
aos luares, e gozando a placidez
de um puro amor
sob os luares;

sem nos importarmos
com os sonhos, as fantasias
e as vesanias dos demais pássaros
sapiens.

VÉU BRANCO


... quando
retirou seu véu branco,
vim uma sombriedade
tão grande,
mas tão
grande qu, se diluíram
todas as minhas
emoções,
como se
nem se tivessem se havido
ali naquela poça
dágua:
a sombra
que vi em sua caverna,
assustaria decerto
até ao diabo!

VULTOS


... um sorriso que fica
na tecitura dos dias, ignorando o silêncio
do amante que eternamente
passa;

não importa mais
se era forte ou fraco demais o sol:
ele se apaga;

a claridade
de amanhãs renovados desenha-lhe
novos horizontes melhores.

A linha começa
a ficar extremamente clara:
pela janela vejo a chuva que teima em cair,
moldando o caminho de minha
última jornada.

A GRANDE FAMÍLIA HUMANA



O pai ora:
"Senhor, livra-nos
do mal!"

A mãe ora:
"Senhor, livra-nos
do mal!"

As irmãs oram:
"Senhor, livra-nos
do mal!"

Os demais parentes,
os amigos e os conhecidos oram:
"Senhor, livra-nos
do mal!".

O mundo
inteiro, enfim, ora:
"Senhor, livra-nos
do mal!".

Mas ele (o mal),
por absoluta imanência, só existe
no obscuro e indecifrável
fulcro do sapiens;

e jamais,
apesar de todas as orações,
saiu ou sairá
de lá.

How will you continue
to be with all this abnormous obscurity,
Sir?

A MENINA QUE SUBJULGOU UM HOMEM


... cuidado
com aqueles que parecem ser
por demais sublimes
e inocentes,
pois eles
também podem ser
por demais negros
e dementes!
Thor Menkent
... não há diferença
alguma em intrigas feitas nas favelas
e nos palácios residenciais;
não há diferença alguma
nas luzes ou nas sombras que se acendem
ou se apagam aos céus ou aos abismos
figurados;
não há diferença alguma
nas porras que se derramam nos corpos
e nas merdas que excrementam nas privadas
de um lugar mais baixo ou do alto
dos montes onde se achem
supremados;
não há diferença alguma
de idade, de responsabilidade ou de sublimidade
quando a boa ou a má fé parte da íntima
capacidade de cada abnormal:
filosoficamente,
eu diria que, exceto os templos de coração
realmente puro, no branco ou no preto,
no terno ou no rasgo, nos céus
ou nos chãos,
nos motéis
ou atrás das moitas, nos paraísos
ou nos infernos que
se constroem,
todos partem
de um mesmo ponto absolutamente igual,
mudando-se apenas a capacidade de determinação,
de dissimulação e de persuasão
de cada um!

A NOITE É TESTEMUNHA


Quando se encontram
os amantes em seus secretos
recônditos

(sendo eles
limpos ou sujos, leais ou traidores,
brancos ou negros)

as bocas se beijam,
os braços se abraçam,
as línguas se chupam,

os corpos se tocam,
convulcionam-se, soam, penetram-se,
gemem e gozam:

sim,
a lua, encostada ao céu acima,
é testemunha silenciosa,

tal como
é o silente segredo que dali guarda
as quatro paredes!

A TEMPESTADE NUNCA PAROU!


Chove.
Chove lá fora e há muito
chovo em mim,

como algo
que me alaga, estraça-lha-me
e me afoga;

e nesta carestia
de oxigênio, nessa escuridão sem fim
e nessa angústia que não
cessa,

eu queria
apenas desligar um pouco
a dolorosa lembraça e saudade
que tenho dela!

ANOITECER IMINENTE


Enquanto espero
o de me tomar a vida a eterna
noite.

perco forças,
perco esperanças,
perco sonhos,
e perco sangue;

tu, já em descanso eterno,
exangue e espiritualmente, descansa
e me espera para vivermos uma estória
jamais contada ou vivida

nester
ou em nenhum outro
universo!

AS MÁSCARAS DO ESPETÁCULO


Em meu
gruarda-roupas não há mais máscaras
para atuar no teatral
mercado;

fraco,
meus sonhos não têm mais
força e graça para tentar ainda
voar como um pássaro;

e o pior de tudo:
neste escuro deserto todo,
eu não vejo mais amanhãs em que possa
do cruciante pesadelo
acordar.

COMO UMA BRISA


... não quero
ser o cão que perturba o teu
céu em silêncio,

nem o que
atravessa suas noites como
membro de uma matilha
em fúria:

permita-me
apenas ser como uma brisa
que ora te toca, ora te deixa, ora te ama,
ora te beija!

CONFESSO: NÃO SEI AMAR!


DESESPERANÇA


É dia, enquanto a vida escorrega
pelo tempo e as estações passam
deixando as marcas amargas
da tortura,
em mim.

Sim, é dia ainda,
no entanto em mim, faz-se
noite eterna..

Na floresta,
em meio ao temporal,
as árvores estão silenciosas
e estáticas.

As buscas na densa mata
estão se findando, e o voo trnou-se solitário
e desprovido de emoção.

Apenas caminho,
esvaziado com a alma já completamente
em um inesgotável oceano de sombras
nasufragada,

sem cm o que
mais sonhar, sem a que msais desejar,
sem em mais nada crer,

enquanto meu coração
está gélido e árido e meu corpo cansado se fadiga
nos extsasisantes mas vazios sexos
de corpos outros,

DISTANTE DEMAIS PARA RETORNAR


E ENTÃO TUDO FOI REINAUGURADO!


Se todo espaço-tempo
tornou-se fragmentadamente humano;
que se dizer das possibilidades
causais

- ou não -,

coletadas via retinas cegas
e colecionadas dentro da grande
e incompreensível
barreira,

onde nos centralizamos e,
às senciências espúrias, retransmitimos
como esplêndidos espetáculos
de criação?


E VICE-VERSA



Já tive de tudo
nesta vida, já fui lambido
por línguas de mares,

já foi queimado
por heliantos solares,

já fui sondado
por purezas areolares,

já me ofertarem
amores unipolares,

já me dilapidaram
a carne, o veio e a alma
com severas dores,

mas, às vezes,
pergunto-me em minha insânia
abnormal:

"Se a existência
se faz de ouros, sonhos e punhais,
para que manter a farsa
da dissimulação
​​​​​​​sapiens?"

ELAS, AS FLORES


Elas,
caros amigos,
belas flores,
com seus cabelos
a caírem como
cachoeiras
sobre os delicados
ombros, costas
e seios;
flores andantes,
a maquearem
seus rostos, cílios
e lábios
sem receios;
flores mágicas
a esconderem, sob sutiãs
e calcinhas,
seus segredos
mais incendieiros;
flores oníricas,
a nos infiltrarem os sonhos
e a nos enlouquecerem
em amores e fulgores
alvissareiros.

EU AFIRMO. A ID É A IRMÃ GÊMEA DA VAIDADE E, EMBORA DELICIOSA, PODE TER CONSEQUÊNCIAS DEVASTADORAS


Meu corpo
tem uma consciência diferente
da minha,

meu corpo exige
comida, água e sexo todo dia,

minha mente pede
poesia, filosofia e sonhos todo dia:

neste cenário de guerra
intrínseca, toda luz que se me apareceu
demonstrou-se insuficiente

para me posicionar
melhor quanto a minha inalienáveis escolhas
e suas respectivas consequências
na existencial ponte,

sobretudo
em dias sem a incidência do sol!

EU AINDA TE AMO


... não tenho muito tempo,
tu precisas ser forte;

e eu torço muito
para que te tornes tão sábia
como o vento

e tão sólida
como a mais dura rocha!

Thor Menkent - Teu marido


... porque não há
o totalmente puro, totalmente calmo
ou o totalmente dácivo,

porque não há
o totalmente sonho, o totalmente
rido ou o totalmente
desejo,

porque,
com o tempo, há também aquela
sensação de vazio
sórdido,

de monotonia
mesclada a fragilidades a depressões
que parecem imortais e à sensação
de que perdemos por sempre
pensarmos ter podido
mais,

porque há também
chuvas de fogo, há resistência ao fronte,
há tristezas hiemais e há infectas imagens
a desviar nossos olhares;

sim, porque,
apesar de tudo isso, após 27 anos
eu posso dizer e posso gritar ao mundo
inteiro

que ainda
te amo demais!

FLORES E PEDRAS


... entre flores e pedras,
escolha andar entre as pedras,
pois entre estas
caminhas com cuidado sabendo
serem pedras
e, daquelas,
lindas, coloridas, perfumadas e gostosas
te pões a andar com o coração
e com a alma abertos,
e com as genitálias
excitadas, sem saber onde e como
vão te ferir os venenos espinhos que
trazem escondidos com elas!

FUI EU?


​​​​​​​... quem me pôs traição
atrás da porta enquanto dizia
me amar?

Quem me implantou
as espessas sombras ofertando-me
luzes pagãs e vãs?

Quem pôs os sapos,
as cobras, os anjos e os fantasmas
escondidos nos uartos
do fundo?

Quem disse
ser leal e fiel por toda uma eternidade
e abriu as pernas para
o mundo?

Quem fez
de zona o ninho da águia?

Fui eu?

LUZ E SOMBRA


Houve um tempo,
nos soslaios dos ébrios caminhares
por entre as imagens
do mundo,

que singular força
me precipitou a algo que
imaginei ser uma
luz.

E tal como as mariposas
de retinas cegas buscam o fatal enlace
à florescência das lâmpadas
de néons;

da ampla e espúria
circunferência de meu ego,
lancei-me à vertigem de cândido brilho,
com soberano desejo.

Foi então, com as híspidas
aas espiralando-se ao chão, que aprendi
que as luzes nem sempre
são confiáveis,
​​​​​​​
e que, muitas vezes,
tiram das sombras suas tênues
e virgens essências.

MANHÃS DE FOGO


... o primeiro
beijo que ganhei de uma mulher
foram nesses dedos

que agora
escrevem perdidos
por aqui:

a casa
antiga ainda guarda
na lembrança seus doces
lábios,

e a mente
recita a pureza que sempre
esperei regressar,

mas que,
até hoje, nunca mais
se derramou em
meu peito!

MARCAS DO QUE SE FOI


Vou agora às mesmas
planícies que guardam os segredos
e as magias de minha tenra
infância perdida;

tentando deixar-me,
às costas - por exíguo destempo
possível - o desalinho das feras
sapiens.

E lá,
mesmo que caiam fortes chuvas
sobre a terra, as matas
e os arbustos,

vou ruflar as pequenas
asas azuis, libertar a indecifrável alquimia
dos sonhos pueris e permitir que minha
alma vazia se colora, libertamente,
com lápis-cera.

MENTIRAS


Mentira que eu não te amei,
mentira que contigo eu dissimulei,
mentira que eu te traí,

mentira que eu quis me vingar
te fazendo se dor,

mentira que eu tenha
vislumbrado a intimidade dos anjos
e das estrelas escondido
de ti.

Mentira, cala a boca!
a única verdade é que te amei
tanto que tu me aproveitaste como teu
depósito de destroços
e de horrores

os quais em mim
eram projetados com teus desejos
descontrolados,

com teus ciúmes
adoecidos e com tua possessividade
endemoniada!

NÃO POSSO SER SUBESTIMADO




... às vezes,
quando pensam ver o fim,
eu estou apenas no
início!
Thor Menkent


Não sou Zaratustra,
mas garanto que muitos homens
e muitos sapiens anjos

verão versos dourados
nos céus de outras eras,
quando ouvermos nos adentrado
à noite eterna enão mais estivermos
aqui;

E, tlalvez emocionador,
perguntar-seão:

"Do que
ou de quem se tratava a força que permitiu
esse sentimento, essa a loucura sem presença,
sem toque, sem divisão
alguma?"


NÓS TODOS SOMOS TRAIDORES. PONTO.


É deveras interessante o ser humano. No caso dos traidores, por exemplo, é impressionante como somos dissimulados, traímos por escolha de trair e, depois, inventamos possíveis motivos que justifiquem a traição, como "o meu cônjuge não funciona direiro", "o meu amante é que mete berm", "Eu não sei a quem amo", " Eu dei para o outro, traindo meu marido, porque ele me fez sentir mulher", etecetera.

Ou seja, devo dizer uma verdade sobre o ser e suas imanências, inclusive a id: eu não transo nem traio só porque sou humano e tenho tesão, eu transo e traio por assim escolher fazer.
O mesmo se dá contigo, lamparina que vomita luzes faustas e plagia ideias poéticas, e com todos.

Ninguém trai por sentir tesão ou por ter a id ativada, muito menos trai por amor, traem porque escolheram trair.

Mas não fui eu desta vez, (embora eu já tenha traído), quem o fez foste tu e, interpretando alguns textos teus, parece querer justificar o injustificável e inverter a ordem das coisas.

Repita comigo o que eu disse quando traí: EU SOU UM TRAIDOR.

Tente. Isso é mais uma lição. E eu mesmo fiz comigo olhando-me ao espelho e dizendo: "Thor, você é um traidor, por escolha tua!"

Um dia chegarás ao nível do chão, por hora ainda estás abaixo dele. E olha que estiveste mesmo diante do melhor professor de tua vida, quando se trata do ser humano, motivo pelo qual eu provoquei a regressão sem tu perceberes e te dissequei antes mesmo de contares teu negro segredo!

P.S. Picas e xotas não ensinam nada. E a pior burrice é ligar qualquer pensamento humano ou coisa à id. A id é para ser desfrutada, quando disparada, com o poder de escolha de dar a ejaculada ou não. A id não serve para justificar nem um ato transgressor, muito menos uma traição!

O MAR AINDA LAMENTA TUA MORTE!


Suspensa na morte
a flor de inverno verdadeira,
segue seu passo em escuros onde não mais
___ brilham sóis,

em caminhos
aos quais não mais se plantam flores
ou se andam chorando ou sorrindo, amando
ou odiando, sonhando
___ ou caindo.

em um apagamento
sem paraísos, sem infernos
e sem nada que seja sequer razoavelmente
___ previsível.

Trêmulo
nas últimas noites que me restam,
eu me deito à sombra da lembrança daquela
___ outrora hiemal cabaninha,

que fizemos
para nos abrigar das insânias deste mundo,
___ esperando agora

tão somente
também o eterno fechar
de minhas pálpebras, der onde correm
___ invisíveis rios intraquilos!

O ORVALHO DO AMOR


Antes de dizermos
que amamos alguém, precisamos
saber
se somos capazes
de, às vezes, engolir pedras
e sombras
para podermos
poupá-la e permitir que ela
sobreviva um pouco mais, em oniria,
no meio deste mundo tão sombrio
e infame!

O SILÊNCIO DO CÃO


OLVIDADO


... para nos amarmos melhor,
eu te pedi paz, eu pedi para que
evitasses me deixar
às sombras;

para nos amarmos melhor,
eu te pedi um longo estio de chuvas,
a ausência de teus severos acoites
e o cessamento de teus incautos
jugos;

para nos amarmos melhor,
eu te pedi para me ajudar a manter
a nuvem e a preservar nela a humana
condição que temos, por ser possiveç
somente assim que se vingue
um verdadeiro amor,

para nos amarmos melhor,
achaste melhor não compartilhar comigo
o fluxo que pedi, e a água se salgou,
e nunca mais se purificou,

e foi nela que
nos morremos, por carestia de oxigênio,
rancorosamente afogados!

OS ANJOS NÃO SABEM DE NADA!


PENETRAÇÃO


PRIMEIROS TOQUES!


... já faz muito tempo,
em criança, quando a Bom Despacho,
por onde desfilava
as moças

com suas minissaias,
com seus shortinhos
e, nos clubes, com seus biquínis
fios dentais;

quando se deitava
a tarde, eu ia ao banho sonhar:
delirante e angelicalmente
gozava!

QUANDO TUDO SE TORNA ETERNAMENTE PERDIDO!


Quando nos colapsamos
ao teatro ou ao interior de nós
mesmos,
e a noite
vem nos abraçar com seus
frios braços,
não há tempo
para novos sonhos, nem novos amores,
nem novas esperanças,
nem para mais
nada!

QUERER IV


... quando
tudo de mim mostro,
chamam-me de cão
sarnento;
quando
algumas coisas de mim escondo,
e acendo a lamparina,
dizem que sou
um bom
anjo:
e assim
me vou entre a beleza
e eficácia do engodo
e da mentira
e a feiíssima
verdade que, por natural
condição humana,
dentro
de mim, habita!

SAPIENS: SINE DOMINUS


... essas peregrinações
aladas não são nada e essas sobejações
___ mascaradas não são nada,

nem essas
lindas bocetas abertas são nada,
quando eu reviro o lixo
___ sapien.

Algures
tateiam em camas, espaços
___ e leitos mínimos;

sem saberem
que eu estou acostumado a matar
grandes egos e a secar
___ infinitos!

SE NÃO CONTIVER LOUCURA, NÃO É AMOR!


Não consigo amar,
porque o ser humano não sabe
amar ddebaixo da água
sob a carestia de oxigênio,

nem no sincero escuro
onde, tendo de ser apalpado ou imaginado,
tudo e qualquer coisa pode acontecer
e se tornar incontrolável;

não, não sei amar
porque as estações que me dão contêm
muitas promessas e poucas dádivas

e eu sou do tipo que,
para amar, não me protejo do frio,
do ângulo em fúria ou do inferno
em gula:

eu apenas seuspendo o céu
e lambo, e chupo, e engulo todo o rio
que deságua da beldosa
criatura,

mesmo que eu tenha
de cerrar a noite, ou o dia, ou o paraíso
ou meu inferno com silêncio
e gula!

SÓ EU AINDA TENHO FORÇA PARA TE AMAR!




... ela chegou
um dia como quem não queria
absolutamente nada,
falava
do amor ao ermo, do querer
pelo sem imagem e pelo
não-ser,
dizia
poder amar com o espírito
e desprezar totalmente
a carne
e a tudo dizia
e sobre tudo dissertava com extrema
eficácia e cores luziadas,
de modo que
convenceu um cão, acostumado
a andar junto às carniças
da estrada:
às mesmas carniças
onde ela caiu com amantes pobres,
podres e velhos em masturbações
desvairadas!

www.espaconiilista.net

TU LEVASTE MINHAS ASAS!


Nesta última noite
escura, corre suave a brisa
fria,

como
quando tu me beijava
como uma linda e vermelha
rosa,

como
quando tu me acariciavas
com sutis toques a profana
carne

como que,
através dessa brisa que silente chora,
tu me convidasses a me deitar
em teu agora leito
de morte,

juntamente
com os vermes, as bactérias,
átomos de toda espécia, mas sem
qualquer imaginação ou desvario originados
do sapiens,

como
e eu sempre imaginamos
e quisemos!

VAI DOER DE TODO JEITO!


Que coisa meio estranha
e demasiado doída:

depois de dois
anos habitando um distante
frio,

com ela subestimando
a minha precária condição física,
as imagens e as cores
lida,

sozinho numa
intensa luta pela vida e ela
a se mantendo distante
e vazia,

apareceu uma flor
que entrou em meu deserto
já nenhuma experança
exígua.

Agora se me irrompe
uma luta entre o antes tempestuoso
mar de amor e o calmo, sensível e amoroso
lago de águas tranquilas!

A FORÇA PRECISA VIGORAR!


... eu posso
excetuar algumas coisas que fazem
e evito fazer;

mas somente
se meu ego estiver ao centro
e com a segurança de minha força
superegocêntrica;

senão
não há excetos e, como todos,
incluindo traidores, putos, sadomasoquistas,
mentirosos filhas da puta
e atores de merda,

já não
posso me dizer mais seque
uma excessão!

A INVISÍVEL PUREZA DE UM SENTIMENTO


A LUA E A LÂMINA


Há, na dádiva
e na promessa incautamente apalavradas,
um ominoso engano
do encanto,

já porvindouramente
condenado pela desmemória imposta
por outros sapienes
atores,

com suas palavras tremeluzidas,
com suas atuações espetaculares
e com suas performances
sexuais,

servidas em suas casas,
em seus palcos e em seus leitos
caudais.

AGORA, É TARDE DEMAIS!


Cedo,
seus corações conheceram-se,
apaixonaram-se e se adoeceram,

e buscaram refúgios
em outros céus, em outros mares,
em outros corpos extáticos,

mas sem percebertem
que, ausentes um do outro, tornaram-se
como bonecos de cera que não mais sabiam
respirar, voar ou amar.

Ela morreu
e foi enterrada na foligem da terra;
ele também, morreu, mas não teve
a mesma sorte:

está ainda
a vagar perdido como uma estátua
de sombras, com seu coração totalmente
endurecido!

ALIMENTA-ME!


... tira minha dor,
tira a saudade e a angústia
que me sufocam,

tira a tensão
nervosa que não me deixa ficar
apaziguado,

dá-me uma sinfonia
inédita para que eu enxugue
minhas lágrimas,

abrasça-me,
beija-me
explora meu corpo acariciando-me
ama-me,

tira-me do deserto
e me dá uma nova casa em meio
a algum jardim secreto;

e eu serei absurdo,
(de corpo, coração e alma) enquanto
não me reclamar a sublime
morte!

AMARGURA


Sigo sendo o símbolo
aas sombras em que me transformei
ao voar, ao andar, ao amar
e ao transar com ela;
sim, tal como dantes,
de enquando ela ainda vivia por
aqui no meio de nós
e estávamos,
por consequencias sociais e familiares,
de nos doarmos em devoradora
realidae;
sim e, por isso,
(tínhamos uma dor tão angustiante
que faria inveja aos que habitam
o infeno de Dante),
quando profanei
alguns de seus sonhos, desejos
e cemitérios onde havia suas vítimas
outrora cativas,
não aguentou
e me atacou de brutal usurpados,
desejando minha morte
e cometendo
um silênte e frio suicídio!

ANJO EFICAZ


... fria,
não liga
nem frequenta amargos
desterros, nem sombras muito
espessas,

nem fala muito,
nem se interessa por ter trocas de carinhos
verbais ou de açoites de chuvas
de gogo:

mete como
uma leoa no cio, seja entre flores,
entre pedras ou entre
espinhos,

seja com homens,
com anjos, com fantasmas ou com demônios
e putos vadios:

já tão jovem,
ela se tornou a dona da luxúria
de todas as estações pore once escorram
desejos esvaídos!

AO FIM, A SEMELHANÇA É EVIDENTE!


... parece que
caminheiros sem caminhos,
passarinhos sem asas ou ninhos,
poetas e poetisas cheios de mimos

e anjinhos de brancos
e verbalizados colarinhos

não são
demasiado diferentes deste cão
que se abraça com a escuridão
sem abrigo

e fica fazendo
amor com abismos sem fim!

ATORES DE VIDRO


Eu poderia dizer
que toda mulher que aparece
em uma can na internet seja como
uma mulher de vidro,

uma barbie
ou uma susie de progaganda,
e eu poderia dizer que os homens são
igualmente parecidos

com supermans,
com batmans, com don ruans
de vidro e de propagandas como
as de uma televisão;

eu digo isso, aliás,
mas não quanto a mim e a ti,
a nós dois reservo o direito de superar
a superficialidade dessa
coisa

e de nos fazer
presentes indendentemente
de imagens, de imaginações, de desejos,
de vesanias e de distâncias!


BELDADES AMIGAS?


... isso é como por galinhas
junto a raposas!

... eu sou franco,
eu não gosto de chamar mulher
de amiga,

eu evito ao máximo
esse termo quando me refiro a
ou converso com alguma beldade
qualquer;

e o motivo
é simples, embora os anjos, sempre
uns desgraçados mascarados, costumem
cuspir na minha cara, quando
falo:

eu tenho
um grande pau e elas têm belas,
cheirosas e apetitosas
bocetas,

o que barra
minha mente, já em nível, consciente
ou inconsciente, de assumir uma simples
amizade de verdade,

uma vez
que a id, em algum momento,
será disparada!

CASA VAZIA


... a casa ficou vazia,
o jardim ficou deflorido,

os canários não vêm mais cantar
nas manhãs dos dias,

há uma dor cansada
e uma silente fúria no ar, por inconformidade

com o atrevimento, por ter te levado
tão cedo, da morte fria!

CIRCUNSTÂNCIAS


Queria olvidar meus devaneios perenes
pelos reinos das flores e dos girassóis,
onde tantas vezes queimei minha pele
e adoeci minhas tênues quimeras.

​​​​​​​Por isso retornei ao naufrágio perdido
das noites onde aspergíamos escombros
nos enlaces encantados das palavras.

Não repares
este sorriso com lágrimas silentes,
venho de uma longa caminhada
onde lendas regozijavam
seus lumes ubíquos.

Não me perguntes o que fui fazer lá,
pois o silêncio dos mortos
ainda singra em mim,
vertiginando-me em ásperas
reminiscências do desalinho.

Pois tu não sabes que a maior angústia
não foi andar entre vultos florescentes,
mas perceber neles o espelho
que refletia meu cerne espúrio.

DESCUIDO


DESDE O TEMPLO


... lembro-me
de quanto era criança,

despetalava
as flores brincando
e fazendo-as
morrer,

os pássaros
que eu pegavam morriam
ao meu bodoque ou
ao meu prazer,

as masturbações
corriam tenramente sem
a menor culpa
ou pudor:

hoje,
para se vingarem,
as flores se foram a outros
jardins,

os pássaros
fugiram a outros céus
e, por bater punheta, carrego
o peso de ser um puto
pecador!

ECOS QUE NÃO CESSAM


... o vento
ainda geme, e as luzes ainda
piscam e festejam, mas
___ é lá for a;

o deserto
que me queima é constante,
___ é cotidiano,

lugar
onde não chove senão
angútia, dor e sangue em poemas
___ de mim;

e não há vento
ou brisa que nele me alivia
___ um pouco

e nenhuma
minima altura que eu alcance
para minimizer meu
___ sufocos;

este é o lugar
em que me sucumbro, e não vêem?
isso é o que sobrou para
___ e de mim!

EGÉRIA FERIDA


Ó flor de inverno,
salpicada de entrevadas realidades
e de tênues desatinos
oníricos,

quanto desejo me há
por teu cálido corpo, e quanta avidez
me há por tua nobre alma!

Mas não aprendeste
ainda que, para amar, não basta a sublimidade
do sonho, nem é a veracidade
do sentimento?

Não sabes ainda que,
para amar, é preciso resistência
às pedras que há em nossos
caminhos,

aos abismos
que habitam nossos cernes,
às angústias que povoam nossas
emoções e aos encantos
dos novos pássaros,

que entoam
seus cânticos melodiosos
em nossos adoecidos
amanheceres?

E o principal,
minha Senhora,
somente saberás o que é amar,
após conseguires resistir
a tudo isso,

e às demais reticências
tecidas nos vazios das procelas.

Então,
se esse dia chegar,
entenderás que nunca houve,
nem haverá, um amor sem dor
e sem um sincero perdoar,

e, se esse dia chegar,
não irás mais açoitar com lâmina
afiada de teus verbos.

Aí poderei crer
em ti, quando vieres me dizer:
"Eu te amo".

ENGANOS


Enquanto o amor
lhe era servido

em lúdica bandeja
de luzes,

ele começou a
a sorrir.

E foi-se sorrindo assim,
todo seguro de si

- e mais e mais -,
até que, de repente,

enrubrou-se-lhe a face
com a descoberta

de uma pequena bruma
entre a fluorescência.

Então deu um cruciante
grito de dor

e caiu-se em doloroso
e angustiante choro:
​​​​​​​
havia percebido que
nunca tinha tido o controle.

EU, ELA E O MAR


Eu olhava de detrás
de uma pedra, ela tirou a roupa,
não estava de biquíni e sim de sutiâ
e de calcinha,

foi andando
devagar até o mar, entrou,
e eu ali meio perto, meio distante
tal que ela não me percebia;

então veio
saindo e deixando as águas do mar
a lamentarem a ausência
de seu gosto:

eu vi,
eu vi, eu vi sim, aquele pacotinho
escurecido sob a calcinha
branca,

e, então,
eu que andava meio descrente
com as coisas, pensei: "É, Deus tem
mesmo que existir para ter inventado
uma coisa maravilhosa
como esta!"

FLOR CANSADA


Para aliviar-te
do peso e da compunção
do fruto mordido,

assumiria
todas as culpas
advindas dos tropeços
ao caminho

- pelo que fiz
e também pelo que
não fiz -;

mas,
quanto aos naufrágios
da vã existência,

isso,
infelizmente,
não posso fazer
por ti.

HORA VAZIA IX


... acalma-te,
coração autopurificado,
aquieta-te e te abriga
em teu Deus,

___ amor ou prazer?
___ alma ou imagens?
___ honra ou quedas recorrentes?

Acalma-te,
coração doente,
para nós dois, a morte tem
uma grande vantagem:

não poderemos
a mais ninguém, com nossas
palavras, com nossos jogos
e com nossas seduções baratas
___ enganar!

ILUSÓRIOS CAMINHOS


INCONTESTE


... nestes tempos
de esplendores, de suores e de gozadas
fartas e descompromissadas pelos
escuros corredores,
entre os ritmos
quânticos e soltos do sinuoso vento,
eu me lembro de ti e de que um dia
te dissera:
desde o início
até o fim das eras e das estações,
os sapiens, vestidos de anjos, de aves
ou de nuvens brancas,
hão de se sustentarem,
consciente o inconcientemente (a a tudo
fazerem, desde o lazar ao mais pesado
e severo dos trabalhos)
com objetivo
de foder!

LENTAMENTE


LUZES BRANCAS


MUTAÇÕES


Ao alvorecer,
entre as coisas singras
do mundo,

aprendi a fertilizar
vazios, com as incautas salivas
do verbo.

Ao entardecer,
entre as metamorfoses dos pássaros
e das borboletas,

já era céus,
mares e sonhos no disfarce
plácido.

Ao crepúsculo,
pela primeira vez, resolvi contemplar
meu envilecido reflexo

e percebi que era,
na verdade, um penhasco
taciturno.

À noite,
fria e insone, com o cálice vazio
entre destroços e cinzas
rupestres,

ando-me a esperar,
em convulsões íntimas, meu definitivo
estio de mim

no apagar-se
das faustas e degeneradas
luzes do palco.

MY NAME IS NOBODY


... fui jogado
de um quântico trem
andando,
percebi
que, em volta, havia um multidão
proferindo elogios recíprocos,
suspiros e se amando;
escondidamente
vi alguns defecando, urinando
ou gozando.
Tive a sensação
de que os deuses me jogaram ali
por abandono:
para piorar,
entrei em êxtase e desatino
quando topei com uma flor de inverno
que também por ali estava
passando!

NOITES SOMBRIAS


Quando espessas
e taciturnas sombras
caem por toda
parte,

não vejo as flores
exibindo suas pétalas
aos jardins,

nem as estrelas
piscando seus faróis
aos céus;

o que não tão é ruim,
porque, em noites
assim

- ou em tempos
assim -,

somem-se também,
amedralhados,
as puritanas, os arcanjos
e os querubins,

deixando a fértil
imaginação - em desvarios e
sofreguidões -

tão somente
a cargo do poeta
niilista.

O CANTO DA FULGA FLOR



Vestida de alva
candidez em jardins, mares
e céus,

a fulga flor,
em singular mistério,
e sem censuras ou
pudores,

vive a haurir
seu melodioso canto,
em cada hiato de sua tênue
lucidez,

em cada artesanato
de seus ilustres versos, em cada dádiva
de seus exíguos
sonhos.

You were the greatest love
of my life,
and the deadliest
stone I tripped on.

O CHÃO DAS PALAVRAS


... pássaros
a voarem fragrâncias verbais
já seduzira até uma negra
demônia,

a nuvem
que dizia me amar,
correu como uma pulga
durante a maior tempestade
de minha vida,

embarco
contigo nesta última viagem,
sabendo que, de novo,
posso perder-te

numa noite
linda, onde passam belos barcos
com fósforos acesos
em seus mares
de palha!


O INFINITO DO TEU SER!


"... em resposta
à flor do deserto!"

... é muito
complexa a psiquê
___ sapiens,

e diria eu
que vastamente desconhecida
___ em sua real potência;

e, nisso,
sei que a consciência do si mesmo
não alcança mais que 3 %
do poder mental
___ do ser;

e a passagem
do que nos seja inconsciente
para o que nos seja consciente é lenta
e muitas vezes dolorosa
___ e cruel;

de qualquer modo
qualquer liberação ou ativação
do vasto inconsciente deve partir
___ de uma escolha feita conscientemente
e, neste ponto,
nada pode ser negligenciado,
nem a luz da espiritualidade, nem o desejo
da carne, nem as demais senciências
abnormalmente
___ sapiens:

a busca
do infinito de si começa e se dá em si,
e é a maior alquimia que o ser pode,
sem sombra de dúvidas,
___ fazer;

e isso não
se trata de dualismos, de paganismos,
de religiosismos, de simbologismos, de fodas,
de amores ou de imaginações
___ quaisquer que sejam,

pois, sendo infinito,
o infinito de si deve compreender o bem
e o mal, o desejo e o asco, o amor
___ e o ódio

(por exemplo,
como quando éramos crianças
e nos imaginávamos a destruir mundos
só para salvar e ficar
___ com a dama)

O IPÊ ESTÁ MORRENDO




Angústia.
dor,lágrimas e sangue
ao deserto em que
me ando;
não há sonhos
nem chuvas,
nem mares:
há apenas
uma constante e fria
tempestade
de sais
que já me
absorveram
quase toda luz, outrora
por ti deixada!

O ÚLTIMO FAVOR


... podias fazer-me
o favor de nunca mais dizer-me
absolutamente nada,

eu já sei
o que sairia de tua boca suja
e de tua alma apodrecidamente
adoentada;

e, por isso,
posto que não és mais sequer
uma nuvem,

decreto-te,
nuamente insana,
condenada a ficar para sempre,
perante a mim, de boca
fechada!

OLHOS QUE JAMAIS SE CRUZARÃO


Há uns 12 anos
quando te encontrei e tu disseste
eue me amavas,

e eu senti
que verdadeiramente eu
também te amava,

imaginamos,
com esse amor podermos vencer
o mundo e as senciências de que o habita,
com seus, sonhos, com seus desejos
e com seus devaneios:

pobres de nós dois,
agora que tu partiste eternamente,
percebi ainda melhor que, na verdade,
preparávamos para nós um paraíso
de destroços e cinzas!

PINTURA ABSTRATA


... retratos inacabados,
pinturas borradas,
céus quebrados,

ninguém
nasceu para não ter
e não se dar,

mas teimam
a todas as coisas querer
e amar,

para,
depois, enganar, apedrejar
e matar,

sempre
com a arma apontada
para o contrário
lado!

POETIZAR


Poetizar
é demonstrar como somos
ultramundanos e hipotéticos
___ contadores

de estórias
e de causos em sinuosos
___ versos;

poetizar é, pois,
fazer arte, compondo [à moldura]
esplêndidos enlaces nupciais
e cruciantes dores
___ de parto,

sem quaisquer
limites, agrilhoamentos
___ ou remorsos.

QUANDO A CASA CAIU


Acreditava naquela história
de que ela contava que era pura,
pura, puríssima

e que sempre fora
e seria eternamente minha;

eu me considerava
um homem inteligentemente
arrogante dando-me o poder de contrariar
a condição sapiens para vê-la
assim:

agora sei
que sou um abnômalo burro
como outro qualquer, que amo, que desejo,
que me masturbo,

que tremo,
que deliro, que gozo e que choro
como outro qualquer!

SABER AMAR


SENHORAS E SENHORES!


... segundo Jean Paul,
o mundo é um equilíbrio constante
entre escolhas e consequências;

ora, pois,
se pensam que o mundo é cruel demais,
é injusto demais, que bilhões passam fome
e necessidades básicas,

que outros bilhões,
se têm acesso, é a péssimas educações,
saúdes e desportividades,

que enuanto isso um presidente,
um senador, um deputado, um meritísssimo
limpam seus cus com papeis de ouro
e comem putinhas, que serão sustentatas
com pensão pelo dinheiro público,

e mais,
e mais,
e mais, e tanto mais que eu poderia
encher um livro de merdas menestréis
vestidas de gravadas e maquiqgens e rímeis
de putinhas consideradas de alta socidade,
quer não passam de prostitutas
institucionalizadas.

Então, meu amigo,
eu tenho que te dizer que eu concordo
com Jean Paul que, se escolhemos e pagamos
as consequências,

temos de evitar,
mesmo que nos custe a vida, tais canastradas
e, mesmo que nos custe a liberdade,
da um grito de basta!

TER-TE ASSIM


... ter-te,
sabendo que habitas
o deserto de mim,

ter-te
sabendo o que eu mesmo
vejo, diante do espelho, do reflexo
de mim,

ter-te
com a magnitude de teus encantos
neste pequeno pedaço que
sobrou de mim,

ter-te,
assim, entre o sonho e a realidade,
entre a ilusão e a loucura,

entre o amor
e o desejo, entre o céu, o chão
e os leitos imaginários

é algo
que me comove, que me faz delirar
e que me coloca em medo
e espanto!


A FLOR DO DESERTO III


... que houve
com teus olhinhos ontem que brilhavam
como a luz cheia em noite
escura?

Que houve
com teu jeitinho ontem que te parecias
como uma donzela em perigo
pedindo ajuda?

Que houve
que te parecias tão bela e tão frágil
exatamente diante daquele a quem chamam
de lobo mal?

Que vi senão
uma mistura de sentimentos tão fortes,
sublmes e extáticos onde, por escolha própria,
tu punhas o amor vencendo o medo
e ao desejo?

Por que só apareceste
agora tão tarde, já no fim de minha vida
e em um fronte impossível de ser
vencido?

Que houve contigo
ontem e esses dias, afinal,
em que, mesmo vestido de fortes chuvas,
eu te admirava e te amava, e tu nem
percebias?

A MORTE – ÚNICO REFÚGIO II


Tudo tem
o molde, a cor e a estrutura
formados pelo sapiens.

exceto,
digo eu, aquilo que não
cabe em tua aprisionada visão
do tudo,

aquilo
que representas o apagamento
onde nenhuma imgagem, pensamento
ou palavra humana pode
se moldar!

A VAIDADE, MEUS CAROS, É A VAIDADE!


Geralmente, por ser
mais bela, mais bem feita, cuidar-se mais
com rímeis, batons, plásticas,
lindas lingeries,

marquinhas feita
de ínfimos biquinis ao sol, etecetera,
a mulher é geralmente mais vaidosa
que o homem.

Esta é a natureza,
mas eu digo também que, assim
como o homem, quando escolhe ser homosexual,
se quebra mais que uma mulher
e se torna mais vaidoso
que ela,

o que busca demasiado poder,
como os politicos, os magistrados, os grays
dos 50 tons, etecetera também
se tornam muito mais
mostruosamente
vaidosos.

Sobre o medo de amar
que li em tua poesia, penso que isso
é normal.

Do ponto de vista filosófico,
eu diria que a mulher é metade paraíso,
desejo, amor e êxtase;
e metade pesadelo.

Do ponto de vista feminino,
eu diria que para a mulher o homem
são as metades paradoxais
mesmas!

CÃES LOUCOS JÁ AMAM DE ESPREITA


... em cada pedaço que observo,
em cada detalhe da femininilidade exposta,
em cada pedaço que observo

em silêncio ou em uma prosa
descompromissada, antes de levar
uma beldade para a cama,

mais intimidade se me apodera,
mais desejo se me invade,
mais vontade de lhe acariciar,
de lhe beijar, de lhe abraçar

e de lhe comer em um leito se tornam
em mim sensações quase que
incontrolavelmente
extáticas!SONHAR, SIM, ACORDAR NÃO É PRECISO



De que adianta
disfarçarmos tanto nossas noites

e nossas sombras
de dias,

se são neles
que semeamos, que falamos

e que excrementamos nossas maiores
e mai fédidas fezes?

CAULE SECO!


Se pudesses vir
novamente a mim,
suave
como a brisa noturna,
frágil
como as mais brancas
nuvens
e bela
como o brilho das eternas
estrelas;
receber-te-ia
e, uma vez mais, mesmo sabendo
ser impossível, reerguer
nosso amor morto!

DOLOROSA NOSTALGIA


Noite.
Lembranças de nossas prosas
e danças,

de minha boca
em tua boca sob o brilho
da lua cheia,

da curvatura
de seu dorso perantes a impetuosidade
de meu corpo em busca de satisfação
de nossos sonhos e festejos,

de teus róseos peitos,
de tua textura, de teu cheiro
e do gosto de tua flor acesa, com nosso
emercente desejo:

Saudade
De ti ainda aqui
comigo, antes de eternamente teres partido,
linda, pura e apetitosamente
nua!

E, ENTÃO, NADA MAIS HAVERÁ



O apagamento
se aproxima, cada vez mais,
rumo à desembocadura
___ do que não há;

e os pensamentos,
e as lembranças dos abstratos passados
vão se esvaindo, esvaindo-se
___ e se apagando,

como a ilha
que vai se sumindo a cada passo
dado, em sentido a ela
___ contrário.

É, MEU CARO HANK!


Não sou uma prisão
como o velho Hank, ele pelo menos
bebia até babar e fodia qualquer
boceta,

como a daquela ruiva
cujos pelos de baixo eram dsa mesma
cor dos de cima, quando ela o surpreendeu
chamando-o de velho safado.

Mas eu tenho uma prisão,
mais solitária, mais angustiante
ou pelo menos com menos delírios acoóloicos
e antropofágicos,

embora tenha
aprendido dele (Hank) o melhor
dos ensinamentos que tive, lendo tantos
e tantos escritores, poetas
e filósofos:

o mais importante,
neste mundo de coisa alguma
que passa rápido, são as trepadas,
ouvir as gemidas, ver o gozo jorrando
e vento, das beldades entregues,
aqueles sorrisos de fada!

ENCHARCADO


à noite,
a casa dorme,
o jardim defronte dorme,
ao quarto vazio tu
dormes;

as ruas e avenidas dormem,
e, enquanto o mundo
adormece
de suas faustas e diárias
fluorescências,

eu me escorro,
pela tela mambembe,
em versos, sombras
e dores,

deixando rastros
sobre os quais desdenharão,
na manhã seguinte,
as nuvens, os pássaros
e os sapiens.

ENQUANTO NÃO CESSA O CANTO


... sim, aos amplos
adornos e às cruciantes dores desse estranho
e alucinado amor

- com seus desejos aflorados,
com suas esperanças engravidadas,
e com seus sonhos incautos -,

sempre resistindo
aos fortes ventos, às incontinentes chuvas
e às falesiadas erosões ao precário
caminho,

sempre tentando
alterar as vertigens de nossos desvarios
evitar a queda de nossos
voos;

até que (com a morte)
nos reine apenas a verdadeira paz do silêncio
e as insubstantivas, impronominais
e sublimes possibilidades
do apagamento.

ENTENDA QUEM PUDER


Quando a luz
refletida em nossas retinas
transmite dúvidas ou até mesmo
duas respostas
ao que se pensa,
sente ou se diz à estrada,
há uma senciente
rebelião no Universo, que pode
ser comparada à ideia de abundância
de água em um aridíssimo
deserto!

EU MORRI CONTIGO!


Eu amei teu ritmo
alucinado, assombrado como que viesses
de repente invader minhas
frias noites

e viesses dançar
com meu corpo e com minha
alma;

eu amei teu corpo,
teus retalhos e até teus segredos
mais devassos;

eu ainda ouço
a triste sinfonia de Albione,
quando a chuva bate na janela
de meu solitário quarto

e eu ainda te amo
mesmo que, para nós dois, com tua morte,
tenha ficado tarde
demais!

EU NUNCA DESISTI!


Foram nossos ciúmes
doentios, nossas insânias incontida
e nossas constantes chuvas
de fogo

que nos levaram,
ambos, a buscarmos refúgios
em outros céus, em outros pseudoinfinidos
e em outros leitos excitados;

mas há também
uma outra verdade no que vivemos,
a qual nem teu marido, nem tuas filhas,
nem teus amigos,

nem nenhum
anjo ou puto virtual com quem
estiveste e, talvez, devido a suas tempestuosas
reações, nem tu soubeste:

eu nunca deixei o fronte,
e eu nunca desisti de ti!

FESTEJAR O QUÊ, IGNÓBEIS?


Entre um piano
que soa levíssimo em um requintado
baile para anjos e menestréis
ou entre os gemidos dos puritanos
que se queimam fodendo em branquíssimos
leitos depois de assistirem
a uma santa missa
e os choros
de crianças, condenadas
à humilhação da maldita condição
de nascer e crescer como
se fossem porcos;
percebe-se
a negra cor do feltro sapiens
e a distância, do ponto sul ao ponto norte,
de um imenso abismo!

FINGIDA


HÁ UM ANO, PARTISTE ME DEIXANDO SÓ NESSE MUNDO DE COISA ALGUMA, FLOR DO INVERNO!




... mas em mim
permanecerás viva por quanto
vivo!
... conquanto
deveríamos celebrar nosso encontro
e prolongá-lo em desejo, amor
e encanto;
pela desconfiança,
pelo ciúme e pela ira fomos consumidos,
em função de nossa id mal
resolvida:
hoje, depois
de um ano de tua partida, estou só
e posso contar e cantar apenas,
com ávida tristeza,
a saudade
dos limiares por onde andamos,
voamos e atuamos e dos severos
desencontros que nos
impusemos!

HAVIA UMA ESCOLHA MELHOR?


... quando ainda estavas aqui
e tínhamos tudo,
abdiquei de ti
por uma nuvem que choveu
e me alago todas as fronteiras e toda a minha
insana geografia
e, semimorto
fiquei com absolutamente nada;
quando soube
que tu havias partido e que nos havia
de fato chegado o tarde
demais
angustiei-me,
chorei,
sangrei
e, enlouquecidamente,
fico tentando fazer do vazio que ficou
um tudo que outrora não
tivemos!

INFINDA E EXTREMA CONDENAÇÃO


"Estamos condenados
à liberdade", dizia Jean Paul
Sartre;

Ao que até não
divirjo, se me localizar
e sua pequena órbita
de visão;

não obstante,
devo dizer que tanto
a regozijada liberdade
como a temerosa
escravidão,

como tudo o mais,
é que estão realmente acorrentadas
à nossa abnormal
condição.

JARDIM ESCURO


... a escura solidão das noites
fias de inverno não são como as de antes,
quando tu nelas andavas
comigo;
agora os sonhos
parasidíacos cessaram,
os desejos que superava aos da carne
e nos proporcionavam orgasmos idílicos
cessaram;
a magia do porvir,
sempre delineada de infinitudes e de ondulações
por nós ocupadas e navegadas
também se foi;
e, no vazio frio
que ficou, sobrou uma multidão de flores,
de luzes, de lendas, de joaninhas
e de outros seres estranhos
que não servem
mais que para me alimentarem a mísera,
embora excitadamente rígida,
carne!

MASKED ANGELS


Even though our love
be small, desert flower

still
will be greater than that of the angels

that fly
dressed in masks

by the terreiros
humans!

NÃO ERA UM AMOR DE VERDADE


Trocam-se
fluorescentes palavras sobre paz,
lealdade, fé e amor
verdadeiro;

dividem-se
olhares, abraços, sonhos,
esperanças e pueris
anseios;

para acabarem
abraçados em fantasias
e concupiscências
vadias

com seus paus,
bocetas e ebriedades
em segredo.

NÓS NOS AMAMOS IGUAL A VÓS PURITANOS. FOI SEMELHANTÍSSIMO!


... queríamos
sermos e nos amarmos absurdo
e infinito,

certamente
sofríamos algum tipo de distúrbio
psíquico

porque, enquanto
queríamos e nos prometíamos isso,
sempre escondidos, ela ia caçar picas
para dar

e eu ia caçar xotas para
comer!

NUNCA MAIS O REENCONTRO


Ele corria, corria, corria
e gritava que a amava muito,

ela também corria, corria, corria
e gritava que o amava muito;

todo o mundo poético,
todos os anjos dos paraísos
e todos os demônios dos avernos

ouviram, e não
duvidaram em nenhum momento
de que se amavam;

um, porém,
profetizadamente triste,
disse:

"A morte a ama
e a morte a chama de modo que
eles não terão tempo
de se encontrarem!"

O MAGNÍFICO TEATRO DA VIDA


Dançai ao palco
das frêmitas imagens,
nobilíssimos
sapiens;

mas, por detrás das cortinas
de enredos, gestos
e palavras
a que o olhar
não toca,

deixai escondidos
os pombais e as vulvas
envenenadas,

que ali é onde
reside a adelgaçada
morte das ilusões
vossas.

O MEDO


O eco dos fantasmas
de que falam os seres não
me assusta,
"ha, ha, ha"
eu rio deles como rio dos anjos
que bancam morcegos;
o que me causa
absoluto terror é o eco
de meus fantasmas não mortos,
com suas máscaras brancas
e suas veredadiras faces
negras!

O QUE SABES QUE NÃO SEI DO MUNDO?


Chamam-se cão,
cão niilista para ser mais exato,
eu digo que sou pior
porque tenho a confusão entre o sonho,
a fantasia e a queda e o trágico,
meu corpo é carnívoro,
diria eu que uma máquina criada
sobretudo para fazer
sexo,
minha mente
vacila entre luzes e sombras e frequentemente
se devaneia perante as esplêndidas
e vãs imagens do mundo,
minha alma
não tem cor alguma, é algo entre o esperado
e o nada do esperado que virá
ao final disso tudo,
vivo no meio das coisas do mundo,
pois, e na abnômala condição em que surgi,
o que faz com que os verdadeiros cães
sejam mansos anjinhos perto
de mim!

O VERBO AMAR


Dizer que ama alguém
só para fodê-la ou para mantê-la
sob as rédeas da egolatria
possessiva

é um dos mais
bárbaros e imperdoáveis
crimes que já vi
minha vida;

é como disparar
em dois alvos com um tiro só,
atingindo a falsa crença
do interlocutor

e a profunda sombra
do próprio cerne.

OS AUTODENOMINADOS FILHOS DE DEUS!


Pronto.
Todo mundo agora é puro,
todo mundo agora tem asas
e não falha,

todo mundo
tem um deus e fala de azuis
na madrugada,

todo mundo
é diverso, tem sonhos, ilusões
e o verbo afiado;

todo mundo
doa pães com sublimes e deliciosas
imagens amanteigadas.

Pronto.

Ah! E todo mundo,
escondidamente, bate punhetas
nos quartos fechados,

todo mundo,
todo mundo,
todo mundo.

PALAVRAS VOLÁTEIS


... as palavras voláteis
são uma força que aprisiona e dilacera,
que fadiga e crucifica quem
tenta se equilibrar
à estrada;

sim, as palavras voláteis
nos fazem o próprio chão com flores
esparramadas e, depois,
pisoteadas,

e elas têm
mais eficácia nos dois ladosda lâmina,
quando lançadas por seres mais dignos e bons
autoconsiderados!

POETIZAR DE VERDADE TEM ALTO CUSTO


Os maiores poetas
e pensadores que este mundo
já conheceu não me pareciam ser do tipo
que gostassem de conversar demasiado
com outras pessoas,

pelo contrário,
isso talvez fosse algo que
lhes desviasse a atenção para aquilo
que lhes promovia a egocêntrica inspiração,
da qual surgiam seus versos,
seus imperativos e seus devaneios;

e, vejam bem, não estou
dizendo que eram antissociais,
que não namoravam puristas de plantão,
ou que não comiam xanas
por aí,

eu só estou dizendo
que tinham boas máscaras para isso,
e que, para conseguirem inovar
em suas esplendes e espúrias
retóricas criativas,

era inexoravelmente necessário
que, a seu tempo, voltassem a se isolar
no interior de suas próprias
cavernas.

QUANDO SE APROXIMA A MORTE AO DESERTO


... imprevista,
iminente,
descompassada travessia
se aproxima,

só saberei
quando termina da vida
os amores cintilantes e as contendas
entenebrecidas,

quando
minha mente não mais
procurar contornos que supõe
existir,

meus olhos
não inaugurarem cenários
vitrais por esta final
estrada

e minhas mãos
não mais passearem aos fremidos
corpos dos anjos
despudorados!

QUISERAM SER EXTRA-HUMANOS


Eles se conheceram
sob a lua cheia e branca, o que
mascarou um pouco suas escuridões
particulares e abnômalas;

embriagados
de vinho, de desejo e de amor,
eles se puseram imediatamente
em conjunções em em fantasias das mais
sublimes e abissais:

quando a lua cheia
se inclinou ao fim da noite,
veio o sol e começou um novo
dia,

e só aí
eles perceberam que tudo que
se passou durante a noite em que
estiveram juntos

não passou
de um lindo sonho e que dele
só sobraram restos podres e uma
incrível e tênebra sensação
de vazio!

SE UMA JOVEM ME PEDISSE UM CONSELHO, SERIA: “SÊ FRIA NA ESCOLHA!”


... e todas a que
vi buscarem a ilusão do amor
vi também chorarem posteriormente
em seus passos perdidos,

quer
pela incauta, quer pela acertada
escolhas, porque se esqueceram do mundo
real e fingiram ser a relação
um conto de fadas

e, por consequência,
caíram em vazios empobrecidos
devido ao fato de não terem condições
para frequentarem a danças
e a palcos mais floridos.

E todos a que
vi buscarem, além do amor, alguma racional
condição inerente ao ser amado,
vi colher frutos divinos,

inclusive pelas
traidoras (que fodem com putinhos de esquinas)
que têm seus carros, suas casas, suas roupas
e suas viagens bancadas pelo corno,
mas mais sábio e abastardo
marido!

SEDE


... há algo
que que ocorre quando
chegas

e acendes
esse olhar, e abres esse sorriso,
e te monstras sensualissimamente linda
e feminina

(eu não posso negar)

que eleva
todas as minhas sensações
ao extasiante e assustador nível
de imenso!

SER HORRENDO


... os templos
não compreendem as razões
e as loucuras do mundo,

às vezes violadas,
às vezes soterradas em campos
de batalha,

sangue nos olhos,
sangue na boca,
sangue sobre os destroços
que ficaram;

e elas não
entendem, não entendem nada,
às vezes nem choram
as dores que sentem,

elas ainda
não compreendem as insânias
e as atrocidades cometidas
pelos adultos, seus
pais!

SIM, SHOPENHAUER!


SOB CERRADAS CHUVAS!




... naquele dia em que choveu
absurdo,
a terra
se encharcou totalmente
e se tornou
escorregadia e escura com o barro
que se lhe formou:
ali vi o berço perfeito,
onde perpetuei contigo, numa foda
chapada e enlouquecida,
nosso ato de amor!

TU SABES AMAR


... eu me sinto sempre nas sombras,
e tu vens e me ofereces as mãos, as asas,
as belas pétalas abertas,

e tu paciente
e lindamente vem assim e faz
o que ninguém fez

alisando minha pele
com o vendo de teus lábios, tirando
de dentro de mim todos os fantasmas
passados e ressuscitando-me para mais alguns
momentos de espasmos;

e então, quando vejo,
nem do deserto que tanto habiteri
consigo mais me segurar
no voo e no desejo!

VOCÊ FOI


O maior amor
de minha sinuosa vida,

a mulher
que inspirou-me a ser
póeta e niilista,

a mão branda,
a boca mais linda,
o sexo mais ardente,

o sonho mais lindo,
a fantasia mais louca
e a navalha mais afiada
que me abriu uma ferida tão grande
e doída,

que fez
com que eu me transformasse
em uma terrível fera
noturna!

A BUSCA DA SOLIDÃO


Ainda
não descobri o que me é mais
solitário,
amar
uma sublime puritana
bastarda,
andar
às areias de um deserto
empedrado,
ou caminhar
sozinho nas sombras
das madrugadas!

A MORTE NÃO TEM COR!


Quatro de maio.
Noite de sexta-feira. Abril, 2018.
Sou um homem deitado
na solidão e na angústia geradas
por tua eterna ausência,
agora com medo
das rosas com seus espinhos venenosos,
das ilusórias navegações que nos afogam
e dos sublimes e belos voos
sem asas,
apenas esperando,
extremamente cansado, que a luz
deixe de refletir em tantas confusões
e convulsões em minhas retinas
sencientes!

AO DESERTO NÃO HÁ PÁSSAROS NEM FLORES EM DEMASIA


Mata os fantasmas que
povoam os porões de nossas mentes,

rasga as cartas
de amor que recebeste no passado,

esquece as genitálias
que te penetraram em quentes
e ardorosas noites de sexo
e de êxtase,

manda embora
os anjos assoberbados de roupas brancas,
luminosas auras e palavras demasiado
voláteis,

não dexes nada inacabado
do tipo que possa provocar orgasmos
mentais ou físicos tardios dos momentos
outrora vividos,

enterra o cibernetismo,
com suas poesias e com seus falsos puritanismos
que, às escondidas, vivem
a catar lixos literários

e promiscuidades
virtuais; e vai ao cão,
o segredo, que a ninguém será
revelado!

CHUVAS DE FOGO


... por favor,
chega de tantas chuvas,
___ querida;

por acaso,
não acharias melhor me acompanhar
em uma nova
___ valsa,

ao mouco som do
___ arco-íris?

É DURO TER DE AMAR E DE FODER SÓ COM ANJOS FILHAS DA PUTA!




... minhas galinhas
estão mortas e o meu galinheiro
ficou vazio , eu reafirmo;
e devo dizer
que sinto muito por tê-las
perdido,
porque agora
só me resta ter que amar
e foder anjos filhas
da puta!

EU JÁ PERDI GRANDES AMORES!


Sobram apenas dor,
estilhaços e lágrimas salgadas

de um amor
dito infinito que se perde

por qualquer laço nu,
por qualquer corpo cheio de curvas
e delícias ou por outra coisa
que nos cause êxtase
e vício!

FATAL LOVE


De saia,
toda iluminada,
ela estava está sentada de pernas
entreabertas
na relva,
despercebida,
ondulando o céu azul
com os negro olhos
e sonhando.
Eu de frente,
até onde podia contemplando,
até que ela também
me viu:
imediatamente
nos apaixonamos: foi mortal!

GLORY DAYS


... Bruce Springsteen canta
Glory days e Born in the USA
em seu país, onde se consideram mais
fortes, mais honestos, mais honrados,
mais nobres, etecetera;
por lá
adoram esse cara
de carrapato;
a escuridão,
a dor e a fome não parecem
dar as caras
por lá:
não aprenderam
com a História que os chefes,
que regozijam demais
suas glórias,
um dia,
se transformam no cu
do mundo!

HORA VAZIA XX


Em que época soube o ser
realmente sobre a composição da matéria,

sobre a essência
da seiva divina ou cosmológica,

sobre a existência
ou não de um nihil, ou de um tudo
ou de um nada?

Quem conhece
os pensamentos deste niilista para que embutam
nele títulos de pagão, de falso
ou de moralista do vazio?

Eu poderia
escrever muito mais das ilusão de vossas
bíblicas leituras, de vossas religiões inventadas
para inconscientes autoproteções,

de vossos instintos
ligados à id, animalescos, que vos põe
em constantes xeques quando ao desejo,
uma vez que demasiado e descontroladamente
disparados vos tornam assassinos

e que, uma vez
pouco ou controladamente forçados
vos tornam brochas.

Eu poderia vos garantir
que o nada não existe, pois só existe a quântica
possibilidade flutuante do 1, sendo que o 0
é a subjetivação paradoxal do 1;

eu poderia vos
mostrar que Deus não tem fundamento humano
e que as estórias que contam têm cunho
mitológico e infantil;

mas eu vou me restringir a dizer
que tudo agora, acima, abaixo, ao lado, no outro
lado do Cosmo, ao inferno

ou onde seja
que imaginarmos se tornou abnormal
e insoluvelmente
humano!

IMPÉRIOS


Em algum momento,
precisamos barrar nosso avanço cego
e não mais culparmos
outras vozes

por nossas andanças
em caminhos de pedras, de lamas
ou às perigosas bordas
dos abismos.

Em algum momento,
é imperioso nos olharmos, corajosamente,
de frente a nossos fiéis espelhos
para conhecermos e
aceitamos

que somos não o que
nos dizem, mas o que dissemos;
e que andamos não por onde nos apontam,
mas por onde queremos:

tudo em função
tão somente de nossos abnômalos,
sencientes, indecifráveis
e transitivos egos.

LIFE


A vida é como
uma imensa e exuberante planície,
e nós como cervos a lhes
___ pastarmos a ramagem;

vez em quando
alguém vem em sentido contrário.
gritando desesperadamente:
___ "corre, corre, corre",

em fuga e alarme
por, de repente, ter descoberto
___ um predador,

disfarçado
no meio do rebanho ou escondido
entre a obscura
___ folhagem.

NATURAL E INEVITÁVEL CAOS V




... quando se sente
os passos dos fantasmas e dos mortos
na silente e fria escuridão
das noites,
é sinal
de que está morrendo o EU,
que tudo que há pulsa segundo o aleatório
movimento do mundo
e que nos tornamos,
nestas angustiantes e solitárias sombras
noturnas, reféns do que já for a
fabricado em nossos próprios
eus-mundo.
E assim vamos
rasgando as madrugadas em colapsos
de nós mesmos:
ao amanhecer,
certamente estarão te chamando
de louco!

NEGROS UMBRAIS


Quando te adentrei
os umbrais, imaginando
haver-te a candidez
tantas vezes regozijada
aos ventos que me
tocavam,
descobri, exausto,
que em tuas bordas internas,
omissamente,
havia vermes e ratos,
abrigados em tênebras
sombras;
e foi a essa visão
que decidi fazer cessar-nos
o sonho,
silenciando-me a voz
do coração,
parando-me a incontinência
das chuvas
e providenciando os velórios
dos alucinados.

NÓS, OS CÃES!


... não se
enganem, mais que o amor
tantas e tantas vezes
regozijado,

os cães são necessários
para a perpetuação
da espécime,

assim
como os conveiros
o são para enterrar as carniças
passadas.

O EXISTENCIALISTA E O NIHILO


Tudo ao ser pertence
desde o seu abnormal surgimento,
posto que as coisas já não são como dantes
e sim como vistas pelas retinas
que as tocam,
no entando,
o nihilo sabe, e ter convicção, de que
além da senciência, do poder de escolha,
da racionalidade e dos sentimentos
humanos
que a tudo (re)inauguram
conforme suas vontades (ao que chamam liberdade,
e que não passa, na realidadade,
de uma grande prisão,
que tudo,
tudo, tudo, tudo o que o homem
(re)inaugura também, ao fim, não pertence
a outra coisa que não à nadificação!

O MUNDO É FEITO DE IMAGENS


... imagens,
o mundo é feito de imagens,
o céu,
a lua,
as estrelas,
o mar,
a ilusão,
a fantasia,
a esperança,
o amar;
imagens,
puramente feito de imagens
perante as quais nunca
estamos nus!

O SER É UM SÓ CORPO


... e quando
o céu se torna escuro,
negro como
o ardente inferno,
os anjos
e os puritanos
saem escondidos de
Seus paraísos
e vão
participar das promíscuas
sodomias e concupiscências dos cães
e dos demônios!

ONDE MORA O AZUL?


Noite fria de inverno,
mais uma, e eu a andar pela rua
arrebatado pelo silêncio e pela solidão
da madrugada:

ainda perdido,
como quando era criança
em outras noites frias,
em outras ruas
vazias,

tentando
descobrir quem sou,
tentando me situar
no mundo.

OS ANJOS E OS PURITANOS SÃO, SEM DÚVIDA, OS PIORES!


... não conheci um só
anjo, de pastores a padres e cantoras
góspeis e puritanos moralistas
verbais
que nao tenham
cometido traiçoes escondidas
em suas artificialmente iluminadas,
mas medíocres vidas!
Thor Menkent



... lá fora,

vejo
canários voando
e caindo,

vejo anjos
amando, fodendo
e caindo,

vejo algumas
flores se apontando e outras
se desbotando,

vejo homens
e mulheres navegando
e naufraganedo,

vejo moralistas
e puristas traindo e gemendo
em cima de picas ou em adentrando
xanas canibalistas.

Aqui dentro,
sem ela, continua deserto,
e o pior é que, além da angústia e da dor,
agora também ha medo
e descrença! 

OS COMPÊNDIOS DOS ANJOS


... os maiores
compêndios e batalhas piscológicas,
sobretudo o relacionamento amoroso
entre duas pessoas,

Se dá pelo
aue eles pensam ou elucubram
e não por fatos
reais;

por exemplo,
p fao de imaginar que o
outro trai

ou julgá-lo
e com ele discutir por que
não se lembrou de seu
sniversário;

em contraparte
o ser julgado, deixa a calmaria
e vira tempestade,

de igual modo
subjetivando coisas,
chovendo palavras em desordem
e não concordando com o débil ataque
sobre o aniversário,

por entender
que sabia, sim, e que foi uma simples
questão de esquecimento.

Agora,
imaginem essas subjetivações
espalhadas ao desejo, à possessividade,
e às demais emoções
sencientes,

e teremos,
com certeza, um profundo
abismo criado, quase sempre não
pelo ser amado,

mas sim
por nós mesmos!

OS TROPEÇOS SOB A LUZ


OS VERMES II


O ser humano
gosta tanto - mas tanto -
da substantivação e da adjetivação
das imagens,

como da obesa
adverbialização de seus verbos
voláteis, que merece
- realmente -

viver em suas
incomensuráveis ilusões,
sempre à imperceptível beira
do vago engano.

QUENTE ANOITECER


Sobre o leito,
abraço-te, beijo-te,
e percorro-te ofegante
todas as curvas,

com minhas mãos
- e boca -
a te desbravarem,
todo o corpo;

e, no auge da dança,
transbordo-nos
em incontidos e extáticos
orgasmos.

Às nuvens,
enlaço-te e me entrego
ao sonho,

de um amor
que nunca antes
me houvera,

e que,
mais provavelmente,
nunca mais
virei a sentir

por nenhuma outra lenda,
mito ou sapiens
do caminho.

SEU NOME É SEGREDO III!


... hoje vou tomar um vinho,

vou falar um poucode tudo, inclusive

sobre amor, poesia
e filosofia,

vou dançar
e zelar no passe como se tivesse
dançando sobre as sedas
dos anjos,

depois,
vou abraçar, vou beijar,
vou carregar para a cama, vou chupar
e vou ser bem sem vergonhamente
comer."

"Comer o que,
cão do diabo?", bradou uma fantasta
que estava silente já não segurando mais
o rancor e a raiva com o que
eu planejava.


"A mesma
a quem eu eu namoro, beijo, abraço
e caminho;

a mesma com quem me deito
e a quem sempre, com absoluto prazer
e delírio, entrego-me há 25 anos,
minha fantasminha!"

SEU NOME É SEGREDO IV!


SONHOS SECOS


Quantas vezes
eu bebia a esperança de experimentar
teus lábios?

quantas vezes
fizemos de nossos distantes momentos,
em um web can, momentos
de amor mágico?

Quantas vezes
em incontidos e estranhos desejos
e fantasias nos queimávamos?

Quantas vezes
em terríveis chuvas de fogo,
nos matávamos para, no dia seguinte,
ressurgirmos mais bravos?

E de que
adiantou tudo isso, todo esse amor,
todo desejo, toda angústia
e toda dor,

se agora
não passo de um lamento
de saudade por ti eternamente
passada?

UMA DOR QUE NÃO CESSA


A ABERRAÇÃO


E mais uma vez o ser. A minha loucura e os vossos devaneios sobre tudo que naturalmente não nos há e, com o poder senciente de escolhas, estupramos e nos fazemos haver.


Pseudoanjos batem inúteis asas. Pássaros amantes se masturbam e fodem nos ninhos. A luz que reflete as retinas sapiens transforma todo um surreal e pseudorreal. Imperativistas e pensadores sobem aos mais nobres e altos palcos.


As mortalhas vivem a fabricar as coisas num já extinto mundo do qual não sabem. Até os que se vestem das mais ferozes tomam ao centro serus lugares. Todos rangindo os dentes, esquentando as peles e se masturbando com as imagens e qualquer refeição, por sequer poderem negar, serve-lhe às mentes e aos estômagos.


É realmente um horror esses voejos ao solo, mas eles de nada sabem. Podem, amar e foder como deuses ou anjos, mas desprivados do original pecado, que ocorreu em um ponto desconhecido, quântico e probabilístico do Cosmo, de onde surgiram suas abnomalias bastardas, com as quais construíram a grande e insuperável barreira de si mesmos: um infinito dentro de outros infinitos a que não conhecem estão.


Empanturram-se do escuro com a luz do que chamam Sol. E para se salvarem da morte, inventaram outra luz a que chamam de Deus. E fizeram dee seu Deus, escravo e o crucificaram.


Mas a carnificina não acaba por aí, porque absolutamente deles nada mais sobra sem que esteja desvirginado. E assim se vão cingindo, fartando-se e a tudo fodendo com a dilaceração e fragmentação do tempo e do espaço, que também não se há de modo separado, só para conseguirem fazer vigorar seu novo Universo, ao qual espamodiaram com suas razões sencientes e faustas.

Até ao mal inventaram para se contrapor ao bem, também idealisticamente inventado e ao qual nunca atingiram como esperavam. E se criaram um Deus do bem. Para o mal, deram o nome de Diabo.


Tornaram-se, pois, marujos por todos os tempos, por todos os lados e por todos os cantos, inclusive nas profundezas mais misteriosas, inadvertidos, com seus imensos, sublimes, mas frágeis poderes de escolha, que o mesmo abismo profundo do qual foram gerados, um dia, irá tragá-los. E, a não ser o caos, a quânticas e as infinitas possibilidades que não lhes pertencem, deles não restará mais nada no final, entrópico e estranho caldo!

À ESPERA DE UMA MANHÃ DE SOL


... não há
mais fonte,
o voo foi
amputado em pleno
ar,
o rio secou
em seu leito breu,
planto
estranhos versos
nesse recanto,
como se
isso pudesse me tirar
o veneno das veias:
mas uma Brisa
me sopra do infinito,
dando-me ainda alguma
esperança
de que
se cicatrizem as feridas
das vésperas e ressurja
um novo sonho!

A ILUMINAÇÃO DO LIXO


ALVORECERES


A cada dia, aos alvoreceres,
tudo (re) começa:

os leites jorram
dos inocentes úberes

e seguem correndo por leitos
de longos rios;

que vão agregando, às suas margens,
sombras, cinzas e destroços.

Sim, a cada dia, em alguma
outra extremidade do caminho,

tudo acaba,
porque é demasiado tarde.

AMOR, SEXO, SUOR E SANGUE!


Quando se ama
absurdo,

é preciso extremo cuidado
para não se inverter
as coisas

e evitar
que, vez do corpo,
seja a alma que sue, goze
e sangre!

AO FIM DA ESTRADA



... serei
um caminho, uma luz
ou uma cruz,

ora cordeiro,
ora devorador,

ora um anjo sublime,
ora um demônio devorador,

ora ainda ao chão
ora ainda à transfiguração à nuvem;

toma
e alastra em mim a fronteira
do amor

até que me
vigore a grande noite
escura

e o silêncio
que não mais possa ser
agredido.

AO FIM DO BAILE


... acho que
eu devia estar feliz
por ainda estar
vivo,

depois
de me deslizar tanto sobre
pedras frias;

mas,
não sei por quê, eu me sinto
é cercado de fantasmas
e de zumbis

nas ruas,
no face, no zap, no celular
e por todo lugar,
enfim!

AS BESTAS


Exatamente tudo
que se nos há conforme vemos,
___ seja qual for a forma

- mesmo que atribuamos
a amantes, amigos, inimigos ou a deuses
___ e demônios oníricos -,

é devido à nossa origem
inquestionavelmente singular,
___ espúria e abnormal;

e se nos emana
de nossos sencientes egos,
- consciente ou inconscientemente -
cegos aos próprios e espúrios
___ reflexos!

CORTINAS FECHADAS


... ela partiu há
exatamente um ano, e ainda
faz frio;

a rua não
é mais iluminada, a rua em que
andávamos já nem mais
existe,

nem o céu
em que voávamos, nem o mar
em que navegávamos, nem a cama
em que nos amávamos;

ainda assim
manteno ao frigidíssimo inverno
até que, solitaria, ela se congeal e tudo
se me escureça como ocorreu
com ela!

DEAD SUN!


Depois
que aquele sol se apagou,
eu parei
de sonhar, de fantasia
e de me esperançar em uma nova
e suave manhã:
francamente
falando, eu fiquei mais chato,
mais cinza e mais frio!

ELES REALMENTE NÃO SABEM!


Eles não sabem, flor,
pensam que dormimos,
que fraquejamos, que não nos entregamos
como que a desistirmos do eu chamam
vida e amor,

pensam que talvez
já não tenhamos força ou disposição
para lutas, sonhos, em fantasia,
desejos e amor;

eles não sabem, flor,
eles não sabem de nada,

eles não sabem
que a diferença entre uma jovem
e uma mais velha árvore

é somente
que esta floresce mais alto,
mais bonito e melhor!

EM UMA MANHÃ SEM SOL


Em uma manhã sem sol,
até que tentei abrir caminho
por entre as copas das grandes árvores
para escrever teu nome
___ às nuvens,

na vã tentativa de te libertar
da gravidade dos sonhos incautos,
das resplandecências laivas
___ das linguagens;

e dos dolorosos tropeços
junto aos chãos de pedras, de merdas,
e de transitivas imagens que estupram
os frágeis limites das purezas
___ virgens.

ERAM UMAS VEZES


... das mulheres
amadas,

das putas
extaticamente jantadas,

dos sóis,
dos rios e das praias
passadas,

das terras
com minha força
aradas,

dos céus
com minhas invisíveis asas
povoados,

das noites
de verão tão lindamente
estreladas,

dos meles
das anjas que carregavam
luzes engarrafadas,

das mariposas
que pousavam nos vidros
de minha casa,

dos sonhos
que não continham
emboscadas,

da nuvem,
da demônia, daquele coração
puro que eu achava,

daquele
monte de letrinhas que,
à noite, brilhavam,

não me
restou absolutamente
nada!

FUNDA MELANCOLIA


... a hora morreu
e esqueceram de apagar a luz,

tornando inútil,
no solitário silêncio em que
me finco,

este triste,
rio, confuso, indizível,
e interminável dia,

onde apenas o cansaço,
a angústia e a dor têm me feito
companhia!

I AM STILL HUMAN!


Ah, seduzido pela flor do inverno,
seduzido pela flor do deserto,
seduzido pela bela nuvem de intempéries,
em mim, ainda há vida,
e eu venci a iminente morte, e estou
ainda folhados
e preparado para
lutar contras as tenebrosas tristezas
do passado
e para enfrentar
os, que queiram me impor,
severos sepulcros
pesados!

I, AS YOU, ALSO I AM NOBODY!


INSÓLITO ENLACE


Que insólito
enlace é este
que me faz ficar
assim,
tão adoecido
de ciúmes de quem
sequer te abraçou
ou te beijou,
como que se o mundo,
mesmo que de mim desconhecido,
tornasse-me feroz
inimigo,
a querer
tomar-me o que,
incautamente,
exijo ser
meu;
e que incontrolável
insânia é esta que me faz nos levar
ao naufrágio
das asas
e à morte,
por asfixiamento,
desse sublime sonho
nuvem.

MASTURBAÇÕES


"Você se masturba muito,
Thor Menkent?

Oh! Sobretudo quando
me enlaço com as palavras

e me transcendo a sonhar
- ruflando asas que não tenho -,

havendo-me intensos orgasmos
em atrofiadas poesias.

MEU LIMITE NUNCA FORAM OS CÉUS!




...nunca
quis te domar, ainda mais
em ignoto corpo,
cadela,
eu gosto
é de meus próprios tropeços
e pecados
sem perder
muito tempo nos tristes
e angustiantes espaços
em branco
que sempre
ficam de resto,
entre céus imensos
e áridas terras!

MINHA TOLA AMADA


Ela nunca teve pressa,
imaginava que o mundo
era nosso

e que dele
podíamos beber, comer,
aproveitar e nos tornamos obesos,
que sempre nos havia tempo
para voltarmos para
casa,

e isso era tão
insano como sua ideia de que
nossa era a eternidade e de que o terreno
em nada podia nos
afetar:

agora ela
não mais pode ouvir eu adverti-la
que deveríamos ter tomado
mais cuidado,

que, um dia,
sempre chega o tarde demais!

MORREREI, MAS NÃO MATARÃO MINHA SOMBRA!


Anjos,
anjinhos
sapiens anjinhos como eu,

paralisaram
meus sonhos mais sublimes,
detonaram minhas esperanças
mais firmes,

beberam
de meu suor, de meu sangue
e de meu sêmem derramado em estranhos êxtases
nos gloriosos campos e nos brancos
leitos da terra;

e tais como eu
foram-se morrendo entre erros,
tropeços e autovenenos injetados com imagens
de toda orden, como eu!

MORTO EM SI


NINGUÉM VIU ISSO NÉ, HIETZSCHE?


... quando Niet
falava de um zaratustra que habitava
habitava a caverna somente
com uma serpente
e uma águia,
ninguém entendeu,
e nem ainda entendem, que a tal serpent
e a tal águia nao tinha cloacas
ou penas,
mas sim pernas,
peitos, bundas gostosas
e bocetas;
e que ele, Niet,
partiu do ponto do próprio paradoxo interno
para ter a visão contrária proporcionada
a seu mito Zaratustra!

NUM LONGÍNQUO CREPÚSCULO!


Num longínquo crepúsculo,
ele se sentou nunca cadeira de mogno
e começou a enrolar, lentamente,
seu cigarro de palha:

as mãos calejadas
pareciam ter se transformado
em rijos e estranhos cascos,
com seus tentáculos cansados;

à pele envelhecida,
corriam tantas falésias
que lhe encobriam estórias
e nativas sardas.

Ele gostava ver o pôr-do-sol
dando baforadas
como que a assistir às últimas
luzes do espetáculo,

como que a me ensinar
como são frágeis
as cortinas de fumaça.


O APAGAMENTO É O RETORNO A CASA


... por meio
de tantas poesias e escritos
desabafos,

fiz arder,
em palavreas, a minha
alma

que outrora
te por aqui te amava,

e que agora,
em meio a essas espetaculares
imagens soltas,
naufraga!

O ERRO


O ser humano,
ao que chamo sapiens,
não deveria avaliar conjecturas,
possibilidades

e, sobretudo, erros sobre as coisas
ou sobres os daseins que
entre elas foram
jogados:

o sapiens
devia já ter tido a percepção
e a certeza de que,

de tudo que há
e possa haver no Universo,
ele é o único erro!

O MAL TAMBÉM TEM UM REFERENCIAL DE ONDE SEJA OLHADO E SENTIDO


Nunca te fiz mal
algum além de te amar, de te beijar
e te entrar dentro de ti, delirantemente,
com minha haste em desejo,
Flor de Inverno;

Ou seja,
nada que se compare ao que
fizeste comigo, após deixares
este mundo pífios

e te dormires
dentro de mim em tanta angústia
e dor que todos andam vendo, na poesia morta,
meus escuros vazamentos!

QUEDAS, ILUSÕES, ESPERANÇAS E DELÍRIOS!


... vejam só,
todos falam de ilusões, esperanças
e delírios;

todos fodem
com as mentes ou com os corpos
em desejos estremecidos,

todos falam,
como se fossem certos, do futebol,
da religião e da política,

todos imaginam,
com suas senciências, como seria
o paraíso e o décimo primeiro
mundo,

todos fazem
sapos de borracha, príncipes
e princesas puristas,

todos caem,
embora neguem ao mundo,
em profundos abismos:

o ser, como um todo,
não poderá ser jamais
ser definido,

RUAS E AVENIDAS SAPIENS


SEM TITUBEAR


Em teu tempo
ou em meu tempo, em teu sonho
ou em meu sonho,

em tua praia
ou em minha praia, em tua casa
ou em minha casa, em tua cama
ou em minha cama,

esqueçamos
os porquês e os sês, e vamos
efetivamente ao onde, ao quando
e ao como!

SERÁ QUE NÃO CONFUNDES AMOR COM DESEJO E SEXO?


... aquela que partiui
há um ano não devia te preocupar
ou não devias tentar entender se ainda a amo
ou não, posto que o por que
óe óbvio,
a não ser que,
para amar de verdade, tu sejas dessas
beldades que exigem genitálias excitadas
e tremendas fodas às camas
e não aprendeste
ainda que também é possível amar
somente com a mente e com
o coração,
mesmo à amada
que foi chamada para morar
na eternal escuridão!

SONHO SECRETO


Escondi,
aos idos da infância perdida,
numa caixa enterrada entre as flores
e as frutíferas do quintal
de minha casa,

um sonho
que realmente pensei
ser inquebrável.

Após ser atingido
por cantos e encantos de sereias
e por fortes tempestades
de areia

- e o tempo me corroendo
com falésias cheias -,

fui desenterrar o valioso
tesouro:

ao abrir, dentro havia
fiapos estraçalhados o que restou
do sonho - que hão conto,
pois é segredo -,

ao fundo,
aos lados e encavalados
haviam enormes vermes,
todos obesos.

TRISTE CREPÚSCULO


VAGANDO SEM DESTINO


Nem mais
tantos céus azuis,
nem mais tantas asas
___ inválidas;

nem mais
tantos anjos sensuais,
nem mais tantas demônias
___ menstruais;

nem mais
tantas e pazes regozijadas,
nem mais tantas guerras aos covardes
___ silêncios escondidas;

nem mais tantas danças ilusionadas,
nem mais tantas inércias solidificadas;

nem mais
tantas luzes fausteadas,
nem mais tantas sombras
___ escudeadas;

sem mais
pensar muito neste mundo
___ fechado,

vou-me só
pelo deserto, a silêncios e poesias.
___ e mais nada!

A ELUCUBRADORA


A HERANÇA DE ANA


No escuro espaço

de meu quarto, coleciono pedras,

quedas e destroços



de meus desastrosos

voos;



mas o pior de tudo

é ter de conviver e de amar e beijar,

saudoso, triste e angustiadamente todos

os teus fantasmas que morreram

contigo!

A VERDADE DOS BORDÉIS


... a puta está alvoroçada
e sua inquietude pode ser evidenciada
ao leito onde terá de, mesmo sem amar,
apagar a fogos e se lidar
com porras;

a ela ninguém,
nem os anjos e menestréis
que frequentam escondidamente
os bordéus,

dão mais que isso
e que alguns trocados,
tudo em paga de sexo, antes de voltarem
para suas casas

e ficarem
com suas esposas, com seus filhos,
e orarem para seu Deus
onipotente.

As putas, sim,
sagradas e profanas putas,
delírios dos mais nobres e desonradas
pelos mesmos com seus verbos
impiedosos;

mas não hoje,
mas não agora neste momento,
agora o que lhe serve é a verdade
do verbo

a expor o fedor
dos que as comem e depois as maldizem
e a colocá-las numa poesia com um pouco
de suavidade e de puerícia
no verbo!

APÓS O TARDE DEMAIS, SÓ FICAM RUÍNAS E DESTRUIÇÃO!



... é tarde,
é tarde demaia, meu amor,

estás a uma inalcançável
morte de mim adormecendo
eternamente nos frios braços
da morte

de modo que
jamais poderei sentir teu toque,
a saliva de tua boca, de teu corpo
e de tua linda boceta,

porque agora
moras longe, longe absurdo
de todos os homens e cães do mundo,
diluída apenas entre as imprevisíveis e incertas
veias das sombras!

It's late.
It's too late for both of us, my love!

AS BELDADES QUE VESTEM BEM A ALVA PALAVRA!


Vêm,
de todos os lados vêm,
invadem o espaço,
enfeitam as camas e os céus
com seus poemas e com seus desejos
inflamados.
A gente tenta evitar,
mas elas parecem mais ricas que o ouro
e mais belas que as noite;
então a gente se abre,
elas entram com sensualidades loucas
e você se entrega e as abraça:
de manhã, a gente se sobra
entre restos, destroços e cheiros
de porras e de penas
queimadas!

AS NOBRES PROJEÇÕES SAPIENS


Mitos, lendas, deuses
e seus poderosos criadores multiplicam-se
exponencialmente, como se, de fato,
fossem criaturas a cavalgarem
lumes plenos;
​​​​​​​
não obstante,
abnormais e bipolarmente confusos,
é na obscuridade que se alastram
de modo inalienavelmente
cancerígeno.

COMO A BONECA RUSSA EM CASA DE SILÊNCIOS


... os ontens
e o que é do mundo,

tantas portas
e janelas abertas,

ventando para
todo lado;

e eu, o tempo todo,
estava dentro,

ali no escuro
do quarto fechado,

sem que pudesses
perceber

que eu não
queria apalavradas sempiternidades,

mas apenas um sentar
em sincera paz

ao meu lado,

e, se possível,
algumas flores esparramadas
pelo escuro chão
do quarto.

DE BOCA EM BOCA


Contam
que uma lendária queria
ser capa de nota,

e que assim
passou de mão em mão
em todo canto:

dizem que ela
gostava e ficava espiando
egos roliços

e outras
coisas duras e roliças:

quando veio
a mim, com seu olhar sombrio
e com sua crítica cínica,

não tive
outra opção senão lhe mostrar
a solidão e a desgraça
de sua própria
jaula!

DE TUDO O QUE REIVENTAMOS SOMOS!


... atirei ilusões,
fantasias e esperanças
ao mundo,

fiz uma
cabana onde
pudesse me abrigar
das chuvas,

beijei
lábios como fontes
puras,

masturbei-me
imaginando virgens
nuas:

e tudo
se foi indo em passagens
esquecidas,

por nunca
se ter tido, da imaginação,
o verdadeiro
colorido:

hoje,
ao deserto, tornei-me
desbotado,

com a certeza
de que não passei de um palhaço
que se apresentou
em circos.

ESTA AINDA NÃO É UMA VIAGEM NEÓFITA


EU AINDA TE AMO


... não tenho muito tempo,
tu precisas ser forte;

e eu torço muito
para que te tornes tão sábia
como o vento

e tão sólida
como a mais dura rocha!

Thor Menkent - Teu marido


... porque não há
o totalmente puro, totalmente calmo
ou o totalmente dácivo,

porque não há
o totalmente sonho, o totalmente
rido ou o totalmente
desejo,

porque,
com o tempo, há também aquela
sensação de vazio
sórdido,

de monotonia
mesclada a fragilidades a depressões
que parecem imortais e à sensação
de que perdemos por sempre
pensarmos ter podido
mais,

porque há também
chuvas de fogo, há resistência ao fronte,
há tristezas hiemais e há infectas imagens
a desviar nossos olhares;

sim, porque,
apesar de tudo isso, após 27 anos
eu posso dizer e posso gritar ao mundo
inteiro

que ainda
te amo demais!

EU DEVIA TER METIDO A MÃO NA CARA


... e então,
após entregar a hóstia,
ou seja, o que chamam corpo de Cristo,

o padre
encerrou a missa e se recolheu
a um dos aposentos atrás da igreja,
seguido por suas coroinhas que sempre
auxiliavam na celebração.

Então,
por obra do diabo ou por uma providância
qualquer, um cão niilista foi ter
uma prosa com ele,

desse tipo
meio confissão, meio pedido
de conselho, já que o mundo parecia
muito negro aos olho frios
de um cão nhiil

e, chegando lá,
viu o padre alisando a coroinha
ainda em idade pueril.

Resultado:
tornei-me ainda mais descrente no ser,
mandei o padre, em plena igreja, para a puta
que o pariu, mandei a igreja para
a puta que a pariu

e nunca mais
me interessei em pisar qualquer templo
feito por homens para falsamente
adorarem a Deus!

EU DISSE QUE NÃO SABIA AMAR!


Sou egoístico para amar,
confesso,

e isso se dá
em conformidade com a condição
em que fui jogado neste
mundo de coisas;

por isso,
não só quero ser amado,

mas quero
sempre ser amado também
com minhas defeitos,

com minhas metades erradas,
com minhas vesanias vazadas
e com meus caos e com meus tempestades
temperamentais,

com minhas votandes abssais,
com meus desejos absurdos e pervertidos
e com minhas sombras niilisticamente
djacentes,

porque somente
com meu lado bom, heroico, potente,
romântico e gracioso, qualquer uma poderia
se enamorar!

EU SOU O NIILISTA, E EU TE AVISEI!


EXTÁTICOS ABRIGOS



... às gavetas do fundo,
aos escondidos quartos de despejo,
aos motéis e aos matéis
___ do mundo,

e nas web cans
e chats do virtualismo
___ insano;

as jóias
de família não são postas,
senão de modo
___ sublime;

nestes lugares
o que são colocados
são bravatas, ilusões fantasias promíscuas
e gosadas com pseudossabor
___ idílico!

FATAL ENGANO


... vem cá,

dize-me com franqueza
qual a razão desse nosso enlace à nuvem,

se nele temos
deixado se confundirem

o amor, o ardor
e essa sempre presente

e camuflada
dor?

FLORES, PEDRAS E ÍCAROS


De meu solitário quarto,
à madrugada, pus-me a viajar
ao cume de uma alta
montanha;

e, dela,
foi que vi imensas florestas
enverdecidas, com suas flores, frutos
e animais

- de toda espécie -

em alvoroçados
frenesis: alguns se matavam,
a garras e dentes, para saciarem suas fomes
ou para estabelecerem,
brutalmente,

seus territórios;
enquanto outros gorjeavam,
tentando fabricar algum encantamento tal,
que lhes permitissem seduzir
as vulvas das bicharadas
fêmeas,

onde lhes era,
instintiva e irresistivelmente,
necessário enfiar
seus paus.

Ao longe,
vi outra floresta,
de pedras e cimentos,
onde habitavam
sapiens,

com duas únicas
diferenças: estes tinham uma abnormal condição
que a tudo lhes permitia (re) inaugurarem
com suas sencientes
razões;
​​​​​​​
e um sublime
e onipotente deus
para lhes aliviar dos crimes
e pecados.

FOGO MORTO


FOMOS HUMANÍSSIMOS, ANA!


... amei-te
porque sou humano,

e errei
porque sou humano;

___ gestos,
___ sorrisos,
___ desejos,

___ ilusões,
___ naufrágios,
____ suspiros em prantos:

errei porque
sou humano, mas foi também
assim que eu te amei
tanto!

INCONTIDO DESEJO


Sombras em ensaios,
uma sinfonia mouca nunca ressoada,
um par de seios escondidos;

da falésia imaginada de entrepernas,
o êxtase e o perigo;

chãos com pedras voados com asas
perplexas, erectas e apaixonadas,
palavras em nós de silêncio
a dizerem tudo;

o tempo parou
no destempo que se inventaram,
os anjos e os demônios também pararam
a assistirem ao intenso, esplêndido
e estranho espetáculo:

um deus estava a amar,
alucinadamente,aos mistérios
e encantos de uma habitante
das trevas.

INDECIFRÁVEL PARADOXO


Sempre me atraiu
a subjetiva ideia do não ser,

a visão
por cima do muro sapiens

do que não
nos haja ao reflexo
de nossas retinas abnormais:

pelejei,
antes fosse somente uma vontade,
mas tornou-se uma busca
incessante,

não sei quantas
vezes tropecei, mas eu devo assumir
que, além da vontade paradoxal
de entender o não ser,

eu, hoje,
tenho plena consciência de que tudo,
e até tal subjetivação de não ser,
pertence somente à minha
terrível condição
de ser!

INEVITÁVEIS SOMBRAS


LUTAS TITÂNICAS


... nunca podemos
subestimar uma relação em que
___ lutamos

contra nossas
próprias imanências humanas
para, nela, colocarmo-nos
reciprocamente
___ sublimes;

os vivos
ainda amam, ainda voam,
ainda fodem e fazem
___ de tudo;

mas
alguns mortos nunca deixam
de enfeitar nossas casas com suas
___ invisíveis flores!

NÃO TE DÊS À FÚRIA!


... se me amas
refreia as ondas bravias
de teu mar,

acalma
as tempestades assassinas
de tuas nuvens,

contém
as elevadíssimas temperaturas
de tuas luzes e me ama
mesmo neste exílio,

porque,
como dizem os ventos
dos dias e das noites
lamurientas,

não mais
naufrago, tornei-me o próprio
naufrágio resilente!

NÃO TOQUEMOS NOS SEGREDOS


... tu veste
teus véus e eu visto minhas
___ máscaras

e, assim,
vamos nos perdendo, aos poucos,
___ nas vastidões dos mares;

e por isso,
com nossas almas diamante
e com nossas carnes
___ inflamadas,

para se
manter na margem este grande amor,
devemos estar cientes
___ de que

sempre
há um grande
problema quando quem diz
___ nos amar

exige
claras evidências de nossas
caminhadas pela
___ estrada!

NATURAL E INEVITÁVEL CAOS X



Queria ser mais forte
- de ferro, fogo ou aço -
para esvaziar meu coração
em caos,

sem me importar tanto
com as nefastas consequências
das falésias abertas

- a cinzas, lodos e sombras -
por mim, por eles
e por ela!

NOITE AMPLA


A grande noite
escondeu tuas asas e tea ma
na escuridão eternal,

desafiando
a minha loucura mais tênebra
e aluscinada;

e eu penso::
eu devo me entregar e desistir
de nossos sonhos

ou devo aniquiliar
qualquer vertigem de apagamento
que queira degenerar, perante a mim,
tua imagem?

O QUE É SER UM POETA


RESIDUAL ESSÊNCIA!


... há em todas as coisas
um incógnino encanto ainda daquelas
perdida noites misteriosas e extasiantes
nossas,

e de tal forma
que, mesmo tendo tu como cobertor
a fria terra há um ano,

elas,
e eu no meio delas, ainda
te sentimos agora invisivelmente,
mas portentosa e divina!

SEM PONTO CERTO DE PARADA


A vida segue,
incontinentemente,
emoldurando-se em cores
mal delineadas

- às vezes em preto
branco -,

muito distantes
da opacidade crua das coisas,
é bem verdade;

assim,
ao passar indelével do tempo
e às chuvas incessantes
dos intentos

- de cada um -

nesse tudo
que parece imenso demais,
mas que, a cada dia,

vai-se esvaindo
pelas mambembes teias
do caminho.

SEM TI


... sem ti,
tudo é mais difícil
___ agora,

tento
fechar todos os espaços
e todas as frinchas
___ das janelas,

na esperança
de conseguir, enfim, descansar
na escuridão
___ fria;

mas nem
as sombras vazias
trazem-me algum alento
___ possível,

da dor
que sinto por aquela já apagada
e única luz que em minha
___ casa esteve um dia!

SOBRAS


Bem,
vejamos o que resta
de teus anjos, mitos e lendas
que contaste outrora
aqui:
"estilhaços de nadas".
Bem,
agora vejamos o que resta
de teus anjos, mitos e lendas
aí, à tua demente mente
e seco certe:
"nada diferente
do que eu sempre te disse
que restaria".

STATUS E PALAVRA VOLÁTIL NÃO VALÉM NADA QUE NÃO SEJA PARA SERVIR AO PRÓPRIO EU!


... quando estiveres triste,
penses que há sempre alguém mais
triste que tu,

quando estiveres
com grandes problemas, pensa
que há sempre mais pessoas com problemas
piores e maiores que os teus,

quando te sentires
no chão, lembra-te de que há muitos
que estão abaixo dele e habita os escuros
mais profundos dos abismos;

isso vai
aliviar um pouco a dor de um ser
angelical como tu;

mas há outra coisa,
que só os cães costumam fazer,
é quando as coisas estão boas muito boas,
esplêndidas no amor, na profissão, no lar, no sexo
e tudo bem estruturado na vida:

nessas horas,
mesmo conseguindo tudo isso,
ele não deixar de carregar, e expões isso
em sua filosofia e poesia, o peso do mundo
junto com os desvalidos em angústias
e dores!

TODA VERDADE É UMA MENTIRA BEM CONTADA!


Encontra-se, por aí,
mais facilmente um sonho mascarado
que uma verdade
___ sombria;

mas eis que,
uma vez desvendada esta,
há que se estar
___ preparado

para a longa,
solitária, silente e angustiante
___ noite fria.

VERSOS VIS


Grande é a dor
que há nas entrelinhas secas
de meus mal traçados
versos;

sim, grande e invisível,
tal qual a angústia que há por trás
dos sorrisos dos palhaços
sentinelas,

tal como angústia,
(feita a cacos de espelhos e de pedras)
que se me assentou à alma
amarela.

VIDRO TRINCADO!


Por não ser
imanentemente inteiro, mas sim composto
de sencientes e fragmentadas razões,
___ emoções e desvarios,

é que tenho sentindo
impossível evitar as margens rachadas
e atingir algum equilíbrio
___ e sublimidade

entre os amargos
e adocicados espasmos,
que se constroem aos esplêndidos teatros
___ e aos reservados átrios.


YOU GO FIRST, I GO NEXT!


Estamos estagnados
e atrasados, devemos congelar
nossos corações

e esquecer
o passado de amor e de glórias
imediantamente:

e, como
isso já devia ter sido feito
há muito tempo,

tu partirás primeiro,
já agora nesta noite que será
mais escura e fria:

I go next!

A FLORESTA


... não somos
como a caverna de Platãom
e não vemos dela;

somos a floresta
e a caverna à qual vemos dela
e as coisas invisíveis que não vemos
sob ela:

Não,
Não somos a caverna,

somos o tudo,
o ocaso probabilístico,
as possibilidades infinitas

assim como somos o nada,
o destino que escolhemos depois
de sermos jogados neste mundo e a única
possibilidade, de dentro de nós, agora
visível a nossas mentais retinas,
existente!

A PEDRA SOMOS NÓS


... sim, Drumond,
no meio do caminho há
uma pedra,

há uma pedra
no meio do caminho à qual
Deus, que tudo podia, fez de forma
que na senciência e na absurda visão
retilínica dela não mais
poderia mexer;

sim, Drumond,
no meio do caminho foi criada uma pedra
(nós, sapiens)

que
me faz desconfiar de que Deus
já não mais tudo pode
fazer!

A TRAIDORA


... amores ilusórios,
amores impossíveis,
amores já em leitos do próximo,

amores perdidos no tempo,
amores levados pelos quentes ventos,
amores que se deitaram para foderem
com outros pulguentos

(a traição cheira
a podridão e a cal),

que se torna
tão líquido, de repente,
deixando ao outrora eleito amado,
agora corno,

com os sonhos desfeitos,
com as lágrimas no rosto e com a dor
e o lamento do chifre lhe plantado
na cabeça!






ADIAMENTO


Queria poder me desfazer
- ou adiar talvez -
desse amor nuvem: tresloucado,
engolideiro;

mas não posso,
apesar de, há tanto tempo,
estarmos nos habitando entre sonhos,
sismos e abismos;

apesar de, sob severas chuvas,
estarmos nos enlaçando entre fulgores,
desejos e rancores;

apesar de, por vezes sem conta,
teres evidenciado as dolorosas verdades
de inglórias e aleivosas
atuações

aos entenebrecidos reflexos
de minha alma.

AMO EM SILÊNCIO


Nenhum sorriso
quimericamenteforjado,
artificialmente colorido,
mesmo que belo,
mas fictício;

nenhum ato
íntimo, dos beijos, às chupadas
mais excitantes e às gozadas mais
intensas;

nenhuma palavra
que sugira um amor que não seja
sincere, confiável e que não se demonstre
em fortes paradoxos os dois
lados da semente

pode substituir
a docilidade - longe da sombra
de qualquer engano espigado, falado
ou moldado - no amor alicerçado
no silêncio!

CADA PEDAÇO II


... esquece a estupidez
da ilusão e das vesanias humanas,
eu quero tua boca, teus peitos, teu corpo
todo e tua xana!

CHUVAS DE FOGO


Aquelas torrenciais
chuvas de fogo, que outrora desaguei
em teu jardim
fulgente,

continuam a cair,
silentes, em um canto obscuro
d'minha mente;

e ninguém mais as vê
ou sente,

a não ser em alguns
versos tortos, que ando
a desenhar em ritmo
decadente.

COISAS QUE APRENDI


Coisas
que aprendi
com ela e com meus desérticos
poemas,

ao descobrir
dos homens o mior segredo:

o nada
é o resultado constante, em vida
e depois dela,

mesmo que resplandeçamos
o dia inteiro!

CULPAS E PECADOS EM UM AMOR LOUCO


Perto de mim
exaltas
___ paz e calmaria,

perto de ti
chovo
___ e não estio;

perto de mim
te sublimas
___ e te santificas

perto de ti
te lanço às noites
___ sombrias.

DANÇANDO NO FRIO


Já a mais de meio caminho
da viagem, finalmente consegui entender
que não adianta viver de faustas
e falsas iluminuras;

nem inventar mil e uma
esperanças para que alguma ilusão
sublime se cumpra;

nem - muito menos -
ficar enxugando fluxos de lágrimas
ou lamentando perdidos
nesta vã e vil vida;

porque [inexoravelmente]
todos os momentos ruins passam;
e os bons também.

DESUMEDEÇA


Quero-te,
E se te quero e se me querer, vem!
Deixa de bobagem
de olhar para trás, de te preocupares
com minha amada morta;
deixa de achares
que minhas sombras são intransitáveis
e que meus desejos são traidoramente
incontroláveis;
deixa de frescuras
pensando que, ao manteres distância
e as pernas fechadas, esquecer-me-á ou me fará
pagar por algo que me é absolutamente
advindo de minha abnômala
condição humana;
vem, rompe a névoa
que te domina, enfrentes os fantasmas
que te assolam e vem, e me beija, e me ama
e me leva para a cama,
porque
eu te garanto que, quando for tarde demais,
tua alma poderá se quebrar com os mares
que irás chorar!

DIGNIDADE SAPIENS


ELAS PODERIA AJUDAR UM POUCO NÃO TESANDO TANTO A GENTE, NÉ?


... se uma beldade
é bonita e casada e quer foder contigo
que também não é mal acabado
e bem dotado,

e isso te
dá aquela baita vontade de pegar,
de beijar, de chupar, de cominar e de foder
com o poder de marcar,

mesmo sabendo
que isso poderá te custar o preço
fatal de perder o está realmente acima
de qualquer desejo carnal,

o amor da esposa
e o respeito familiar, o que tu faz?

ENVELHECER


... após os 45,
tornamo-nos tão pequenos
diante da força
da juventude,

que passamos
e nos sentimos como inexistentes
num mundo que não cabe mais
em nossas senciências
pretenças;

então,
é que mais deixamos de sonhar,
e caímos, em autoenganos macabros
de reinos encatados,

como que a imaginar
um porto seguro nas ignorâncias,
nos desejos e nas imundícies
humanas!

ESTAMOS CONDENADOS A NÃO CONTEMPLAR A VERDADE


Pobres sapiens
nunca souberam o que é o eterno
frio noturno,

nem que
as coisas nunca são conforme
pensam, imageinam ou bordam
com suas palavras
e retinas,

nem que a concepção
de passado, de presente e de futuro
que têm para nortearem suas vidas
nunca passou sequer
de uma ilusão,

que seus deuses
são falsos, pois como todas as demais
coisas, não foi feito por outro motivo
de lhes servir às vontades
e à ânsia de serem
eternos;

sim, pobres coitados,
estão condenados a acreditar
em tudo aquilo que pensam reinaugurar,
até que chegue, como medo
do fim,

o momento
de voltarem a ser, não humanos,
mas tudo aquilo que realmente
nunca foram!

EU QUERO O NÃO-SER, MAS NÃO CONSIGO



Não queria
ser assim tão racional,
e não sei mais o que fazer
___ contra isso;

eu não queria
saber que dois mais dois são quatro,
que há um coração batendo
___ em meu peito,

que a luz confina
a visão de nossas retinas cegas,
que o amanhã me pode (não)
___ ser conforme planejo;

eu só queria
não ter conhecido nada
sobre o fausto e espúrio caminho,
percorrido pelas senciênciasem movimento
___ dos sapiens.

EU SINTO MUITO


INALIENAVELMENTE CONDENADO


A dura vida
deixou-me niilisticamente
perturbado,

já não creio
o sapiens, seus desesjos, seus sonhos
e seus anseios;

já não creio
que as coisas do coração e da espiritualidade
suplantem as da id e as da vaidade
humana;

por consequência,
tornou-se-me impossível atingir
alguma razoável paz,

uma vez
que, não crendo no semelhantíssmo,
também não mais creio
em mim mesmo!

INCENDIASTE-ME!


Era impressão minha
ou eu te vi com brilhante sol
ali, meio no meio
das pernas, meio sob o colo,
na escura
e mágica noite de ontem?

NÃO SABEIS O TAMANHO DE NOSSA INSIGNIFICÂNCIA!


... quem diz
que semeia e só fala a verdade
já mente,

pois surgiram
longe, bem longe, da natural
virgindade das coisas, com seus olhares
humanos adulteradores;

de modo que eu garanto
que todo pensamento, toda visão, toda crença
e toda coloração ou renomeação
das coisas do Cosmo,

diante do que chamam ser,
já nasceram de uma abnormidade condenada
a estar eternamente incapaz de germinar
alguma verdade!

O AMOR SE PROVA, NAO APENAS SE FALA



... o amor,
esse que se prega com
o volátil verbo,

é dissimulado,
é subterfúgio para se angariar
poderes e desejos

e, por isso,
causa consequentes discussões,
inseguranças, ciúmes, medos
e quedas aos terreiros;

o amor verdadeiro,
sequer precise ser ditto,
ele é provado, quando que nos ama
anda conosco, de todo meio,
nesta terra,

de pesadas
e inevitáveis guerras!

O ECO DE NOSSO AMOR!


Insiste-me presente
o prolongado eco de teu (a) mar,
e isso parece loucura,
parece algo doentemente platônico,
parece sombrio;
e, como um fogo
que incendeia e não excita,
a escuridão onde moras agora me chama
para contigo dançar!

O ESTRANHO




... assusta,
eu bem sei disso,
dispo-me da beleza
para me dizer e ao mundo
tentar entender,
escrevo
o inexpurgável,
o flexo e o refrexo,
a direção e a perda do caminho,
a escolha própria e ela projetada
nas costas dos outros,
o centro,
as beiradas e o além-margens,
a sublimidade,
a competência e o natural
ocaso das coisas,
o ser que
vos come com palavras
voláteis e vos mostra a espelhos
alucinados
assim,
alimento-me a humanidade
com angustiantes
dores
e me viro
forte vento,
anseios sem norte,
coraçãos sem sustento,
alma em sofrimento,
fome e sede sem contentos;
ao fim,
em meio à muldidão de espelhos
semelhantes,
sou humano
por Deus também criado:
para vós,
podeis me chamar de cão
niilista,
de acordada
tormenta, de desprotegido pesados,
ou de nobody.

O SOL SAPIENS SE ME TORNOU INÚTIL



... as paredes
da casa agora estão demasiado
pálidas e claras sem a tua
___ presença,

pela janela
vejo um mundo cheio de fantásticas
imagens e, ao mesmo tempo,
___ de coisa alguma:

é que me falta
agora, sem ti aqui, o mesmo brilho
e a mesma essencialidade que tem o sol
que banha, estando inalcansável,
os seres e as coisas
___ do mundo!

O TECIDO POÉTICO


Os poetas
costumam ser cuidadosos
com suas costuras
em versos,

escolhem a dedo
as palavras mais adequadas
para comporem rimas
perfeitas;

E eis seu pior
erro, porque isso é nada mais
que juntar trapos de luzes
dissimuladas

em bordo
de naus, e em lamas
aos chãos.

OS LAMENTOSOS MURMÚRIOS DO SINO


Toda vez
que me lembro assim tão
triste, tão angustiado
e tãosaudoso de ti,

é como se minhas
lembranças quisessem atalhar e
levar-me deste deserto,
cortando caminho,
até ti!

QUANDO O DESEJO FALA, DOBRAMOS OS JOELHOS!


Era nítido
todo o arranjo
com quem ela veio
me encontrar:

toda bem penteada
arrumada, maquiada e perfumada,
como princesa de belos
contos de fada.

Mas havia, entre outras,
uma diferença: deixara a coxa seminua
e, com os gestos, ora se cobria
ora se insinuava,

até que seus lábios
me tocaram em inocente despudor;
prenúncio de que, naquela noite,
acabaríamos nos deleitado
em realidade úmida.

RESGATE


SANGRIA


O céu parece
azul bem ao final do inverno,
e eu ainda continuo
abismo, com a mesma ânsia
de desistir
na próxima estação
que me espera!

SE NÃO FOR PARA AMAR, VAMOS APENAS FODER!


SUBITAMENTE


THE WORDS, MY LOVE!


... as palavras,
meu amor, elas perderam toda
sua utilidade;
sim, as palavras
que eu usava para tentar compor
para ti o poema perfeito,
as palavras
que eu usava para dizer como eras linda
e como te amava,
as palavras que
aquieciam nossas imaginações e nos causavam
espasmos e fantásticos
orgasmos mentais,
as palavras
com que inauguramos a tudo que quisemos,
da forma que quisemos no glorioso
infinito que inventamos.
As palavras,
as palavas,
as palavras, meu grande amor
que se deitou seduzida pela eternal
morte;
elas não
têm-me servido para mais nada
a não ser para remexer as areias desérticas,
e nelas, dolorosamente, demonstrar
meus lamentos e angústias!

TROCAS ÍNTIMAS


As coisas
que um homem e uma mulher se perjuram,

quando estão se comendo
em camas,

só não são piores,
do que as que eles se servem,

quando estão se dando
em nuvens.

TU SABES AMAR II


TU, QUE SABE O QUANTO EU TE AMEI!


Teu inesquecível
olhar,

teus angelicais
gestos,

tua irresistível
palidez,

teus sorrisos
pueris

tuas lágrimas
incontidas,

teu corpo em puro
cântaro,

teu incondicional amor
prometido:

meu engano mais
doce,

e dolorosamente
profundo.

A ETERNA


Sob teu céu
voaram esplêndias águias
douradas, todas com asas de ouro
e com cantos idílicos,

todos fortes,
esplêndidos, plácidos, flores,
mitológicos e afloradamente
estáticos;

sobre teu leito
ebúrneo, copulavam contigo diversos
anjos, igualmente incônscios, igualmente marinhos,
igualmente lunáticos e ugualmente
safados;

e agora, sigo eu,
sobre teu túmulo e apenas com a lembrança tua
olvidando-me do sonho que eu te contara
naquela época em que ainda
andavas comigo,

acerda de tua passagem
à outra esfera, deixando-me completamente
abandonado e sozinho no escuríssimo
prédio!

A PALAVRA DO CÃO


ABISMO


Parado entre o terceiro
e o quarto andares,

ouço reminiscentes
ecos de abaixo, onde outrora
escorreram-se sonhos
leites e sombras,

e ouço marulhos
moucos de acima, onde se possam
haver esperanças grávidas
condenadas.

Por breve momento,
reflito sobre os tênues limites
entre minhas vértebras
e minhas asas,

e decido, resolutamente:
"vou descer".

AOS OLHOS DO SER, CESSAM AS CASUALIDADES


Cada vez mais
imagens lapidadas, às sencientes devastações,
junto às alheias casualidades
___ universais,

cada vez mais
as inexoráveis fluorescências do homem
a se escorrerem em orgasmos
___ lubricais,

cada vez mais, e mais,
a irrecuperável inexatidão das coisas
povoadas por nossos sentidos
___ adverbiais;

cada vez menos
nossas chances de um dia
nos volvermos a algo qualquer, sem o brilho
de nossas vastas corrupções
___ artificiais.

CADA DIA PERDIDO É UM DIA A MENOS PARA O AMOR


... não sei muito
sobre o amanhã, não creio
em previsões, em bruxarias
ou em vidências;

mas olha,
minha querida amada,
é melhor aproveitarmos a hora do dia,
porque, seja o que for, a única
certeza que tenho

é de que,
entre o que nos espera lá,
há inexoravelmente o tarde
demais!

DESAFIO PERDIDO


Eu já não
aguentava mais aquele
espelho:

belo,
brilhante
e maldito.

Por trás
de seu pálido rosto,
haviam invisíveis cicatrizes

(feitas a ilusões fabicadas,
a esperanças fracassadas
e a carnes excitadas)

que ela,
com a sinceridade de suas doces
e suaves vocais,

insistia
em esconder.

DESÁGUES FINAIS


Ando-me desaguando
pelos jardins, pelas ruas, pelos leitos
e pelas escuras esquinas
da cidade:

mas antes
eu não era assim, dizem que
eu tinha um coração frios, insensível
e ruim,

isso agora
de andar tão triste e perdido,
como se fosse um morto-vivo, foi devido
ao fato de que confiei
em um anjo
humano,

e ela conseguiu
exectuar a façanha de, com aquele
jeitinho e aquela sensualidade toda, corroer
meu coração antes enrijecido!

DESLIZES


Não sei de que são feitos as asas
que nos permitem voar
por entre os jardins e os espetáculos
do mundo;

sei que, a todo momento,
forjamos sonhos e ideais quase idílicos,
com nossas esperanças
exíguas e vãs,

postas em um próximo
veleiro a zarpar sob céus azuis,
em uma próxima vesania
a surgir como brisa
matutina,

ou num belo par de pernas
a se abrir extaticamente em algum leito;
sempre com destinos certos
a quedas, cinzas
e vazios.

DO PÓ AO PÓ


... poeira,
leve e incaulta poera somos,
já não nos sabendo mais de nossas
próprios composições
___ quânticas;

poeira
que sempre se levanta pensando
voar alto, mas que breve
___ retorna ao chão;

poeria feliz ou triste,
contida ou excitada pelo vento
ou pelo pensamento segue seu ciclo
de gozoa, de delírios
___ e de tormentos;

poeira que
ora é amor puro e, já em seguida,
se transforma em lama podre com chuvas
___ de fogo;

poeria,
sencientemente abnormal,
insana, e humana,
___ somos!

E, ENTÃO, NADA MAIS HAVERÁ



O apagamento
se aproxima, cada vez mais,
rumo à desembocadura
___ do que não há;

e os pensamentos,
e as lembranças dos abstratos passados
vão se esvaindo, esvaindo-se
___ e se apagando,

como a ilha
que vai se sumindo a cada passo
dado, em sentido a ela
___ contrário.

ESTAMOS NO MESMO BARCO


... sou humano
em senciência e carne,

e fiz central
raiz, como todos, nesta
terra;

mas isso
não foi algo que se possa
dizer, aos olhos do Cosmo,
certo ou errado;

e também
como todos, estou condenado,
em hora incerta,

___ à ausência,
___ ao esquecimendo
___ e ao nada!

ETERNO INTERVALO


Vieste a mim
frágil como uma flor de jardim
primaveril,
sublime
e pura como a deusa
pagã da lua,
dissimulada
como o amor que me juraste
e falsa como a luz que carregaste
nos dedos e na boca:
quando chegou
o inverno, veio a noite absurda,
desperpetuando nossa simbólica aurora,
e te levando às trevas
eternas!

EU SOU NADA, TOLOS!


... quando em breve eu morrer,
vai ser igual a quando eu nasci,
ou seja, um fato despercebido e nada
extraordinário,
de modo que ninguém vai
se foder por isso, ninguém vai deixar
de beber e de comer por isso,
ninguém vai se enlouquecer
por isso, ninguém vai sequer ligar para
isso e, se querem mesmo saber,
com vossas luzes vocálicas
sempre acesas falando do bem-estar,
de Deus e do amor ao próximo, eu afirmo
que nem meu vizinho vai deixar
de comer, no dia em que eu morrer,
da mulher dele a boceta!

HEMORRAGIA CONTÍNUA


HOUVE UM DIA


Houve um dia,
em longínquos idos,
em que avistei crepusculares
porvires,

nos quais navegantes
de outros tantos lugares e pássaros
de outros tantos
ares

se me vinham
em sincera sublimidade
e em lúdico enlace
de um estar.

Durante
a angustiosa jornada
no desalinhado
caminho,

fui vendo barcos
a se naufragarem em pleno mar,
e asas a se quebrarem
em pleno voar;

o que me fez reavaliar
crenças, sonhos esperanças
e começar a costurar
sérias dúvidas

sobre a felicidade
e a puerícia em algum enlace
d'amor.

MORTE SÚBITA


Sem súbito
sentido, o cão morre à beira
do precipício,
sem ter conseguido
contemplar e nem amar
as belíssimas cifras de teus
abismos.

NADA MAIS TEMO, MAS TU SIM!


NAO ME HÁ MAIS DÚVIDAS SOBRE NADA


"Porra, Thor, por que escreve
tanto sobres essas sombras
___________ fúnebres?"

Não duvido
mais de nada, é quase insuportável
__________ a coisa toda,

Nos céus,
os anjos nos jogam pessos
e culpas por escondidas
__________ esporradas;

No inferno,
os demônios ficam com ciúmes
de nossas malditas
__________ escolhas;

e, quando vou
ao deserto, ainda há alguma mariposa
que me pousa o vesgo
__________ olhado!

O CAOS AINDA ESTÁ NO MEIO DE NÓS!


... não há nada
que seja absolutamente certo
ou verdadeiro,

___ nada absoluto,
___ nada previsível,
___ nada eterno;

o que há
são somente fragmentações
do que pensa ver, reinaugurando para sim,
a demente mente
do sapiens!

O PASSO E O PULSO!


... quando
ficava nu na cama,
ela dizia "vai com calma,
___ é grande!";

quando
eu me arrumava para
ir aos espetáculos, ela dizia
"vai com calma, la
tem muitos
___ anjos!";

quando
eu ia me refugiar no deserto,
ela dizia "Não vais aguentar
___ essa lua";

quando ela
ficava de lingerie ou nua,
___ eu a olhava toda,

___ o belo rosto,
___ os rijos peitos,
___ a vulva e a bunda,

e me sentia
cheios de pulsos e impulsos,
e ela dizia "Cuidado,
eu não sou uma
___ puta!";

e aquilo
era uma desgraça para
a minha volátil
___ loucura!

O PREÇO DE SER DIFERENTE


O SUICÍDIO DAS ASAS!


O TEMPO


... e o tempo
não leva somente
o vento

e as alheias
coisas onde nos fomos
jogados:

levará,
um dia, não mais distante
que um piscar
do Cosmo,

do ser,
todo senciente
intento.

PERDA DE RUMO


QUERER I


,.. eu quero
juro, é ser só amigo;

puramente
amar;

me doar,
por ti me atropelar;

como se toca
uma vistosa lira, teu corpo
tocar;,

em sentido
do vento sempre contigo
estar;

assim,
apenas e tão sublimemente,
estar;

mas como,
minha antropofágica fome,
abandoner,

sem sentir,
pelo menos solitariamente,
um dividido
gosar?

QUERER II


... sou
basicamente como um cão
viralata de rua,
não creio
que alguém verdadeiramente
me ame, me deseje
e me quer:
e cato restos
e, às vezes, tristemente,
vejo nos lixos fiapos de luzes
quebradas!

REVELAÇÕES


Quando o véu
é arrancado e arrastado
pelo forte vento,
é inevitável
o questionamento sobre
a sapiens existência:
em teu caso,
sobre as verdades que semeias
para benefício de tua
própria árvore!

TU ESTIVESTE POR AQUI?


TU SABES AMAR III


O deserto de si mesmo
é o pior lugar possível de se morar
e às vezes assusta, assusta
muito,

porque a gente
passa a não mais conhecer muito
bem das coisas nem conhecer-se
muito bem a nós mesmos;

e assim
vai-se morrendo lentamente,
aprendendo a desaprender, habituando-se
a esquecer e armazenando somente
vazios e poeiras:

tu em meu deserto
é como um sol que nasce todos os dias,
por um brevíssimo momento,
à meia noite,

só para me dar
um mínimo de alimento em forma
de desejo e de amor para que
eu consiga superar mais
um dia de angústia
e de dor!

UM ANJO ENTRE OS CORVOS!


Ela anda entre corvos
com a insana mente à toda

e com um sorriso tão
pueril à boca,

que ofusca
o próprio sol, enquanto sua alma

se macha de estanhas
sombras!

UMA CONDENAÇÃO É TAMBÉM UMA AUTOCONDENAÇÃO!


A DISTÂNCIA QUE NUNCA VENCEMOS


À ESPERA DE UMA MANHÃ DE SOL


A NOITE SOBRE MIM


AINDA ESTÁ LÁ!


AINDA ME LEMBRO DA FLECHADA FATAL


...naquela manhã
em que o padre falava e conselhos
nos dava com sua, por ti
dita, sabedoria;

enquanto me
mostravas a face de um anjo
pedindo para que eu me atentasse
ao que ele dizia,

ao lado
em uma web can, virtualmente,
com outro tu fodias e dele o semen bebias
escondida:

estavas
forjando a arma fatal que
realmente para sempe nos mataria
and killed!

AMAR OU NÃO AMAR?


Pela última vez,
já que o deserto meu não passa,
já que as chuvas minhas não cessam,
já que meus destroços e vazios,
cada vez mais, acumulam-se;

e já que não podemos
saber se mais sofrer é amar ou não amar,
não achas que devias colher anjos
em vez de acolher um cão
perdido no vácuo
de si mesmo?

AMOR DE CHUVAS


Maldita hora
em que ela empunhava, enciumada,
aquelas navalhas
verbais:
ficava tão
dscontrolada e louca que nem parecia
ouvir que as largesse,
porque navalhas,
por não fazerem curvas, acabam
sempre retalhando o ser
a quem dizemos
amar!

AMOR SALGADO


Tinham quase
a mesma idade quando ela quis
amá-lo

e, em indecifrável mistério,
começaram a voar por oníricos céus,
enquanto desdenhavam
horizontais chãos;

até que se lhes foram esvaindo
as tremeluzentes alvas, as soberbas asas
e, por fim, até as extáticas
carnes,

em consequência
de suas quedas em outras aladas pedras
e de suas ominosas chuvas, extruídas
pelas bocas e mãos.

APENAS UM ESTRANHO NESTE NINHO


Ausentes nas novas auroras,
na chuva que cai ou no vento que entoa
a penumbra: bocas, mãos,
corpos e inválidas asas
em desvelos:

ama-me assim
(se é que me amas) em silente
e sagrado segredo, em mares altos
ou em baldios terreiros.

Mas sem a palavra volátil,
porque meus portos estão todos alagados,
e meus guarda-chuvas estão
todos quebrados:

sente apenas (e escolhe),
que posso ser teu, renascido e intacto,
ou apenas (e novamente) um futuro
pássaro angustiadamente
prostrado.

ARDE!


Chove,
é tempestade,
tu te desabas sobre mim
sem dó ou piedade:
obscurece a nuvem
e eu a amo num eterno abraço
de morte!

AS MINHAS PRIMAVERAS SE FORAM!


... as primaveras ainda
são coloridas e encantam,
e suas flores ainda se despetalam
e se oferecem para serem acariciadas
e fodidas pelo vento que
as toca,

de tempos longínquos
me lembro de como eu também
primaverava e me primaverava entre
as mulheres em flores

e como eu brincava,
corria e andava pelos caminhos por
onde elas desfilavam,

mas isso
foi tão imenso como ficou agora
tão absurdamente longínquo:

sobram-me, também velho,
as flores velhas, já não tão lindas,
não tão gostosas, não tão cheirosas,
não tão aquecidas ao leito

e sempre
bailando mais lenta, desengonçada
e rabugentamente!

ATÉ MEUS ENGANOS SE DERAM POR ESCOLHA


... ao fim,
desde a época de Ana, eu não espero
outra coisa,
(e é lógico
que disso sempre faço segredo
com minhas mascaras e com minhas
dissimulações ao espetáculo)
senão ter
de conviver com fantasmas,
com suas merdas, com seus destroços
e com seus restos deixandos
nos chão do jardim
de minha casa,
fazendo
de conta, com quem fala comigo,
com quem anda comigo
e com quem fode
comigo,
que eu nunca
soube nada a este respeito!

DELÍRIOS DE UM NOBODY



... eu não sou
nada,

eu sou
apenas um cão em delirantes
soluços

que, silentemente,
vê teus olhos,

cheira
o teu corepo,

beija
a tua boca

e sofre
a a tua dor!

DESENGANOS


DISTANTE DA TERRA


... estou perdido nos becos
de depois de tua morte, caí num breu
que parece não ter fim,

e tu te encontras
agora na casa de teu Senhor,
com fortes escudos e acompanhadas de anjos
não sapins que iriam te fazer
cair de novo;

estou vacilante
nisso a que chamam vida, como se andasse
constantemente sobre uma corda
bamb a

e tu estás
sendo preparada para conquistar, enfim,
a pureza plena e eterna a que
sempre quis;

estou vivo,
mas morto em carne andante,
e tu estás morta, sem mais rosto, pele,
ossos ou carne alguma,

mas vivíssima
neste lindíssimo e tranquilo novo lar
que Deus lhe deu!

EM MEIO À ALGAZARRA SAPIENS


... neste momento,
há alguém nascendo
em alguma tosca ilusão,

há alguém nascendo
em algum incêndio de palavras,

há alguém nascendo
em alguma concupiscências entre bocas,
corpos e mãos.

Neste mesmo momento,

há alguém morrendo
em algum útero ressecado,

há alguém morrendo
em alguma escola desleixada,

há alguém morrendo
em algum leito enfeitado.

Sim, neste mesmo
e exato momento em que me lês
em tua tela mambembe,

onde costumas atirar brancas
palavras voláteis

e beber de imagens, fantasias
e libertinagens desvairadas.

ENGANOS EM CACOS


Pouco sabeis a meu respeito,
e nada mais podeis prometer-me
com vossas tremeluzentes lamparinas,
ou atirar-me de vossas ominosas
latrinas,

porque há tanto tempo
caminho com o peso quase insuportável
do que houve e do que possa haver
em minhas margens
espúrias,

que os sonhos, e os amores,
as esperanças e até os medos e receios
caíram neste caos
de mim.

EU, APENAS MAIS UM HUMANO VIOLAEDOR DE VIRGINDADES NATURAIS


... longe
das estéreis janelas que se abrem
como que pudessem ser
eternamente prenhas,

é que escrevo:

nessa hora,
sempre se viola algo entre a luz,
a sombra, a matéria
e o que nelas

penso ver.

GOSTO DE CORPOS, MAS A ELES SEMPRE PREFIRO AS PSIQUÉS E AS ALMAS!




Caem as penas
em seco ritmo de um céu
sem estrelas,
de uma casa
sem janelas e de primordiais espumas
a se escorrerem por ruas
sem saída.
Aos chãos
secos, sombras se esparramam
de montão;
ao leito,
galos, galinhas, anjos
e diabinhos gemem e suspiram:
sempre há,
aqui e ali, sobressaltos em delírios,
sem que haja alguma neutralidade
à tendência de se pularem
no abismo!

INCONTESTE ABNOMALIA


LA MUERTE ACENA PARA MÍ


LIQUIDAMENTE


LIVRE DE QUÊ? COMO?


Disseste
uma vez estares livre
de mim;
e eu que sou
de pouco riso, comecei delirantemente
a sorrir,
gargalhei,
mais exatamente.
E, tu já
chateada com alguma coisa
que eu supunha, convenientemente,
não saber,
quis saber
porque eu tanto sorria, o que
à época lhe respondera que era
segredo,
e hoje,
já em outro plano como que a voares
sobres céus, terras e mares, sem a senciente
e humana condição,
revelo-te
aos átomos modificados: é porque
quando dissestes estar livre
de mim,
não percebeste que,
tragicamente, como éramos espelho
e reflexo, estavas afirmando no contrapondo
de teu dito, que não conseguias
ficar sem ti!

MEIOS AMORES SÃO VÃOS


Para se
amar de verdade,
não há como ser o mar
___ e no cais;

nem como a calmaria
e a tempestade, como as desse
___ niilista adoidado;

ou se ama
presentemente sendo somente
cais e calmaria, para seu peito ofertar
___ em carinho, sexo e descanso.

ou se ousa
perder, amando em mar e tempestade,
mas a alguma distância
___ impossível,

lamentando
e colocando salgadas e silentes
lágrimas em angustiantes
___ e tristes versos!

MEU MODO DE AMAR


Costumam
se amar de formas diferentes,

alguns mais calmamente,
alguns mais espiritualmente,
alguns mais estática e sexualmente,

alguns como amigos somente,
alguns como sedutores amantes,
alguns com a verdade que espanta
e alguns com a dissimulação que seduz;

eu, de mim,
nem minha infidelidade te escapou
à vista, porque, vendo na hipocrisia
e na arte de atuar ao palco sapiens
um irracional despropósito,

optei por assumir
todos os riscos, amando-te de todas
as formas: como amigo, como amante,
como puto e com o que mais carrego
em minha abnormal semente!

NÃO APRENDERIAS NEM EM MIL VIDAS, NÉ?


A id e a vaidade
dos soberbos literários,
dos soberbos politicos,
dos soberbos que usam em vão
o Santo Nome,

dos soberbos putos
que se exibem em espetaculares
performances nos teatros
e nas camas;

sim, a id e a vaidade,
em qualquer de seus aspectos
desejos carnais, por stauts ou por poder
e glória

é a passagem
do sapiens em viagem direta
ao centro do inferno!

NOITE ANTECIPADA


NOITE PASSADA


PARA AMAR MESMO, CONVÉM SER CEGO E SURDO


Para amar
de verdade falar é o que
menos vale,

é preciso escutar
e compreender o que o ser amado
sente e nos claros
e nos escuros,

o que ele pensa
sem revelar a ninguém
devido ao conteúdo talvez meio
obsceno ou obscuro,

assim como é preciso
olvidar tudo aquilo que, de alguma forma,
não se deveria, em função de colocar
os dois amantes a caminho
de uma morte violena
e fria!

PROFUNDO MERGULHO


Deambulo absorto
aos segredos universais,
às belezas naturais,
e aos indecifráveis mistérios
do ser

- tanto mais
às atuações, a máscaras postas,
promovidas pelos caminhos
e descaminhos
sapiens -;

é que ando perscrutando-me,
acaçapadamente,
os laivos avessos e escuros do cerne,
de onde não mais consigo
ver além.

REALMENTE EU NÃO SEI AMAR!


O amor deveria
ser fundamentado em pelo menos
um mínimo de realidade

e, claro,
de carestia de oxigêncio,
de sombras e chuvas espalhadas
e, com dor de parturientes,
suportadas:

o amor que
se exige haver somente
onde o sol nasce é, por consciente
natureza sapiens,
falso!

SEM ROTA DE FULGA


Não há como fugir,
nem como sobrepujar
o peso e a dor da hora morta
no momento seguinte;

o ontem passou em nada,
o minuto presente vai-se esvaindo,
obesa e desapercebidamente,
deixando restos de nada;

e o porvir são utopias
e sonhos de céus inaugurados
a se findarem em caixas-ilha de madeira,
submersas em meio à terra
e ao nada.

SUA MORTE MUDOU MUITA COISA


TEMP(L)OS


TEMPORARIAMENTE


Há uma flor morta
grudada em minha ainda
humana sina.

Eu ainda sinto
minhas roupas sujas com os sonhos,
com as porras e com as sombras que dividimos
à caverna juntos,

junto com anjos,
canários, pardais, andorinhas, araras
e uma infinidade de outros
seres que por ali
adentravam,

eu ainda sinto
os cortes dos arames farmpados
que com que ela cortara meu corpo
e meu coração com amor que me prometia
com lindas canções de amor.

Eu ainda me lembro
de como lutávamos juntos,
com todas as nossas forças, sem nunca
termos vencido,

para evitarmos

o suicício mútuo que definitivamente

nos separaria desta vã

existência!

TERRA SECA


... puro êxtase canino,
o niilista vasculha as esquinas,
os quartos escondidos
e as sombras embebecidas,
sempre em busca
de amor, glória e dessejo
entre as ilusórias imagens semeadas
nesta vida,
sempre
com as consequentes recaídas
entre vazios e abismos!

TEU DIREITO TEM LIMITE, FLOR DO DESERTO




Your path is free, Light;
and you walk like a seductive breeze
to angels, dragons and demons;

but do not come to me
in the form of a storm, for there will be
no traces left!

Thor Menkent


... teu caminho é l... não vivo
mais que de murmúrios
ultimamente,

de modo
que a briss pode se fazer
sensual a todo o mundo, com
sua astúcias e com exposta beleza
soberba;

e não vejo
nenhum problems, ate porque
sei que uma boca com baton e um rosto
maqueado diz mais do ego
e do desejo

- Abissais -
do que a própria boceta.

Não és Ana,,
mas eu te darei o livro e eu farei
outros livros para ti,

mesmo
que se enfureça e se afaste
a flor do deserto.

Mas, creia-nme,
se te sagradas um pouco sequer de mim,
eu te garanto que a pintura facial e a boca
diz mais que as genitália
acesas,

e eu te
garanto que a Brisa pode seduzir
o mundo, mas não desfazer deste cão
a seca dureza,

e, por fim,
que se voe o mundo a brisa, mss
que uncs me venha em forma de tempestade,
pois o que haverá atrás da porta
é só o vszio e o nada!

TEU MESTE TE ENSINOU ANTES DE MORRERES!


... eu sou o cão,
eu fui testado com anos de veneno
injetado em minha mente e em meu corpo
pela hiemal flor,

e eu,
como sempre disse a ela,
reagirmo que nós somos, sim,
construtores de sonhos, de fantasias,
de ideiais,

que reinventamos
mundos onde mais nos parecemos anjos
e deuses a nos amarem;

mas como eu disse,
eu sou o cão niilista que ainda
carrega enormes dor do mundo
e de parto

e eu afirmo que tolos
são os que se ajoelham perante a ditadura
do sorriso, da dissimulação e das escndidas
libidinosidades dos anjos!

TU NUNCA VAIS SABER SÓ PELO OLHAR, SÓ PELAS PALAVRAS OU SÓ PELA HASTE ENRIGECIDA


Vem cá,
borboleta flutuante que a tudo pensa
saber,

aquele que
muito diz do amar
costuma saber bem mesmo
é trepar,

pois é para levar
para a cama e para foder
que o verbo volátil
é tão eficaz;

agora,
se queres mesmo saber
se alguém te ama de verdade,
sugiro aprenderes a ouvir, dele,
o silêncio que fala!

UM AMOR OBSCURO!


UM POEMA DO PASSADO II


à estranha
e senciente mistura que
me deste,

meu céu reagiu
fortemente: foi do azul vitral
ao entenebrecido
das nuvens:

e findou-se,
por fim, em violentíssimas
chuvas.

UMA NOVA CHANCE



... como uma boba-relógio
o amor clama por uma nova chance
de acontecer entre as sombras
e a nuvem,

e um novo mar,
e um novo céu,
e um novo pomar,

e um novo lar,
e uma nova estação,
e uma nova cama

imaginam
fabricarem para si;

não obstante,
sem os fantasmas que sempre
lhes atormentaram as mentes em francas
demências

a imaginarem
um ao outro em atuações de querências
e de desejos com outros pássaros
do palcos.

tentar, sim;
vencer talvez lhes seja impossível;

and the time bomb
can explode at any moment!

A MATA SAPIENS


Silente, a floresta
segue seu curso e não se verga
pelo ser

a nenhuma senciência
e a nenhum capricho, a nenhuma fausta
demência;

por outra,
é fechada e compacta,
embora não a sintamos com nossas
faustas asas,

embora
nos enventemos tantas e tantas
luzes aureoladas.

A MULHER DO PRÓXIMO


De frente de minha casa,
mora uma mulher que, toda tardinha,
senta-se na beira do passeio
da casa dela;

e eu, mais ou menos
no mesmo horário, sento-me
no passeio de minha casa de frente
para a casa dela.

Como somos ambos
casados, temos muita discrição e cuidado,
deixantudo tudo ao acaso
dos olhares;

vez em quando um sorriso,
vez em quando uma cruzada de pernas,
vez em quando um pedaço da calcinha,

vez em quando um sonho molhado,
vez em quando uma esperança que jamais
será frutificada,

vez em quando
uma escondida e excitante punheta
espumada!

A POESIA É A ARTE DE AMAR, FODER E SOFRER COM PALAVRAS


... fato,
se a vida é poesia,
como dizem os nobres anjos
e poetas por aí;
tenho refletido,
angustiando-me e escrito com
tanta emoção e com tanta
dor de parto,
que, talvez,
eu tenha me transformado, de aqui,
dentre todos, no mais
vadio!

A SEU TEMPO, MAIS NENHUM SOFRIMENTO


Não importa
o que será de mim quando
eu morrer,

menos ainda
importa o que pensarão, o que lucubrarão
e o que dirão sobre mim quando
eu morrer;

na morte,
em silente, natural e virgem agonia
intacta, eu farei parte das sombras
ardentes,

e todos vós
que ainda ficardes, tereis de aguentar
um pouco mais o horror de um mundo louco
do qual fazem parte como vivos
câqnceres egocêntricos!

AINDA NÃO TE VI VOAR


AMAR SEM ESPINHOS


... nem que fôssemos
realmente filhos de Deus
ou feitos de luz,

sempre estivemos,
nesse amor nuvem, comprimidos
como um rio a tentar fugir
de suas margens,

e para nós
só houve momentos, bons e ruins,
e nunca foi como contos
de fadas

com garantido
final feliz!


ANJOS DE VEGAS


... às vezes,
para alimentar (-se do ) o frenesi
e o êxtase dos inconscientemente sábios
hatitantes das superfícies,

é preciso evitar
os pensamentos e as especulações
sobre seus céus, seus sóis
e seus sais;

assim como
(e sobretudo) é essencial não adentrar
- um pouco mais profundo
que seja -,

em seus secretos
esconderijos, sobe o risco de ver
(e de se perder nos) os próprios reflexos
neles revelados.

ASSOMBRAÇÕES


Ouço vozes
que me assombram
à madrugada:

são os fantasmas
das pombas
mortas,

de quando me pousavam
as carnes, os sonhos
e as vesanias,

enquanto eu
- convexo cão -
ladrava do sapiens
o alvo bestiário.

AUTOENCLAUSURADOS


DELÍRIOS!


... uma visão,
a imaginação,
uma fantasia com mulheres
que durante o dia passam,

um suspiro silente,
um desvio desapercebido
para o lentissimo banho,

um sentiment incontrolável,
o toque, o êxtase, a cosumação
osgármica do sonho!

DEPOIS DA INUNDAÇÃO


Depois da inundação
das imagens e dos devaneios

que os puristas semearam
por todo lado,

com seus entenebrecidos
e avessos egos;

certamente, ter-me-ia afogado
nessa imunda lama,

se ela
- a resistente nuvem -

não tivesse me estendido,
generosamente,

a última rama.

DESOLAÇÃO!


Daquela antiga
distração, o que nos
sobrou,

após um amor
de grandes e eternizadas
ilusões,

senão essa interna,
solitária, triste e negra
devastação

que se nos assentou
ao coração!

DOR E SAUDADE, MAS NÃO LAMENTO!


DÚVIDA DESEMPEDRADA!


Quando ainda
era aventureiro, andei por paragens
tantas

e conheci convicções
filosóficas, psicológicas, sociais
e religiosas tantas

que cheguei
a pensar, enganadamente, claro,
que o ser humano pudesse realmente
construer algo de concreto,
com seus egos
plásticos!

É MUITO TRISTE PERCEBER ISTO!


ELA MERGULHOU RAPIDAMENTE DEMAIS. QUANDO VI JÁ ESTAVA COMIGO AO FUNDO


ESCRAVOS DE NOSSA PRÓPRIA LIBERDADE


Da próxima vez
que forem elucubrar-me
ou julgar-me com seus afiados
verbos voláteis,

coloquem-se
diante de féis espelhos
- que vejo indícios de rotas sinuosas
ao caminho de todos -;

e atirem, com o mesmo vigor,
contra o próprio peito,
em suicídio dessas faustas luzes neon
que vivem a regozijar
por aí.

EU NÃO POSSO MAIS


Eu não posso
mais colecionar sonhos,
eu não posso
mais colecionar ilusões
e esperanças,
eu não posso
mais colecionar borboletas
e beldades ambulantes,
eu não posso
mais colecionar nem
mais putas amantes,
porque eu não
consigo mais acender a luz
para achar algo realmente limpo
e puro!

EU PENSEI QUE ESTÁVAMOS EM UMA AVENIDA DE MÃO DUPLA


... se dizes que
me ama, quem sou eu para
duvidar do que tu escolhes
e dizes,

mas se digo
que te amo, por que achas
que podes de mim
duvidar,

como
se eu andasse com máscaras sempre postas,
com esplêndias e falsas cores

e com um inválido
par de asas pregados no corpo,
no coração e na alma?

EU, MEUS CASOS E MINHAS IMAGENS!


Faustas luzes neon
piscam se misturando
às minhas;
e, em meio à algazarra
tremeluzente,
vejo vossos corações
puros:
mas tão puramente
malabaristas
que, se eu não ficar
esperto,
uma hora vão acabar
comigo!

EXISTIMOS?


Somente agora,
depois de tantos anos
e enganos,

posso dizer
realmente que nada sei
e que não existe
o que vejo:

apenas me invento
de meu abnormal advento:
o espúrio, vão e passageiro
momento.

FILOSÓFICOS


Dos bem traçados
pensamentos filosóficos
às repetidas orações de fervorosa fé,
e aos adocicados versos
de amor,

a maioria das coisas
que costumo ler parecem
escritas por covardes
ou alienados.

E tudo bem
que queiram passar a vida
persistindo em grafar chãos e sombras
pensando ser céus
e luzes,

mas, quanto a mim,
não mais posso me permitir
escrever absurdas
mentiras:

nunca fui digno,
nem mesmo um pouco menos
fausto e dissimulado
que seja,

para me situar
em outro lugar que não os destroços
e os lixos de minhas próprias
loucuras.

HORA VAZIA XVI


... nunca te deste conta
de que o niilista se considera menos
que um grão de pós no sapiens
chão de estrelas,

para que
imaginasses que ele aguentaria ileso
tuas vesanias, tuas policromáticas palavras
voláteis

e tuas severíssimas
e assassinas chuvas de fogo?

INTERIORES


... quando
se tentar ver a alma
de alguém pela beleza
e pelo corpo,

costuma-se
cometer um grande
erro;

quando
se avalia a alma de alguém
pelas palavras que
proferem,

é quase
certo: o inferno está
perto!

LIFE?


Quando nasci,
absolutamente nada mudou,
a não ser
o sorriso de alguns poucos
sapiens próximos;
mas o sol não sorriu
mais por eu ter nascido,
a lua não se tornou mais bela
nem mais brilhante,
os anjos
não apareceram e as putas belas
não vieram felicitar a chegada
do monstro:
Life is nothing.
When I die, it will not change
anything either!

LOVE HURTS


MAIS UMA VEZ: O SER


Podeis descobrir
o imenso poder do átomo,
sondar as estranhezas da quântica,
e ate inaugurar deuses poderosos
a aprazeres ou alívios
próprios;

podeis amar
em nuvens com sonhos incautos
- como anjos inconspurcos -,
e em leitos com desejos concupiscentes,
- como demônios salientes -;

realmente podeis quase tudo,
camuflando-vos com fluorescentes luzes neon
ou com indignas sombras
cavernais.

sim,

sois verdadeiramente poderosos,
mas há uma única coisa
que não vos podeis mais fazer
- e eis que é de todas
a principal -:

abdicardes de tudo isso,
- e, sobretudo, de vós próprios -
e habitardes a sublime e verdadeira
aleatoriedade das coisas.

NÃO VI NADA. NÃO SEI DE NADA!


NATURAL E INEVITÁVEL CAOS IV



... e com o caos
reinando sempre, e com a tentative
de elucidar o surgimento do ser nele
e o estar do ser nele,

e com a ciência,
com as fés e, sobretudo com a filosofia,
que vem pegando em forte questionamento
e pondo em dúvida a própria existência
do que venha do ser,

só resta
a quem dá esse tipo de mergulho
profundo, dois caminhos:

tentar se solidificar
como um deserto ignorando as demais
probabilidades e fatos sem a interação da mente
e das retinas sapiens

ou

mergulhar na fantasia,
no conhecimento filosófico, na poesia e aceitar
o exponencial risco de mergulhar-se
a si mesmo no próprio caos!


NUNCA ESTOU SEM TI


... eu ainda te carrego comigo
no colo,
de mãos dadas,
pendurada ao meu pescoço,

eu ainda te carrego comigo
em meu coração doído e chagado,
em meus sentimentos mais profundos,
em minha alma ainda só em sua terrena
metade,

eu ainda te carrego comigo,
como aquela linda estrela distante
e inalcançável,

por isso eu reafirmo
o que nunca chegou a ser um segredo:
mesmo nos tendo sido impossível
coabitarmos juntos,

eu te amo
e vou te carregar comigo
e vou cantar e vou contar sobre ti,
como um sol que de seus raios
não faz segredo!

O REFLEXO NÃO É BOM!


POR UMA NOITE


Não fales alto:
depois de tanto tempo em chuvas,
acabamos de fazer amor

- se olhares pela janela,
verás que as estrelas ainda
estão gozando,

tremeluzidamente -

e necessitamos paz,
pelo menos nesta noite;

deixa, pois, todo o resto,
e sussurremos somente coisas
que nos alivie a dor.

PUDERA-ME SER UM JARDIM FLORIL!


Que débil
tem sido este escorrer-se úmido
por entre os campos úberes
___ das imagens paridas;

que estranho
tem sido o marulho dos ventos,
a carregarem esplêndidas estórias
de chamas, de sonhos
___e de lamas;

que cruciante
tem sido a dor e a aflição
de tentar manter alguma serenidade
___ sincera

na semeadura
e na colheita por entre
esses caminhos de proeminentes
___ prados e pedras!

SEPARADOS EM DIFERENTES DIMENSÕES


SIMPLESMENTE NADA!


... nem a vida nem a morte,
nem o céu, nem o inferno,
nem a salvação, nem o apocalipse,

nem o amor, nem a dor, nem o rancor,
nem a paixão, nem o tesão,

nem o sonho, nem a fantasia
nem nenhuma dos sapiens criação

realmente é de conhecimento
ou importa ao eterno, frio e insenciente
Cosmo de Deus!

STRANGE ANGELS


Os anjos,
quando souberam que
eu estava no fim da passagem,
fizeram uma cama
para me deitar, de folha e espinhos
afiados e venenosos:
nem na hora morta
esses filhas da puta ofereceram
ao cão um copo d'água
ou uma flor,
ou uma lágrima atrasada
sequer
para enfeitar
meu iminente túmulo!

TALVEZ O VENENO TENHA SIDO DEMASIADO!


Às vezes,
ferve meu sangue ainda
em convulsa raiva,

aguça meu coração
e se me apodera uma grande vontade
de fugir, sem deixar rastros
ou fumaça,

imponho-me
o silêncio, para não confundir
os anjos que ainda sonham neste mundo
sem graça:

mas, daquela
víbora indecifrável e indescritiva,
o que mais se firmou em mim
foi mesmo uma saudade
tal

que me deixou
mais parecido com algo qualquer
que, todos os dias, já amanhece
morto!

TODO NIILISTA É UM GRANDE MASTURBADOR


TRAIÇÃO E VAIDADE


... muitas pessoas
falam, escrevem e inferem coisas
sobre o cão niilista,

talvez
querendo entender o niilismo
ou as psiqués humanas;

não obstante,
sobretudo as luzes e os anjos,
quando inferem sobre o cão niilista em seus dizeres,
sem suas poesias ou em suas
vesanias,

fazem-no,
como era de se esperar, com extrema
vaidade na língua;

e para mim
não é supresa alguma que anjos
e luzes sapiens usem exatamente, para
justificarem suas dissimulações, suas mentiras
e suas traições vadias,

o fato
de que são humanos e que, portanto,
têm o direito ao erro, esquivando-se, repito,
por pura vaidade do fato de que
o ser humano tem também,

assim como a condição
de beirar o erro, o poder de escolha
entre a claridade e a escuridão, a lealdade
e a traição,

a dignidade
e a perdição, o verdadeiro senso do
que sejas ser um humano e a pseudoideia
que fazem do conceito de "humano"
tão somente para se protegerem
de suas próprias podridões!

VOU TE AMAR UM POUCO MAIS


... por que
eu deva lavar os olhos
depois de chorar
por ti?
Por que
eu devia deixar de ouvir
o mar depois de te ver nele
a navegar?
Por que
eu devia deixar de olhar
para a lua e para as estrelas de é lá
que tu estás agora?
Por que
eu deveria ser um cidadão comum
e, só porque tu morreste, procurar logo
novo abrigo e novo corpo para
foder e amar?

À BORDA DA EXISTÊNCIA


Vede-vos, irmãos,
os reflexos perante
o espelho,

fazei a barba
aos cuidados da lâmina,
vesti o melhor terno,
arrumai o cabelo

e maqueai-vos, a rímeis,
as máscaras;

e, a rimas,
o regozijo da palavra
para vos irdes ao esplende baile
na grande jaula circular
da vida.

Lá,
estarei vos esperando,
irmãos meus, juntamente com toda
nossa família
sapiens.

A MULHER DO PRÓXIMO


De frente de minha casa,
mora uma mulher que, toda tardinha,
senta-se na beira do passeio
da casa dela;

e eu, mais ou menos
no mesmo horário, sento-me
no passeio de minha casa de frente
para a casa dela.

Como somos ambos
casados, temos muita discrição e cuidado,
deixantudo tudo ao acaso
dos olhares;

vez em quando um sorriso,
vez em quando uma cruzada de pernas,
vez em quando um pedaço da calcinha,

vez em quando um sonho molhado,
vez em quando uma esperança que jamais
será frutificada,

vez em quando
uma escondida e excitante punheta
espumada!

A VERDADE DA HORA MORTA


... imaginemos
que ,entre uma e outra fantasia,
entre um e outro desenjo,
entre uma e outra
____________________ trepada;

imaginemos
que nos calores e delírios
das horas e dos leitos, pensemos
silentemente um no
____________________ outro;

Imaginemos
que diante do entusiasmo do mundo
e das magníficas imagens dele,
ainda mantemos inesquecível
aquele nosso secreto
____________________ jardim;

Imaginemos,
por fim, que na hora da morte
prounciemos, em sussurros derradeiros,
o nome um do
___________________ outro:

depois disso tudo,
teremos a certeza absoluta
de nosso amor e da incrível estupidez
que cometemos ao não vivê-lo
__________________ juntos,

curvados
que fomos sob outros céus,
sobre outras ilsusões e sobre
outros arcos
________________ de flores!

AINDA CORRES NAS VEIAS DO AR


Construir aquele
sonho, irreal, de amantes após
a terrena estrada,

um sonho ilúcido,
desejos mórbidos pela carne apodrecida,
um orgasmo comendo fígado vivo,

(Zeus sofreu severo castigo,
heróis caíram diante de duas mentes
alucinadas e esguias,
tudo se fez nosso, ao mesmo tempo
em que nada nos era)

trouxe-nos,
como era previsto a morte
por centrífugo suicídio
mútuo!

AINDA É NOSSO TEMPO!


Há tempos
em que nos sentimos como mortos vivos,
como quem já partira há muito
e se esquecera de deitar,

há tempos
em que nos sentimos solitários
como a lua a brilhar em um céu eterno.
Infinito e cheio de brilhoas longinguazmente
vazios,

há trempo
em que nos perdemos entre sonhos,
esperanças, desejos, sombriedades e estupidedez
humanas,

há também o tempo
em que iremos realmente morrer
nos deitar ao apagamento em que o absolutamente
nada vigora.

Antes porém,
que nos chegue este fatídico tarde demais,
escolhamos um tempo, um canto e um encanto
que nos permita, com sublime amor
e ardente queimor,

nos tocas os lábios
e apaixonadamente nos entregarmos
e nos beijarmos!

AMORES VÃOS NECESSITAM CUIDADOS


... quando entramos
e saímos de uma casa ou de um espaço
de interação como esse batendo
as portas,

depois de entrarmos,
pode até ser que acomodemos as coisas
e até nos tornemos amigos e possíveis amantes
aos leitos escondidos dos quartos
dos fundos

e talvez até falemos de Deus,
de nossos filhos imagináveis, daqueles que
imaginamos ser nosso como em um sonho mágico
para configurar melhor o pseudoamor
que nasce.

Ora, mas se chegamos
um dia, de manso, sem nada avisar
e se bater ou fazer barulho
com a porta,

podemos encontrar
alguma cena tal como algum anjo beijando
ou comendo nossa suposta
dama

e, com isso,
temos de considerer a mulher, o sonho
e até o imaginado filho com ela
mortos!

AUTOSSENCIÊNCIA


Pássaros renascentistas
que louvam as próprias asas laças,
de que vos distinguis mesmo
dos cães e dos vermes,

além do fato
de que estes [sublimemente]
não vindicam a condição de filhos,
à imagem e semelhança
de um inconspurco
Deus,

enquanto voam assoberbados
por entre jardins floridos, céus angulados
e mares azulados, cravados às próprias
miragens e insanidades?

CÃO ALQUIMISTA


... achas
que sou e que escrevo
___ forte?

Que bobagem,
sou um cão alquimista de palavras
perdido num deserto
___ vazio:

forte
é a flor que caminha,
triste ou alegre, com esta
sequidão de mim
___ mesmo!

CARPE DIEM, POIS O CAMINHO TENDE AO FIM.


Não devias
ter se interessado tanto
em tua vida sem mim,
enquanto
caminhávamos juntos por essa
planície longa e chuvosa, com suas tempestades
sem fim
e eu, ia ali,
visitor um outro jardim, descobrir
um outro mistério ou beber
em um outro café-concerto.
Pelo contrário,
nunca me perguntei o que fazes longe de mim
nem me preocupo com o que farás
depois de mim ou de minha
morte,
eu apenas
sigo no momento em que nos restamos,
porque é somente nele que,
posso te garantir,
somos nós
mesmos!

CHUVA E SAUDADE!


Ao eco dos tristes cantos de outrora
e ao som da chuva que não para,
a alma transborda (sensível e amargurada)
em dores pelo o tolo erro cometido
àquela colorida e incensada aurora,

quando os faustissimos amantes
se puseram a caminhar em estradas
pavimentadas a falso ouro,

onde ilusões exíguas, fantasias perniciosas
e insânias incontidas se faziam regras;
e esplêndidas palavras voláteis
ditavam direções acorrentadas a rédeas.

DE QUE ÉS FEITA?


De que és feita,
que me faz ficar trincado assim
em tão poucos segundos?
De sol?
De luz?
De chama?
De sombra?
De poesia?
De ternura?
De sensuais impulsos?
De deliciosidade seminua, com sua calcinha
mostrada como branca margarida?
De amor, com tudo no segundo
em que nos amamos?
O que em ti me conduz
aos sonhos, aos tons e aos desejos
e que, como cigana linda,
me seduz?

EM SONHO, OUVIRÁS MEU NOME!


Eu sempre disse
a flores, beldades e anjos

que ao meu deserto
adentraram:

cuidado
com o que permitires sentir,

porque me amar
não é nada
fácil:

sou feito de espinhos,
tenho as bordas afiadas como
navalhas,

por eu
ser um niilista humano,
faltam-me, obvilmente, várias partes
que supostamente queiras,

ah, e me viciei
demasiado com o silêncios
de minhas próprias e secretas
tempestades!

HÁ 27 ANOS!


Quando a coisa
se refere a ela, a flor da minha
vida,
meu amor e meu medo
de perder se tornam absurdos;
por exemplo,
toda vez que volto,
após a dura rotina
do dia,
tenho um medo
incompreencível de achar
a casa vazia!

MOMENTOS


O momento
passa tão rápido que até
para amar é bom ter cuidado
para não perdê-lo
com elucubrações sem sentido
e com chuvas de fogo que buscam cambiar
possíveis sombras do outro
supostas,
sob o risco
de o sonho virar pesadelo
com toda sobriedade, sentimento
e pudor desfritos,
e ter de se sujeitar
ao inevitável tarde demais
para qualquer coisa!

NINGUÉM CAI NESSA. ELES E ELAS ESCOLHEM ENTRAR NESSA!


Bate-papos agradáveis,
sorrisos, invocação do nome santo,
elogios sem limite,

bajulações,
juras de amor eterno, compromisso,
a projeções de luzes demasiadas
de si mesmos,

beijos mandados,
abraços calientes,
e genitáliza esfregadas atrás de orgasmos,
tudo à distância:

Essa é a verdadeira
orquestra dos sábios, sublimes, belos
e infalíveis anjos cibernéticos!

O CAOS É O FUNDO DE TUDO


... nas sombras
absolutas, qualquer faísca
e luz, baby;

e eu sei
onde tudo acontece,

e, por isso,
garanto que a luz,

do mesmo modo,

sem a excuridão
é nada!

O DASEIN E A COMPOSIÇÃO


O SANGUE DA VEIA SAPIENS



... aqui estamos,
ora cuspindo luzes,
ora defecando merdas,

ora se punhetando
com corpos
em uma web can ou
em uma cama;

aqui estamos
inafiançavelmente como criadores
de deuses e de demônios;

mas nunca
assumindo, em si, a húmida, fria
e fétida genitália
dos bosques!

O VALOR DO SILÊNCIO II!


Às vezes
as coisas não parecem bem,
aquele grande amor se foi e te deu
um baita e frio fora,

o sonho acabou,
a esperança abismo abaixo
despencou,

e tu pensas
que tudo pode estar perdido,
mas eu te digo que a saída pode
estar mais próxima do
que tu imaginas:

em teu próprio
quarto fechado, em companhia
da solidão, de uma esferográfica, da dor
da parturiente e de um pedaço
de papel em branco!

OS MENTIROSOS


Eu afirmo
que todos os anjos terrestres,

que todos os que
se autodeclaram puros, moralistas
e conselheiros dos mais fracos, tolos
e oprimidos,

que todos os que
são soberbos vaidosos com seus corpos
ou com corpos olheios,

com seus desejos
e com desejos alheios, com seus sonhos
e com os sonhos alheios,

atribuindo-se pretenções
e direitos que exigem (mesmo inconscientemente)
do companheiro que dizem amar,
para satisfação de si mesmos

têm exatamente
a mesma condição abnômala que a minha
e se regem exatamente pelas mesmas
caracteríscas psíquicas
que as minhas!

OS VIRTUAIS


... isso é uma prisão,
certamente é uma vasta prisão
onde sempre há bajulações, brincadeiras
e visitas íntimas,

é como se saíssemos
de casa e fôssemos para outro lugar,
para outra cidade, para outros céus e mares
e para outros leitos,

é como se tivéssemos
duas vidas: uma real e um monte
de máscaras para atuação
virtual,

é como se esse retângulo
onde escrevemos poesias, elogios, versos
e pornografias fosse nosso espelho
às avessas,

é como que se
fosse possível, sem os problemas do dia a dia
com a pessoa cibernética do outro
lado

um mundo
de paz, de prazer e de coisas angelicais
sem nenhum efeito
colateral;

sim,
isso é como habitar o inferno,
pensando que somos seres angelicais
com nossos desejos e devaneios
sempre paradoxais!

PERDIDOS, MAS NÃO PARA SEMPRE!


POR QUE NÃO ME ESQUECI?


Um dia
fui lá, onde nem mais sei,
mas sei que te vi: sentada,
deslumbrante.

até havia
me esquecido de que um dia
amei teu olhar.

Mas por
que não me esqueci,
de me esquecer de que um dia
fui lá?

POR QUE NOSSO AMOR NÃO DEU CERTO?




... o problema
não foi o cão,
não foi a nuvem,
não foi a Lilith,
não foram os canários
nem as andorinhas puristas,
nem foram gostosas putas
tristes,
meu amor,
o problema foi
termos nos encontrado e nos amado
neste esplendoroso mundo cheio de imagens
e de desejos gostosos e fecundos
e, paradoxalmente,
em sonhos, caminhos e leitos que
sempre nos levam a lugar
nenhum!

SEGREDO IV


... na primeira tentativa,
há cerca de 27 anos,
ela não quis;

na segunda,
proximamente à primeira,
já que havia fisgado meu coração
ela também não queria

ou se fez
de difícil para me quebrar
ao chão;

eu nunca desisti,
e desde que a conquistei até
hoje ela vive comigo, dorme comigo
e continua sendo para mim
uma inspiração!

TEMP(L)OS


TEMPO PERDIDO


... por que amas
sublime, impaciente e bela,
às madrugadas nuas,
ao solitário e obscuro
mundo de um cão,
que já está
ao fim dessa procissão?

UM POEMA ANTIGO


... e, um dia,
quando teus olhos-guia não virem
mais que névoa espessa e fria
à tua frente,

não é dos homens
que te beijaram, que diziam te amar
e que te davam presentes verbais
e sexuais.

Neste dia,
em meio a esta névoa que te conduzirá
à eterna noite sombria,

tu deixarás
todas as lembranças, todos os rumores
e todos os fantasmas de tua
passada vida

e, para partires em paz,
irás imaginar minhas chuvas e meus
tímidos sorrisos distantes: será a última
vez que pousarás neste cais!

A IMORTAL ERA DOS SAPIENS!


... não te preocupes,
porque, mesmo sem nós,

no dia seguinte,
continuará havendo

uma multidão
___________ de anjos,
___________ de santos,
___________ de nobres

em constantes
orgias com suas palavras
fosforescentes,

em constantes
folias com suas mascaras
brilhantes,

e em constantes
orgias em seus confábolos
escondidos!

A SURPRESA


Ontem à noite,
ela se vestiu lindamente,
maquiou-se como há muito não fazia
e veio, toda feliz e sorridente,

convidando-me
para sairmos sozinhos - sem nossos filhos -,
o que, de tão raro, deixou-me deveras
com a pulga atrás da orelha.

Depois de uns goles vinho
e de algumas lembranças quase perdidas,
que ela invocara propositadamente,
chamou-me para dançar
quando tocava "The power of love",
com Céline Dion;

e sussurrou-me ao ouvido
se eu sabia que dia era aquele:
forcei a memória fragmentada, estiquei-me todo
para lembrar algo, e só então percebi
que fazia exatamente vinte anos
de nosso casamento.

Percebendo que eu não conseguia
me dissimular na inesperada situação,
em vez de ficar chateada com minha
displicência insípida

- o que lhe era de pleno direito -,
ela deu-me um abraço e um beijo demorados,
afagou-me os cabelos pardos
e disse que sempre houvera me amado;

e eu ali perante a mulher
que, em toda sua vida, foi tocada só por mim,
e a única a quem, em toda minha vida,
sincera e verdadeiramente amei;

a me perguntar,
diante daquele clarão de realidade,
como - mesmo assim - fui capaz de me voar,
canina e escondidamente, por céus tantos terreiros
encharcadose por tantos céus
contaminados.

A TRAIÇÃO É MOUCA, MAS FEDE À MAQUIAGEM OU MÁSCARA POSTAS



... quem semeia
com o verbo água limpa

e bebe
porras sujas e traidoras
escondidas em algum desmundado
leito

não pode
vir a falar do que seja
ou do que não-seja por mais
tempo do que dure os exíguos tragos
de um aceso cigarro!

... e o que anjos próximos não veem,
o cão fareja de muito longe!

A TUA PAZ É AGORA PERFEITA!


Teu lindeo e imenso
mar adormeceu, e nunca mais
vais acordar ao amanhecer;

a planície não
teve a mesma sorte,
vive sob dias pálidos e noites
tenebrosas,

a tolerar fantasmas
e a zelar-te, em tristes lembranças,
com moucos cantos
de angústia
e dor!

www.espaconiilista.net

A ÚNICA HERANÇA QUE LHE POSSO DEIXAR


... nós nos amamos
tanto, com tal intensidade
e prazer

que, para nosso azar,
enquanto nos desbravámos em quentes
e fulgorosas intimidades,

surgiam,
já excitadas, dos úberes da terra
e do céu,

as teimosos
desejos e excitações dos anjos, dos vermes
e dos pássaros!

AINDA SINTO


... ela ainda vem
todas as noites e entra pela porta,
e entra pela janela e entra
por qualquer fresta;

e, assim,
toda bela, toda pura, cor da lua,
ela entra, silerntemente,
de mansinho,

e se deita
ao meu lado nua para me curar
de meus desvios mundanos
e obscuros!

ALÉM DA LUZ


AS CINZAS DOS ANOS


Precisas,
talvez nem tanto como eu,
mas precisas também

de um canto
onde possas falar das estrelas
e da eternidade

mesmo que
elas não existam, mesmo que
não haja nada;

precisas,
como eu, tentar subver a razão
e fugir das lógicas dos lábios
e dos traços,

mesmo que
isso rasgue os ventos,
os versos e tudo que te houver
sagrado;

precisas,
como eu, que estou ao fim
da jornada, de um lugar
onde possas te
descansar

e te sentires
simplesmente amada.

ATÉ A ETERNIDADE!


Alguma vez
conseguiram apagar uma estrela
com a imaginação e com o poderosíssima
senciência humana?
- Não!
Pois é assim,
do mesmo jeito impossível,
que me enlouqui na borda
daquela lua,
quando
me dei a te amar, de tal modo
que até as minhas sombras
se puseram a brilhar!

CASA ABERTA


... não, não mais interdito
nem minhas piores palavras, caros puristas
de luzes à boca e cruzes
___ às mãos,

e não fui jogado
ao mundo só para quebrar sombras
com meus olhares
___ de neon,

nem só para me escorrer
pelos espetaculosos bailes de fantasias,
a cortejar - de seus freqüentadores -
___ dissimuladas omissões.

COMO FOGO E ÁGUA!


Como eles discutiam
e brigavam, quando estavam
juntos,
pensavam,
devido à dor de amar
e seus consequentes ciúmes,
frustrações e inseguranças
poder matar
internamente aquele amor chagoso
para autoalívios
imediatos:
they ended with
a dry heart and a broken
soul!

DEUS NÃO JOGARÁ OS DADOS POR NÓS!


Não há
a menor dúvida,
após minhas tantas reflexões
e perdições niilistas:

voltaremos
à poeia e à escuridão
elementar,

ao apagamento que ignora a estranha,
aterroriazadora e absoluta
corrupção

que fazemos
no Universo com nossas retinas
abnormalmente sapiens!

DEUS NÃO JOGOU, MAS ESCONDEU ALGUNS DADOS!


Se o ser estivesse,
em sua infinita liberdade,
condenado somente a sonhar,
a (re)inaugurar, a amar
e a foder,
seria ótimo
e podia, sim, ter o brilho da sublimidade,
da puerícia, da honra e da benevolência
para com o próximo amado;
o grande problema
é que ele já surgiu com uma parte
bastante encharcada, como um tumor
incurável,
de sombras,
de orgulhos, de vaidades
e de soberbias que não lhe permitem
manter a luz sempre
ligada!

E A SAUDADE SE FUNDIU AO DESERTO



... revolução,
além do sonho, além so sangue,
além da extática inflamação
da carne,

foi-se,

deixando-me se teu olhar,
sem teu sorriso, sem o sabor de seus lábios,
de seus seios, de suas pernas
e de sua xana;

para além de tudo
ela se foi; exceto, infelizmente para mim,
que fiquei cego

em meio à multidão
de imagens e de olhares,
por estares aquém de meu
​​​​​​​esquecimento!

It's so dry in my life,
I miss even your rains, my love!

E AO FIM, FOSTE TAMBÉM AO NADA!


Pobre purista
culta:

só se parece mesmo
com um anjo,

quando está em uma
mortalha forçada

de dor, silêncio
e angústia.

ENTRE AREIAS SECAS


Ando-me assim,
há tempo demais perdido
entre as areias secas
___ do deserto,

e eu não sei mais
sobre qualquer coisa que não seja
sombras e esplendes atuações
___ dissimuladas,

e eu não sei mais
sobre o que seja uma paz sincera,
e uma honesta fraternidade
___ entre os homens,

e eu não sei mais
sobre algum sublime sentimento
que possa haver entre um homem
___ e uma mulher,

que dizem
se amar ao dia, e se masturbam
com sonhos e fantasias
___ às sombras noturnas.

Perdoa-me, querida,
sinto que realmente gosto muito de ti,
mas eu não sei mais o que
___ é amar,

sem olhar
também para as quedas,
os destroços e os grandes vazios
que nos habitam o cerne
___ e a alma.

EU NÃO SOUBE TE EVITAR


Quando o corpo
é belo, o semblante é lindo,
as curvas são perfeitas,

mas o coração
é feito de invisíveis espinhos,

não convém
convidar a beldade para
acender com a gente alguma
noite com amor
e paixão,

sob o risco
de que já estejamos mortos,
mesmo antes da próxim incandescente
relação!

FANTASMAS DE MIM


Alongo-me
e me desterro silente
para alcançar o deserto;

às vezes,
até consigo congelar, nos ares,
a palavra volátil;

mas ainda assim,
e pior assim, tenho de me dar
com meus fantasmas
de mim.

IMPULSO E ID


Vagamos por aí,
famintos, sedentos e súditos
de desejos

- entre avenidas, ruas e suas curvas,
entre mares, céus, horizontes e suas curvas,
entre asas, peles, carnes e suas curvas -

com nossas esplêndidas
e artificiais luzes acesas e com nossas
próprias sombrase curvas
esdondidas.

INCÊNDIOS


"Poxa, vida, Thor Shaitan,
mas tu não consegues te concentrar
nem um pouco na arte
de sonhar, de compor
e de amar?"
- É. Já aconteceu!
"Tu pareces
demais frio e sombrio!"
- Tudo é frio. a vida, a morte,
jogar futebol, amar, mergulhar,
olhar para as esquinas
e curvas,
e nós é que
pseudamente esquentamos
o tacho;
exceto pelo sexo,
mecanismo pelo qual, ao ser ativado,
o indivíduo realmente começa
a acreditar que seja
um deus vivo!

LUZ E LILITH


Ah, quanta ironia do destino,
aquela que se dizia luz refletiu-me
espessas sombras

e não terás
sequer um último discurso válido
nem aos que a ama,

por term em seus refleticos
escondidos, a vaidade, a balbúrdia
e a traição promíscuas;

e aquela que dizia
ser humana e sombria refletiu-me
tanta luz e pureza,

mesmo sendo
tão humana como eu, e cometendo
tantos erros como eu,

que marcou meu coração
e marcou outras centenas de corações,
e, agora que já partiu, nem precisa
de absolutamente nem uma palavra
para que continuemos respeitando0a,
admiriando-a e amando-a!

MIRAGEM AO DESERTO


Na miragem desértica,
a ausência de tua alva nuvem
em minhas noites vazias
e taciturnas;

no leito solitário,
a ausência de teu corpo
em minhas inércias
carrancudas;

na mente demente,
a constante chuva a inundar-me
as ilusórias horas mortas e as excitadas
luzes dos néons:

e tudo o mais,
misturado com faustos e falsos sabores
de infinitos, por onde (antes de
te perder)

me escorri,
ensandeci-me e me enferrujei assim,
tão enlaivecidamente
fecundo,
​​​​​​​
com minhas asas
inválidas, com minhas peles queimadas
e com minhas merdas defecadas
pedras afiadas.

NÃO PUDEMOS ESCOLHER NADA SEM ESTA VERDADE!


NAQUELE DIA, NÃO SEI PORQUE DEIXEI O CÃO PRESO!


Ele bebia sozinho,
com suas reflexões sobre o mundo
dos homens e o real vazio
___ cosmológico,

quando foi procurado
pelo garcon com um recado de que havia
duas mulheres na mesa e que elas
haviam pergunto ser eu
___ queria acompanhá-las.

E lá fui eu,
e a loira, mais falante, logo começou
a fazer perfuntas, tipo por que eu estava
bebendo sozinho, o que fazia da vida, se era
mesmo dali daquela cidade,
___ etecetera;

e devo lembrar
que eu não usava aliança, geralmente
não gosto de usar, e que veio a fatídica
pergunta se eu era comprometido
___ ou casado.

Como estava
sem uma de minhas máscaras,
eu respondi que "sim", em vez de retornar
a pergunta com um "mas isso
importa na prosa ou
___ em nossa noite?"

Resultado: cinco minutos
depois pediram licença, e eu aprendi
novamente que, em certas situações, é o cão, sim,
que deve assumir a situação,
___ e não o Thor Menkent!

NAS ESTRELAS


Ela andava como a noite,
sedutoramente misteriosa,

cheia da malícia sapiens,
tranbordando da puerícia dos anjos:

quando saía à rua
ou ia ao mar, as estrelas brilhavam
mais, e as ondas do mar
se elevavam exitadas.

Quando eu a conheci,
de imediato não percebi, sendo-llhe
somente um peso e uma sombra
a mais:

She now walks
among the stars,
seedy and mysteriously
to enchant them!

NO AMOR NÃO VALE TUDO!


NO AMOR NÃO VALE TUDO!

Dizem que
(quando se ama) tudo vale
aos aquiescidos leitos
brancos,

onde se esporram
esparramam em luminescências insones
e extáticas carnes?

Ora, então o que fazer
quando chega o tempo de navalhar sombras
ou de chover chuvas
de lágrimas?

E o que realmente
resta enforcado aos desérticos vales,
a não ser as interrompidas
imensidões,

outrora plantadas
(com palavras voláteis, ilusões espectras
e porras espirradas)
ao nada?

O AMOR DOS MORTAIS


O NIILISTA NÃO É TOTALMENTE FRIO


Sim, eu admire muito
as pessoas que ainda acreditam
no amor entre os homens,
sem que, com o ego
e a vaidade um homem não queira
comer o cu do outro,
e nos que acreditam
no amor puro entre um homem
e uma mulher,
sem que com o ego,
a vaidade e o incontido desejos
um não queira foder e foder
com o outro!

O SONHO E O DESERTO


Não,
não sei explicar o que é
exatamene o deserto
___ em mim,

mas certamente
não é como op caminho
___ dos pássaros

que imaginam
achar tudo ao meio
___ do nada;

é algo como que,
ao contrário, se pudesse um tudo,
(sonhar, amar num eterno
___ doar-se),

tendo a certeza
de que não podemos perder
tempo, porque no fim
___ seremos nada.

PASSAGENS E TURBULÊNCIAS


PÁSSARO DE MORTE


... quando sucumbe
faminta a terra, a água das chuvas
e dos mares já não
lhe basta,
o verde
das matas e o azul dos céus
já não lhe bastam,
os cantos
e as cores dos pássaros de todos
os tipos já não lhe bastam,
as monalisas
e as beldades de um mundo inteiro
já não lhe bastam,
as tempestades
e os abismos mais profundos já
não lhe escabram:
somente
a morte, com seu frio, eterno
e manso beijo, consegue aliviar o seu
extremo cansaço!

QUANDO O CAMINHO SE ESTREITA ABSURDO!


Temos
de percorrer a mesma
estrada,

viver no mesmo
tempo cosmológico,

subir a mesma
escada da vida,

sonhar como
todos sonhas e também ter
dos piores tipos
de pesadelos;

temos de comemorar
com anjos e heróis as vitórias soberbas,
assim como suportas
os fantasmas

e o portão final
que atravessaremos será para todos
nós o mesmo:

a chance
de estarmos juntos novamente em um piscar
de olhos do caos que reina, alheio
a nossas retinas, no univeso

é tão minima
que, se soubéssemos, não perderíamos
nem um segundo com florais,

com os quais
traímos nossos amigos, parentes
e comanheiros mais próximos
e amados,

com sonhos incautos
e com chuvas assassinas que espalhamos
por todo lado

ou com palavratórios
que nunca nos levaram
a nada!

QUEM SÃO OS VERDADEIROS PUTOS


Nobres e tremeluzentes puristas
a maldizerem a putas e putos carnívoros,
com seus ominosos estares destas
às camas, aos chãos
___ e às genitálias;

putas e putos carnívoros
que, por grana, escorrem silentemente
as porras dos nobres
___ puristas,

que lhes frequentam,
às escondidas, as mesmas camas,
os mesmos chãos e as mesmas
___ genitálias.

REAMANHECER


... surgiu,
___ apontou-se ao horizonte,

eu já a via
de longe e ela nem
___ percebia:

em meio
a tantos poetas, anjos
___ e tritões.

o vento soprou
e a mim ela chegou
com sua beleza e graça,
e a minhas sombras
___ golpeou

com raios
de luz, de carinho, de amor
___ e de conforto:

como
na inocência da infância,
o ártico se descongelou e a chuva
que me caía em tempestade
___ serenou:

por muito tempo,
antes de morrer, sonho novamente
em um amanhecer
___ de sol!

REGOZIJOS E SENCIÊNCIAS


Enquanto vos regozijais
com vossas senciências por aí,
digo que não há nenhuma chance
ou esperança:

as casualidades morreram,
as probabilidades foram aprisionadas
e tudo foi recriado,
inclusive os próprios destinos
porvires;

Sim, enquanto vos rejubilais
de vossas nobilíssimas
e filiais origens, afirmo que não há
absolutamente nenhuma
esperança mais:

agora,
a tudo o homem faz
com uma cegueira tal, que lhes
fizeram refém até aquilo
a que chamam
de Pai.

RISCO CONSTANTE


SABER-SE


... saber-se
que Sou vento, tempestade
e chuva,

saber-se
que sou cão, vagabundo
e puto,

saber-se
que sou incerto, duro
e cruel

nunca justificou
o que de ti mesma foste
e és;

na verdade,
nunca te foi importante
salvar algo no mundo ou sequer
em seu terreiro,

onde habita
contigo, como marido,
um corno!

SEM MAIS ESTAÇÕES


Tua presença
me é urgente, minha boca
reclama um beijo
de tua boca,
meu corpo
deseja teu corpo em nossa
cama onde agora me deito
sozinho,
sem mais esperanças
de que possas vir durante
a passagem pela ponte
existencial,
tive de abandoner
meus desejos e meus sonho, e me
fincar na esperança de um dia poder,
além, contemplar tua alma!

SÓ AS SOMBRAS AINDA SÃO VIRGENS!


Se a luz
realmente soubesse da beleza,
da natureza e da sublimidade
das sombras,
certamente
nunca lhes violariam
com suas brancas e pálicas
opacidades!

TEU NOVO LAR


... filha da puta,
atrevida, siriqueira, intempestuosa,
extrafilosófica, zoolófica,
___ incestuosa,

necrófila,
criadora de imagens apócrifas,
estupradora de anjos
___ basófilos;

coloquei-te
aos pés do inferno para
que provaste de teu próprio
___ gosto podre,

para,
somente depois,
poder te amar em eterna
___ morte!

TODA LUZ ESCONDE SOMBRAS


... nem todo
azul é esplêndido céu,

nem toda
oração é feita com sincera
fé,

nem todo
escrito é bela poesia,

nem todo
amor dito é o espelho
da verdade,

nem toda
dor e choro são feitos
de reais sais,

nem todo
anjo (ou nenhum anjo)
deixa de tocar suas punhetas
e ciricas,

com seus
nobilíssimos pseudoalados
iguais,

jogando
as culpas pelos tropeços,
quedas e pecados
aos cães!

TU TE LEMBRAS?


... havia um sentimento
forte entre nós,

considerávamo-nos
um casal inabalável e o amor podia
ser sentido como real;

mas eu sabia,
e eu te disse tantas vezes
que só o amor nunca poderia
fazer tudo

e que deveríamos
deixar o resto das espetaculares
imagens sapiens de lado:

Do you remember
when we were run over?

UM POEMA ANTIGO III


Dizes que não te amo,
que não te quero e que não ligo
para quase para nada
que dizes a mim;

e, de fato,
talvez eu não saiba amar
cá deste meu angustiante deserto interno,
de onde te imagino

(em poesias
escritas às secas areias do cerne)

tão bela e esplêndida
como um feixe de helianto azul
fugido casuisticamente
do destino,

a atravessar-me
[cortantemente] o perfumado silêncio
das solitárias e tristes
noites.

VELA AO FIM


As coisas
que um homem e uma mulher se perjuram,

quando estão se comendo
em camas,

só não são piores,
do que as que eles se servem,

quando estão se dando
em nuvens.

À BEIRA DO ABISMO


Cabeças

________ cor-de-roça,
________ verdes,
________ cinzas,

________ azuis,
________ pretas,
________indefinidas,

quedadas ao chão;

________ mentes,
________ bocas
________e vulvas,

outrora sedentas,
ressequidas a flutuantes ossos
próximos a minha cama:

não falam mais nada,
apenas se ressoam tristes ecos
entre as paredes do quarto
________ esquálido,

enquanto o ar se povoa
com cheiro perdido as flores de inverno
- e dos cemitérios
________ do inferno -

como que
se me servido todas as madrugadas,
como doces cálices
________ de veneno.

A REDENÇÃO!


O único porto
seguro para o ser é quando

seu pensamento para,
seus sentimentos param,
seus sonhos, esperançar, ardores,
amores e dores param,

suas senciências todas param,
seu coração para
e ele adormece em eterno e sublime
leito de honra e morte!

A RESSUREIÇÃO


Quarenta e sete,
fragmentos de quedas,
pedaços de sonhos e de ilusões
quebradas,

e eu tentando
ao deserto me reagrupar
com ela, sempre ali, amorosa
e delicada,

a me envolver,
a me acalentar,
a me embalar,

a me abraçar,
a me beijar,
a transar comigo,

a me proteger,
a me aquecer
e a me amar!

A VERDADEIRA COR DO PECADO!


O ciúme
e o desejo descontrolado e fora
da margem, com suas desastrosas
consequências,

são, na verdade,
jovem poetisa, só duas das arestas
de um problema muito maior nosso,

o qual nos é cerniente
e do qual nunca conseguimos
nos desprouver totalmente:
A VAIDADE!

ÁGUAS QUE REFLETEM


... em certa ocasião,
disseram me amar, ou outras
me odiar,

em outras
ainda apenas me possuir
em desejo e pertença;

mas nunca
perceberam que eu pertencia
à chuva, e como a chuva
me tornei,

sendo-lhes
impossível qualquer coisa
sem se olharem ou se alagarem
diante da bestialidade
_________ de toda
a coisa!

AMADA!


... se dizes amar
e partes ao sossego e à paz
havidos ao chão,

ou se te refugias
aos egos e às hastes
dos tentilhões;

nada mais fazes
que evidenciar tua intrínseca
e covarde condição.

ANJO LILITH


Era uma vez uma garça cristalizada que vivia com seus abismos escondidamente virados para baixo. Subia nos penhascos, navegava os mares e desbravava os céus estrelados. Mas quando fazia inverno, pisava os cravos e as baratas, para andar até a próxima tela a ser pintada.
Não jantava, banqueteava e transava com os anjos e com os pássaros. Depois de algumas asas quebradas, refugiava com o cão nas madrugadas.
Um dia chegou contando de uma seita maçônica e de um ser negro que dela fazia parte, desprevenida de que eu já havia me dado com algo muito pior: o diabo. Outra vez trouxe a história de um tio finado, com quem transava e, mesmo depois de morto, continuava a transar como se seus dedos fosse dele o pau eriçado, sem perceber que nada me assustava.
Quando falava do padre, seus abismos negros eu mostrava e lhe tirava as máscaras. Fui chamado de mensageiro por ter tido a coragem e a audácia de enfrentar uma demônia como nunca havia feito um anjo alado.
Brigou, choveu, chorou, amaldiçoou, invocou demônios e títulos sombrios para o cão que sempre lhe rosnava. Mas dele não conseguiu tirar nem um pelo do saco.
Endoidou. Saiu dando para qualquer poeta que aceitasse a condição de escravo, sem perceber que jamais ficaria livre de seu maior mestre e carrasco.
Desgraça para uma lilith figurada é nada perante a verdadeira Lilith do pedaço. "Cuidado com as pedras, amor, elas matam", falou-me dizendo me amar pela eternidade, sem perceber que eu era o próprio penhasco.
Alisou meninos e amou velhos. Masturbou-se com poeteiros em pelancas dos cantos e dos recantos Traiu o padre e tentou, vanamente, enganar o cão danado.
Tudo vão, pois avisei que a vi na laje e que vi sua queda de lá para fora do prédio em cinzas e sombras molhadas.
Onde ela está agora?
Temendo pela morte abrenunciada. Lamentando pela dor de que eu falava. Mendigando por mais um dia de vida "sem imagens", do qual eu lhe dizia, por condição humana, estar inapta.
Enquanto isso, o tempo voava e com ela os anjos gosavam, o tio morto gosava, o menino gosava, o marido das outras gosava, todos como bons intitulados.

APÓS UMA SEMANA INFERNAL, NÃO QUERER PERDER A OPORTUNIDADE FOI MEU GRANDE ERRO


"... mas me havituei
às tempestades, como aos afogamentos
​​​​​​​que delas advêm!"


... ja nada mais é leve,
sim, tudo pesa, do problema do filho
à pirraça da mulher,

e o vento
já não mais pega leve,
geralmente tempestua a esta
altura do deserto:

um oásis
parece tão necessário que, mesmo
quando as rochas nos cortam a pele,
ainda assim queremo-lo,

com receio
de depois não mais o ter:
ledo erro, tudo deve ter a sua certa
hora!

AS ESTRELAS FORAM TODAS EMBORA!


Ainda ressoam
em minha alma as tristes lágrimas
dos olhos teus

e meu coração,
nesta eterna distância que a morte
nos impôs,

tornou-se
mais frio e congelado que o próprio
habitat hiemal,

e o frio vento
que me visita batendo na janela
às madrugadas

vem consolar-me
deste tão grande amor que me dominou
e que me fez escrever nossas vidas
em poesia e em saudosas
e tristes emoções!

CLARIVIDÊNCIA


Somos os reflexos
que vemos nas coisas,
com suas geometrias, cores
e valores;

a urgência das miragens,
das imagens e dos espetáculos
em fulgores;

os poemas e regozijos desbotados,
as pernas escancaradas,
os leitos alagados;

o amor, a dor,
os deuses sacrificados,
as estrelas amassadas,
o universo modificado;

sem nenhuma ordem certa,
sem nenhuma desordem aceita,
somos exatamente tudo
nada,

além do que colocamos,
espuriamente,
sob nossos faustos e sencientes
neons em ardor.

DENTRO DE MIM


... dentro de mim,
sinto a incessante chuva
cair,
o passado
já está morto, como se nem
se tivesse havido,
a tarde
está cinzamente nublada
e o caos se faz
presente,
e a grande
noite sque se me aproxim
ó me parece um triste
e inevitável fim,
para
as luzes que emanamos
nos dias de hoje.

DEUS É O SENHOR DO TUDO E TAMBÉM DO NADA!


O único lugar
seguro para o ser humano
é realmente o nada,

entendido
como nada exatamente a parte
divina que, por abnormal
nascença nossa,

(permitida
com a benevolência de um Pai
que quis preservar intacto nosso poder
de escolhas)

não mais podemos
contemplar!

EM UMA NOITE HIEMAL


Tuas palavras
e teus gemidos sufocados
em meu beijo,

teu corpo
imóvel sob meu corpo
de 80 quilos,

teus seios
degustados com minhas
mãos lhes acaricianco com a delicadeera
de quem pinta um magnífico
retrato,

tua cintura
dançando sob meu quadril,
ambos deitasdos mas altivos, com furioso
desejo, vestindo-se de luz,
de amor e de sexo
glorioso!

ESPELHO VAZADO


ESPELHOS DA ALMA


Mesmo que usem
as melhores máscaras,

nesmo que passem
as melhores maquiagens,

mesmo que
usem as melhores, mais lindas
e mais eficazes palavras
voláteis,

mesmo que façam
juras de solidezes sublimes
e infinitas;

eu afirmo,
se repararem bem, os espelhos
da alma não mentem
jamais

e irá lhes
revelar, em algum momento,
toda a verdade!

ESTE É O NOSSO AMOR!


Se somos metades,
feitos de fragmentos de nossos pensamentos,
de nossos sentimentos e de nossas
emoções,
não podemos
nos ser inteiros como nos dadivamos
com a palavra em nosso amor
fervente;
de fato,
há outros pássaros, anjos e gentes
em teus olhos, escondidos por detrás
de teu sorriso,
e há outras beldades, liliths
e andorinhas escondidas por detrás
de meus escuros olhos,
e até aí, tudo bem,
que a tudo sobre o ser já li
e sei que a coisa funciona é assim
mesmo,
mas nunca entendo
é porque, quando nos encontramos,
transmutamo-nos com tal intensidade
e força que,
de metades,
parecemos sim sermos tão unidos
como inteiros!

EU E MINHAS COISAS


EU ME CONSAGRO AO SUBLIME NIHILO!


Quando eu morrer
vai ser exatamente como quando
nasci:

alguns continuarão
a dizerem se amar reciprocamente,

alguns se foderão,
em traições abrasadas, um ao outro
debaixo das escadas,

alguns comporão mais
e mais poemas, mais e mais canções,
mais e mais figurações
em artes máximas,

alguns continuarão
exercendo a soberbia máxima
e angariando poder, status e genitálias
escaldadamente excitadas;

sim,
quando eu morrer
volto a ser exatamente como antes
de nascer,

deixando
toda essa ilusória loucura de lado
e voltando a ser absolutamente
nada!

ILHADO


Que os voos
das borboletas flutuantes
e dos anjos farejantes
não me perturbem,

que, congeladas
ao mar e ao ar, minhas velas
e minhas asas
continuem ;

que, às luzes néon,
vendo a morte em esplêndidas imagens
e em faustas cores,
eu continue.

INCERTEZAS


... não ligo
mais para elas,
aliás passarei, com minha última
___ viagem delas:

é-me comunicado
___ um óbito dia 17, sábado,

e recebo
uma mensagem perguntando
se estou aqui da pessoa, de quem dizemter falecido,
___ no dia 19,

exatamente
na hora do programa
___ do pe. Marcelo;

bem,
não importa quando,

mesmo eu pedindo para evitá-lo,
na verdade, tudo já nos era
___ tarde demais!

LILITH E EU


De acordo comigo,
sou um sujeito ermo, um desértico
de um cão bastardo;

de acordo com ela,
sou um menino crescido, que não
aprendeu ainda quase
nada,

o que a faz
me aliviar de todo e qualquer
pecado.

De acordo comigo,
sou uma montanha seca e infértil;

de acordo com ela,
sou a terra de seu mar à qual
ela cerca e zeal como se fosse seu amor
impossível e secreto!

NADA É ABSOLUTO


... nada,
absolutamente nada
é absoluto,

tuas palavras
e tudo que disseste outrora
por mim sentir,

minhas palavras
e tudo que eu disse a ti
outrora sentir,

as dádivas,
as promessas,
os atos concretos;

parecia
tudo exato e certo,
mas eu sempre dizia para
nos cuidarmos

que nada,
absolutamente nada
é absoluto:

mesmo assim,
insanamente insistimos,
escapando-nos escondidos
por escarpas de luz,

e nos findamos
sozinhos, em algum canto
ou aconchego onde cães vadios
e anjos se misturam!

NÃO HÁ PIEDADE NOS MEUS VERSOS. HÁ A ESCURA SINCERIDADE!



... já estou aqui
morrendo neste deserto seco,
neste espaço escuro,

nisso
a que muitos chamam de jardim
dos poemas e dos versos; outros de lugar
dos sonhadores e dos trovadores;

outros ainda
de uma varanda para conquistar,
para amar ou para achar algum companheiro
para, com uma web can ligada,
fazer amor trepar,

há unas 10 anos!

E cá estou eu
neste mesmo meio em que Lilith andou
e atuou, em que os anjos andam
e atuam,

e eusangro,
e ao sangras os esponhos em meus
fiéis e abissais espelhos!


There is no encashment here,
no dream, no alchemy possible.
I will consider,
as the only exception,
the flower of the desert!

NO ME QUITE PAS


O AMOR É REPENTINO E VIOLENTO


... se é verdade
que o tesão excita,
e isso faz cerniente parte nossa
___ com a id já primitiva

e se é verdade
que a poesia nos abre novos
horizontes coloridos
___ e infinitos,

é também
verdade que o amor nos transforma
___ em frágeis gatinhos

a pelejar,
juntamente com o desejo, a poesia
e a fantasia, por alguma alquimia
___ sempre viva!

O CHAMADO DO NIHILO


No caminho até o grande monte,
longe do contato vulnerável
com a causa perdida, quis o tempo
me mostrar algo:

a ferida exangue,
embrionária, alastra-se discreta,
com seus vermes a se alimentarem
do leito vivo.

A vida, efemeridade,
esvai-se discreta com a chaga,
sem destino, em fragmentos de lembranças
perdidas,

num ignóbil fiasco
do espetáculo onde tantas vezes atuei,
infectado, com a cor falseada
das máscaras minhas.

Da rocha firme,
de onde antes desafiava o mundo,
sobrou apenas um resíduo enlodaçado
de sonhos,

incapaz de aliviar
a dor que invade a alma perdida,
Em caos, entre as sombras que lhe foram
plantadas.

Com o olhar perplexo,
o medo provoca a paralisia,
as trevas eternas e famintas vão devorando
todo meu ser,

e um murmúrio
suplicando piedade, solto às portas inferno,
sob trapos de luz, não se faz ouvir
pelos deuses impiedosos.

O NIHIL CARREGA DORES DO MUNDO




... apodrecem,
sem percebermos, as árvores
da floresta;
antes disso,
amam-se e doem-se como demônios
ora como carrascos de amores e de desejos,
ora como suas vítimas:
enquanto isso,
ainda me dói o frio luar, por saber
que tantos e tão incautamente
andam
sobre este pano brnco
condenado inexoravelmente,
em algum momento,
a ser rasgado!

O QUE ESTÁ OLHANDO?


"... por que
você está olhando, porque não vem
deitar?"

perguntou-me
ela, com sua linda calcinha enfiada
no cu, após darmos umas baitas
trepadas;

"Não querida,
podes dormir tranquila,
eu só estou reparando

como, tão diferentemente
dos dias em que tu andas, voas
e trepas nos duros paus
da vida,

tu te pareces
tão angelicalmente pura
descansando
assim!

O VENENO DE ANA


Quando dizia
(e aplicava) que me envenenava
aos poucos, o suficiente para
não matar,

tomou-se-me
contra um assombramento
que deveras antes nunca havia
sentido:

então,
tu nos submeteste ao rigor
do inverno na cabana que fiz
para nossa morada

e, súbitamente,
foi enchendo-a com seus venenos
fantasmagórios, até chegar ao ponto
em que, quase perdendo
a salidade,

eu não sabia
se me entregava a uma morte em paz
maravilhosa ou se eu continuava
a viver nosso inferno!

OS GRITOS DOS INOCENTES


OS NOBRES DISCURSOS


Aos nobres
discursos ou às bocas
de lobo,

milhões e milhões
de palavras formam novas
histórias

como em passes
de mágica.

Mas muito pior
às mentes onde se formam
esperanças e vesanias
silentes

- como também
sombras que jamais são
reveladas -;

o quê, ao fim,
não tem importância
alguma,

que,
de todo jeito,
tudo acaba desaguando
em nadas.

PERDIDOS NA ESCURIDÃO


... mas que
será que procuram essas almas
que viajam por aqui,

neste
deserto em autoaniquilamento
com seus murmúrios de fragmentados
pensamentos?

Eu já
acabei com o mação de Ana,
com seus anjos, com seus mitos, com seus ídolos,
com seus tentilhões de asas,
deixando-os a meus
pés

e ainda
não dei minha loucura
por contente.

POST-MORTEM


... um sono feliz,
um sono sem sonhos
e em pesadelos,
um sonho
que faça esquecer
todos os caminhos e toques
terrenos,
um sonho
sem cores sem movimentos,
sem dores, sem lamentos
e sem amores,
simplesmente
um sono como o das conchas
e pedras eternas!

SEGREDO


SONHO INTERROMPIDO


O que houve com nosso
sonho de um amor para a vida
inteira?
Por que o mundo
nos enfeitiçou como um sol
da noite?
Que houve daquele
aroma perfeito e daquele esfregaço
que nos levava ao êxtase?
No meio da convulsão
de imagens esplêndidas deste mundo,
naufragamos
e agora
só nos resta a suficiente
coragem para afundarmos e ir a novos
mares, onde seja menos
pesado o nado!

TUA LUZ ME CONSOME


De tudo e de todos, ouvia apenas sussurros soçobrados,
incapazes de despertar-me do sono em que estava.
E como as folhas envelhecidas, levadas pelo vento,
de tão fracos e ensurdados, iam-se
desapercebidos.

Nem percebi quando ouvi aquela voz suave e negra
que foi se instalando em meu ser e penetrando minha alma.
Por que permiti que ela me tocasse tão forte
cortando minhas noites em sonhos
desnudos?

Estou a navegar em mar bravio, entre a densa névoa
que me protege da indesejada luz ao horizonte,
sem saber até quando conseguirei resistir ao forte
desejo que me queima e me consome
em delírios.

Procuro saída, desprovido das forças de outrora.
Tento esconder-me a alma da bela incensada
que deixa, nas noites silenciosas, sua essência inebriante,
e, nos sonhos meus, compartilha-me
seu amor.

Tornei-me refém de meu pensamento fugidio
que teima em voar imaginando um encontro ardente
em um vôo impossível. E as cores, que antes
não havia,

Agora cintilam fortes, em contornos negros.
Nem percebi quando comecei pintar em melodias,
no frio de papel, meus sonhos desvairados e perdidos
que o mancham de tal forma que a pintura
está condenada!


VERDADES RASGADAS COM PSEUDOVERDADES SAPIENS


A verdade virgem
do Cosmo, uma vez surgida em seu seio,
a abnormidade humana,

jamais,
enquanto esta existir, poderá
novamente estar limpa
e intocada!

A CONTADORA DE LOROTAS


Um dia,
imaginando me agradar,

ela c(o)antou-me
- eufórica - uma linda melodia

que ouviu
em outros mares;

despercebida de que
o que realmente me plantava

era uma desértica morte
de asas.

AMOR PERTURBADO


Como um cão encurralado,
eu premeditava minha fulga
ou minha morte

naquele canto
de falso céu que ela plantava;

em um amor perturbado
e suicida é impossível saber
qual seja a melhor decisão a ser tomada
durante uma tempestade:

devorar ou se deixar ser devorado,
torturer ou se deixar ser torturado,
profaner ou se deixar ser profanado.

Mas quando o amor
é demasiado e não cabe no prato,
pode soar como um bálsamo também
a ideia de se ter uma eternal
partida mais acelerada!

APAGAMENTO VIOLADO


... a luz mostra
toda sua transgreção e ilusória
eficácia ao penetrar e eliminar
___ as sombras;

nós, túrbidos
neandertais, cegados por ela (a luz),
(re)nomeamos, (re)construímos
___ e (re)fazemos

a tudo, de moso
senciente, com extrema agilidade
___ e capacidade,

sempre delirando
e gozando com o maior e mais universal
___ de todos os enganos!

ARDENTES DESVARIOS


Só algo assim
meio estranhamente descontrolada,

meio duvidosamente
autopurificada para se considerar
justa juíza dos demais daseins
e coisas,

meio assim
autocolorida demais, como se tivesse
ela a única cor da verdade,

para se afastar
dos frontes de quem disse amar
tanto que não conseguiria suportar
sua ausência,

enquando o vê
ferido e se despedindo de tudo deste
vão e vil mundo de coisas
sapientemente
encantadas!


CHUVAS IRREVOGÁVEIS


O abismo
em que me afogo é angustiante
e desesperador,

porém
ainda não se iguala com o mar
em que me afoguei,

com a nuvem
onde às inválidas asas
me lancei

ou àquela quimera
à qual um coração puro existir
eu inventei!

COMO EVITAR ACIDENTES


... ser mais chão
e menos falsa vastidão,

não há outro
caminho mais seguro

a trilhar.

CONDENAÇÃO SAPIENS


É PRECISO ACEITAR A CONDIÇÃO ABNÔMALA


... não existe
harmonia eterna no Cosmo,
não existe harmonia
eterna em nada que há no Cosmo,
menos ainda
se possa haver harmonia eterna
ao sapiens,
ou ao que venha
do sapiens, incluindo-se aí o que chamam
de amor e de vida eterna
pós-mortem!

ECOS AUSENTES


Aquela noite
ainda se faz presente em mim,
como se tivesse se amalgamado
à minha alma;
solitário
e sem nenhuma chance de retornar
a contemplar teus negros olhos
de cima do muro
da margem,
sigo assim,
ainda em transe psicótico,
tentando sobreviver e te manter comigo
em minhas tristes
poesias!

EINSTEIN, DEUS, COMO TU PENSAVAS, NÃO É MATEMÁTICO!


... desde o surgimento da abnomalia
não há mais relatividade percebível sem o sapiens,

e este foi, provavelmente,
o maior erro de Albert Einstein,

por não incorporar
parte da filosofia, da quântica e da incerteza
em sua teoria da relatividade;

ao Cosmo desprovido
de nossas retinas, como as coisas não se sabem
coisas ou como nada que seja descritível
ou analisável pelo ser,

não há nem o tempo,
nem o espaço, nem sequer o ponto que sirva
de referencial para qualquer coisa,
predominando-se assim
o eterno caos.

A relatividade
veio a ser instalada exatamente com a visão
racional, metafísica, filosófica, onírica, spiritual
ou dementemente sapiens

e está condenada
spbre alicerces sapiens que, para o Cosmo virgem,
simplesmente não existem!

ELE AINDA ME ODEIA OU JA SE CONFORMOU COM O ERRO COMETIDO?


..."não aguento mais,
quero fugir, quero te matar em mim,
sou casada e meu marido disse que posso
ficar com qualquer pessoa,
menos com você,

porque te amo
tanto que chovo constantemente,
sinto-me mal e alado as pessoas amadas
próximas a mim.

Só Deus. Eu estou enlouquecento,
Eu tenho que te matar em mim,
mesmo que eu transe com cada homem
deste planeta!"


Choro quando
me lembro destas palavras, teu próprio marido
te desejando lixos erm verz de um louco,
mas verdadeiro amor;

de qualquer modo
eu sempre disse que o amor era algo
extremamente raro e que a maioria
do que dizer ser amor não passa
de ilusõces e de piadas.

E tu tentaste fugir
por dez longos anos de nosso inverno,
andando por mares, céus e picas para esquecer
nosso grandes amor como teu marido
lhe pedira;

não obstante,
nos útimos dias de tua vida,
eu chorava mesmo antes de ler aquele email
com apenas uma palavra

cujo significado
sabemos,mas que neste poema será
segredo:

Thor Menkent.

E então do choro
fez-se uma dor tão grande e um pranto
tão angustiante e profundo que té hoje,
está alagada toda a minha
planície,

onde restaram
apenas destroços, vazios
e nadas!

ESCONDERIJOS!


O melhor lugar
para se esconder não são as sombras,
mas sim o sob o sol
ou a luz,

que, ao refletirem
as esplêndidas máscaras usadas,
reluzem-nas com grande
esplendor,

omitindo, subtilmente,
as verdadeiras faces e intenções
das dissimuladas atuações
aos palcos da vida.

INCOMENSURÁVEL PERDA


INEVITÁVEL


NATURAL E INEVITÁVEL CAOS II


NOVOS E ÚLTIMOS TEMPOS


És detentora
de meu último sonho,
de minha última esperança
de minha última fagulha
ou chama;

és tu a responsável
por eu ter deixado um pouco
o deserto e as sombras e ter novamente
ousado a inflar minhas
asas inválidas;

sim, és tu
quem me ajudou a enfrentar
meu mais severos e pesados fantasmas
e me fez olhar para outra coisa
que não só meu abissal
passado!

NUNCA SE ESTÁ SALVO


... existem
nos profundos lados
de nossas próprias
noites,

algo que
talvez nunca tenhas
percebido:

auroras surreais,
desejos menestrais,
e ilusões sem iguais;

mas quando
se acorda aos próprios fundos
é sempre tarde
demais.

O AMOR, SENTIDO DE FORMA ISOLADA, É UMA IDEIA IDIOTA


Sim, eu admiro muito
as pessoas que ainda acreditam
no amor entre os homens,

sem que, com o ego
e a vaidade um homem não queira
comer o cu do outro,

e nos que acreditam
no amor puro entre um homem
e uma mulher,

sem que com o ego,
a vaidade e o incontido desejos
um não queira foder e foder
com o outro!

O EFEITO DE TEU VENENO!


... meu coração
se tornou tão exangue

que me deixou
com o olhar distante,

perdido
entre pretos e brancos,

sem mais
alguma mínima duração
de incautos sonhos

e nenhuma
possibilidade de aparição
de novas e efêmeras
esperanças!

O GRANDE MAR TEU


Um dia serás
cingido, ó grande Mar,
com o escarro de meus laivos
líquidos póstumos,

quando não
houver mais hóspedes náufragos
às minhas planícies, nem pássaros feridos
a habitarem minhas matas
sombrias.

Ao chegar desse tempo
- de passagem ao frio apagamento -
haverei de deixar tudo, ó Mar dos mitos,
das lendas e das amorosas
contendas,

para ver em tua impetuosa
imensidade, os destroços dos corpos,
corações e almas, que lhe
foram naufragados.

O MAR AINDA LAMENTA TUA MORTE!


Suspensa na morte
a flor de inverno verdadeira,
segue seu passo em escuros onde não mais
___ brilham sóis,

em caminhos
aos quais não mais se plantam flores
ou se andam chorando ou sorrindo, amando
ou odiando, sonhando
___ ou caindo.

em um apagamento
sem paraísos, sem infernos
e sem nada que seja sequer razoavelmente
___ previsível.

Trêmulo
nas últimas noites que me restam,
eu me deito à sombra da lembrança daquela
___ outrora hiemal cabaninha,

que fizemos
para nos abrigar das insânias deste mundo,
___ esperando agora

tão somente
também o eterno fechar
de minhas pálpebras, der onde correm
___ invisíveis rios intraquilos!

O NADA SEMPRE EXISTIU E EXISTIRÁ


​​​​​​​Nada somos
senão o que reinventamos
com nossas retinas humanas
laivas

e senão
como nos reiventamos entre
coisas que perderam completamente
suas naturais virgindades

com nossos
sencientes olhares a elas
pousados;

ou seja,
a questão não é a noite,
não são as sombras, não são as luzes,
não são os mares, nem as estrelas,

e não é o amor,
nem é o desejo, nem é a mágoa,
nem é a esperança, nem é a angústia
e a dor:

a questão é que,
sendo o que há o nada reiventado,
mesmo despercebidamente, quando de nossa
passagem, é o nada que
ficará!

O NIILISTA FOI AMPARADO POR TI NO MAIS SECO DESERTO E NO MAIS DURO CHÃO!


É verdade.

Um ano te lendo silentemente,

Flor do Deserto.



O cão talvez

nem se saiba mais frio,

niilista ou tímido.



Mas que bom

que a flor apareceu no deserto

e se corajosamente se desabrochou,

e logo após também a perda da eternal

Flor de Inverno!



Eu me lembro bem:

eu estava no chão, depois de um internamento

de um ano e de várias condenações

à morte,



e havia anjos

cuspindo em mim, quando me estendeste

a mão e me ofertaste

o teu coração!

O QUE CHAMAM DE ARTE


... de vez em quando,
leio poesias que parecem escritas
___ por deuses,

que contêm
narrativas de amores divinos
ou erotismos e sensualidades além da condição
___ sapiens;

às vezes,
eu vejo mais sombras nas entrelinhas
das iluminuras literariamente
___ escritas

do que nas belas
e fiéis escritas por alguns
___ rascunhadas.

PENSEI QUE NÃO MAIS TERIA DE LIDAR COM ISSO!


POR QUÊ?


Por que
será que, depois que ela
se foi para a morte

e que tu
não apareces para pegar
em minha mão

ao fim
desta travessia sombria
e pesada,

eu me perco
em qualquer canto, em qualquer jardim
ou em qualquer leito?

RESTOS E CINZAS MOLHADAS


... e agora,
___ que faço neste baile

(de folhas e flores secas,
de ilusões, fantasias e desejos secos,
___ de esperanças secas)

que surgiu
após aquele grande sonho,
carbonizado com as severíssimas
___ chuvas de fogo

e com as venenosas
e entenebrecidas fumaças, emanadas
de nossa nuvem
___ adoentada?

SANGUE E ALMA


Ela corria
o pano na casa e, vez em quando,
com aquele olhar faceiro,
passava à minha frente;
e cantava
melhor que Roberto Carlos,
e sonhava mais que que se sonha
em Terabítia;
e dançava
toda formosa, tal qual bailarina
de degas em brancas
nuvens.
E eu a lhe olhar
e a perceber que estava com uma calcinha
enfiadíssima à bunda, que vestira
para me provocar;
e, depois, peguei-lhe
em uma de suas passagens por perto,
e lhe olhei também
com as mãos;
e lhe carreguei
ao leito e, durante o resto do dia,
amei-lhe no esplendor do raro
momento.

SÓ A VERDADE RESTOU


... já faz muitos
anos que nos descobrimos
as sombras

e percebemos
que, éramos, enfim,
dois demônios que ficávamos
escondidos por aí caçando,
para comer,
a anjos;

faz ainda
mais tempo em que,
sonhar que éramos íntegros
anjos

e que pudéssemos
comungar um amor puro e leal,
era-nos uma eficaz
dissimulação!

SORRISOS E LÁGRIMAS


As gentes sorrimos
sonhos e conquistas fluorescentes,
enquanto outros choram dores
e angústias recorrentes,

em inexorável, ávido
e cíclico vício de cultuarmos
- com palavras, sentimentos e halos
de pedras -

as incomensuráveis
paixões pelas imagens, que florescem
em nossos suntuosos e abnômalos
umbrais.

TUDO É FRUTO DA ABNORMIDADE


Não temais fantasmas,
não temais monstros nem extraterrestres,
não temais deuses nem demônios,

não temais, enfim,
abismos, nem precipícios, nem de qualquer coisa
algum sombrio mistério

que mortes anguladas
e dores de pedras arremessadas só se sentem
quando arremessadas por um ser,
em particular e especial:

a abissal fera
e o pior inimigo do próprio homem
é o próprio homem.

UM SOL NA JANELA


A INQUILINA


... a certa altura
(após longo tempo ausentes)
perguntou ela, dramática
e embuscadamente:

"Eu só queria saber
qual a razão de você não falar
mais comigo";

"... porque
és como aquela mulher
[da qual não contou o mito]
ainda mais bela
que Helena,

que quis servir
- honrada e lealmente - a Tróia,
copulando escondida com
promíscuos aqueus!",

respondeu-lhe
ainda chovendo e trovejando
ele.

A ÚLTIMA FRONTEIRA


No instante derradeiro, antecipando a perpetude do vazio maldito, alucinações terminais ecoaram nas paredes frias e intransponíveis do labirinto indecifrado de meu ser, onde meu s segredos foram ocultos entre amores e desamores, e dores, e gritos de esperanças irrealizadas.

Hoje só vejo sorrisos estáticos e pálidos trancados em molduras adormecidas e incapazes de algo qualquer que trespasse o meu frio olhar e meu surdo ouvido. não há mais constelações em meu pensamento como outrora tão fortemente brotadas de meus mundos, nem ventos que soprem de mim para aliviar ou aumentar anseios de náufragos.

Natural imperfeição minha, sob a frágil custódia de arrotos de falsos deuses que criei, tornei-me um ofuscamento que apenas confunde visões alheias, e embriaga os paladares dos sôfregos em cantos de lendas irreais.

Ah! Se pudessem perceber que, um pouco antes do amanhecer em luzes e holofotes, onde apresentam espetáculos travestidos entre sorrisos com branco-alvo da paz, e entre dissabores das feles dissipadas pelas entranhas omissas dos celebrantes, os sonhos meus já se haviam aquebrantados no imaginário da última grande noite, e toda a sobriedade e sombriedade minhas se haviam findas na madrugada fria e silenciosa, e todo alvorecer de todos os tempos se haviam ido de mim como se não houvessem amanhecido.

Ah! Se pudessem perceber que em mim há colisões desordenadas e fatais, e que todas as fragrâncias das flores, e todas as imagens bem delineadas ou não, são-me condenadas no primeiro contato vulnerável a julgamentos impiedosos, e a açoitadas severas no descortinado de minha loucura trancafiada.

Ah! Se pudessem sentir que estendo a noite como abrigo aos sem-rumos e lhes escondo os caminhos perdidos em becos sem saída de irrealidades, fugiriam abreviadamente aos encantos dos senhores de castelos outros, andantes, sob outras luzes e holofotes, onde haja alguma outra cruel verdade.

A VIDA E TUDO QUE ELA CONTÉM ERA POUCO PARA NÓS


... um dia,
uma noite, um mês, um ano,
uma vida inteira

teriam sido
mesmo pouco para nosso aluscinado
e estranho amor;

teriam sido pouco
porque o que sempre querímos,
enquanto estávamos ambos vivos,
já era uma pureza e uma sublimidade
que só poderia se conter
na morte;

sim a fics toda
era sufiviente para nossos voos
de reconhecimento, para nossas navegações
de cabotagem, mas nossos êxtases
e ilusões com outros sapiens,

mas, de fato,
e bem sabíamos disso, que era poud
para nosso amor e que teríamos de suportar
prazeres e dores do mundo, para
podermos resgatá-lo
na eternidade!

AINDA DANÇANDO NA PONTE!


Quando a flor sorri,
os sonhos voltam, as ilusões
surgem como novas
fontes,

a imaginação
nos transporta e, de repente,
sentimo-nos de novo, como quando
em criança,

em um imenso,
belo e sublime parque
de diversões, sem nenhum sentiment
de remorso, culpa ou pecado!

AMOR SEM FRONTEIRA


ANOITECER


... em criança,
amava dezembro, o natal,
a chuva do natal;

e tanto
que nesse mês não me permitia
caçar passarinhos

com meu
bodoque feito de forquinhas, couros
e resistentes gomas;

sim, em criança,
gostava da chuva mansa
e da paz que trazia em suas gotas
de esperança,

hoje
lamento por ser eu o vento
e as chuvas

dos quais
outrora me abrigava.

AS COISAS, E NÓS COM ELAS, PASSAMOS!


As flores se foram,
os pássaros se foram, os sonhos se foram;
as donas beijas e as senhoras puristas
também se foram a andarem
entre outros sonhos
___ e leitos por aí;

deixando tão somente
o lamento final da vida a se esvair,
solitária e angustiadamente,
entre as palidezes das paredes
e as silentes escuridões
___ das madrugadas.

Neste estranho cenário,
parece haver outra coisa errada:
enquanto padece o niilista
em esperança de continuar sendo
com suas projeções
___ falhas,

suas mãos choram
inexequiveis vontades de a tudo eternizar
em incontroláveis emoções súbitas
___ e em vivos versos,

que reflitam
às retinas dos pássaros perdidos
e dos que ainda voam com suas resistentes
___ e férteis asas.

AS LÉSBICAS!


... belas,
selvagens,
excitantente delicadas, gostosas
e envolventes,
 
eu vi duas
em comunhão ativa, lábios lindos
e convulsivos se beijando
lascivamente,
 
o amor,
o desejo e a tragédia do espectador
que as quer,
 
mas estão nervosas,
apaixonadas e fascinantemente
doentes e tesudas:
 
cruéis e demoníacas serpentes
se apresentando à minha frente,
sem me permitirem adentrar na festa,
e escancarando-me os sentidos flamenjantes
de intensos gozos únicos!

CHUTES ERRADOS


COMO FUGIR?


A saudade
e a dor são como cicuta
que alto cresce
e nos embriaga,
envenenano-nos,
paralisa-nos,
aleija-nos
e, aos poucos,
mata quem não consegue
suportá-las!

DESBRAVAMOS TUDO!


Navegamos
todos os céus e todos os mares
da terra,
acolhemos demônios
e expulsamos anjos de nossas
propriedades
devastamos, em verdade,
toda a floresta
e quanto a eles,
aos microdeuses humanos, fizemos
como nossos escravos:
eu e ela
nos amamos em todos os escuros cantos,
em todos os leprosários caninos
e em todos os santuários
de etéreas ilusões de alvas máscaras
e de alvos mantos!

ELA NÃO ESTÁ MAIS AQUI!


Amada, por estas
noites nem por todas as outras
noites que virão

tu não estás aqui:

a morte,
com seu negro véu,
foi mais feliz do que eu,

conquistando-te
com a suavidade do sono sem imagens
e te levando com ela para
a eternidade!

EM FRANCA E FORTE CHUVA!


Mais uma chuva,
mais uma mordida no câncer vivo
desta enferma paixão
à nuvem,

onde nos dizemos
amar em sonhos e esperanças vazias,
enquanto nos quedamos epilepticamente
em insânias sem cura;

mais uma vez, sozinho,
elevo o verso ao meio da madrugada
para falar do verme e da flor
mutuamente feridos,

que se habituaram
a viver neste paradoxal ciclo
- bruto e imundo -, onde se proliferam
harmonias lumes e caos sem nexos
quase todos os dias.

ETERNIDADE


... eternidade não existe
no sentido físico de que falam
para o sapiens,

uma vez
que este deixará, um dia,
de existir jogado no meio
das coisas;

portando
é bom estar atento e saber que
a única eternidade possível
para o ser

é a do momento
em que ele sonha, em que ele ama,
em que ele deseja e em que
ele leva para a cama!

EU DECIDIDAMENTE MORRO SEM CONHECER O MAR!


EU NÃO PONHO NEM UMA UNHA NO FOGO


... já perdi a conta
de quantas mulheres disseram
me amar, e o pior, amarem-me
para sempre;

de fato,
elas compõem a maior legião
inconfiável do planeta, porque de me amarem,
a gemerem em outros leitos
sobre picas grandes e grossas
foi apenas um passo.

E, assim,
vão diendo amar ao próximo também,
sempre em idas e voltas
infindáveis,

sempre com
a eficácia e a artimanha idílicas
que não pertencem aos cães.

E, lógico,
vão me criticar por escrever isso,
e eu escrevo com a franqueza do que creio
e por experiência própria:

em caso de guerra
ponha um rato na torre de vigia,
e não uma mulher, ela pode confundir-te
com o amante;

e em caso de fronte severo,
lute, lute, lute muito, mas lute sozinho,
porque, assim que morreres, ela, chiando
e gemendo em cima de um rola,

irá dizer
que também ama
do mesmo jeito a outro homem
ou moleque!

EU NOS DECLARO: INDUBITÁVELMENTE SOMOS RATOS SURTGDOS DE UMA RETAL ABERRAÇÃO CÓSMICA!


... vejo vermes,
vejo ratos, vejo cães,
vejo baratas
desdignificados,
vestidos de branco nas igrejas
como se fossem ministros de Nosso
Senhor,
autoconsiderados
privilengiadíssimos filhoos de Deus;
sim, todos os dias
eu vejo os ratos quando saem
e quando voltam para suas cassas,
após desenorarem, mentirem, quebrarem
juramentos e tratos
para ensnarem
a seus filhos como a serem cada
vez mais, sob o escudo do que chazmam
de amor e fé,
como a serem,
ao crescerem, também igualmente
eficazes e sujos ratos, de anjos
disfarçados!

EU SEI DE TI


FLOR DE INVERNO


... era aquela
flor, em forma angelical,

que nos distinguia
dos demais humanos, imaginando
que pudéssemos conquistar infinitos
e sublimidades sem iguais

e que, por me fazer
amá-la tanto e depois partir para a fria
e infinita hospedagem
da morte,

deixou-me sozinho
a carregar ilusões e pesos humanos
neste mundo de figuração
junto ao lamaçal!

HORA VAZIA XIX


Cruzei o deserto mais solitário,
enfrentei o inverno mais rígido,
adentrei a noite mais densa,

enfrentei os monstros os deuses
mais poderosos,

cruzei mares e oceanos ácidos,
deparei-me com a morte por várias vezes,
sempre te procurando e clamando
por teu nome,

tudo para que,
no momento em que te achei ali descansando
naquele silente e branco leito
esplêndido,

e, quando me aproximar
para de ti me despedir antes de tua eterna partida,
impediram-me com veemência acusando-me
de ser o responsavel pelo mal
que te acometeu

e condenando-me
a jamais ver de perto esses
lindos olhos e a continuar te amando como
sempre fizemos:

com projeções
além, muito além, da visão
e da luz e da lua
dos homens!

MÁSCARAS INDECIFRÁVEIS


"... e o Sr. Baten Kaitos,
ou Thor Shaitan, ou Thor Menkent,
ou Archenar,
ou aldebaram, ou Beowulf,
de tantas palavras,
de tantos sonhos,
de tantas lendas,
de tantas coisas,
de tantos propósitos e nenhuma
verdade,
é, sim, um cão
do diabo";
disse-lhe
um anjo de branco
emplumado.
"Parabéns,
pela perspicácia, nobre anjo,
mas é exatamente
desses pseudoestares mentais,
que por covardia evitas cultuar
e te limitas em apenas
dos outros
reparar,
é que não
te é permitido sentir também
de minhas angústias, de meus receios
e de minhas dores.

MISSAS E PROCISSÕES


... conta-me
da missa, da missa
sapiens,

da missa
que supões que eu não
entenda ou não
conheça;

alivias-te,
enquanto ainda és imensidão
em matéria:

do ser,
o cão saiba mais provavelmente
das sombras imanentes

do que
o que ele, em luzes vocálicas,
projeta!

MORTE DE UM FLORIR ABSURDO


Quis ser
como os poetas tristes
para dar-te o verso certo
nos momentos
incertos.

Quis ser como os anjos
alvos para apaziguar-te os ermos
e cingir de paz tuas
angústias.

Quis ser como os mitos
impávidos para dar-te sonhos de asas
e livrar-te dos rastros dos homens
que edificam magníficos
templos.

Mas a única
coisa que pude ofertar foi a celebração de mim
mesmo, como um frágil vaga-lume
noturno a querer amar,

em êxtase,
a florescência mortífera
da luz.

E foi assim
que me quedei,
desterrado do que não
pude ser, e sob a esqualidez de tua ausência,
em meus próprios precipícios
rasos.

NÃO SOUBERAM TE AMAR COMO EU!


... e quando ela chegava,
e com saudades nos dávamos gostosos
nós às bocas,

e nos abraçávamos
e nos lançávamos na cama
com seu lençol branco, liso e todo
arrumado,

juntavam-se
o amor sublime, o desejo incontido,
e se fazia outro nó abaixo de nossos
corpos,

entremeio
a gemidos de prazer, um pouco de puerícia
no jeito de nos querer e um sol
que nos queimava
por inteiros!

NECESSÁRIO CONTROLE


... mas que
mistérios envolvem a paixão,

o desejo e a fantasia
promíscua.

permitindo que,
se não dominados, eles matem

até a um grande
e inequívoco amor?

NO ESCURO!


Em meu sonho desta noite,
uma multidão de anjos te ovacionavam,

alguns em teatrais júbilos,
outros em voos malabaristas,
outros ainda em masturbações dissimuladas
ou escondidas;

e eu estava em um lugar
de onde não conseguia sair
e de onde apenas conseguia te ver
e a eles te amando e delirando
como cães famintos,

num lugar sem sol,
onde me era impossível me levrar
de minhas próprias chuvas
de mortais fogos!

NO SILÊNCIO NOTURNO


Noite sombrosa e fria. Em mim há lagos de fogo a me queimarem o pensamento que me entorpece.

Hoje, todos os fantasmas, de todos os tempos, reuniram-se e tramam para me levarem a seus reinos sombrios, enquanto a suave brisa compõe a última sinfonia.

Fora de mim, nos semblantes que omitem suas dores em risos ébrios, e nos corpos que apresentam desejos despudorados em curvas ocultas, contemplo flores se apodrecem inadvertidamente pelo caminho, sacrilejadas pelo tempo que lhes viola futilidades ás avessas.

E os cheiros almiscarados, a exalarem das flores cadentes, trazem a fragrância à medida certa, para manter em mim a frágil chama - quase apagada pelo vazio que se me assenta severamente - e mascarar minha iminente partida, contra a qual luto em suspiro final.

Próximo à manhã, tudo parece ainda mais estranho e surreal. Sinto que a vida de mim também se vai esvaindo lentamente.

Uma suave brisa me acaricia, leve e mornamente, o corpo frágil, como que a afagar meus derradeiros murmúrios supliciados.

Então, a pequena chama residual se me contorce em mínimos feixes de luz, prenunciando o fim que se aproxima o momento seria trágico, não fosse meu anseio pelo sono derradeiro que viesse me aliviar minhas angústias mais severas, mergulhando-me no apagamento eterno e me libertando da prisão em que me encontro.

O CIRCO CHEGOU!


Neandertais amanhecem
embriagaos em ondulações lumes,
a descobrirem os pálidos véus
das sombras inocentes

e a adornarem os vazios ermos
com plenitudes figuradas.

Pelos chãos pavimentados
de melodias chilreadas por pássaros
azuis e de cheiros aspergidos
por flores madrigais,

caminho buscando
algum sentido em cada ato
e em cada passo entre o estranho
magnetismo da coisas,

não obstante
sempre me afogando em algum rio
de turvas águas, ou em alguma
viela escura e alagada.

O DESERTO CONTINUA


... cansei de andar
e de me cair entre as pedras
dos sapiens anjos;
em verdade,
eu digo que, enquanto as andorinhas
e os tentilhões dizem amar,
deseja e fodem,
eu estou tendo
cada vez mais certeza de que
o melhor deslize está
é nas sombras!

O DESERTO ESTÁ ME CHAMANDO DE VOLTA


... outrora,
com a flor do inverno, choveu
tanto, tanto, tanto que me transformei
na própria escura e fatal
ohuva,
que a tudo
alagou e eliminou com a carestia
de oxigênio para que pudessem respirar
os dois amantes tolos;
e agora o deserto
me pede de regresso, como que
a exigir que eu me volte a suas dunas
secas,
onde predomina
a solidão, a ausência de sonhos,
de imagens e de palavras, bem como
a má fé que dissimuladamente carregam
em si
alguns anjos
que desejam visitá-lo, escondidos da lua
e das estrelas, para nele (e com ele)
fazerem amor sob sóis
e sombras a pinos.
Não, não,
mas o deserto não quer sonhos,
nem ilusões, nem palavras, nem amores
e sexos com anjos sapiens,
o deserto está sedento
e faminto e grita por meu regresso,
e me quer, e me seduz até que eu não
mais resista e passe a ser-me
o próprio deserto!

O DORSO DA AVE E O CANTO DA FLOR


Você constrói
um sonho de manhã
pensando-se um grande rio
para conduzir,

em suas águas sanhas,
aquele barco que chegou de repente
em sua vida;

ou se imaginando
uma águia para levar, em seu dorso voador,
aquela flor que te seduziu
com suas pétalas nuas
e com seu aroma
inebriante;

após as intempéries
dos caminhos pelos quais você
andou com ela.

Quando chega a noite
e se parece findar o tempo dos dois,
ao se olharem nos olhos
um do outro

e verem seus verdadeiros
reflexos espelhados, você descobre
que seu rio não existe,

e que o barco
que imaginou não existe,
e que no dorso do que se pensava
ser de águia,

você carregava
uma metáfora mal acabada,
em peso púmbleo angústia
e dor!

O FIM


Eis-nos aqui,
depois que o manto escuro
da morte nos cobriu quase que
completamente;

ainda assim aqui estamos
a tentarmos - angustiados e sufocados -
a tentarmos desembaraçar esses finos
fios à nuvem;

e isso deveria
responder a todas as suas dúvidas,
originadas de inseguranças, ciúmes
e possessividades:

as passadas, as presentes
e até as futuras que surgirem em uma possível
morte eterna deste resistente
amor de chuvas.

O GRANDE ENGANO


Não era eu
aquele que, outrora, dizia
te amar;

nem era eu
aquele que, moucamente, se colocou
em teus lumes regozijos
a acreditar;

não era eu
aquele que com as mãos se colocava
com os braços a te envolver
e com as mãos a te
acarinhar;

nem era eu que,
com o pau hasteado, adentrava-lhe
a vulva em fogo às mornas
noites de luar:

era apenas
um de meus mais
sedentos e famintos fantasmas que,
ao ver-te as dissimuladas sombras,
tomou-me o lugar.

O ÚLTIMO ENTARDECER VERMELHO


POR QUE VOCÊ CHAMA AS MULHERES DE PUTAS, THOR MENKENT?


PRECIPÍCIO!


Do fundo deste precipício
que em mim resiste,

ainda me lembro
de nosso glorioso amor

que foi inexoravelmente
vencido pelo espresso e poderoso
desejo

sob golpes
de chuvas de fogo, de traições
e de golpes fatais às desatinadas
almas,

que nos levaram
à eternal e horrorosa
morte!

RASCUNHOS IDÍLICOS


Líquidos diáfanos
se escorrem pelos cernes
úmidos do ser,

de onde se levantam
esplêndidas ilusões e magníficos
castelos,

despercebidos das fragilidades
imanentes das próprias
bases.

SER HORRENDO II


... isso,
compremos carros,
luxuosas casas, vamos para
as praia curtir um céu
___ ensolarado,,

deixemos
um monte de grana
nos motéis da cidade, onde
comemos nossas putas
___ angelicadas;

usemos
nossos melhores ternos
e gravatas, façamos de nossas palavras
uma força para convencimento
___ de massas;

mas não nos
esqueçamos, hipócritas, que o niilista
sempre fala que, enquanto isso,
crianças ainda morrem de fome
___ e maltratadas!

SOMOS EXATAMENTE ISSO!


ó virgens e santos,
ó homens e putos de toda estirpe,
ó pássaros e andorinhas
de suaves cantos,
qual a verdade
contidas nos palcos e espetáculos
apresentados por aí,
que não contenha
o silencioso contraponto do verbo
que a profere?

TODA ILUSÃO


TU ME ÉS ESSENCIAL!


Ausência de luz que liberta,
quando o céu se derrama em chuvas
e fogo
e os sonhos,
e as ilusões e as esperanças viram
inferno
na hora avançada
deste deserto, onde somente tu
consegues me manter um pouco ainda
nesta existência incerta!

UM AMOR SUICIDA


... de tua
sombra sobre minha sombra
se fez a maior de todas
as desgraças,

absurdamente abusiva,
retardadamente enlouquecida,
imperdoavelmente apodrecida,

e tanto,
e de tal modo que,
querendo ou não agora lutar,
a morte física

é a única coisa que
nos espera.

A BELA FÚNEBRE


Ela tinha algo
que eu não entendia com Tánatos,

um amor insano,
um desejo inexplicável,
um impulso descontrolado,

tanto que fantasiou
transando comigo como se
eu fosse um defunto;

e ela tinha,
paradoxalmente, uma luz
que eu não entendia, que não
se apagava em mim:

sim,
ela foi o maior amor
e o maior martírio
de minha vida!

A FLOR DO DESERTO IV


... ontem estavas
tão bela que observei cada detalhe,
inclusive o formato da sombrancelha,
o cabelo amarrado ou posto
para trás,

os trejeitos,
a calma no falar e o sorriso,
embora meio triste, graciosíssimo;

e, então, eu pensei:
"Quer saber de uma coisa? De vários
modos já a amei, mas nunca ainda com o branco
silêncio dos olhos;

e conversávamos,
e conversávamos,
e conversávamos,

e tive um orgasmo mental
violentíssimo, desses que só em sonhos
de reinos encantados se tem,

destes que,
como sorrisos e lágrimas escondidas,
ninguém vê!

A PONTE


A vida é como
uma imensa e exuberante planície,
e nós como cervos a lhes
pastarmos a ramagem;

vez em quando
alguém vem em sentido contrário.
gritando desesperadamente:
"corre, corre, corre",

em fuga e alarme
por, de repente, ter descoberto
um predador,

disfarçado
no meio do rebanho ou escondido
entre a obscura
folhagem.

APERSAR DE TUDO, JUNTOS!


Íamos, entre trancos
e solavancos, a andar pelo caminho,
e eram nossas as noites, os dias
e deles todos os tresvarios;

tínhamos, sim,
afinados discursos de eterno amor,
feito a dissimuladas
fantasias;

e assim íamos
nos descobrindo, cada vez mais,
as frágeis bases de nossas
elevadas alvenarias;

até que nos veio
a angustiante e definitiva morte
em uma grande
noite fria,

dando inexorável
fim ao espetáculo de tantas atuações
com as quais tentamos esconder
nossas sombras e vazios.

AS TRÊS ESCOLHAS


ASSUMIDAMENTE HUMANO


Não creias
as palavras voláteis
e os versos mal traçados
do poeta niilista,

nem trilhes
pelos caminhos que o cão traça
por entre os palcos
da vida;

porque dizem por aí
- e constato -
que eles são cheios de sonhos,
pedras e precipícios.

CADÁVER QUE RESISTE


Há uma canção
minha que morreu contigo,

há milhares de poemas
meus que morreram contigo,

há algo em mim
que ficou ferido, e não cicatriza,
depois que partiste,

eu já não sei mais
de meu EU ou se simplesmente,
em alucinado suicídio, já tornei-me-me
cadáver andante que não
mais existe.

COMO A BRISA


... sinta o vento,
ouça o silêncio,
vai bater uma punheta,
ou qualquer coisa
besta:

as palavras
só servem para alegrar
os palhaços tristes

e para levar
as puritanas para uma cama
fodida:

eu gosto,
quando escrevo.
é do verdíssimo silêncio
da floresta!

CONTIGO NUNCA HOUVE NEM HAVERÁ UMA ÚLTIMA VEZ




... às vezes,
saio a andar sozinho às madrugadas
vazias, onde até os fantasmas
parecem estar dormindo
e, quando olho
para as estrelas parece que ainda
te vejo voar e navegar
por ali.
Nesta hora,
tudo se me lembra absurdo e intenso,
a palidez de teu lindo rosto,
teu olhar
faiscante, profundo e encantador,
o cheiro do perfume que usavas ao (lindamente
com seu vestido transparente)
me receber-me
em teu jardim de flores e de sonhos,
de receios e de medos, de luzes
e de sombras.
Quando volto para casa,
já quase ao amanhecer, choro pelo
novo dia que vai nascer, sem tu estares
mais aqui para eu, pelo menos
mais uma vez,
te ver!

DEUS E O SER


EGO: O MAIS IMPORTANTE E PODEROSO ESCUDO!


EGO: O MAIS E MAIS PODEROSO ESCUDO!

Se o homem
não se escudeasse em si mesmo
contra suas próprias
irrazoabilidades,

encontraria
talvez alguma inocência maior.

Em vez disso,
forja seus deuses e seus desvarios
em figurações sobre-humanas,

mas caem fatidicamente
quando percebem que também seus deuses
e suas imagens mostram seus
submundos imundos."

EM CERTAS NOITES


Em certas noites,
ela chegava tentando esboçar
um sorriso amarelo
como quem tenta levantar
mil toneladas,

acomodava-se em silêncio
e, de repente, começava a manusear
o verbo volátil como um hábil malabarista
de adagas afiadas;

e eu, espremido
entre a tentativa de manutenção da calma
e a entenebrecida vontade de reagir
com o ego em chamas.

Sim, em certas noites
- prolíficas em chuvas e sombras -
não parecia ser ela
que estava ali na minha frente,
com o siso do ego
inflamado.

Nestas noites,
dava para perceber
a dolorosa confusão que lhe havia
entre paradoxais labirintos
da mente,

como que perdida
entre sinuosas trilhas de lava-pés
tendo que decidir, sufocada e angustiadamente,
que caminho tomar com relação
a nós dois,
​​​​​​​
que nos pendulávamos
incautos entre o voo e a queda,
o amor e a cólera, a loucura e a sanidade,
a vida e a morte, enfim.

Sim, dava até para sentir
os gritos de dor
como que a pedir socorro,
ao grande sonho de nuvens brancas
que se iam tingindo de sombras
nossas.

EM CÉU ABERTO


Estava mais uma vez fora do ninho. E eu tinha uma péssima mania de deixar a porra do seguro ninho.

De repente, ouvi um barulho naquela trilha entre a mata. Já havia começado a escurecer e a noite se antecipava. Nem sei como eu, esperto, não reparara. Ali estava eu, só eu, Deus e o diabo.

E a desgraça do barulho em minha mente fez um estrago tal que saí em disparada, com meu bodoque na mão.

À mente, viria o castigo pela matança de pássaros. E o monstro que nela se criou, quanto mais eu corria mais se aproximava.

Cheguei, em um momento, a sentir o roçar de suas garras às costas, mas eu já era meio cãozinho e estiquei-me para frente para escapar de sua pegada.
E corri mais, e mais, e mais, até chegar a uma porteira, de frente para um bar onde homens tomavam cachaça.

Foi a única vez na vida que agradeci a Deus por ver um sapiens na minha frente.

O monstro ainda rosnava na mente mente quando cheguei em casa. O monstro morou comigo, andou comigo e cresceu comigo.

O monstro era o próprio cão niilista que ali se formava!

EU FICO COM AS PUTAS TRISTES, OBRIGADO


Os anjos
e os menestréis amam as flores
primaveris, as nuvens que se assemelham
a branquíssimos algodões,
as beldades
mais lindas, mais gostosas e mais rimetizadas
de todos os lugares e estações,
os voos das águias
mais esbeltas, espertas e sensualmente
vadias,
o poder de poderem
ritimar, amarrar, sodomizar e foder
como querem as mansas e meigas putas
que querem arrancar-lhes um pouco
de dinheiro e de status.
Ora, pois, é por isso
que existe o cão, que ignora deles as vaidades,
os grandiosos soluções e as fétidas
cagadas
e vai servir,
com satisfação, flores consideradas pore les
menos nomes ou putas sem recurso,
mas que, na verdade,
põe-lhes na algibeira quando se trata
de amor, de desejo, de emoção,
de respeito e de educação!

FRIO ÚMIDO


FRUTOS DO SOL


Sob os raios
intensos do sol,

lentros,
estúpidamente enganados
e soberbos

andam os homens
com suas senciências, com seus desejos,
com seus impulsos e com suas
pseudovastidões.

Onde já se viu a real sabedoria das pedras?
qnde já se achou alguma beldade
que de fato supere a fragmentação
sapiens?

E eu aqui,
distante de tudo e preso em mim,
vendo céus figurados e planícies devastadas,
sem poder fazer absolutamente
nada!

HERANÇA


... nunca podemos
subestimar uma relação em que
___ lutmos

contra nossas
próprias imanências humanas
para, nela, colocarmo-nos
reciprocamente
___ sublimes;

os vivos
ainda amam, ainda voam,
ainda fodem e fazem
___ de tudo;

mas
alguns mortos nunca deixam
de enfeitar nossas casas com suas
___ invisíveis flores!

HORA VAZIA


... sempre tive
o péssimo hábito de imaginar que
podia levar tudo no peito,

o que pensava
ser um mar, um céu ,
um paraíso onde houvesse uma possível
paz pela qual lutar,

o que pensava
amar e o que pensava odiar, sempre
transcendendo tolamente a dimensão
do real.

E ela ali,
do meu lado, dizendo-me que eu me andava
longe de mim mesmo,

com meus pensamentos
vagos, com meus desejos bastardos

E com minhas visões
embaçadas,



Sempre

alheio de que nossa sorte

já estava lançada!

HUMANUM EST


IMPACTO!


Ela me disse
naquela plena tarde
de segunda,

naquele
fedido quarto de motel,
ao comunicá-la de que, por ser casado,
tudo se devesse dar
em segredo:

"Que isso, tio,
fica tranquilo, só quero o tronco
duro e grosso, nada a ver
com teus galhos!"

NÃO SALVA UM, E OS ANJOS CONSELHEIROS SÃO OS PIORES!


... em termos humanos,
não importa a cor do cabelo,
o tamanho do peito, da bunda ou o tipo
de xana,

e não importa
se rezam, se choram, se amam, se fodem
ou se se jogam suicidamente
de suas janelas:

diante da proximidade
da semelhança originária, tudo se dissipa
no mesmo sonho, ou melhor,
no abnômalo pesadelo!

NÃO SOBREVIVI


Semienlouquecido
com tua precoce e definitiva partida,

procurei sedentro
outros mares para beber,

do tipo que
pudesse amenizar, mesmo que
um pouco,

meus sóis
em solitários queimores
sem controle:

acabei me transformando
num subrevivente de indulgências
em leitos diversos, entre um
e outro corpo,

com meu corpo em brasas,
com meu coração a sangrar exangue
e com minha alma vazia!

NINGUÉM NOS DESVENDARÁ!


... para dizer
que ama e foder,

basta usar
a boca, as mãos, o corpo
e a rija haste;

mas para realmente
amar e poetizar é preciso,
além disso,

saber dispensar
as chuvas de fogo, os fantasmas
ressurretos e, do chão em que habitamos,
as poeiras que nos impregnam
as inválidas asas!

NÓS PODÍAMOS TER ESCOLHIDO MELHOR!


NUNCA MAIS


Nunca mais queiras
me enganar,

nunca mais
queiras me fazer crer
que realmente me amaste,

nunca mais
tente me devastar com teus ciúmes
e com tua mente e língua
carrascas,

nunca mais
tentes te demonstrar a mim
de um jeito que por tantos anos
tu nunca foste e não és:

never try to fool me again!

NUVEM ESCURA


Nuvem que carrega
esplendores e tempestades,
não sei exatamente quando perdi
minha paz ilhada,

mas ainda me lembro
de quando caminhava por uma estrada
sinuosa e esburacada,
e você chegou sem hesitar,
toda alvissarada.

Ainda não tinhas
a adaga nem o verbo afiado
- eras só flores e sonhos
esplendorosamente anuviados,
que me davas com gosto
declarado -,

isso veio depois, bem depois de andarmos
por serras e montes elevados;
e eu nem me lembro mais
de quando nos caímos pela primeira vez,
mas a terra tremeu sob meus pés
e as sombras balouçaram
às minhas madrugadas.

Até tentei fugir do iminente naufrágio,
mas todas as portas e janelas
já estavam fechadas,
e a bela luz da morte de não sentir,
de não querer, de não amar
já havia inexoravelmente me abandonado;

hoje tomo meu café,
fumo meu cigarro de palha enrolado
e ando pelas avenidas dos vivos e dos mortos,
com o pouco que de mim
haja restado,

que todo o mais a ti também fora
com mesmo gosto ofertado
sob sóis e chuvas,
às noites e às noites ausentes,
entre as brisas e as tempestades ferventes
neste incomensurável, mas ébrio
amor degenerado.

O LIMBO NÃO É TÃO RUIM, AFINAL


O COSMO TREMEU NAQUELE DIA


... quando foi a última
vez que te vi andando pelas sombras
da madrugada

com aqueles
teus olhos de molhados de chuva
não sei;

mas sei que agora,
enquanto os anjos e os santos
contigo festejam nas nuvens em cama
do céu,

enlouqueço-me
angustiado e solitariamente
sob a cheia, clara e tresloucada
lua!

O NEGRO E INDECIFRÁVEL VÉU DA NOITE


O ORVALHO DO AMOR


Amor não se faz
apenas com palavras;
na verdade,
a melhor expressão do amor
é exercendo a escolha
de querer,
comemorando
o momento do estar,
exercendos o ritos embriagados
do desejo:
quer seja no céu,
quer seja no mar,
quer seja numa cama,
quer seja sobre as ruínas
do fragilizado barco!

O PATO FEIO


Posso ser mais
feio do que chute no saco
e mais sem graça e fedorento
do que cinza molhadas,

mas já
se arrependeram comigo,
depois de me mantarei catar mamonas,
por um motivo relativamente
simples;

uma beldade
poder até soltar sua periquita,
uma vez que ela sempre a pode ter de volta
depois de algumas noitadas
e de algumas trepadas,

mas não deve soltar um passarinho
do qual goste ou ao qual imagina amar,
pois ele pode nunca mais voltar
por esta preso em outra
gaiola!

O PERGAMINHO PERDIDO


Por muito tempo
analisei o ser e sua abnormal
condição

e cheguei
a uma conclusão:

ou os espelhos
são enganados de alguma forma
quando refletem qa luz
em nossas retinas
cegas;

ou, de fato,
somos frutos de um severo distúrbio
do Universo!

O VERDADEIRO DEUS NÃO E ESTE SERVO DE QUE FALAM E QUE CRIARAM PARA NOS SERVIR!


... nao há,
na configuração universal isso
de sonho, de amor, de desejo, de dor
ou de culpa,
isso tudo,
como o todo mais são coisas naturais
deformadas pelo estômago e pela mente
do neandertal;
o que existe
é um tempo-espaço com direção,
para nós, única,
onde supostamente
andamos como sendo à imagem
e semelhança de um Deus que não passa,
como todas as demais coisas que agora
há, de uma criação que fizemos
para nos servir!

SEM ESPERANÇAS NO AMANHÃ


Ausentes nas novas auroras,
na chuva que cai ou no vento que entoa
a penumbra: bocas, mãos,
corpos e inválidas asas
em desvelos:

ama-me assim
(se é que me amas) em silente
e sagrado segredo, em mares altos
ou em baldios terreiros.

Mas sem a palavra volátil,
porque meus portos estão todos alagados,
e meus guarda-chuvas estão
todos quebrados:

sente apenas (e escolhe),
que posso ser teu, renascido e intacto,
ou apenas (e novamente) um futuro
pássaro angustiadamente
prostrado.


TODOS OS DIAS


TU ME ÉS ESSENCIAL!


Ausência de luz que liberta,
quando o céu se derrama em chuvas
e fogo
e os sonhos,
e as ilusões e as esperanças viram
inferno
na hora avançada
deste deserto, onde somente tu
consegues me manter um pouco ainda
nesta existência incerta!

TUA ALMA É BEM ESCURA LENDÁRIA


... mas isso
não faz a menor diferença
para mim!

Com que tentas
encher meus escuros vazio?

com as orações
que dizes fazer com tua cruz
à mãos?

Com tua espada
verbal empunhada que te põe
em cruzada contra este
niilista cão?

Com sua ID
visivelmente incandescente que busca
no debate, no paradoxo ou na contradição
algum motivo para os embates
que provocam gozos mentais?

Ou apenas um motivo a mais,
um pardão a mais ou um demônio a mais
para, fingindo-se de anjo, tu meteres,
masturbando-te escondida, tuas
mãos na xana?

TUDO QUE É DO QUE CHAMAM SER É ABNÔMALO!



... devíamos
nos atentar mais a nossos passos
e às luzes que semeamos e que semeiam
___ aos caminhos sapiens,

porque,
embora pareçam a tudo clarear
como se fosse de modo
___ ilimitado,

acabam
sempre, de modo inconscientemente
quando se nos chega a inesperada
___ e eterna noite!

TÚMULOS NÃO ESQUECIDOS


Eu, particularmente
gosto muito quando escreves
poesias com teor filosófico e gótico,
The Flower of Desert.

Abrem ares imprevistos
e vastos. E tua imaginação atravessa
barreiras convencionais e novos mundos
mágicos são pintados em teus
versos.

Sobre cemitérios,
conheci uma pessoa,
em vida, que me pedia para
fazer enterros.

Enterrei
tantos fantasmas por amor,
tão somente porque a amava
absurdamente demasiado,

que me adoeci
em minha própria casa.

Por isso digo
que moradores de cemitérios só fazem
algum mal na mente dos que
ainda vivem,

perdidos neste fantástico
mundo de imagens, antes de seus destinos
serem também selados
com o nada!

UM ESTRANHO NO NINHO


UMA DOR SEVERA E SECRETA


... é absurda
a dor e o silêncio
no deserto,

onde nada mais
dizem nem teus mais terríveis
fantasmas,

onde escondo,
sob a areia quente e seca,
lembranças nossas dos verdes tempos
de outrora,

a angústia
da vazia hora e lacrimosos
rios de saudade!

VALES PROFUNDOS


Bocas regurgitam lumes
tão sublimes que despertariam
anjos e deuses

(se estes existissem),

enquanto úmidos
ventres guardam orgíacos desejos
e anguladas insânias,

em um tudo que se julga
possível o "ser", que pensa poder fazer
alguma diferença,

jogando incautamente
suas faustas e falsas luzes
em meio a nadas.

VAZIOS


VERSOS QUE NÃO SE SABEM


Escrevi
dezenove mil poemas

entre coisas
de amor, de desejo, de erotismo,
de paixão e de loucura;

e até hoje
sinto que nada fiz e que tudo
e qualquer coisa fica sempre em meu poema
não escrito! 

A CONDIÇÃO HUMANA NATURAL É TÃO ABSURDA QUE É IMPOSSÍVEL ACEITÁ-LA!


Pudesse eu
aceitar plenamente
minha própria condição
anômala

e superar
todos os meus lumes,
dissimulados em tantas máscaras
que já usei,

talvez conseguisse
andar nu como as pedras
as noites e as estrelas.

À ETERNA NOITE!


A SENDA


Vazio estava
o lugar que abandonaste o infeliz
que só vivia com dor
e saudade;

então,
em um novo tempo de encantos,
uma recém-chegada flor
o povoou

e, lentamente,
nele floriu, despetalou-se, amou-me
e à esperança minha
renovou!

ATÉ O ETERNO FOI TOCADO!


Em sonho,
eu a vi vestida de noiva,
sob um sol que descongelava
os gelos das mais altas
montanhas,

eu vi os preparativos
dos anjos e dos demônios celebrando
a união entre ela (a luz)
e as sombras

e eu vi quando
o caos original começou a se rachar,
originando um novo conglomerado infinito
de imagens plêndidas,
mas vazias!

CERCADO PELO DESERTO!


O deserto
me cerca de todos os lados,
corroendo-me com
ferrugens

de vazios
e nadas; quase que
se me apagando, inclusive,
o pouco que sobrou

dos pueris
dezembros e natais,
em minha perdida infância
passados.

DECLARAÇÃO


... nesta manhã
de domingo, silente e fria,
___eu declaro ao mundo:

ouve-me,
___ mas não me creias;

já fui lavrador
de ilusões em terrenos
___ baldios,

já fui compositor
de músicas para ouvidos
___ moucos,

já fui malabaris
___ de belos fonemas vazios,

já fui até anjo
___ a beber demônias escondido;

antes, portanto,
irdes às nuvens, às esquinas
e às encruzilhadas
___ floridas,

por onde,
pelo menos, podereis dizer
que vos amam ou que
___ vos bem querem,

porque,
deste meu anguloso
e angustiante momento ao deserto
___ (que não passa),

nem isso mais,
sem o morrer das faustas luzes
do palco, permitir-me
___ posso.

DEPOIS DE UM TEMPO


Depois de um tempo,
já se esquece a cor do céu,
exceto pela negritude nas nuvens,
a prenunciarem novas
tempestades;

depois de um tempo,
desmoronam-se os muros e barreiras,
porque já não existe o que
proteger em seus
interiores;

depois de um tempo,
arrefecem-se os sonhos incautos
e as indeléveis vontades dos voos,
porque as carnes se falesiaram
e as asas se quedaram
cansadas;

depois de um tempo,
deixam-se os imperativos
e se apela aos andares divinos,
em repetitivos suplicações
por alívios, redenções
e vidas eternas;

um pouco mais de tempo depois,
após jazida a abnormidade senciente,
já nenhum, nem algum,
nem nada;

a não ser o inexorável retorno
ao apagamento.

E O CAOS NOS CHEGOU MUITO CEDO!


Talvez
nosso grande erro
foi não termos sabido
nos decifrar

na segurança
ilúcida de tuas luzes
ou na loucura congênita
de minhas sombras;

e, assim,
momento após momento, fomos
adiando nosso amaior maior sempre
para o amanhã,

até que, enfim,
no eterno estiar de tuas horas,
chegou-nos inexeravelmente
o tarde demais!

ENTRE DIMENSÕES


EU HONRO TODOS OS MEUS PASSADOS


Enfim,
a coragem necessária para
morrer em paz,
nenhuma tentative mais,
nenhum resgate mais,
nenhuma troca de palavras mais,
nenhuma intimidade mais,
a fria distância se assentou absurda.
não confiaste em mim, e eu já não mais
creio em tua palavra,
ou que teu tão
alardeado amor destranque
sequer um pequeno
cadeado.
Nenhuma pergunta
que se refira a mim ou a minha intimidade
está mais a ti autorizada,
posto que traíste
todas as palavras de confiança
por mim empenhadas.
Mas como honro Ana,
honrarei nossa estada passada,
e deixarei uma invisível mão estendida
neste poético e desértico
palco,
mas só,
e somente só, se tu realmente
de algo de um cão criador de galinhas
vieres a precisar!

FIM DO SEGUNDO TEMPO


INCERTEZAS SAPIENS


Fantasias e razões fragmentadas,
imagens e devaneios esfogueados,
carnes, morros e vulvas excitadas,

concupiscências em esfregadas e gozadas,
dissimulações com sublimes máscaras;
asas de águia inválidas,

fulcros de inverno esquálidos,
almas em estilhaços destroçadas,
ventos e chuvas agitados e descontrolados,

pensamentos e perdimentos vagos,
frios e falésias assentadas,
mortes iminentes a serem consumadas!

NÃO HÁ MAIS FLORES ASSIM, BABY!


NÃO MUDOU MUITA COISA NO DESERTO


Adentrou
o que chamam de ano novo
e a noite continua,

e as chuvas
de fogo continuam silentemente
caindo;

"Talvez não o seja",
eu li ao imenso céu escuro:

um anjo,
com sua luz, mais uma vez.
elucubrou a existência em mim
de alguma tênue luz!

NATURAL E INEVITÁVEL CAOS VIII




... eu afirmo que,
para além do que dizem amores,
insânias, desejos, rumores
e dores,
há o poder de escolha
que, se firmemente feito, nos proporciona
o máximo êxtase
seja em alto mar,
entre as estrelas, sob o luar,
e algum leito branco e excitado
ou em um deserto
desolado!

O CAMINHO DE UMA LÁGRIMA


Quando chegar a hora,
quero me escorrer em teu rosto nuvem
como uma chuva incontida
de lágrimas,
descer pelo teu peito
desnudo, invadir tua alvecida alma
e me morrer ao
teu lado.

PALAVRAS ÁCIDAS


... não adianta mais
me choveres nem me esfaqueares
os supostos intentos (meus),

e de nada adianta mais
tentares plantar-me lumes e flores
com esta tua maldita boca,

enquanto escondes
(sob tuas adverbiais máscaras)
sombras e bolores;

pois também te conheço,
todos os momentos de angulosos fulgores,
como os de laivos e libidinosos
fervores.

PHODA!


Escrevo todo dia,
ainda mais quando estou
triste e chateado,
como, por exemplo,
quando minha beldade vem me encher
a porra do saco,
por algum motivo
qualquer e sem valor como pisar
no chão em que ela está
limpando,
ou ter me esquecido
de pagar a conta da padaria
após eu ter comido a buceta dela
de manhã e na hora
do almoço!

SE O SER SOUBESSE O QUE REPRESTA, EXTINGUIR-SE IA DO COSMO!


SEM MAIS SONHOS!


Eu ainda vou
visitar teu túmulo um dia,

para depositar
uma rosa, vermelhíssima, soberba
em beleza e vivacidade;

uma rosa como tu
que fez parte anos e anos
de minha sombrosa
vida,

trazendo-me
esperançar, conforto e amor e deixando,
quando partiste, tão somente,

no precipício
vazio, saudade, angústia
e dor!

SEREI, ENQUANTO CONSEGUIR, CIRÚRGICO!


Da próxima vez
em que aparecer algum fantasma
e bater à minha porta,

e soprar e meu telhado,
e forçar entrada em minha solitária
casa e chegar assim, como quem já vem
violando, estuprando

e tomando
meus anseios, meus desejos
e oprimindo minha presente vontade
em fraca razoabilidade,

é bem provável
que aconteça o que sempre aconteceu
comigo, ou seja, que eu
vá novamente cair,

mas desta vez,
eu usarei o ensinamento mais precioso
que deixou Clarisse Lispector, quando apertada
com seus sonhos e pesadelos

e terei tão
somente algo a dizer a tuas visagens,
a tua elucubrações e ao que tecnicamente
ruim esteja te acontecendo, para que soltes
tanta dor e lágrimas pelo rosto:

"É segredo!"

SINGULAR CONDIÇÃO


Sendo todos
frutos da mesma singular
condição,
estamos
todos condenados
à essa imensa prisão,
cujos muros
vão até onde nossos pensamentos,
emoções e senciências,
em belas,
faustas reinaugurações,
faustas, alcançam!

SOIS MENOS QUE AS PUTAS QUE AFAGAM


... de vez em quando,
leio poesias que parecem escritas
___ por deuses,

que contêm
narrativas de amores divinos
ou erotismos e sensualidades além da condição
___ sapiens;

às vezes,
eu vejo mais sombras nas entrelinhas
das iluminuras literariamente
___ escritas

do que nas belas
e fiéis escritas por alguns
___ rascunhadas.

TUDO SE TRANSFORMA


Tudo passa, tudo munda:

a infância,
a adolescência,
a vida,

o amor,
a paixão,
o desejo,

os sonhos,
as fantasias,
as esperanças;

sim, tudo passa, tu munda,
exceto me parece, ao que até os quarenta
e sete,

o inverno,
o deserto e o vazio que neles,
desde cedo se me
assentam!

UM CÃO NIILISTA E UM ANJO MASOQUISTA


- Que merda, desta vez estou falando a verdade, Thor.
- Eu sei. Não tens como não falar a tua verdade.
- Como assim? Não estou entendendo.
- Deixa pra lá.
- Vontade de ir para a praia.
- Vá de coletivo.
- Como?
- De coletivo.
- Como é isso, Thor?
- Deixa pra lá.
- O que você está fazendo?
- Gozando no papel.
- Quê? Você é louco.
- Costumam dizer isso, quando leem meus orgasmos.
- Você crê no amor pelo menos, Thor?
- Querida, o erro corre sempre com o vento.
- Como? Não te entendo.
- Ah, deixa pra lá!

VAZIOS INUNDADOS!


Mitos, lendas e anjos
vinham de todas as partes
___ inundando

sua imaginação
com sonhos, esperanças e ilimitadas
___ fantasias;

caro que ela
dizia a ele que isso não a tocava,
___ mas, às escondidas,

isso não
só a tocava, como ela os tocava
___ e se tocava com eles.

Certa noite,
ele chegou e, vendo-o manchada
___de luzes e de porras;

irou-se e quebrou
os vidros, as máscaras todas
e a ilusão falseada que ela lhe vendia
___ há tanto tempo:

"Como não sou
anjo, minto ou herói de cujas companhias
___ tanto gostas,

retiro-te
meu vinho, minha carne,minha poesia
e minha alma
___ vazia!

A MENTIRA É A MÃE DA VERDADE


A SABEDORIA NÃO ESTÁ NA LEITURA DEMASIADAMENTE CEGA!


... um niilista e um poeta
de verdade não lê um livro complete,
com isso perde tempo é os os estudiosos
e os puxa-sacos de escritores e de filósofos
como tanto vemos por aí,
um niilista e um poeta
de verdade não lê mais que umas 5 páginas
de cada tema ou obra, seja ela filosófica, científica
ou como for,
porquer ele mesmo
se incumbe de raciocinar, de imaginar
ou de insanamente fabricar
todo o resto!

A SABEDORIA DO AMOR


... nunca te
ensinara, baby, no verão
e no outono,

é preciso ajuntar,
pedaços de sóis

para que
dois amantes resistam juntos
às intempéries de algum rigoroso
inverno?!

AFOGAMENTO


Há-me um impulso
diferente, que não é mais aquele
que impele o carnal
desejo,

nem o elevado
status de poder ou de honra e glória
terrenos,

isso me havia
quando ela ainda estava aqui
e, ao mundo, eu queria vencer para
ser seu herói, seu mestre
e seu amado.

O que me há agora
é como se eu estivesse imerso em profundas
águas, buscando sobrevivência,

mas encontrando
tão somente angústia, dor e lágrimas
na grande carestia de oxigênio que, silente
e amnioticamente, consome-me!

AMOR DE SAPIENS!


Quando se fala
de amor ou de amizade eternos,

é praticamente certo:
a boca está se enganando,

com palavras voláteis,
elogios abstratos e sorrisos lindos
com covinhas do lado.

Dissimilação
e astúcia para realizar aprazeres
sentimentais, egocêntricos
ou sexuais próprios,

muitas vezes
sem nunca ter testado tal sentiment
aos leitos e aos textos
alardeados

sequer
com uma sincera lágrima!

ANJO E FERA


Quase que
implorando por um pouco mais
daquele tempo onde se misturavam
nossos amores, nossos desejos
e nossos temores negros

é que,
e só agora, posso realmente dizer,
com toda certeza, que um sentimento
maior

(trnscendetal)

que vença
os verbos e as imagens voláteis do mundo
não tem necsssariamente que estar sob uma luz
de neon retroprojetada
pelo sapiens!

APÓS ESSA PASSAGEM, APENAS ONDULAREMOS!



... um manto negro,
preciso de um manto negro,
cor de apagamento imperceptível
a qualquer visão ou pensamento
___ sapiens,

já não quero muito,
na verdade já não quero nada,
porque querer é se condenar a nunca
___ se satisfazer:

só preciso
retornar em eterno repouso ou
em eterno movimento, ou em ambos,
___ disperso e ondulátório,

como elementares partículas
a cobrir toda infinda extensão
___ e possibilidades

e, quiçá,
mesmo sem ter maidsa senciência,
a razão, a paixão e a loucura
___ humanas

poder estar
elementarmente uma vez mais
___ com ela!

ETERNAMENTE SEPARADOS!


Teu corpo
descansa à fria sepultura
e tua alma se perdeu entre elementares
partículas de sombras
e de luzes;

e eu aqui,
exilado e perdido deserto que me fere
como único mal
restante,

como que
a implorar, em silêncio,
por uma rápida e piedosa
morte!

EU NUNCA TE ACHEI


.
.. aí, de repente,
após mais de década,
ela chega e te diz que se
perderam,
alegando
que foi porque eu a traí;
e eu fico pensando
"mas como é possível de se perder
aquilo que sempre fugiu e ao qual nunca
consegui achar?"

EU SEI QUE É DIFÍCIL


Antes de me julgares
novamente, em algum outro momento,

seja com o coração
autopurificado que julgas a ter,

seja com a sabedoria
que julgas ter conseguido,

seja com a moralidade
e a ética que julgas ter atingido,

seja com os rios
que te correm inocentemente aos olhos,

eu sugiro que,
primeiramente, tentes provar

mesmo que
tenhas de fazê-los em meus lábios,
em minhas carnes e em minha
alma,

um pouco só
de minhas angústias
e dores!

EU SOU


é verdade que,
filosoficamente, sou uma abnomalia,
constituindo-me assim

em meu próprio rei,
em meu próprio despropósito,
minha própria sobrevivência ao deserto,

meu próprio amor,
meu próprio desejo,
meu próprio pecado

e meus próprios escvuros,
meus próprios pesadelos
e meu próprio inferno descontrolado;

assim, senciente
e inconvientemente coroado por mim mesmo,
como ouma vela que tenta
se manter acesa,
apesar de tudo!

JÁ NÃO SOU


Já não sou
um belo e encantado canário,
agora não passo de um cão niilista
e sarnento;

já não sou aquarela
em vários e diversificados quadros
agora não passo de um cinza
monocromático;

já não mais um amante
a qualquer flor ou andorinha adequando,
porque de meus olhos se derramam silentes
rios de dor e de saudade da flor
enterrada;

já não sou o gigante
que outrora confrontava Nietzsche, Sartre,
Shopenhauer e até Einstein, entre
Outros,

Agora nem os vermes
como alguns que têm aparecido
neste deserto aqui, deveriam perder sequer
um segundo de seus tempos,

pois eu escolhi ser nada
no nada e não existir no pensar para não
confrontar a minha própria pequenez, refletida
em seus olhares e em suas
palavras!

JÁ SE NASCE PERDENDO


MORTE ABRENUNCIADA


Fora por mim
anunciada a última tempestade,

protestaram
os deuses, os demônios, os mitos,
os ídolos e os homens;

e eu te dizia,
acautela-te, Flor de Inverno,
não tardará para que os efeitos de nossas
más escolhas

nos mostrem
o tamanho dos abismos que se esconde
em nossas almas, tão bem escondidos
por nossas palavras e por nossas
máscaras!

NADA A PODE TRAZER DE VOLTA!


Silenciosa,
ainda bela, belíssima
mas eternamente inalcansável
e silenciosa ficou ela,

e nada,
nem aquele negro olhar,
nem aquele meigos jeito de Lilith
angelical,

nem o perfume
que exalava em minha fragmentada
memória, nem o ausente queimor
de sua pele que me invadia
a carne,

absolutamente nada
pode trazer de volta aquela minha
flor de inverno despetalada!

NÃO HÁ MESMO NADA PIOR DO QUE SER TARDE DEMAIS!


Mesmo que tenhamos
dormido anos de nossas vidas
para tentarmos amenizar as dores
provocadas por nosso insano
amor

e, mesmo já
sendo tão tarde, quase noite,
não vamos mais apressar desgastando
nosso conjunto caminhar

para que,
uma vez mais, e sem esperança
de um novo horizonte onde possamos
novamente nos levantar,

antes que
a iminente, impiedosa e fria morte
venha me chamar!

NÓS SOBREPUJAMOS O HUMANO!


Correm os amigos
e as amantes quando estamos
jogados às portas
do inferno;

com tantos tumores,
como Ana, muitos, mas muitos
espalharam por aí que tínhamos ambos
morrido,

esquecendo-se
de eque o Eterno também é nosso pai:
e eu estou aqui ainda a carregá-la
na lembrança e na poesia!

NUNCA VENCEMOS


O BAILE CHEGOU AO FIM


Pensei que um dia
descansaríamos em caminhos
que não se convergissem
em chuvas de fogo,

ausentes da rigorosa
complexidade de nossos cernes,
dos malfazejos versos
de nossas bocas,

dos rútilos devaneios
de nossas mentes, dos inalcançáveis silêncios
de nossos sonhos e das afiadas lâminas
de nossas fantasias.

Mas, de minha falésia
ao árido deserto, onde não mais podes
me escorrer tua seiva, e de onde
não mais posso descortinar
teus véus,

ainda guardo reminiscências
de teu cântaro esquálido, de tua alma
nevoenta, de tuas enigmáticas
reticências

e de tuas sílabas juncas
a forjarem alvos arrebóis em itinerários
de pseudoliberdade, onde tantas
e tantas vezes te caías
camuflada.

Ainda bem que outros pássaros,
também puristas como tu, apaziguaram-te
com novos sonhos, alegorias, versos,
concupiscências e salivas
ébrias;

ainda bem que não mais
podes me ver com tempestades na retina,
a lutar, enquanto não se extingue o dia,
contra minhas próprias
apocrifias,

que tantas vezes
me conduziram a soberbos voos
e cruciantes quedas - junto com meus
semelhantes sapiens -

nas dissimuladas coreografias
da vida.

O TEMPO É O CAMINHO DA ESCURIDÃO


ONDE O AMOR SE TORNOU ESTÉRIL!


Cansei de chover
e o pior é que não consigo
parar de chover;

já chorei
de saudade, angústia, de dor
e de arrependimento por muitas
coisas que fiz e por muitas
que deixei de fazer
(por) com ela:

agora resto-me isso:
um deserto vazio onde o amor
se tornou estéril!

PERDAS TRÁGICAS


... quando parte
definitivamente alguém que se ama,
há (por um tempo) uma radical
mudança

nos sonhos incautos
nas fantasiações insensatas e nas esperanças
antes emprenhadas pelos entristecidos
seres envolvidos.

Enquanto isso,
fora desse próximo cenário de sofrimento e dor,
na variável e senciente imensidão
do conjunto),

a vida continua a rolar
com seus néons lustrados por entre as árvores,
pedras, ruas e casas
do caminho:

péssimo sinal de que,
nem na morte, o sapiens (embora negue) se comove
realmente

com as desgraças
que ocorrem com seus semelhantes
que moram nos quarteirões
ao lado.

QUANDO O SOL SE FOI!


No dia
em que a conheci,

ela olhou
para mim e, sem dizer
nenhuma palavra, mostroume
seu lindo céu
sereno;

e voamos por todo lado,
e caminhamos ao lado de seus mares,
e nos amamos, por muito tempo,
durante todas as madrugadas.

De repente,
começmos a chover e a trovejar,
reciprocamente, consumidos pelo desejo,
pelo ciúme e pela possessividade,

de modo que não
mais brilhamos nem de noite
e nem de dia.

Hoje,
após sua morte precoce
sobrei-me tristes sombras
e cinzas!

QUANDO SE FAZ DE TODO MOMENTO O INFINITO MOMENTO


Só os tolos sanjos
não percebem que onde sobra a id,
o desejo, a soberbia

em fomes
e sedes insciáveis de canibalismos,
de filosofias, de conhecimentos e de avessos
antropofagismos

é exatamente
onde mais urge a vida, devido
ao insconsciente pressentimenxo da morte
iminente!

QUERER III


... há um minuto
especial,
ao qual
degradamos com a palavra,
mas ele
é, e é sim, especial,
baby;
é um minute
em que não se respira
o amor,
delira-se
e se convulsiona
em ardente febre
e gozo!

SOB O ESCURO MANTO DA NOITE


SOB O LUAR!


Sob o luar
escorre um amor,
grandioso como o mar,

a lua observa
encismemada, enciumada
talvez,

com a ardência
e com o atrevimento com que
o cão ama sua eleita
amada!

SOMENTE A NOITE É PERFEITA


Que de manhã
se plantem sonhos e flores,
pois que depois vem o forte sol e
o rígido inverno a aniaquilar suas formas
e suas cores,

que à tadee
reinem os mitos, os anjos, os heróis
e os demais poderosíssimos mascarados
criados pelo ser, que são que
de sua força contempre.

mas que depois
que seja perfeita e eterna a noite,
reine o silêncio eterno

daqueles que,
autoconsiderando-se filhos à imagem
e semelhança de Deus, com a senciente soberbia,

abnormalmente
única e inigualável em todo o cosmo,
reinauguram a tudo de acordo
com suas retinas
avessas!

THE DEATH OF MY DAYS!


TORNEI-ME A NOITE


... é noite,
faz tempo que é noite,
desde que ela partiu
não mais amanheceu nem floriu;
o inverno ficou
e a noite se alastrou
até que, hoje,
sinto que eu mesmo me tornei
o deserto, o inverno e a própria, fria
e escura noite!

A IMENSIDÃO DO NADA


Sou um cão líquido,
eu reflito espelhos com a coragem
de quem não se ousa olhar
perante eles;

eu comemoro os mortos
porque eles não podem mais usar
nenhum céu ou nenhum desaguadouro
como eu,

nem criarem
mais nenhum palco, compor mais nenhum
​​​​​​​poema, ou se perderem em mais
nenhuma ilusão;

sim, eu espelho
o inferno dos vivos, com seus
abastemas e com suas vesanias tão faustas
e coloridas,

e eu comemoro
com os mortos, beijando-os
todos os dias com
minha língua!

A MAIORIA CONFUNDE DESEJO COM AMOR


A ROSA ESQUECIDA


Ela fora,
humilhantemente,
abandonada
e traída,

mas era
tão iluminada que,
mesmo em imensa
dor e saudade

- do grande amor
que a outros cantos
e a outros sonhos a vida
lhe levara -,

continuava a amá-lo,
ausente e silentemente,
com seu nobre
espírito.

A UMA FLOR DE INVERNO QUE CEDO PARTIU


... nunca mais terei o teu olhar,
nunca mais terei o teu amor,
nunca mais terei o teu corpo
em minha cama,

nunca mais
sentirei o perfume ou beberei
o doce néctar de tua bela
flor,

nunca mais
me darás tua presença templária,
nem tuas cores lendárias,

nunca mais
me falarás de teu deus que nos dava esperança
de juntos vivermos
na eternidade,

nunca mais,
nunca mais,
nunca mais, teceremos juntos
os dourados fios das noites em que
nos amávamos!

AINDA ME LEMBRO DE TUDO


Lie to me,
dizia a canção que me faz lembrar
de nossas noites passadas,

onde eu te dizia
que se um de nós se perdesse,
por algum motivo qualquer,
o outro também se perderia;

e assim foi
nos cafés-concertos, nos céus azuis
dos urubus, nos leitos concupiscentes
dos anjos e para todo lado;

e hoje eu fico
pensando em quando falávamos
de Bukoski, o velho safado, bêbado
e comedor de ovelhar,

quando ele escreveru
"era tarde demais, e não há nada pior
do que ser tarde demais";

e eu hoje
eu já não sonho nem digo mais nada,
sem tu aqui nesse mundo,

eu apenas bebo,
fumo, toco uma ou outra punheta.
como uma ou outra galinha e volto sozinho
para aquela nossa cabana que fizemos
ao inverno, para esperar que
a morte me leve
congelado!

AMÁVAMO-NOS SEMPRE EMBRIAGADOS!


Que lamentável
destino deste grande e arrogante
verme,
sobrei-me
restos de tua magnífica
árvore,
sobre cujas
sombras tantas vezes
te beijei, te amei e descansei
meu insano cerne!

AMOR: UMA JORNADA!


... isso de amar
por amar é coisa de superfície
e de fraquejados
___ frustrados,

a maior
prova de amor, aprendi
com somente duas
___ pessoas:

e foi a de,
apesar de minhas falhas
e de meus problemas,
___ comigo ficar!

AUSÊNCIA


... depois que ela
se foi,
deixou
um rastro de luz sobre o barro
podre em que andávamos;
possuído
pela solidão, pela dor, pela saudade
e pelo desejo de a ter
novamente,
comecei
a seguir os vestígios deixados
ansiando também pela morte tão bela
e sensualizada!

CADA PEDAÇO!


Só os loucos
e os poetas usam a lua, o sol
e as estrelas para falarem e comporem
sobre o amor
(os cães usa a senciência
e os próprios sonhos, fantasias e impulsos
abnormais com que foi jogado
neste mundo),
pois tanto a lua,
como o sol e as estrela, em franca análise,
não me parecem mais que framentos chorando
lágrimas acesas de solidão
e de dor!

CHÃO, NADA MAIS QUE CHÃO!



O bestiário urbano
faz com que esse cão niilista
grite

pelos pousos forçados
das aves,

pelas lágrimas aos olhos
das virgens,

e pelos inevitáveis naufrágios
dos mitos,

tudo em função de seus
egos

fornicados às inchadas
superfícies.

COMO A BONECA RUSSA EM CASA DE SILÊNCIOS


... os ontens
e o que é do mundo,

tantas portas
e janelas abertas,

ventando para
todo lado;

e eu, o tempo todo,
estava dentro,

ali no escuro
do quarto fechado,

sem que pudesses
perceber

que eu não
queria apalavradas sempiternidades,






mas apenas um sentar
em sincera paz

ao meu lado,

e, se possível,
algumas flores esparramadas
pelo escuro chão
do quarto.

COMO DIZEM


DESTA NÃO VOLTAREMOS


... os vigorosos,
explêndidos e claros dias de outrora,
em que nos amávamos como
deuses alados

foram perdidos
primeiramente em insane desventura
e chuvas de fogo; e,depois, para lindos
e negros braços da morte;

sim, as coisas
eram mais coloridas, mais sublimes,
mais harmoniosamente extáticas
e infinitas

e, sempre que
nos desentendíamos regressávamos
da morte; mas esta é uma morte
da qual nunca se regressa!

DOR E ANGÚSTIA!


Por que motivo
me livraria da dor e da angústia
de meu árido e silente
deserto,

se elas ao menos
me inspiram essas tristes,
amargas e tortas
poesias;

enquanto os pássaros,
as borboletas e as mariposas
só me levam aos lugares
comuns

de suas fluorescências
cegas?

EM UMA NOITE DE SERENO INSÍPIDO


Em uma noite
de sereno insípido,
o marujo dos mares e das eras
abarcou-se, com o corpo hígido,
às vagas de uma flor de
quimeras.

Em meio
ao alvoroço das águas superficiais,
palavras incautas moviam rimas
plácidas,

desejos ávidos
extasiavam corpos cálidos,
e enlaces dádivos polinizavam sonhos
artificiais.


Enquanto isso,
às eructações dos ventos uivantes,
lendas regozijavam com verbos
espuídos,

a hipnotizarem
as retinas cegas dos amantes
com histórias de seus grandes feitos
exequidos.

Até que,
com os novos céus cingidos
por florescentes imagens
encantadas,

acabou o marujo
com a alma estiolada;
e a flor, com as quimeras
multiplicadas!

ESSA DOR NUNCA VAI PASSAR, ANA!


Um ano,
faz exatamente um ano
que tu te foste me deixando aqui
neste mundo cheio de coisa
alguma;

faz um ano
que conrtinuo te buscando na lua,
nas estrelas, nos oceanos, e nas luzes
e escuridões das noites;

faz um ano
que continuo a te procurar no no deserto,
nos cafés-concerto das cidades, dos castelos
e dos céus dos anjos;

faz um ano
que continuo te aguardar, mesmo
já quase morrendo de frio, naquela cabaninha
que fizemos para nos amar
ao rigososo inverno!

ESSA VIRGINDADE NÃO FOI TIRADA!


... beijou,
amou
e deu, deu muito,
mesmo assim,
morreu virgem por nunca ter
sido decifrada;
tarefa essa
que suplicava a um tal cão
do diabo,
que por lhe
perceber inavegável sem fatal
afogamento,
não conseguiu
evitar que partisse, pelas sujas águas
daquela maldita pinguela,
levada!

ETERNA MÃE


Ele a perdera estando ausente,
mas numa noite, meio enlouquecido,
talvez pelo remorso de sua
covardia,

quis encontrá-la novamente,
e a qualquer custo; então saiu desnudado
pelas rua, sob uma suave
noite escura.

Acima, havia a lua
a contemplar, de esguelha, a estranha cena
e as estrelas se escondiam detrás
das encharcadas nuvens.

Agora era ele,
com seus 45 anos surrados,
cansado e à sua procura
dela: a perdida luz;

e viu, ao longe,
enormes montes, em cujos itinerários
haviam ainda mais sombras
e abismos vazios.

Não era corredor,
muito menos tinha a força de outrora,
mas ainda assim pôs-se
correndo a curso;

ao caminho,
havia pedras e fantasmas terríveis
que lhe atravessavam
o caminho.


Quase, quase esvaído,
pôs-se a cair uma espessa chuva,
como que em doloroso choro
vindo dos céus;

e sob a chuva
- salgada - uma voz ressoou-lhe
candidamente:

"Por que te sofres
tanto e por que me procuras,
se - mesmo daqui de tão longe -
sempre estive com você,
meu filho?"

EU TE FALO COM VERSOS!


... na presença sagrada
em minha mente, quando me vens
à lembrança,

agora que
não podes mais por ti mesma
seguir,

eu ainda te darei,
pelo pouco de eternidade que me restou
por quanto viver,

o meu amor,
os meu versos rebelados,
os meus sonhos mais purificados
e os meus desejos mais
bem guardados,

até que meus ruídos
também deste mundo se calem!

HÁ MOMENTOS EM QUE O SILÊNCIO E A ATITUDE DIZEM TUDO


Na delicadeza,
na espiritualidade
na sublimidade

como no fervor,
no rancor e no extremos
desejo que às vezes
se nos invade,

convém deixarmos
cessarem as vesanias e as palavras
e aflorarem de modo intendo
os sentimentos!

INFINITUM


Em universos infinitos
que inventamos para amarmos
a deuses, lendas e mitos,

costumamos ser
muito mais frios e cruéis do que
nossos semelhante pares

que escondem
as asas dos sonhos, para se foderem
aos falesiosos e obscuros
chãos.

LOUR


Quero esconder-me
nas paredes da nova casa,

a casa que aguardou meu regresso,
com meu fiel espelho pendurado
na sala;

quero retornar
à casa nova com nossas noites de amor,
de chuvas de fogo, de incontroláveis
desejos e também de severos
pesadelos.

Não quero mais ficar
adoecido da sepultada, qnquanto me aguarda
e me acolhe a casa nova,

que, como eu,
não acredita em amores infinitos,
mas que sabe fazer com que o momento
se torne perpétuo!

MEU MAIOR ENGANO


Houve um tempo
em que andar contigo parecia
ser tão grandioso

(em amores,
sublimidades e sempiternidades
ofertadas;

e, diante de
imagens e pedras ao caminho, demonstrou-se
tão limitado

(mas tão limitado)
que não moveria nem o mais
misantrópico dos anjos.

NÃO PODES MAIS SENTAR-TE UM POUCO COMIGO!


... não podes mais
vir sentar aqui do meu lado
e falarmos sobre teu mar e teus mitos
ou sobre as estrelas, o caos
e as singularidades;

não podes mais
vir aqui tomares um vinho,
e, depois, dançar um pouco, e depois
fazer amor a noite toda
comigo;

não podes mais
sequer ir comigo à beira do rio
que colocamos para corre ao lado de nossa
cabaninha, que fizemos como
nosso ninho e abrigo;

não podes mais,
não podes mais,
não podes mais nada, Ana;

mas eu ainda posso
sonhar e manter-te e a tudo que fora nosso,
em mim, ainda vivo!

NOITE INESQUECÍVEL


Chegara de madrugada
em casa,

perfumado com o cheiro
e arranhado com os espinhos
de uma fulga flor
de inverno

- ela entendia mesmo
sobre chãos
e era uma fulgurosa puta
na cama -;

ao portão,
esperava-me um corpo cansado,
olhos lacrimejantes
e suaves mãos,

para curar-me as feridas
e ensinar-me,
dolorosa e silentemente,
sobre o amor e as sublimidades
do coração.

O DASEIN E O MUNDO


O FIM?


... o desejo
é bom e gostoso,

o querer
é fatalmente delicioso,

a soberba
e o ego nos faz pensar que
somos gloriosos;

mas nada,
absolutamente nada,
se equipara à sua mão encostada
na minha

e ao amor que,
independente da luz e da penumbra,
vence o mundo.

O INTERIOR DO DESERTO


... fragmentos
fantasmagóricos estouram
para todos os lados de minha
mente,

(Ana, antes
de partir, deixara ao deserto
um absurdo um estrado):

cicatrizes mal cicatrizadas,
o chão coberto por cinzas de chuvas
suadas,

ataques
de erotismo me moveram à altura
de poucos metros, mas incapazes de
manter abertas minhas
asas;

do escuro
e dos restos que me sobrei
à singular secura de mim mesmo,
amaldiçoo os céus,

o sol dos poetas,
as estrelas das inspirações
e os sapiens anjos que bancam
os profetas!

O QUE POSSO FAZER?


... nem comer bocetas
tira essa dor tão acentuada!"
... lembrar de ti é dolorido,
sonhar contigo é horrível,
lembrar-me de ti é extremamente
angustiante,

eu eu sinto,
após tanto tempo, que estou
mesmo completamente
ferrado,

porque contigo
o esquecimento é impossível!

PESOS E PESADELOS


Há pesos demasiado
excessivos ao ser humano.

Há ocasiões
em que se dobram até os mais
fortes joelhos.

E, essas horas,
invocados são todos os deuses para o utópico
sonho de um amanhã
mais ameno.

Sim,
sempre o dia seguinte:
Só ele contéem tanto o contraveneno ao presente,
como o alívio do apagamento!

QUEM DIZIA ME AMAR, ABANDONOU; E UMA FLOR SE ME RENOVOU


... ela apareceu
e me viu ali, perdido e estirado
em um deserto sem
sentido;

e, no início,
eu nem liguei, confesso,
mas, ocupando aos poucos
meus pensamentos.

aquecendo meu coração
e queimando meus sentidos,
ela se tornou como um brilho em meu
exílio,

como uma linda
lua cheia a clarear meus severos
escuros frios!

QUEM NÃO TEM ERRO OU PECADO, ATIRE A PRIMEIRA PEDRA


QUERES AMAR EM MIM É TEUS NÃO PRATICADOS IDEAIS!


Pedes-me
palavras dádivas, sublimes e alvas
em um poema de amor,
e digo que não,

e não devias nem
ter pedido uma coisa dessa, logo a mim:
um incorrigível
niilista;

porque tu
não irias gostar de saber
o que está verdadeiramente por trás
de nossas sencientes razões
e emoções,

porque tu
não gostarias de saber
o que as estrelas já presenciaram, distantemente,
de nossas tão espetaculares
como dissimuladas
atuações.

SE SOU SAPIENS, NÃO SOU CONFIÁVEL II


Que certeiro o tiro
disparaste com tuas elucubrações
e com teus afiados verbos
transitivos:

desvendaste-me
as quedas e os extravios,
e atingiste, em cheio, as escondidas
sombras de meu cerne,
​​​​​​​
fazendo-me escorrer,
inclementemente, em sangue
lodo e fezes!

SEM CHANCE!


SEM MAIS A MENOR INOCÊNCIA!


SEM TI, TUDO SE TORNOU DEMASIADO VAZIO


... apesar
das pernas cansadas,

apesar
das retinas já tão
fatigadas,

apesar
de todos os sonhos e esperanças
já terem naufragado,

apesar
de saber que nunca mais
terei tua palavra dedicada ou teu
abraço amado,

apesar de todas
as dores, de todas as angústias
e de todas as saudades,

apesar
de todos os faustos anjos,
de todos os demônios e de todas
as desgraças

ainda
caminho nesta vã estrada,
agora, sem ti, cheias de destroços,
de vazios e de nadas!

SIM, O CÉU DOS VIVOS É QUE SEMPRE CHOVE!


Defuntos não fedem
como dizem, o que chera mal
em um cemitério

ou em um velório,
ou em um campo de guerra
ou de extermínio

é o que fazem,
dizem e cochicham, entre si,
os vivos

em confidências,
tramoias e segredos que arrepiariam
até os cabelos do diabo!

TRANSCENDENDO O ESQUECIMENTO!


Meu tempestuoso
amor secreto não ouço mais
tua voz,

não tenho
mais teu abraço, nem teu beijo,
nem tua atenção, nem
teus lindos seios;

e aquele sonho
puro e fantástico que tínhamos
de um dia seguirmos
juntos,

depois que
partiste inesperadamente,
sem deixar rastros, ao negro véu
da morte,

agora se habita
apenas de fragmentadas e amargas
lembranças, de um feroz duele
em mim mesmo, de vazios
e de restos!

TUDO SURGE COM A MENTE, TUDO MORRE COM ELA


... quando quiseres algo
e isso te parecer impossível,
senta-se
sob uma frontosa árvore
e põe-te a imaginar
e a fabricar, e faze-o com crença
e firmeza,
poise eu digo
que em tua mente estás a construiu
exatamente aquilo a que querias e te parecias
impossível!

UM POEMA DO PASSADO


Sinto
o olhar que silentemente
me olha:

ele também olha
a lua, as estrelas e (dos outros)
as sublimes e fantásticas
loucuras;

ele me olha,
matando-me a cada vez que atravessa
(refletindo-me) ilusórias
avenidas e ruas.

UMA VITÓRIA APÓS A MORTE!


E atravessaram,
enfim - poeta e poetisa -, as frias
e voláteis grades das
verbalizações;

e se amaram - onírica,
silente e distantemente - com versos secretos,
corpos ausentes e fulgurosas
imaginações;

e com tal fulgor
que não esperaram sequer serem servidos
do doce e infinito cântaro
de sublime união;

logo eles, conhecedores
do quão difícil seria voltarem à laiva
e dura realidade, com suas almas
em exausta desilusão.

VÃS ASAS SAPIENS


Não sei
de que são feitos as asas que nos
permitem voar por entre os jardins
e os espetáculos
___ do mundo;

sei que, a todo momento,
forjamos sonhos e ideais quase idílicos,
com nossas esperanças
___ exíguas e vãs,

postas em um próximo
veleiro a zarpar sob céus azuis,
em uma próxima vesania
a surgir como brisa
___ matutina,

ou num belo par de pernas
a se abrir extaticamente em algum leito;
sempre com destinos certos
a quedas, cinzas
___ e vazios!

VISÕES ESPELHADAS


A tudo veem,
a tudo vigiam e a tudo reordenam à sua mercê
- desmistificando desconhecidos -
___ os sapiens janus:

entre caminhos
que se abrem e que se findam;
os centros, as extremidades ou os além-margens
- como as labirínticas estranhezas
___ dos descompassos -

são trilhados
através de escolhas, sempre projetadas
próximo a suas imanentes
___ condições de erro.

A CONDENAÇÃO NASCE NO PRIMEIRO CHORO


Sou as glórias dos passados
frustrados,
sou as esperanças inconcreta
dos porvires projetados,
sou um sapiens
a pensar que é sublime filho
de Deus,
que sonha,
que bebe das águas de todos os rios
e de todos os infinitos,
que se autoilatra
com mascaras, mesmo que de modo
inconsciente
e que defeca
no momento a que chamamos
presente!

A MORTE É UMA SINGELA FLOR


Conta-me
algo que eu não tenha visto em ti,
querida, mas sem mistérios
ou mentiras;

conta-me,
por exemplo, sobre o que te deram
os mitos marítimos sobre cujos rijos marulhos
(extaticamente) surfaste;

conta-me,
por exemplo, dos deuses que fabricaste,
sob cujos ensinamentos sequer conseguiste
habitar, sem ser com a volatilidade
de teus verbos;

conta-me,
por exemplo, deste ser a quem disseste amar tanto,
mas tanto que lhe prometera uma fausta
eternidade às asas,

até que a tudo
enterraste nos paus de velhos pássaros
que sobrevoavam tuas imundas
quimeras.

[... agora, depois de tudo isso,
ao fim de tua jornada, conta-me se valeu a pena;
dize-me de algo que realmente
lhe tenha sobrado]

A SILENTE TESTEMUNHA


Dois desiluditos
bebem até a rapa das garrafas
que viram sob
a lua;
dois amantes
se fundem, de fodem e se juram
eternidades sob a lua;
marido e esposa,
cada um em seu canto, esfolam-se
com escondidamente com algum pardal
ou com alguma siririca
sob a lua:
a lua dos poetas,
a lua dos loucos,
a lua dos amantes,
a lua dos pecadores,
a lua dos pescadores de ilusões
inúteis.
Eu também,
em minhas solitárias noites,
contemplo a lua, que gentilmente
também se acasala e ama
meus nus vazios!

ANDEI TANTO SOBRE ELE, QUE SE TORNOU MEU AMIGO


... o fio da navalha diz
que se tem de conhecer o inverno
para bem saber a sensação
do verão,

que se tem
de andar às sombras para
se sentir o valor de algum, mesmo
que frágil, luz,

que se tem
de trair, para sentir tanto o desejo
que sente o traidor,

que também
tem de ser traído para sentir a dor,
que sente o companheiro
corneado,

que é preciso
conhecer a tristeza profunda, a mágoa
sem cura e a dor imunda para vomitar
a um niilista que ele não
conhece

(sendo que
ele já provou), o fio da navalha
sapiens!

ATRÁS DESTA MÁSCARA


Eu tenho algo
para me ajudar a lutar contra
a saudade dela e contra meus mais
tênebros fantasmas,

um deserto cheio
de areias, destroços e nadas,
sem sonhos, sem esperanças, sem flores,
sem amores e sem fulgores:

à noite, sou eu,
somente eu e meus choques contra
o frio, as areias, as rochas e tudo que
silentemente secondo do mundo
em mim mesmo!A

CAUSAS


Em bocas fechadas
não entram moscas e marimbondos,
nem saem palavras em turvas
enxurradas;

em olhos fechados
não entram fluorescências artificiais,
nem se proliferam imagens
retinadas;

às almas cuidadas,
não entram pensamentos vagos,
nem os cheiros de asas
queimadas.

CÉUS INGLÓRIOS


O céu azul se torna cinzento.
O sol ainda teima em se queimar
em nossa pele seus últimos raios,

enquanto a grande noite,
desgovernadamente,
se nos anuncia.

A casa antiga se definha
e, dentro em breve, já não mais
nela andaremos.

Por algum tempo,
alguém ainda poderá nos ver
em suas lembranças: uns sorrirão de alívio,
outros chorarão de tristeza.

E nós dois,
junto com nossos demais irmãos adormecidos,
estaremos insencientemente
voando!

DELÍRIOS DO SER


... à nascente
___ da túrbida visão sapiens,

voam-se aves sem asas,
cantam-se sublimidades compassas,
comem-se virgens cheias
___ de graças:

há severíssimos
infernos criados nas terras,
nos céus e por todos
___ os lugares.

E AMBOS PERDERAM A LUTA!


Enquanto lutavam juntos
por seus destinos, ela sempre quis
que ele lhe cresse no amor
que sentia,

sem nunca ter
conseguido deixar de habitar
entre a nuvem
o chão,

sem jamais ter deixado
de conjugar seu severíssimo
verbo volátil, em dias de chuva
ou em às noites frias.

E SÓ O NIHIL RESTARÁ


... empurra
o tempo o rebanho ao frio
apagamrnto;

há flocos
de neve caindo à negra
florestas,

há ilusões
servidas nos cafés
de manhã,

há fogosd
dr incendiando vadiamente
pelos leitos,

há frágeis
luzes que querem se acender
às sombras:

e, assim,
cresce a humanidade, sonhando,
fantasiando e vadiando,

até que
lhes acabem as majestades,
chegue -lhesa noite
inglória

e se caiam
em eterno e insinciente
desabamento.

EINSTEIN, DEUS, COMO TU PENSAVAS, NÃO É MATEMÁTICO!


... desde o surgimento da abnomalia,
não há mais relatividade percebível sem o sapiens,

e este foi, provavelmente,
o maior erro de Albert Einstein,

por não incorporar
parte da filosofia, da quântica e da incerteza
em sua teoria da relatividade;

ao Cosmo desprovido
de nossas retinas, como as coisas não se sabem
coisas ou como nada que seja descritível
ou analisável pelo ser,

não há nem o tempo,
nem o espaço, nem sequer o ponto que sirva
de referencial para qualquer coisa,
predominando-se assim
o eterno caos.




A relatividade
veio a ser instalada exatamente com a visão
racional, metafísica, filosófica, onírica, espiritual
ou dementemente sapiens

e está condenada
sobre alicerces sapiens que, para o Cosmo virgem,
simplesmente não existem!

EU NUNCA SOMENTE COMO!


Há uma diferença
entres os sapiens de caminhos comuns
e o cão, que sempre provoca, da parte de algumas
beldades, confusão:

os homens
costumam procurar, elogiar e bajular
as mulheres dizendo
amá-las

sempre
que as acham bonitas
e estão à procura de sexo;

o cão procura
mulheres com um certo pensar,
um certo charme e uma certa doce de beleza,
filosofia, magia e sensualidade

sempre que quer
a seus secos ossso e às suas frias
sombras do corpo e da alma
esquentar!

EU SEMPRE TE REPARAVA


Ainda me lembro
de quando estavas ali,
despercebida

- entre flores e cravos -;

ao longe,
teus lábios faziam
graciosas curvas sem que dissesses
uma palavra,

tuas pétalas
bailavam ao vento,
fazendo-me sonhar a nuvem
protegida.

Estranhamente
já se me tornavas vital,
mesmo antes que te percorresse
as sensuais margens,

e me naufragasse na puerícia
de tua alma.

HORA VAZIA II


... entre mitos,
anjos, deusas, liliths e belas
e sensualíssimas ninfas,

ia-me suicidado,
com prazeres cada vez mais tolos
nas estradas, nas matas
e nos leitos vadios

cada vez mais
longe de mim mesmo;
e ela me amando com toda paciência
e me mostrando

que, um dia,
ao estar me passando do suicídio de meus dias,
eu perceberia, enfim, olhando-lhe
as lágrimas nos olhos

o que é um amor
de verdade.

HORA VAZIA V


A morte
veio faminhtas e impiedosa,
a terra ainda

te come e goza em suas profundezas
escuras;

sem ter mais
como te alcançar, bebe, como e escrevo
a saudades, a dores e chuvas
de fogo,

nosso eterno amor
e nossos eternos momentos, congelados
naquela cabana hiemal onde
tanto nos amávamos,

como se
nunca houvessem se passado!

ISSO É AMOR?


Se ainda não reparaste,
quase todos os dias
dizemos nos amar
em nuvens,

não obstante,
com tênebras palavras
e severos julgos,

paradoxalmente
vamos alimentado
nossa morte ao chão;

o que demonstra que,
da senciente condição
sapiens,

o amor também
parece ser só mais uma
de nossas cernientes
vaidades.

LAÇOS AMALDIÇOADOS


Passou por mim
uma flor de fulgas palavras,
a me mostrar rotas de liberdade
entre sonhos e fantasias
bordadas;

quando percebi
que ela escondia seu outro lado
que, obscurecidamente, nada
tinha de agrado,

já era tarde demais:
foi então que começou meu fardo
entre ventos, tempestades
e descalabros.

MAR QUE A TUDO AFOGA


MUITO SE FALARAM SOBRE O AMOR


Muito se falaramu
sobre amor naquele inverno
onde se colocaram
isolados,

ela trouxera
algumas ondas do mar
e ele o ferrolho do deserto
e da árida estrada:

e ali, juntos,
falaram de amor,
e se amaram e se choveram,
por ciúmes e outras
coisas,

em fatídica noite
desestrelada!

NA DESORDEM DOS ESPELHOS


... não há mais
palavras que sirvam para
dizer de algum sentimento
qualquer,

sobretudo
sobre o amor de um homem
a uma mulher:

todas
as boas palavras e promessas
foram abatidas em delirantes
calabouços de carnes,

por isso,
vou apenas mergulhar,
fazer teu som, imaginar teus brilhos,
e desenhar teu corpo

e, silentemente,
ainda virgem, embora não sejas,
te amar!

NÃO ÉS IMPREVISÍVEL COMO PENSAS!


Não és imprevisível
por te achares diferente;
muito pelo contrário,
és previsível simplesmente
por seres humano.
Por exemplo,
sem nem saber se existes
no momento em que
leres isso,
posso afirmar, estranho,
que tentas jogar fora teu lixo
ao reverso - projetado em outras pessoas -
do que te habita realmente
o veio do cerne.

O MAR QUE ME AFOGA


Eu sei que estás
comigo, como companheira, amiga
e amante.

Eu sei que tens
me compreendido e me estendido
a mão em ajuda.

Eu sei que ando estressado,
nervosa, muitas vezes descontrolado
e em chuvas de fogo,

E eu sei que
isso demasiado te machuca,

Mas eu tenho lutado
muito contra meu maior inimingo,
eu mesmo, e tenho sentido que venço algumas batalhas,

mas para ele
perco as guerras durante os quarenta
e sete anos de minha
vida.

Eu juro que queria
ser melhor, mais gentil e dedicado
e compreensivo amantepara ti, sem essas
minhas sencientes reações imprevisíveis
e absurdas.

Eu me sinto destruído
quando vejo uma lágria a corer em teu rosto,
provocada pelas minhas insanas
tempestades loucas.

E, embora eu não
saiba amar, quero dizer que te amo,
e eu ainda ouvirei nossa música, mas temo que
não por muito tempo
mais tempo,

eu venci muitos frontes,
mas agora eu já me sinto muito
fraco e cansado.

E, mesmo não sendo
bom para ti, eu sei de tuas espiritualidade,
de tua fé e de tua força,

e gostaria
te te fazer um pedido, neste momento
em que me sinto em iminência
de partir ao apagamento:

"Quando me morrer,
poderias acender para mim
uma vela por dia, se possíve, ou se for muito
trabalho, uma vela por semana
pelo menos? Eu suplico!

O PESO DE SER!


Não quero mais
me enganar com as esplêndidas imagens
do espetáculo,

não quero mais os sorrisoa
nem as lágrimas dos anjos e dos menestréis
palhaços,

não quero mais carregar
dores tão angustiantes e duras
do mundo:

eu quero é só contemplar,
me aopaixonar, beijar, chupar, foder
e amar,

porque do mundo
já não aguento mais nada,
e do que ele já me ando muito mais
pesado!

O TEMPO É INFINITO, MAS NÃO PARA NÓS!


Não posso adiar
o amor para uma suposta eternidade
que habitaremos em espírito
como me pediste

(não posso!),

porque nada,
absolutamente nada resiste
à inexorável e fria desintegração
do apagamento.

Não posso,
não posso adiar o amor que nos
recusamos aqui para o ter
na eternidade,

porque só expancionário
espaço, o tempo e as possibilidades
são infindos, e as nossas senciências
impiedosamente confinadas
à nossa sapiens condição

que parece imensa,
mas é, na realidade, ínfima!

ONDE MAIS SINTO A DEUS


Se é verdade
que entre as luzes sapiens
vejo severas sombras,

é fato que
dentre as virgens escuridões
do Cosmo,

onde as retinas
e as senciências humanas
não alcançam,

sinto
a verdadeira divindade
de Deus!

OS DEDOS DESSA MÃO


Não escrevo,
sangro

no céu,
no mar,
no vento das estações,

na cama,
na lama,
nas sombras,

no tronco,
no galho,
na árvore,

no sonho,
no engano,
eeste inferno,

não escrevo,
sangro com uma enxada picando
as secas areias de um
deserto!

PÓS-VOOS E PÓS-FODAS CONFUNDIDAS COM AMORES


... sentimento

___ indefinido,
___ estranho.
___ vazio;

uma vontade
fraca como se tudo já
tivesse morrido:

___ naquele inverno,
___ naquele mar,
___ naqueles pedaços de asas
quebradas!

QUANDO ME VISTO PARA TE AMAR


Sou um rasgo em tua vida,
um mascarado a me fingir de anjo
branco,

o vilão disfarçado de herói,
o infalível herói e dom ruam,
o infinito ponto com que podes
sonhar,

amante apimentado,
companheiro de chãos, de possas
e de ilusórios reinados,

chego-me,
seduzo-te
e contigo faço amor cvompleto
sem desagrados,

de tal modo que,
ao te servir e ao me beberes,
não te contém e te embriagas extática
e absurdamente!

QUE COR TEM O PECADO?


Se beijar for pecar,
se sarrar for pecar,
sSe foder for pecar,

se se masturbar for pecar,
se se imaginar a linda mulher do próximo
de lingerie, calcinha ou nua
for pecar,

eu sempre pequei,
mas pequei suave, profundo, com sentimento
de amor e de desejo, mesmo que
fosse pela mulher
do outro,

sim, se tudo isso
for pecar, eu peguei celestial
e contentemente!

SEM CONTAR COM O AMANHÃ


SILENTES TORMENTAS


Em noites
de silentes tormentas

- sob o testemunho
de uma multidão de estrelas
que, amadas à escuridão,
são traídas ao raiar
de todo dia -;

o niilista se escorre,
com dor de mil lanças,
à esferográfica
surrada,

tentando enterrar,
entre as ferrugens das palavras,
os terríveis fantasmas
de seus próprios
mortos.

TEMPESTADE QUE ME ASSOLA


A tempestade que me assola e desnuda meu ser, em chuvas contínuas de dor e de descrença em tudo, revela a frágil existência do ser mortal, imoral, que ainda ousa voar, quedado sob o escarro do mundo.

A quanto tempo já não vejo o sol acender sua ira,e Em raios que fulminam a morte e escondem as sombras, trazendo à luz a essência de uma vida ilusória?

Sem remorsos, é nas sombras que me movo em fúnebre morada.

Vermes miseráveis, rastejantes seres sois também vós. Comeis e bebeis das vísceras de vossos semelhantes!

É à luz que escondeis, teatralmente, vossos paradoxos, em sombras das quais surgistes para atuar no palco iluminado: silenciosas lâminas, infernais garras, prontas para o golpe fatal.

E quem do mundo enevoado e obscuro, como vós próprios, será a próxima refeição: um ser andante qualquer sem rosto, o O melhor amigo ou a amada a quem perjurais lealdade e fidelidade?

Devoradores, pragas, insetos humanizados de razão, tornai-vos mais insaciáveis que o próprio demônio, pelo vivo sangue e pelo corpo vil, em injúria a vosso deus, pPor vós mesmos, e para vosso refúgio, inventado insanamente, oO qual agora apenas se contorce em gritos silenciosos e tristes.

E eu, serena, fria e incompreendida bactéria tetânica, nego as vossas ilusões e todas as vossas esperanças mortas.

Pior que vós me torno. Sou a sombra que persegue e devora, que convida ao pecado, e abro as cortinas do espetáculo, em pleno reinado da luz onde vos escondeis!

A ARTIFICIALIZAÇÃO DO MUNDO


... flores de plástico,
sofás de plástico,
___ camas de plástico,

poesia de plastico,
amores de plástico,
___ fodas de plástico,

febres de plástico,
granas de plástico,
___ honras de plástico;

enquanto isso,
crianças caem dos penhascos,
velhos morrem nos frios madrugados,
deuses se contorcem com a farra,
___ mas escondidos e calados,

senhores se masturbam
com suas puristas em grandes palácios,
há goteiras nas casas dos já
___ semimortos,

as janelas
dos sonhos são fechadas
aos bastardos, aos retardados
___ e aos desempregados;

ela não enxerga
mais que do nariz a um palmo,
e vive nessa lama de teatrações
___ esparramadas;

e para mim
só sobra foder os jumentos, os cães
e os vermes, como uma ameba
___ servidora,

em triste condenação
à inexorável morte na anarquia
___ dos plásticos.

A FLOR PÚRPURA


Já é demasiado tarde,
não quero anjos vomitando meu terreiro
em noites de luz cheia,
não quero mais
por rio, mares, oceanos e seus mitos
suliminares ser admoestado,
não quero mais
que sóis de retinas sapiens
me tatuem a seus modos de pensar
e de acharam que entendem
a algo,
não quero mais liliths,
não quero mais nuvens,
não quero mais sonhos, ilusões,
não quero mais nada de aqui:
eu vou seguir
simplesmente, mesmo que não consiga,
tentando manter o mouco eco de sua voz (Ana)
em meio ao breve e infecundo
infinito em que
ainda vivo!

A NOITE É NOSSA AMIGA


AH, FLOR DE INVERNO, MEU AMOR NÃO PODERIA SER CORROMPIDO!


ALGUNS NÃO SABEM DIFERENCIAR AMOR DE SEXO II


AMEI CEGAMENTE


Já pensei muito
a respeito

e, sendo eu
um niilista que não crê
no ser humano,

cheguei
a uma inevitável
conclusão:

só te amei
e ainda te amo muito,
mesmo depois que te foste
para a eternidade

___ porque,

não foi
tua humanidade
obscura e suja que tocou,

mas sim
a luz de tua alma
que me cegou!

AMOR EFÊMERO


A efemeridade do que
fomos se provou no que não
mais somos:

o sonho
à nuvem nos encantou
tal como,

quando
da descoberta do engano,

ao nublar-se
ao céu colocou-nos à beira
de um escuro abismo!

AMOR INOCENTE


... em um coração
cujo amor é inocente,

nunca
se deve julgar a face

pelo que
é feito com as excitadas
genitálias,

em desenfreadas
esfregas com outros cães
e gatos:

estás
preservada!

AMORES INGLÓRIOS!


CHUVAS QUE LAVAM AS ALMAS


Gosto de quando chove
e os homens ficam quietos
nos parâmetros faustos
do mundo.

Gosto de quando chove
e se afastam de mim os vestígios púmbleos
dos contínuos ciclos abnormais
salpicados nos desalinhos.

Gosto de quando chove
e me escondo em meu canto,
anoitecendo-me em claustro silêncio,
de onde não posso ver nem atuar
nos entrevados palcos
de concretos.

Gosto de quando chove,
porque tento me desfazer - em vão - também
de meus próprios vestígios espúrios,
lançando-os às enxurradas
dos precipícios.

Mas, quando a chuva para,
perco com o líquido o momento onírico
e retorno à coleção de imagens
e de superficialidades
cimentais,

com minhas performances
dissimuladas e com meus versos
escumalhados.

ELA NÃO ESTÁ MAIS AQUI


... dia de mar,
dia de voar, dia de amar,
mas ela não
está mais aqui;
ela agora está
com seus anjos emplumados
e eu aqui,
ainda jogando neste mundo
alucinado,
no meio de vermes
e baratas que se pensam bons
sapiens,
mas que não
significam absolutamente
nada!

ENFRENTAMENTOS


... nunca deixeis
de sonhar e de lutar,

mas, sobretudo,
quando a grande noite
chegar,

superai
o medo, a descrença
e a angústia,

e mantende
a força, a dignidade
e a fé

para
vos sentardes ao vento
e pedir socorro a Deus
sob algum perdido
luar!

ENTROPIA HUMANA


... rumo
ao fim de suas vidas,

entre a enfraquecida
(mas resistente) capacidade de criarem imensidões
e o iminente e inexorável retorno ao frio
caos do apagamento,

buscam ainda
(os sapiens) respirar um pouco de luz,
em meio às próprias e faustas
superfícies.

EU CAIO, TU CAIS, ELE CAI, TODOS CAÍMOS…


FUGA DE SI MESMOS


... o que acontece
é que quando vejo além das
___ inconsciências,

querem
imediatamente desligar as próprias
___ escuridões;

sem perceberem
que é neste exato ponto que,
enquanto as nuvens e o tempo
___ passam,

naufragam-se
nas superficiais vivências,
com suas luzes de neon
___ acesas!

INEVITÁVEL DESTINO II


Um menino sonha
puerilmente e vive a dizer que, quando crescer,
vai ser um jogador
de futebol;

uma mulher sonha
acordada e vive a dizer que, um dia, ainda
quer conhecer o grande e eterno
amor de sua vida;

um poeta sonha,
na ponta da esferográfica, coisas
parecidas;

anjos não sonham,
festejam em delírios suas alvíssimas limpidezes,
seguros de não correrem
riscos

[de se perderem
por entre os descaminhos
do mundo];

algum demônio indefeso
tenta fugir de seu tênebro reflexo, abrigando-se
às próprias sombras dolorosamente
inalienáveis:

tudo e todos,
de alguma forma, sonham ou se mexem
(a seus aprazeres ou a seus alívios) pelos caminhos
e descaminhos desta
vida,

em meio
a atuações esplendidamente bem executadas,
a concupiscências febrilmente
ejaculadas

e a conspirações
(por todo lado) escondida e covardemente,
maquinadas.

INFELIZMENTE SOU POUCO


Infelizmente
só tenho três pernas
e um invisível par de asas;

e isso me deixa frustrado
por não poder desfrutar de mais
amores vermelhos,

de mais secretos
desejos e de mais dissimulações
teatrais sob as nobres e enigmáticas
luzes dos sapiens!

MAGNIFICAMENTE!


Quando contemplei
teus olhos, teu delicado e pálido
semblante,
o decote que
se formava entre teus seios,
tuas pernas
e quando experimentei
uma dose de tua psique, de teu desejo
sem fronteiras e de teu amor
insano,
quis imediatamente
cortejar e experimentar também
de todos os teus segredos
e mistérios,
totalmente enfeitiçado,
totalmente alheio de que o que
verdadeiramente estava cavando
era a minha
mais rigorosa noite e o meu mais
temido inferno!

MÃO E CONTRAMÃO!


Os cães
são dissimulados
e safados, e eu sei disso
porque sou um
deles;

mas devo dizer
também que os anjos
(e eu os conheço
bem),

que descem
às sombras e às esquinas
para fuçar os quintais das flores
e das damas,

são ainda,
com suas plumagens brancas,
muito mais sacanas, mais filhas da puta,
e mais safados quando de pardais
safados!

MELANCOLIA E DEVANEIO


Nostalgia.
Angústia e dor me dominam.
A carne sobreviveu
ao pior dos ataques, mas o coração
se espatifou e a alma se empalideceu
com sua perda:
ano novo,
primeiro dia, e todos festejam,
enquanto eu, só cinzas e tristezas
neste momento,
tornei-me
um completo estranho, a transpirar
a solidão de um morto, entre
os que ainda vivem!

NINGUÉM CONHECE O FIO DA NAVALHA COMO EU! II


... sorria.
Tu foste prevista em cada
movimento.

Eu já sabia
antes de contares qualquer coisa,
e eu te apontei onde estava teu amante
sem que dele nunca tivesses
falado.

agora dizes
daquele a quem chamavas mestre
outrora que ele não conhece o fio da navalha
só por ele ter facilmente te
desvendado

(em tua pequeneza
microbiana junto à terra que
achas, somente achas,
fértil)

como ninguém
bem teu marido, nem teusamigos,
nem teus amantes, nem ninguém
o fizera.

E tu fedes,
e tu fedes muito como qualquer ser
humano, porém mais por ter o maior
defeito de modo vigorosamente
fincando ao cerne:
a vaidade!

E eu sei que me lês,
porque tuas poesias têm origem em ideias
postas em poesias minhas,

por isso digo-te:
tu podes roubar, tu podes mentir,
tu podes trair, tu podes
tudo,

exceto surpreender
ao cão niilista!

O AMOR NÃO ELIMINA OS IMPULSOS


... embora o verdadeiro
amor seja algo que nunca passe,
mesmo que a morte, à flor amada, ao colo
embale,

e mesmo que seja
cruciante, dolorosa e quase insuportável
a dor que fica ao coração
do que por aqui
ainda anda,

eu devo
dizer que continuo humano,
com todos os meus instintos à solta,
como uma fera que, ao menor vacilo,
pega-te e te come!

O NIILISTA MOSTRA O QUE ESCONDEM, MAS SAPIENS NÃO COMO DEIXAR DE SER O QUE REALMENTE É!


Talvez
tenham razão

- embora neguem
o verdadeiro motivo -

os sapientes
empreendedores:

havemos
de vencer barreiras e de expandir
nossas fronteiras,

havemos
de dominar
no injusto compasso
dos caminhos;

cultuando
nossos egos no silente avesso
da palavra que pura
se nos emerge!

O SER É BOM? BASTA OLHAR DIREITO!


O SER: SENCIÊNCIA, IMAGEM E VERBO


Que posso eu dizer
do neandertal sem que pensem que
sou algum alucinado que vive a rogar
pragas alheias?

Que posso dizer
de minha imanente condição humana
de possuir, de modo intrínseco
e inalienável, o bem
e o mal,

sem que pensem
que vivo a cultivar sombras?

Então,
vou falar sobre as palavras,
que riscam os ares a ressoarem imperativos
com absolvições e condenações
de nossos (di) simétricos
semelhantes ,

a decidirem os destinos
do mundo entre pazes e guerras,
a se ondularem entre amores cálidos
e rancores verborrágicos,

a fabricarem, enfim,
do senciente ego sapiens,
imagens de toda ordem sob as luzes
do grande espetáculo.

Ei-las, as palavras,
todos as querem belas e lúgubres;
mas, quando tropeçam
em alguma pedra,

transparecem
os abismos que há sob as superfícies
calmas do ser!

O VERBO É A REPRESENTAÇÃO DO SENCIENTE PODER SAPIENS


As palavras são
o mais poderoso instrumento da mente
e, quando não bem usadas,
quase sempre ferem;

muitas vezes,
por exemplo, um "eu te amo" dissimulado
é muito pior que um raivoso
"vai-tomar-no-cu";

mas parece
que os puristas faroleiros
não sabem disso, aliás não sabem
nem muita coisa sobre o que
chamam vida.

OS ZARATUSTRAS SAPIENS


Pobres de nós,
sapiens mortais,
que nos imaginamos voarmos
como os mais

___ poderosos,
___ puros
___ e inconspurcos deuses,

sem nos darmos
conta de que nossas asas são inválidas
e de que nossos olhos
são cegos!

POR QUE CHORAS?


Por que choras
escondida lendo alguns
de meus poemas?

Não percebes
que as flores do amor ainda
povoam os jardins e os brancos leitos
umedecidos?

Por que choras,
escondida lendo alguns
de meus poemas?

Vê, la fora vida rola,
como dizia o poeta.

Por que choras,
escondida lenco alguns
de meus poemas,

se sabes que
já perdi minha hiemal flor e ando assim
com o peito inchado
de dor!?

POR QUE SEMPRE ESTIVESTE CONTRA MIM?


Passado a estrada,
passado o céu,
passado o mar,

passadas as chuva,
passadas as sombras das pedras,
passado o engano do amor,

passados dos corpos
com quem nos deitamos e fodemos,
passados os sonhos que desperdiçamos
com as sombras de nós
mesmos,

passadas as nuvens que contemplávamos,
passadas as vozes que ouvíamos,
passadas as fantásticas apresentações
que presenciáramaos,

pensei que passaria,
para um pouco de alívio meu,
também por ti meu grande e imperioso
amor,

mas este não passa
mergulhando em minha maior crise,
em meus medos mais secretos e em minhas
dores, por tua perda, mais
cruciantes

e me deixando
somente a tênue esperança escura
de logo chegue o momento
de também poder me
passar!

PSIQUÉS E IMPULSOS


... quase nada sabem,
muito menos que o desejo nos primitivo
e nada mais se trata do que
tentar sempre recuperar
o primeiro prazer;

trazendo-nos
como consequência, se em exagero,
características de loucos assassinos e, se em
contenção, a famigerada características
dos impotenteé

simplesmente porque,
entre o ser-eu e o ser-multidão, Freud,
há um diferença tão grande

que se pode
chegar não se tratar
do mesmo ser e, por inconsciente autodefesa,
não percepem!

SEM MAIS TORMENTOS


... agora estás
onde não mais podemos ver,

só o infinito
te sente, porque agora és de falo
uma parte dele sem a humana e abnômala
senciência;

Thor te conquistou
pelo teu conhecimento, pela tua força,
pela tua filosofia e pela tua ousadia de absurda
oposição;

outros te conquistaram
apenas por tua beleza, pelos teus rijos
e grandes seios e pela deliciosa flor que trazias
escondida entre as pernas;

mas o infinito não,
o infinito se acercou de ti e contigo
se tornou um só, invisível às formigas,
aos anjos, aos heróis e aos nobre menestréis
punheteiros de aqui!

SEU NOME ERA ANA


SONHO ADIADO


Ela se vestia pura
e influenciou minhas sombras,
a tal ponto
que seu sol começou a iluminar
minhas noites mais frias
e escuras.
Eu tentei
acompanha-la e me despojar
de minhas protetoras
máscaras,
mas,
quando me dei conta,
só me sobravam destruição
e ruínas!


TORNEI-ME O QUE PREVIRA: UM ESTÚPIDO ADULTO SAPIENS!


... em criança
diziam que eu era um menino
esperto e de coração
bom

e que eu sabia
comandar os ventos, os mares
e as estrelas com minha imaginações
vastas;

bom,
menino eu fui, mas nunca vi o mar
sequer uma vex, nunca dominei
nenhum vento,por mais
brando que seja

e nunca colhi
nenhuma estrels em qualquer fundamento,
mas, como sempre é grande o erro
dos sapiens que nos veem,

eu me tornei
um grnde mestre emcolecionr
sobras, vazios e abismos!

TUDO NELA ERA DIFERENTE


TUDO NELA ERA DIFERENTE II


VIVER :AOS OLHOS FUNDOS DE UM NIILISTA!


... viver
é ter o grandíssimo azar

de ter vencido uma acirrada
e fatal corrida, entre outros duzentos
e cinquenta milhões

e, como prêmio,
ingressar na virgem natureza
das coisas,

estuprando-as
como um sapiens abnormal!

A SAPIENS SENCIÊNCIS SE FAZ POR CICLOS VICIOSOS!


Eu divido
a parte do impulso
e do desejo da mente
em dois pontos:

a pueril
(ligada à espiritualidade)

e a psicológica
(ligada aos desejos, sejam materias,
de status ou sexuais).

Um poema que li
lançado aos ares deste maio
contempla a ambos
e à ideia de que

(li em algum lugar,
talvez, em Freud, não me
lembro mais)

de que,
é como se sentíssemos tudo de novo
e nos movêssemos
e nos sentíssemos

como se fosse da primeira
(e já por nós dita entre céus, mares e camas)
eterna vez!

A VIDA E SUAS HISTÓRIAS


A vida e suas histórias,
- reais ou fantasiosas -
entre quimeras de céus grávidos
___ e bordas de abismos ávidos:

em quimeras de flores
e aves grávidas ou às bordas de abismos
___ ávidos:

como são alvas
as essências aspergidas
em esplendes ilusões
___ inauguradas,

como são sublimes
as candidezes derramadas
em enredos de palavras
___ costuradas,

e como são puros
os amores regozijados
em sonhos e enlaces
___ consagrados;

mas eis que, ao tempo
do interromper dos voos
e do inevitável velório
____ das asas,

sobram apenas
reminiscências eivadas,
mágoas salgadas
____ e cinzas enregeladas.

ALMAS E CORAÇÕES


Deviam-se se cuidar
mais as almas e os corações
com os sonhos nuvem,
com os amores e ideais inexequíveis
e com as esperanças exageradas
nas imagens espraiadas
por aí.

Sim, deviam-se cuidar
mais as almas e os corações
com as pedras e lamas aos chãos,
com os espinhos de entre flores e folhas
e com as adagas escondidas
às mãos,

porque, às escolhas erradas,
não mais sustentam as póstumas
e voláteis palavras;
porque, das ilusões antes
projetadas, podem restar-lhes
- às almas e corações
descuidados -
​​​​​​​
tão somente dolorosos,
angustiantes e insolúveis descrenças
fortificadas aos inexoravelmente
secos e rígidos hiatos.
RENASCIMENTO INGLÓRIO



Essa noite tive
um sonho deveras estranho:
havia-me, e a quatro titãs e a meus três filhos,
todos a certa distância, entre planícies,
montes e estranhos horizontes.

E eu via dos titãs as barcas trincadas,
e eles viam-me com as asas machucadas,
enquanto as crianças viam-nos admirados
sem entenderem a nada.

Aos titãs - dois do gênero masculino
e dois do feminino - eu via os olhares de fogo,
os corações de pedra, as palavras-pluma
lançadas e as mãos a esconderem
fios de lâminas afiadas.

E eu lhes queria exterminar
as frinchas que sabiam haver, mas que omitiam
de suas barcas; e às crianças
eu queria recuperar
ainda intactas;

enquanto os titãs,
com suas crinas inclinadas,
suas poses heróicas, suas harpas mágicas
e suas soberbias incontroladas,
esparramavam imagens
tão fascinantes aos mambembes espetáculos
em que se apresentavam, que as iam
deixando encantadas.

E não sei por quê,
ficaram sabendo os titãs que,
depois de mais uma vez ao limite provado,
eu havia sido poupado do eterno
reino apagado;

e, embriagados de ira,
quiseram-me provar o maior dos erros
e meu pior castigo: minha pequenez
e minha morte viva na vã
e vil jornada.

De repente, tudo se convulsionou:
sobre terras, mares e reinos distantes
riscaram os céus com asas ainda
puras as crianças;

os titãs, em seguida,
pousaram-se um pouco além delas,
com suas barcas volantes; e eu me caí um pouco
antes, com as asas realmente
quebradas.

As crianças, então,
ergueram-se puras; os quatro titãs passaram
por elas, abreviando-se em dizerem
que eu era um ser negro que
decaiu em forma
humana,

e que, uma vez mais,
tinha escapado da ira inflamada dos deuses,
os quais esperavam pelo justo
acerto de contas;

e seguiram-se em meu rumo,
deixando à passagem flores de todas as cores,
e cheiros que perturbavam todos os sentidos
das águias e das formigas que
passassem por perto,

como dos pequenos
que se confundiam por entre
as florestas que plantaram entre delas
a visagem de mim.

Quando apontaram na esquina
de entre os tempos e espaços,
estava-me soerguido e já de tudo
conhecedor do que
haviam dito

e feito ao disseminarem
suas alvas figuras e seus belos, voláteis
e eficazes verbos por entre as searas férteis
das senciências e dos desvarios
sapiens.

E então,
vi quando as crianças iam-se
trnando adultas, cada vez mais confusas,
a caminharem por entre as flores e as árvores
que foram plantadas pelas ruas,
passeios e veredas
da vida;

e tão confusamente
que lhes chamei atenção para dois buracos
sob meus braços erguidos, tentando
lhes explicar o motivo de minha
grande ausência

e lhes mostrar
que não era - como lhes disseram os titãs -
as minhas disseminações; mas que,
como ocorreu comigo,

que se cuidassem,
porque pela palavra e pelas ilusões
de mitos e lendas criados é que
poderiam incorrer as maiores quedas
de suas vidas.

Sem ser ouvido, bradei, enfim:
"Sou eu, seu pai, meus filhos; sou eu!";
enquanto se riram desdenhando os titãs
que já lhes havia envenenado
os puros sacrários.

Neste momento,
pus-me a olhar a lendária barca,
por onde sempre voavam essas criaturas,
invertebradamente criadas por homens
tão inglórios como eu;

e me caminhei a ela
- à barca - com uma ira tal que deixava negro
o chão por onde passava.

E me pus a destruí-la
e a desmantelava quanto mais se riam os titãs
e mais choravam meus filhos
pela inconteste prova de minhas imanências
abnormais e espúrias,

sem perceber que estava, assim,
condenado pelo resto de meus tempos, a lutar
e a me prostrar, mesmo na frente
dos que mais amo,
​​​​​​​
contra os reflexos avessos
de mim mesmo.

APOCALIPSE VIVO


... o tempo corre
rápido demais e o trem
chega sempre
atrasado,

tento tomar
um banho sob a lua distraída
e sou flagrado,

tento andar
às ruas e avenidas e as margens
me tragam;

tento então,
ao dormir, descansar e sonhar
e me vêm demônios
desgraçados,

por fim,
tento ligar um ar
condicionado em busca
de alívio e me queimo
por todo lado.

ENQUANTO TRAFEGO SOMBRAS, O SOL OLHA O MUNDO!


... envelheço
e, já aos quarenta e sete,
em vez de buscar um novo e ultimo
horizonte que seja,
um novo céu
que a algo me floreça, um novo
leito onde a uma beldade eu ame
e me ofereça,
pego-me,
ainda fragilizado, alimentando-me
tão apenas de dor, de tristeza
e de saudade!

EU ESTOU BEM E ESPERO QUE TU TAMBÉM!


Não chores mais por mim,
nunca mais chores por mim,

porque tu que
tu querias que eu fosse era-me
tão impossível quanto
a ti mesma:

por isso não
olhes mais para as nuvens,
para a lua ou para as estrelas e se lembre
de mim;

pois toda vez
que reina o tarde demais é porque,
não é mais subjetivação, é evidente o fato
de que, mesmo após 10 longos
anos,

nunca mereceste
meu amor, meu sexo ou sequer
algum meu esforço
algum!

EU NUNCA SOU EU SOMENTE QUANDO ESCREVO. EU SOU SEMPRE UM POUCO DOS QUE ME LEEM!


FICAREMOS GRAVADOS NA RETINA DO COSMO!


Eu sei que tu me amavas
demasiado,

e tu sabe
como te amei e, mesmo morta,
ainda te amo demasiado:

nós sabíamos
que, sem nenhum limite e com toda
essa alucinada profundidade,

a qualquer hora,
um dos dois iria cair para
sempre, em desespero, aflição e dor,
do barco!


HORA DE DECISÃO!


Foi longo o tempo
em que nos amamos nesta vida
sob chuvas de fogo, trevas malditas
e engerelado frio,
a dor foi pulsante
e macabra, suamos distantes
e sangramos em lágrimas.
Em teu ódio,
abandonou-me em hora morta,
me céu virou do avesso, meu mar secou
e virou deserto, e nele enfrentei
meus piores fantasmas,
brancos e negros
mas sobrevivi, e voltei
para que te vestiste de santa
e me negasses o que tanto me
juraste,
apagando
as sete velas que, sozinho,
consegui reacender?

MUITO ALÉM DA IMAGINAÇÃO!


... se o desejo
e a fome a tudo avulta
tomemo-los como nossos, e comunguemo-los
enquanto nos
___ é tempo;

pois o tempo
a tudo avilta, e a morte
___ a tudo finda;

quinta-feira,
o vampiro vai tomar sangue
para ver se consegue viver mais
___ um pouco;

em sendo
o caso de seu regresso,
gostaria de dividir o inteiro, com
todo o humano e com a coragem para
amar com uma transcendência
___ e luz que vá além!


NÃO FOI SUFICIENTE


NÃO SABES O QUE É O DESERTO!


... ao deserto,
não há descansos,
não há abrigos
e não há oasis no deserto,

nem a poesia,
com suas mais magníficas miragens,
com seus mais sublimes sonhos
e com seus mais extáticos
desejos

pode amenizar
um verdadeiro deserto.

No deserto,
os pássaros não cantam mais,
as estrelas não brilham mais,
os sinos não tocam mais nem na fúnebre
hora da tarde;

alias,
o deserto, que muitos dizem ter
e não têm, já é, em vida, a própria
morte!

NAUFRAGADOS


Os mares estão manchados
de estórias de amores e de naufrágios:
somente seus fantasmas conhecem
dos fatos, das verdades ou das promiscuidades
___ nunca revelados;

rondam sombras moucas aos céus
de asas e de asas mortas:
somente os ventos sabem delas os casos,
os cascos, as dores e os fiascos
___ nunca revelados;

há ressonâncias de beijos e sonhos
ainda espalhados entre jardins por aí,
e de outros in momorian aos cernes secos
___ e aos cemitérios da cidade:

somente as flores
sabem dos sonhos,
das quedas e dos desatinos
___ violentos,

mas estas apenas lamentam
e choram às quimeras e às frias lousas,
sem nunca conseguirem
___ revelar nada.

O ATAQUE COMO VÃ DEFESA


Por que
atacas tanto meu amor,
exigindo que eu seja
como os filhas da puta
dos anjos,

que moram com deuses
e que têm tudo em seus paraísos
secretos

- provavelmente,
até vastíssimas promiscuidade entre paus
e bocetas de asas sem que sejam
elucubrados ou julgados
em momento algum -,

se sou
um simples humano,
e ainda assim mais que eles,
e mais também que
os demônios,

e que, por isso,
como você, meu amor,
dissimulo mais por natural condição,
mas também amo mais,
amo muito mais,

muito mais,

que esses sublimes
e fantasiosos anjos otários
que inventamos e que ficam
de plantão

a olharem todas as cenas
ora desdenhando, ora se masturbando
em fausto fogo
idílico?

O FIM DO HORIZONTE


Quase anoitecendo,
há cinzas ao chão das chamas apagadas
no dorso do pássaro
moribundo;

levanto-me todos os dias,
barbeio-me ou não, masturbo-me ou não,
sorrio ou não,

praguejo ou silencio,
caminho pelas avenidas
das árvores excelsas
dos verbos

e pelos jardins
das flores vestidas
de cetim,

nesse mesmo quase
anoitecer;

às vezes,
ainda aparece alguma
ave desgarrada querendo decifrar
o quebra-cabeças e acender o farol
com suas asas
oníricas;

mas até entendo:
é que ela ainda não
sentiu as dores
do infarto,

senão me ofertaria
somente o corpo cálido,
ao som de Mozart em minha silente
e angustiante
sina;

à qual
já não sonho mais.

O PÁSSARO DA NOITE!


Essa rotina
onde ficaram somente os restos
e os sais de teu mar
dissipado

tem sido
absurdamente pesada;

além de ter
de superar os fantasmas por ti
deixados,

tenho ainda
que me virar com meus próprios
sonhos naufragados!

ONDE ESTÁS?


Já não andas
às avenidas, aos bailes
e aos primáveis jardina,
já não voas
pelos céus figurados,
já não te perdes
nas folhas e nos caules
das árvores,
já não contemplas
mais teus mitos e teus ídolos
lendários:
now you're
just between my love,
my wonder and my sputum!

OS ANJOS QUE DÃO LIÇÕES DE MORAL COM O VERBO VOLÁTIL


Para aqueles que gostam
de pregar puritanismos, enquanto extasiam
os olhos diante de curvilíneas
imagens,

é muito comum
amarem a mitos, a ídolos e até a algum demônio
pseudopoeta,

mas sem jamais
deixarem de lhes dar áreos sermções
ou de lhes atirar afiadas
pedras.

OS ESCONDIDOS GEMIDOS DELA


Há uma mancha
em tua alma,
uma invizível
macha que só eu consigo
ver;
uma mancha
que te condena e à qual não
posso,
por mais que quisesse,
ajudar-te a limpar!

OS TROPEÇOS DA PURITANA


... sem dúvidas
és pura, pura, puríssima,
como sempre disseste a mim entre um
e outro sonhos camuflados
de amor,

mas,
e tua autoproclamada inocência,
onde está depois que deixaste pássaros
menestréis e anjos puristas
verem e foderem
sua boceta;

e tua vendada soberbia,
onde está depois que babaste aos pés
de filósfocos e imperativistas que,
à terra, perderam
a cabeça?

e sua regozijada nobreza,
onde está depois que andaste escondida
com ratos, vermes e outros - como eu -
famintos e aputaiados
cães?

PESOS E CULPAS


Ela me disse
que antes de me conhecer
não era assim,
que era delicada, carinhosa
e calma;

e eu,
um puta niilista
perdido em múltiplas direções,
que não se deu conta
da preciosidade que tinha
em mãos:

só espero que,
agora que nos partimos,
ela ainda encontre
- entre o amontoado de perdidas
existências sencientes -

alguma centelha luminosa
que lhe acalme o angustiado coração
e lhe faça voar novamente
- e levemente -,

entre a imensidão vazia
e eterna em que as faustas luzes
se expandem.

QUANDO ALGUNS MINUTOS SE ETERNIZAM


... dois olhos lindos,
dois morros cujas pontas esticavam
o vestido vermelho,

doce,
singela,
bela,

as mãos
com anéis e um crucifixo
no peito,

as pernas
lisas pareciam querer
levar-me ao ardente
desejo;

o resto
estava coberto de panos,
aos quais minha mente rasgou
e lhe amei em duríssimo
devaneio.

QUEREM SABER DE UMA COISA?


Em certas horas,
à merda com essa tal senciente
razão do sapiens:

ela é tudo
que não pode justificar
as guerras, as mortandades,
as fomes, as opressões
e os estupros às virgindades
das coisas naturais.

Querem saber?

Hoje vi uma criança à rua,
imunda e com a roupa rasgada;
e o pior, com a alma
arregaçada,

a mendigar um pouco
de comida.

Sem mais adelongas,
que há muito tempo estou puto com isso,
vocês querem mesmo saber
de uma coisa?

À puta que pariu
os menestréis e intelectuais de terno,
os políticos da figa,
e todo tipo de tentilhão
soberbo ,

que tomam vinhos importados,
comem suas putas e puristas de mesma laia,
regadas a granas e a prazeres
concupiscentes,

e depois vão se escorrer
defecando merdas
com seus verbos voláteis
por aí:

exatamente,
e muito bem claro fica dito:
à puta que vos pariu,
isso sim!

SOLITUDINE


Raro me lembro
de teu aniversário, nunca me lembro
de tua sensação,

raro me lembro
do que dizes ou da silhuenta
que vististes ontem em nosso leito
de amos e de seco,

raro me lembro
das mascaras que usas quando vamos
nos apresentar nos espetáculos
e nos bailes da vida:

nunca entendeste
a razão de minha solitude em meio
aos amparos que me concedes
em teus seios!

SONETO DE INFIDELIDADE


... porque as andorinhas
que amamos em nossos infinitos
- de enquanto duraram -
fragmentados;

amaram, foderam e beberam
- dos mesmos faustos modos - pseudoinfinidades
às asas, às carnes e aos bicos
de outros pássaros.

SONHANDO AOS 47


Sinto-se às vezes,
em meu coração apaixonado,
em minha boca ressecada de vontade
de beijar a tua,

em meus braços vazios,
em minhas mãos a se escorrerem
pelo meu corpo,

em meus dedos
esfregados em movimentos
desritmados,

em meu pênis
excitado, em meus gemidos solitários,
em meus orgasmos
mentais,

onde te imagino
de todas as formas, em todos os tempos,
em todos os lugares e em todas
as possibilidades!

TENHO MEDO DAS ESTRELAS


Imerso em estranhos pensamentos,
em ondas complacentes e em ameaçadoras
sombras quentes,

lembro-me do céu
e de suas nuvens ameaçadoras,

lembro-me do inverno
e de um anjo que ali me prendeu
e me sufocou com seu insando e tuberculoso
amor,

lembro-me
de como foi petala inocente presa
aos afiados espinhos de mim
mesmo,

lembro-me de meus sentimentos,
de minhas dúvidas, de minhas angústias
e de minhas dores;

lembro-me, enfim,
que quis e lutei para nos salva,
até quando percebi que jamais nos seria
possível vencer a suprema
noite!

TÊNUE E INATINGÍVEL DISTÂNCIA AMARGA


... uma tênue
linha traça s distância entre a minha vida
___ e a tua morte

e logicamente
que não percebem, os anjos não perceberm
nada miais que asas, bons modos
er palavras, corpos gostosos
___ e sexos nas expraiadas;

mas toda
vez que cai pingos de chuva na vidraça
de minha casa, enquanto sorriem, zombam,
divertem-se, bajulam-se
___ e se fodem,

eu percebo
claramente que aquelas gotas que
ali se escorrerm são suas
___ lágrimas!

TEU PSICÓLOGO É SÁBIO


Um bom filósofo
ou um bom psicólogo faz bem,
de fato

e, lembrando-me
de nossa prosa à beira da madrugada
de ontem,

eu reafirmo
o que penso sobre o fato de que
se relacionar, por amizade, por desejo ou paixão,
ou ainda por amor

enseja inevitavelmente
que também teremos com eles problemas
que nunca poderemos
resolver

e que devemos,
assim, sendo, apenas nos aceitarmos
tanto nos pontos comuns
como nas divergências

sob o risco
de nos ssepararmos eternamente
ainda estando na existencial ponte,
mesmo daqueles a quem
mais amamos!

VEM, BELA!


.... vem, Bela,
aproxima-te e se apossa de meu corpo,
mas não revele a ninguém
meus segredos,
 
vem e me toca
com a língua e com a boca
e sente minha resfiração ofegante
e meu mastro em rijo
descontrole;
 
vem, Bela,
vem aliviar minha febre
e desvendar, em êxtase, o frágil
pudor do mundo!

A NOITE ESTAVA MORNAMENTE CALMA


Alguma coisa
naquela trepada que demos
sob a lua escondida

foi hestasiantemete
forte demais, fazendo que que
em meu orgasmo,

concentrassem-se,
em momeno único e inigualável,
o fogo, o desejo, o amor
e a paz!

AS TUAS CIDADES AINDA VIVEM E FESTEJAM


... foste,
por mim, advertida do tempo
que passava

e, mesmo assim,
iludiste-te com anjos lumiados
e com algodões-doces
eriçados:

enquanto isso,
o nosso inverno continuava
enregelado,

até que tu
te passaste, sendo tudo que
previ, congelado,

com as estonteantes
lembranças de um passado,
onde fizemos de nosso amor,
algo doloroso
e salgado!

CORPO E ALMA


... que vale
o corpo (e dele a boa saúde),
se a alma estiver
___ adoentada;

que vale
a estada (e a estrada) neste mundo,
se nela nos colocamos como
___ flores carbonizadas;

___ e o pior:

que será de nós,
se não nos houver mais sementeios
de singelas esperanças
___ grávidas?

DESERTO EM RUÍNAS


De que gorjearem
adianta as damas da noite,
as flores
dos bailes das nobres e frescas
noite,
os anjos
maquiados e multicores neste
meu céu em eclipse
e os mágicos
de imagens e de palavra que se entretêm
com versos e poesias arrimadas
à minha hora morta,
se, a flor que eu
verdadeiramente amava, foi-se para
sempre, não me deixando sobrar
nem uma folha seca!

DÓIS-TE COM O LADO MAIS AMENO DA COISA


Crê-me, querida,
mais que a grande dor,
carrego um peso
que não cabe
a ti;

qualquer um
pode vencer a dor
de uma traição,
desde que não a tenha
cometido;

e qualquer um
pode dominar o sofrimento
desde que dele não
tenha sido
causa.


EM CRIANÇA, EU JÁ SENTIA ISSO


ESTE MESTRE TE FAZ CHORARES QUANDO O LÊS


Chão,
força ou luz alguma refletida
de tua vã retina sapiens

É capaz
de te dar mais que sonho e ilusão
e de te tirar do enlamado
chão

em que habitas
com teus rímeis, tuas maqueagens
e tuas mascaras, a atuações de céus,
de mares e de camas.

Silêncio.
calada para ler o cão,
o único que foi capaz de ver entre
a luz que pregas e o automartírio em que
vives,

exatamente
porque tu, mesmo sabendo, tenta
viver escondendo de ti mesma
tão pobre condição!

ETERNO APAIXONADO


... vivi-te com intensidade
no inverno, no deserto e entre as brancas
nuvens do céu,

amei-te
o corpo, a psique e a alma
em chama;

enquanto pensavas
que eu mentia, que eu dissimulava
e que eu não te amava,

mesmo agora,
a mais de um ano que partiste,
afirmo que não, e que na verdade,
hoje mais que nunca,

sei que fui
e que sou por ti um irremediável
e eterno apaixonado!

EU SEMPRE ME LEMBRO E ESCREVO SOBRE TI


... em meus poemas,
tenho sido movido pelas sombras
e pela angustiante saudade
___ dela

e, nem quando
tento disfarçar a dor em algum céu,
em algum mar ou em algum
leito de mariposas
___ salientes,

de anjos flamejantes,
de borboletas flutusntes e de luzes
pantaneiras, consigo sentir que alguma
coisa ainda vá voltar
___ a ficar bem!

FLOR DESPETALADA


Alguém machucou
seu coração dizendo-lhe que
me viu cachorrando
por aí.

Com a singra no peito,
ela foi averiguar o maldito dito,
e me viu cachorrando
por aí.

E eu, que realmente
a amo, mesmo cachorrando
dissimuladamente
por aí,

e que me escondia
para não fazê-la sofrer, só queria saber
quem foi o grande filha da puta
que lhe contou isso.

HOJE CHOREI AMARGAMENTE AO ME LEMBRAR DE TI!


INALIENAVELMENTE


... fui concebido
como abnomalia em meu
centro;

todo o resto
do que pensam, sonham, dizem
ou fazem

não são
para mim mais do que
sombras de semelhantes abnormidades
alheias!

JUST FOR MY DELIGHT!


Agora,
aos 48, depois de amores
e rancores, depois de voos e quedas,
de sonhos e de esperanças
quebradas,

as coisas ficaram
mais claras para mim:
o único lugar realmente seguro
é o deserto,

vagando sozinho,
o que não significa que, sozinho,
eu imagine e sonhe com algo
do meu agrado!

LÁGRIMAS SECAS


Em todas
as vezes em que me lembro
de ti,

invadem-me
grande angústia, dor e vontade
de chorar;

então
o medo se me toma,
o coração se me dispara
e a mente se me perde a já pouca
razão de ser que me restou.

Nesses momentos,
viro-me chuva e tempestade, e orno-me
o próprio naufrágio neste inverno
que não quer cessar

- silente
e escondidamente - para ninguém
notar!

MAIS DE UM ANO SEM TI E NÃO ESTÁ NADA FÁCIL!


Se alguma vez
eu disse que não te amava
(e o disse várias vezes),
___ meu amor;

querias agora,
mesmo tardiamente te pedir perdão
e dizer que não era eu que estava a falar
___ e a te açoitar,

eram (decorrentes do ego,
das demências e os efeitos da alucinada id
___ minha contigo)

minhas chuvas
e tempestades que, incontrolavelmente,
___ estavam a se desabar!

NÃO APARECES MAIS EM NENHUM SONHO!


Observando o céu
em noite sem lua, eu penso
que tudo poderia ter sido
diferente,
o perfume que usávamos,
os ruídos de nossas chuvas
e de nossas esferográficas,
as nuvens sem suas misturas
brancas, negras ou embaçadas,
a pseudolâmpada
que carregávamos às mãos e à boca,
imaginando que, com ela, jamais nos
naufragaríamos.
Sim, observando o céu
em noite sem lua, eu penso
que tudo poderia ter sido
diferente
from the end which we had:
frozen!

NÃO SENTIREMOS SEQUER FRIO!


NÃO SOU POETA À TOA


O niilista obscuro,
quando falsa do ser ou sobre filosofia,
investiga, elucubra e disseca
a abnormidade,

mas quando imagina
uma mulher nua ou seminua, com seu sutiã
e sua calcinha enfiada
na bunda,

esquece as próprias sombras,
as próprias feridas, os próprios pés
inchados, o próprio coração
dilacerado

e, para amá-la
e fodê-la, cria-lhe uma linda
lua!

NEM TUDO PASSA


NÚPCIAS


O EXISTENCIALISMO TAMBÉM NÃO EXPLICA NADA


Se para
Jean Paul Sartre, a angústia surge
no exato momento em que o ser se descobre
aprisionado em sua própria
liberdade,

se para
Shopenhauer viver é necessariamente
sofrer

e, se para
Fernando Pessoa, pensar
é essencialmente errar;

Thor Menkent
decreta que viver é simples,
irrevogável e inalienavelmente estar
atrelado à abnormal condição
em que foi em meio das coisas
jogado!

O SENHOR DAS QUEDAS!


PARA AMAR-TE


Para amar-te
não preciso estar sempre contigo,
nem te dizer isso todos
os dias;

não preciso
entrar em detalhes,
nem tagarelar com o verbo volátil
a teus ouvidos,

como que, com isso,
pudéssemos nos acalmar os inseguros corações,
ou sustentarmo-nos alguma posição
à grande distância que nos
separa:

para amar-te
preciso apenas de duas coisas:
que me permitas em primeiro lugar,
e que nunca mais te hesites
crer em mim.

PASSOS INCERTOS!


Ao cair
de uma nuvem, pensei
que iria me espatifar com minhas
cansadas asas inválidas;
quando me vi
ali prostrado e todo quebrado,
percebi que a nuvem era ainda
mais dura que o chão!

PENSEI, LOGO ERREI!


Pensei
que todos os relâmpagos e que
todas as tempestades de amor tivessem
ficado para trás;
pensei que
podia, enfim, ter um sonho
comungado de bem querer, de fantasias
e de desejo em paz:
ledo engano deste
humano, no pouco que retirou a máscara
com que afogava suas dores
e angústias
e condenava
tudo ao mesmo ponto de origem
e à real condição agora imperceptível
ao sapiens: o nada!

SEI TUDO SOBRE TI


Ela me amou,
se não, muito bem dissimulou,

e eu a amei,
ou muito bem dissimulei;

e tudo bem
até aí porque ser é inefitavelmente
dissimular.

Mas um dia ela
disse que ia me injetar veneno
aos poucos na quantidade certa para
não matar:

e nisso eu garanto,
ela dissimulou, porque são crer
que ela não me mataria, sem nenhuma
pietade, ela matou!

SER!


... até que enfim
encontrei meu destino: ser.

Ser dos desertos
(mesmo de desertos casados)
oasis de amor e de desejo),

ser o alvoraçar
e o quebrar de asas inválidas,
atiçadas pela esplêndida imaginação
sapiens,

ser o suspiro do orgasmo
e o murmúrio das nuvens, das chuvas
e das angústias,

ser o alívio da dor
e a dor da flor que se desespera
ilegítima:

ser, condenadamente,
o tudo, o nada e o louco vasto
que ocorre nos ocos silências
e nas esquinas quebradas!

SIM, EU TAMBÉM SOU CAPAZ DE AMAR


TU ESTÁS BRILHANDO


... quando vinhas,
e subias, e voavas e caías
de minhas asa,

e te quebravas
ao chão e, após te recuperares
dos fragmentos de teus próprios resto
e cacos,

resolvias
acenar-me e me chamar para
novos voos, sempre na esperança
de exultantes manhãs e uma eternidade
dividida com o que nos houvesse
além do humano,

eu nunca te disse,
pois eu, silente e escondidamente, chorava
a imaginar: "Mas será que ela verá
o erro antes do tarde demais
e do fatal engano?"

UM GRITO AO VENTO


UMA NOITE DIFERENTE


Diante do desafio,
ela não se reteve, abriu-se
de sul a norte em suas belíssimas
curvas
à voluptuosidade,
ao desejo e à insaciável fome minha,
muitas vezes em cima de
uma cama,
outras, à minha imaginação,
com meus toques que sempre se findavam
em fantásticos orgasmo.
Sim, ela não se reteve
e me despiu todo, também de norte a sul,
despois deu-me um gole
de vinho into,
depois me beijou
e me direcionou a seu quarto,
depois acariciou e abriu minha alma,
da saboreou por inteiro!

A TRAIÇÃO É, SIM, UM ATO MEDONHO!


... à mesa ela
colocou flores vermelhas,
preparou o vinho tinto suave
para quando de sua eminente e bela
chegada,

preparou
uma linda melodia para ser tocada
enquanto conversassem,

arrumou a cama
com o melhor e mais bonito lençol
para quando se demitasse,

tudo com o lindo
jeitinho feminine dela, tudo perfumado,
tudo delicadamente arrumado:

passou da meia noite,
a música ainda não havia sito tocada,
as flores pareciam se desbotar
cansadas,

a cama estava
pálida assim tão sozinha e abandonada;
ele não viera, pois, sem ela saber,
em outros braços estava!

A TRAIÇÃO SEMPRE FAZ DUAS VÍTIMAS: O TRAIDOR E O TRAÍDO


... neste ponto,
o de sonhar, o de se iludir com amar,
e o de foder até o sol
raiar,

muitos chegam
mormente ficando à deriva
e em perigo depois das trepadas, dos enganos
e dos desencantos;

e aí, quando percebe,
não vê mais abrigos, porque aquilo
que realmente lhe era importante, devido
a suas escolhas incautas
faiscantes,

já se acostumou
com a solidão ou já foi navegar
em outra imensidão, cansado de pequenez
que lhe era ofertada com apenas
arrimos de palavras!

AFASTAMENTO


Afasto-me, vagarosamente,
de teu âmbito nuvem,
e monto vigorosa barreira
para conter-te as faustas dádivas,
as soberbias desvairadas
e as chuvas afiadas;

sim, já não tarda muito
para que não mais te sejas
permitido entrada
às bipolaridades de meus neons
ou aos enegrecidos degraus
de meu cerne degredado;

e te tenhas de ir
a vibrar tua boca e tua mente
encharcadas,
por outros caminhos
e outras esquizofrenias
inauguradas.

ANTES, DUVIDOSA, CHOVIAS FOGO. AGORA NADA PODES DIZER, NÃO É?


AO FIM DA PONTE


Sol e sombras:
quando tua pele se queimar,
ó flor de verão,

vem te aliviares,
esquentando meu frio
e sombrio leito.

AS RESISTÊNCIAS SÃO UMA DAS MAIORES MARCAS DO AMOR


BARCA FURADA


... a imperfeição
e a loucura são belas e atraentes

em quem se veste
de preto,

cospe luzes
com os voláteis verbos

e finge
fagulhas que se lhes
brotam,

alegando
amor e dor, aos olhos!

CÍNICOS REFLEXOS


Aos espelhos dos sapiens,
há sempre recônditos reflexos (quase fantasmagóricos)
das curvas de seus cernes
e de suas almas,

enquanto (diante deles)
se arrumam, penteiam-se e se maquiam
para os bailes (a máscaras)
de ilusões laças

e para esplêndidos voos
com asas inválidas, tudo (inexoravelmente)
mediante seus sencientes
e espúrios olhares.

ELA IRRADIAVA!


Um dia
sentei-me ao chão
a te observar tão bela
às nuvens;

depois de um tempo,
assim tão perdidamente fascinado
e apaixonado,

te tornaste
meu mais sublime sonho
e minha mais séria esperança
de um amor sublime.

Eu só não sabia
ainda que, vez em quando,
tu descias ao chão;

e foi numa dessas vezes
que pisoteaste tão severamente
meu cristalizado
coração.

EU QUERIA MESMO QUE HOUVESSE A ETERNIDADE PARA TE PROCURAR


I NEVER GOT UP AGAIN!


Elas vieram,
aproximaram-se como
despretensiosos anjos de calcário,

e elas se aproximaram tanto,
e me estenderam as mãos,
e me abraçararm,

e me beijaram,
e amores eternos me dadivaram
e com minha haste enlouquecida se penetaram
e gozaram:

quando a última,
Ana, terminou deixando-me só
e estraçalhado,

I never got up again!

ILUSÕES


Por que
ainda haveria de lhe dizer

ou de nos conjecturar
juntos em algo,

se tudo está
construído, inexoravelmente,

sobre uma tênue ponte
de alicerces falsos?

MEU MODO DE AMAR


Sobre meu modo de amar,
transfigurando-te e dissimulando-me
em lúdicas fluorescências que
não podemos conter,

e abraçando-te
como que se me pudesse entrar
mais que língua, pau e dedos
em teu corpo

- sem que entendas quase nada
além de teus sonhos e esperanças brancas,
sem que eu te diga quase sobre
as rasuras côncavas do ser -,

é algo que me angustia,
e tanto, que jamais poderias,
com tua inocência cega,
compreender.

NÃO APAGUES A TÊNUE LUZ!


Olha, não devemos
nos amar como tempestades,

porque a força,
a a esperança e a glória
já nos passaram na juventude;

Antes,
se te escolhi e se me escolheste
para andarmos juntos
nessa hora da vida,

devemos,
com nossas forças já meio esvaídas
e com nossas testas já meio
enrugadas,

sob risco de morte,
dos sonhos demasiado incautos,
das palavras demasiado faustiadas
e do vítreo sexo viciado,
acautelarmo-nos!

NÃO SE DEVE PASSAR MAIS DO QUE UM ACENO


De novo,
enfim nos encontramos.

E como
das outras vezes pareces
realmente ter mudado com a mão
assim me acenando

e com os olhos
assim me fitando; não obstante,
acima, as nuvens se fecham como se fosse
chover,

como a negra
negra página fechada daquela
história distante!

NÃO, AMOR, TU ESTAVAS ENGANADA!


Ela disse um dia
que seria eterno, porque não havia
dois sóis iguais como os nossos
em comunhão:

pena que ela
nunca deu atenção ao que eu falava,
que a eternidade também é algo inventado
por nós humanos,

mas que deveríamos
aproveitar mais o momento,
em vez de nos ausentarmos tantos
pelos pântanos e pelas
lamas,

porque o seria não existe,
a não ser, como a mansa e fria brisa,
na ausência e na solidão!

NÃO, NUNCA MAIS OLHEI!


Tenho vindo aqui
escrever, vomitar e defecar
sem sequer virar para teu la
um só olhar,

mas não te preocupes,
não é uma questão de que me haja
ou não alguma diferença em
olhar ou não olhar,

é que não se vê
nem se contempla a simples e inútil
existência!

NUVENS


... porque esse
negócio de tentar abrir nuvens
com bocas, mãos
e genitálias enxundiosas
[geralmente]
costuma dar
em quedas e merdas!

O (IM) PULSO!


Sempre pensaste
que teus olhos pudessem acomodar
o mar, o além-mar e até alguma
eternidade programada;

embora eu
sempre tenha te ensinado
que (tal como bêbados a cantarem
em noites ensolaradas)

não te é possível
contemplar nada mais que
suas ébrias ilusões
enredadas.

O CAOS NÃO CESSA!


O caos não cessa,
embora com nossa abnômala senciência
transformamo-lo e o remodelamos
em harmonias

criadas
com nossas sapiens retinas;

não obstante,
incautos, não observa que do caos
e do tempo onde ele reina
eternamente,

nada escapa:

o Cosmo é assim,
caoticamente frio e se constitui
em ressurgimentos e carnificinas,
em aparecimentos e desaparecimentos,

tudo advindo
de pequeníssimas gotas quânticas,
onde tudo é possível, menos pousarmos
nossos olhares

pois é exatamente
a linha em que Deus fez para nós,
como máximo limite!

O GRANDE MESTRE: A QUEDA!


O MODO DE AMAR É TOTALMENTE FEITO POR ESCOLHA


... por que,
de repente, parece
que tudo que vivemos naquele
longo amor, parece
imperfeito?

porque
eu via flor antes e agora vejo também
os espilhos da flor?

por que
nos amávamos sob luas estreladas
e agora, ao olhar para cima,
vejo somente escuridão
cria?

Por que
mataste o sol de nossos dias
deixando-se assentar um mortal
inverno frio?

Por que,
sempre que penso em alguma tentativa
de apaziguamento e reconquista,
sinto o vento da tempestade
escondido atrás
da esquina?

OS JULGAMENTOS DAS RETINAS SAPIENS


Vossos tiros já
nasceram condenados a não acertar
o alvo,

posto que
vos procurais desprover das merdas
que jogais nos outros.

Quem
verdadeiramente me conhece,
sabe que concedo aos anjos o mesmo
inferno contra o qual, com a palavra volátil,
aos outros propagam.

Com o abnõmalo
aqui exposto, juntas estão também
expostas as minhas e as vossas
entranhas, escondidamente,
podres!

OS LABIRINTOS DA PSIQUÉ


OS PURISTAS SÃO APENAS TOLOS IGNORANTES!


... vejo tolos,
vejo teimosos,
vejo dissimulados maqueados de branco
que mentem para si mesmos,
ao dizerem que têm uma vida totalmente dedicada
ao lar e à família,
que apenas trabalham
honradamente e que valorizam as pessoas
que lhe estão próximas no dia-a-dia,
vejo e digo
sobre suas tentativas de se esconderem
e de se esconderem de si mesmos,
porque são seres
pobres de espírito e verdadeiramente infelizes
por não admitirem (já que sonhar
e fantasiar é impossível)
que não inventam
outra vida mais furtiva, mais extática,
mais tesuda e mais colorida!

QUANDO DEIXEI AQUELA CABANA AO INVERNO


... quando ela me mandou
viajar ao vento e conquistar o mundo
com a imaginação e com o abstrato e eficaz
pensamento,

fiquei tão feliz
e exaltado que não percebi que,
ao me partir para os delírios e prazeres
de tal intento,

começava
a implantar nela fantasmas e terrores
que se transformariam em nossos maiores
e mais mortais tormentos!

SENTIMENTO


SEU NOME É SEGREDO II!


Não uma entre outras,
não uma que se pesasse pelos olhos
azuis ou pelas poses de anjos
___ tolos,

não aquela
que para ser bela precisa ser maqueada
ou escolher o ângulo para ser
___ fotografada,

não apenas mais
uma de sorriso no rosto, de peitos
___ e de xota gostosos,

não, não
apenas mais uma do sexo oposto
que, depois de comer, eu pudesse acordar
___ e dizer "Ah, pouco importa!".

Não, não, não,
ela foi, sem que eu saiba algum outro
motivo que não o puríssimo amor,
com quem eu escolhi, para
o resto de minha vida,
___ viver!

TEU SILÊNCIO ETERNO FORA PREVISTO!


Ela desejava o não-ser,
e eu a advertira da impossibilidade diante
da metafísica de ser:

hoje,
ela jaz sob frio mármore, esquecida,
apodrecida e sem nenhuma
restante senciência.

Ela não entendeu
que tanto a definição, a compreensão
ou o estudo das imanências
do ser

são regados
por águas turbulentas ou eternamente
silenciosas.

e por aqui
ainda anda o niilista, com sua estúpida
dialética mística e seu particular e também
adulterado modo de ver,

aprisionado,
inexoravelmente, entre a eternidade da vida
num possível morrer-se para
não mais morrer,

num possível
apagamento onde não mais haja
os reflexos turvos das retinas
de meu ser!

TRISTE CONSTATAÇÃO


... sim,
desde pequeno
aprendi a bendizer
___ a escuridão;

e do deserto
fiz minha casa e minha angustiante
___ fortaleza:

mas o que
é que tenho visto sob
___ os postes de neons,

que
não seja pior do que
o que ocorre nos silêncios
e nos desejos esparramados
pelas escondidas
___ sombras?

TU ME AMAS?


Então vem e acaricia-me
a palidez das noites e das noites solares,
nas quais espreitam caninamente
meus fantasmas;

mostra-lhes que outrora
erraram de curral, quando observaram,
com seus vesgos olhares ,
vacas, cães e vermes travestidos
de seres angelicais;

vem e mostra-me
um feltro verde, ou azul, ou de qualquer cor
- menos o cinza negro -
onde eu possa plantar alguma
tocheira fulgural;

vem e tira-me
estas marcas e estas chagas,
estendendo-me um caminho diferente,
sem sonhos vagos e sem sombras
retesadas,

vem, então,
vem e me sirva tua presença
e, se possível, com teu amor sem grandes promessas,
mas também sem esquinas
e encruzilhadas.

UMA PRISÃO QUE NÃO PODE SER QUEBRADA


O homem é um exímio
ator,
faz-se de ouro,
faz-se de seda,
faz-se de santo e de bom;
o homem é maleável,
com suas imanências psíquicas
e pode-se se tornar
como diamante,
como prata,
como pedra ou como pó;
mas eu digo
que, na realidade, o homem é,
até para si mesmo,
um ser invisível,
uma abnomalia não autossentida,
algo com demasiadas mascara
e nenhuma face!

VEM A MIM!


Vem a mim
vestida como a noite,

sem mascaras
ou facetas de vidros
e de espelhos,

vem comigo,
abraça-me, beija-me, toma-me
e possua-me,

como um anjo
cheio de graça, para aliviar
um pouco, que seja, meus vazios
emparedados!

VESTES DE SEDA!


Outrora - com tuas vestes
em seda, luz e âmbar -
elucubraste, aos rastros de meus passos,
as fluentes sombras
de um cão;

enquanto eu nos via
em sonhos, oblações, vesanias
e recorrentes quedas
não decifráveis.

Agora, mesmo que tentes,
não mais podes sequer contemplar
as ominosidades e as angústias
que de mim singram
ao mundo;

enquanto eu
ainda consigo te perceber,
perdida nos mesmos labirintos
- sem espelhos -
de teu avesso e acorrentado
cerne.


VI-TE EM MUITOS REINOS, MAS VI-TE PEQUENA EM TODOS ELES!


... sinto o cheiro
podre de qualquer mascaras
que usares!"
... o que me tranquiliza
é o silêncio, as sombras e a solidão
onde não podem
pousar seus dissimulados
olhares, nem cantar seus gloriosos
cantos,
nem excrementar
seus restos fétidos nem seus sêmens
que afrontem a minha insane
imperfeição;
o que mais me chateia
é quando uma lenda, uma luz ou um anjo
querem se passar pelo meu deserto
como se tivessem absoluta
precisão,
sem que
de fato lhes haja sequer alguma pétala
um pouco menos envenenada
para oferecerem ao cão!

A FIEL CONDIÇÃO NATURAL QUE NÃO ACEITAM PARA SI MESMOS!


Dois corpos
não ocupam o mesmo lugar
ao mesmo tempo no Cosmo, dizem
os físicos,

inclusive
a maior mente que este mundo
já viu "Albert Einstein";

sobre o que sempre
divirjo porque corpos são represetações
consolidadas de ondas, pressupondo-se que,
pelo menos nos componentes
de suas origens,

podem ocupar
não só mais de um, como infinitos lugares;
e porque os sentimentos como o amor, o ódio,
a paixão, etecetera,

tais como as ondas
não são corpos e, assim, não só é possível
como nos é inevitável cometer o que chamam
de abissal ato de traição, pois estamos
condenados a amar e a odiar
por todo lado!

A FORÇA DAS SOMBRAS!


Ainda há algo
tem em mim, algo de loucura,
algo de paixão, algo de roucas e estranhas
alucinações

e, no desnível da morte,
terei de te procurar novamente
em caminhos incautos

e, com tristeza,
vingar-me devolvendo-te a chaga
e a fratura que provocaste
em minha alma e em meu
coração!

A INFRATORA IX


... andas com o verbo
___ a regozijar:

a céus,
com angelicais asas
___ que não tens,

e a terras,
com máscaras e imagens
___ que te convêm;

depois de tuas passagens
em indecifráveis
___ insânias,

trinam as aves e os querubins
___ em grandes dores,

e festejam os vermes e os cães
___ seus caudais fulgores.

A NOITE TE AMAVA


Quando morreste,
quebrase o pulso da noite,

e ela se tornou
tão ilúcida e escura com tua
ausência,

que nunca mais
ligou para meus sonhos, para minhas fantasias,
para meus prantos ou para meus amores
ou para minhas dores!

AINDA QUERO ALGO, MAS ELE NÃO EXISTE


... confesso que
eu ainda quero algumas coisas,
sabe?

Mas como o que
quero inclui a pureza emu ma beldade
que sempre sonhei,

sinto que
tenho, cada vez mais que
me isolar no deserto
e na ilha,

porque
só tenho visto pela minha frente
e nesta minha casa, quando passam
a voar lendo o que escrevo,

meretrizes,
bruxas que cozinham em caldeirões
de porras e demônias, louca
e ninfomaníacas

mascaradas
de nobilíssimos anjos!

ANGUSTIANTE AMOR


Enquanto
tu ainda estavas aqui
neste mundo comigo,

eu era
o cão soberbo e arrogante,
capaz de enfrentar anjos, mitos,
heróis e poderosos
humanos

para ter a ti
como troféu nas noite
e nos dias escuros
de chuvas.

Quando partiste
à morte eterna, senti-me desvanecer
e, vazio e sem mais nenhum
sonho ou esperança,

transformei-me
em um niilista que agora sempre
resite entre o inferno frio
e o solitário deserto
de si mesmo!

AS CARTAS QUE NÃO MAIS PODES ME ESCREVER


Aguardarei
uma última carta depois
da última que me
escreveste;

e depois mais uma,
e outra última com tua caligrafia torta,
tal quais as flores que teimam fugir
das bordas de seus jarros,

sem darem chances
de toque aos esquálidos fulcros
das mesas vazias.

E aguardarei,
quem sabe, até alguns últimos beijos
em derradeiros atos
d'amor,

até que a morte
se torne inexoravelmente fatal
entre o caos e o vazio
de nossas frágeis
almas.

CORPO PRATEADO


Em tempos
de lua cheia, banhas-te
com a luz o corpo
perfeito

e te inspiras
a compor belos, sublimes
e translúcidos
versos

feitos de ilusões
ínvias, esperanças estúrdias
e voluptuosas fantasias
[avessas].

E O DESTINO FOI LANÇADO...


Não chegou a ser surpreendeendente,
posto que era já há muito sonhado
e desejado

mas foi um súbito e fatal
golpe:

quando Ana
tirou as asas e ficou nua
diante do espelho,

tomou o poder
e trouxe um amor e um temor
tão grandes que a ele, ainda vivo,
levou à morte!

E TODOS SEGUEM, SILENTES, COM SEUS SEGREDOS!


As luzes neon,
as maiores mentiras já pregadas
pelas retinas sapiens;

aos espelhos,
as mais belas, sublimes e leiais
atuações ao membembe
espetáculo sapiens;

sob as nuvens
que acima passam despercebidas,
procissões e mais procissões de sapiens
pregando o bem e a boa
vontade:

aos lábios, porém,
não se ouve nenhuma confissão
de seus piores, mais aterradores, mais libidinosos
e mais hediondos segredos!

ELAS NÃO NOS PERDOAM, BUKOSKI!


... vês, moça,
como já estão velhas estas
pálidas paredes?

Percebes
os trincos e as fissuras que se lhes
abre no belo vigor
de outrora?

Sentes, moça,
quantos fantasmas contêm esta
casa já velha e abandonada?

E, levando em conta
tudo isso, moça, por que não te
atreves,

finje um pouco,
dissimula,
inventa-me um sonho,
uma fantasia, satisfaz-me o desejo
da brasa

e sacia-me um pouco
dessa sede imensa com que tenho
te bebido, mesmo em tua
ausência?

ERIÇADO!


Confesso
que fiquei eriçado e todo arrepiado
quando te vi ali naquela
piscina,
com sinais
de alguns mínimos pelinhos
descapados da beira
do biquíni,
com os seios
formando uma covinha
sedutoramente
linda
e com a calcinha
penetrando sua deliciosa
bundinha!

EU SABIA E EU O DISSE!


Ó libertária das sombras,
ó florista do meu averno,
ó sinfonista das cordas do Universo,

eu sabia
e eu o disse a ti
que, de tudo que havia de mais
amorfo em tudo que há
e sempre houvera,
era o ser,

eu sabia
e eu disse a ti
que, em algum momento,
eu teria de passar mais alguns dias
ou algum tempo ao árido
deserto

a fim de aguentar
um pouco mais só, antes que tudo
se acabe, em silentes angústias
e lágrimas,

o pouco
que me resta desse salgado reflexo
dos céus escuros e dos duros
chãos meus!

EXTRAVIADOS


... o que nos sobra,
além das espessas e espinhosas
matas fechadas,

quando nos perdemos
em meio a nossa própria floresta:
estranha e obscuramente
volatilizada?

FINITE INFINITES


Há grandes
teatrações neste espaço,

aqui não
voam anjos, canários ou tentilhões
encantados:

aqui sinto,
dos esvoaçantes urubus
disfarçados.

solidão,
dor, angústia e a sempre frustrada
tentativa de atingirem

sublimidades
e infinitos com a finita senciência
de suas abnormidades
plácidas!

NÃO-SER


... ausência de amor,
ausência de sonho,
ausência de dor,

ausência de impulso,
ausência de desejo,
ausência de fantasias absurdas,

ausência da angústia de existir,
ausência de imagens, de espelhos
e de senciências,

ausência
de tudo que é do humano,
com o resgate inevitável do apagamento,
das possibilidades e do caos!

O DESERTO DO POETA


... o verdadeiro poeta,
com seus sonhos, seus devaneios
e suas esferográficas
___ grávidas,

nunca sabe
___ exatamente onde está,

se no quentume
do corpo, se no silente e sublime
___ voo das asas,

ou se
naufragado nas solitárias
sombras de uma fria
___ madrugada!

O TEMPO É UMA ILUSÃO


... no universo,
o tempo é indissociável,
___ do espaço,

e inventamos
um tempo que se mede pelo
movimento da terra e de sua estrela
___ central

e até à gravidade
entendemos como Newotoniana o que
está definitivamente errado
de acordo com o tecido
___ cósmico;

mas como
é que não param para pensar,
com seus pequenos problemas
___ diários,

com seus sonhos
e amores incendiários
e com suas esperanças vagas
que se o tempo não exixte
___ só,

estamos
ainda de alguma forma ligados
a passados cruéis e sanguinários como
___ ao futuro desolado.

e que somos
concomitante e desapercebidamente
nossos ancestrais, nossos descendentes
e tudo que se finca
___ em nós,

e que isso
prova o quanto nossa condição
é vasta e, aomesmo tempo,
___ miserável?

OI, ESPELHO!


... minha vara
não é diferente de tua
barca;

assim como
ela navegou com tantas velas
e mastros,

a minha
caiu em tantos buracos,

que, como tu,
não sei mais diferenciar,
um céu, um sonho, um mar
ou uma privada!

POR UMA NOITE


Não fales alto:
depois de tanto tempo em chuvas,
acabamos de fazer amor

- se olhares pela janela,
verás que as estrelas ainda
estão gozando,

tremeluzidamente -

e necessitamos paz,
pelo menos nesta noite;

deixa, pois, todo o resto,
e sussurremos somente coisas
que nos alivie a dor.

QUANDO A LUZ SE APAGA!


A janela ainda está aberta,
mas por ela já não consigo mais
contemplar infinitos, como eu e ela
fazíamos tempos atrás:

eu, a janela,
a casa vazia e nada mais;
sim, ela se foi e fiquei assim nesta
louca solidão total:

there are rumors of the cold wind
that there in the mountains still make huts
to be their nests
of love!

RESSURREIÇÃO


... se, ainda ontem,
o se me dormia silente,

dentro de
minha solitária casa;

a um momento,
a um ressureição,
a um neon aceso ao portão,
a umas bananas tragas à bolsa
de presente,

ele de novo
se acordou, queimou-se, ardeu-se
e se multiplicou.

REVOLUCIONÁRIA AGRESSÃO


Quando a luz adoeceu
de uma doença chamada senciência
sapiens,

tornou-se traidora
da virgindade original,
tornou-se agressora da verdade
essencial

e ficou como
alguém que tem alzheimer e não
se lembra de mais nada,

necessitando
de outras retinas que lhes modifique
o insensível, insenciente e murcho modo
de ver as coisas entre as quais
ainda está jogada!

SÁBIAS PERCEPÇÕES ENGANOSAS


... a lua está nua,
o vento nos toca nu,
o mar à nossa frente esstá nu,

as estrelas acima brilham nuas,
as árvores e as flores da beira da calçada estão nuas,
os cães que andam nas ruas estão nus;

diga-me uma coisa,
querida, por que é mesmo que não nos
amamos sem mascaras, ficando os dois
também nus?

SE QUEREIS FALAR DE AMOR, SEDES INTEIROS!


SOLIDÃO SEM FUGA


... mas que
será que procuram essas almas
que viajam por aqui,

neste
deserto em autoaniquilamento
com seus murmúrios de fragmentados
pensamentos;

eu já
acabei com o mação de Ana,
com ela e ele aos meus
pés

e ainda
não dei minha loucura
por contente.

TENHO PRESSA


... tenho pressa,
tenho muitíssima pressa,
a morte me espera após
a próxima curva,

e o que
adiantará alguém querer
quando não mais
puder ter?

Não há mais
espaços para sonhos, fantasias
e punhetas vãs:

quem quiser
marchar comigo precisa
coragem,

para acender
ainda um sol e, se preciso for,
apagá-lo com lágrinecessário for,
em chuvas!

UM AMOR DE GUERRA


... ó loucura incógnita,
atravessei estrelas e enfrentei deuses humanos
que fabricaste como vindos de paraísos
longínquos,

encarei monstros
e terríveis sombras para ver se nos
achava alguma luz no fim
do túnel,

suportei
pesos, culpas ao caminho em que
te puseste a andar comigo
fedendo a porras
e enxofres,

aceitei
teu paradoxo e tua crise existencial,
advindos de labirintos escuros de tua infância
perdida,

procurei
pelo caminho menos espinhoso
para alívio teu, muitas vezes silenciando-me
com minhas angústias e dores:

quando o ópio
se misturou completamente com o perfume
da flor, já era tarde demais,

já habitávamos o limbo,
com trajeto certo para precipício final.

UM VULTO NA MADRUGADA


Meio prostrado
pelo cansaço dos voos e das jornadas,
um anjo voava todo delicado
sobre meu escorregadio
telhado.

Por um momento,
pensou resistir, mas acabou por ter
de lhe fazer um pouso
forçado.

E foi exatamente aí
que a sublime, cândida e bela flor do altíssimo,
já lânguida de sono, adormeceu,
sonhando-me molhada.

Quem diria, quem diria
que seria exatamente um anjo imaculado,
dentro de meus medos, angústias
e fraquezas, aprisionado,

que, ao se descançar da luz,
me faria florescer, em silencioso hino ao deserto,
alguma esperança iluminada.

USAMOS O AMOR COMO DESCULPA PARA NOSSA QUEDA ETERNA!


Não foi nosso amor
que nos derrubou, foram nossos impulsos
incontidos e direcionados a outras
camas e a outros nortes;

não foi uma ou outra
queda que nos matou, foi que a torre
de babel que pensamos ter força
para construir desabou;

não foram os sêmens
dos tentilhões, nem os meles da
flores que nos separou, foi que nos chovemos
e nos ventamos loucos como
uma tempestade,

sempre dizendo-nos
ser por amor, quando na verdade,
estávamos inconscientes
de que

a verdadeira
causa era que já nascemos sedentos
em nossa id, por status, sexo
ou qualquer outra forma
de poder!

VERSOS QUEBRADOS


Meus versos
se tornaram perdidos como aqueles
frios flocos de neve a cair
no solitário inverno,

meus versos
contêm tanto de amor como de
dor devido a um sentimento insano
e incontrolável que surgiu
entre os dois amantes
digladiadores,

meus versos
perderam o prumo e o rumo,
e se tornaram como brutais devoradores
de mim mesmo,

quando,
sentado à seca madrugada,
sem mais nenhum sonho ou esperança
válida me ponho a em ti
pensar!

VISTE LUZ E SOMBRA!


Por que nunca
dantes conseguiste me amar
na paz do leito e da Estrada,

porque vinhas ora
com flores para me ofertares
nas manhãs de sol tranquilo,
ora verbais punhais atirados no vazio
das horas noturnas?

Por que te instaste em mim,
amaste-me, usaste-me e me cobriste
de dor e lágrimas que te deixavam
completamente extasiada:

porque, em vez
de partires assim tão jovem e ainda
no auge da força do espírito
e da carne,

não me deste
um ultimo e definitivo beijo
que, antes de ti,
me matasse?

A TERCEIRA MARGEM


... da terceira
margem, vou jogar
uma corda,

quando
chegar a hora,
agarre-a

- o amor
é isso: uma corda
sobre a correnteza
da vida -

e eu
te conduzirei!

ADÁGIO IN G MINOR


Lutando
contra o pesadelo de tua
ausência,

ando-me
ao seco e endurecidos chão
do deserto,

onde tenho
como companhia apenas
o sol escaldante, o frio cortante
da noite

e o rede vento
que, aos poucos, vai me esvaindo
em sua delicada e solitária
teia!

ALGUNS ENTENDERÃO UM DIA


Venho aqui há anos,
desde antes de ela começar a vir
e, antes de mim, eternamente
partir,
eu tenho visto
vossas fantasias, vossas ilusões,
vossos sonhos, vossos desejos secretos
e vossas convulsões,
eu tenho dito
o que nenhum dos anjos ou demônios
de aqui ainda decifrou, sobre o fato do que
fazemos de manhã
se apagar
no que chamam poética arte, amor
em sublimidade, paixão ensolarada
e, sobretudo, após a tarde,
à difinitiva
entrada à escuridão da noite!

DEIXA ELUCUBRAREM


Parece que
querem saber quem é o paquera
da Flor do Deserto,

anjos são "phoda"
mesmo, nunca se mancam, nem quando
picados por cobras venenosas;

mas eu devo dizer
que a esses puritanos e puritanas
ladrões de sentimentos
e de desejos

que a Flor do Deserto
não tem um paquera (esse negócio de paquera
é coisa de adolescente
retardado:

the flower
of the desert has at his side
is an arid man!

ESQUECE OS HOMENS, PROCURA UM MESTRE!


... exercer o ego

no mais alto nível é como
ter orgasmos,
 
cutucar pensadores
angelicais e niilistas para provocar
a resposta de seus ventos
é como ter orgasmos,
 
fazer intrigas,
ora aqui, ora ali, ora elogiando,
ora criticando é provocar reações
que te dão a sensação de que
estás tendo orgasmos,
 
escrever poesias
e disputar atenção ou status
é como ter orgasmos:
 
sabe, lendária,
eu vi tua alma nua e lavada,
eu te digo que devias te acalmar um pouco,
porque podes mesmo acabar
doente com tanta fome
e obesidade!

EU QUERIA PODER PRORROGAR O INFINITO DA HORA!


Eu queria poder suspender a hora,
descolorir os horizontes, desfazer as imagens
já carpidas no incendeio exangue
de um novo crepúsculo;

eu queria não ser mais nau,
embora pudesse me perder sobre a pálida
luz da lua para, quem sabe,
tentar achar tua alma
[nua] em fuga.

Sim, eu queria ter um par
de asas válidas, para flanar em ritmos
e danças, em uma puríssima
comunhão celeste,

que nos levasse a uma eternidade
que não mais hiberne, e sem que as nuvens
se evaporassem novamente às vazias
escuridões da verve!

EU SEI QUE É DIFÍCIL II


Claro que
a visão nua do ser é a mais
absurda e abnômala
que existe;

claro que,
para amenizar ta visagem,
que mais nos remete a um grande
pesadelo do que a qualquer
outra coisa,

temos
de nos vestir de roupas, de rímeis,
de maquiagens e de cintilantes
máscaras;

mas é claro
que eu sabia que, ao optar
por andar nu neste deserto, ia feder
a ponto de a mim mesmo desagradar
diante de um espelho,

e é claro que,
por consequência, como fora com Ana,
nuvem e tantas outras beldades eu sabia
que teria de voltar ao deserto para,
com o preço, mais uma vez
padecer!

FAÇA-SE A LUZ, E COM ELA O SAPIENS FEZ MERDA!


Inconsciente
e anormal é a visão do ser
sobre as coisas, e suas relações
com as luzes e com
as sombras:
atribuem toda
violação que faz a luz às sombras
com sua retinas os nomes
das coisas,
dos sentimentos
e até das insânias.
Mas eu digo
que do caos eterno de sempre
só sabem as sombras e que a luz nada sabe
além do que dizem nela ver
seus amantes loucos,
hipnotizados
com os reflexos reinaugurados
nas fluorescências refletidas em suas insanas
mentes humanas
que, so clarearem
as sombras, faz com que essas
e com que tudo que esteja sob suas negras asas,
perca para a sapiens senciência
a natural condição!

MAIS QUE DE COSTUME


Ultimamente,
mais que de costume

talvez pelo efeito
de tantos dias enfermo,
sob antibióticos que atiçam a calmaria
minha células
nervosas,

ou pela constante tosse
que, todas as noites, vem fazer amor
com minhas amígdalas,
ao solitário leito -,

tenho andando,
sem sonhos, vesanias ou chuvas,
a me pendular entre
vãos e nadas,

deixando o ar livre
para os vôos e para as dissimulações
dos outros pássaros
sapiens.

NINGUÉM CONHECE O FIO DA NAVALHA COMO EU! I


... o amanhã não
chegará, tola senhora de máscaras
e rímeis diversificados
e bem moltados,

o amanhã
nunca virá, ele não existe além
da falsa projeção que fazemos em violação
ao tempo-espaço cosmológico
cujo funcionamento
não entendemos:

por isso,
autoconsiderada nobre lamparina,
que pensa a tudo saber,

eu não tenho
nada que criticar se tu
escolhes viver a família hoje,
viajar hoje, voar hoje ou foder com
um putinho amante hoje;

porque
ninguém como eu conhece o fio
da navalha sapiens, e eu afirmo, todos nós,
para o bem ou o mal, a abdicação
ou a vadiagem

ou para
qualquer aspecto que pudermos
obeserva, pseudossantíssima,
so temos mesmo
o hoje!

O CATADOR DE SOMBRAS!


... essas luzes
estranhas, essas borboletas
noturnas,

esse anjos
que se anunciam vindo
de céus claros,

essas putas
tristes que aparece por aqui
tentando me entender
e poetisar

não perceberam
com suas posturas puristas,
suas falas graciosas e sua silhuetas
curvilíneas

que eu não
escrevo poesias,
mas sim minha saudade,
minha dor, minha tristeza
e minha solidão!

O CONTROLE DA MARGEM


Se continuarmos
a não controlarmos nossas insânias
possessivas, vamos matar
nosso amor,
bem mais que
por uma dolorosa ausência.
Vamos continuar
a enforcá-lo, a feri-lo, a chutá-lo
como a um cão sarnento e a jogá-lo
em algum abismo
cinzento,
até que,
entre as incessantes chuvas de fogo,
não nos reste mais nenhum
sentimento.

O INFERNO DO SER É INEXORAVELMENTE IRREVOGÁVEL!


É verdade,
o inferno, como dizia Jean Paul
Sartre
é o outro, referindo-se
às projeções que neles fazemos à luz cujo
foco tentamos impor idealisticamente
em nós;
mas é verdade também que,
exatamente por projetarmos o inferno no outro,
conforme disse Nietzsche:
"O pior inimigo
que podes encontrar será sempre tu mesmo;
espreita a ti mesmo nas cavernas
e na floresta!"

OS PREVISÍVEIS


O ser,
quando faz sexo, cospe
elogios, gemidos, sêmens e outras
obscenidades;

quando
se encontras distante dos demais,
dos amigos e em companhia de um só
semelhante,

cospe
obscuridades referindo-se aos outros
aquilo que deles mesmo é;

quando
falam de amor fingem flutuar na luz
e dissimulam-se em esplêndidas atuação aos leitos
e aos espetáculos

e quando
cospem chuvas de fogo
e obscuridades em relação ao ser amado,
marcam inexoravelmente o fim de um antes
considerado eterno caso!

PURO AMOR!


Eu também
tentei te amar assim,
tão puramente,

e até procurei
a terceira margem para ver
se conseguia este grandioso
feito, creia-me;

mas agora assumo
que o mais provável
é que minhas escolhas,
como as tuas

- e a de todos -,

sejam feitas de onde
deambulamos perdidos,
entre os regozijos da palavra
e os estranhos e ominosos
degredos do cerne.

QUANDO A VIDA É PROJETADA NA MORTE!


SEM LIMITE PARA SONHAR E PARA QUALQUER COISA


Amamonos-nos,
embriagamo-nos um do outro,
banqueteamo-nos um com o outro,
convidamos mitos,
heróis, divas e deuses para nos servirem
em nossas fantasias, como obedientes
escravos mansos,
abrimos
uma frincha no infinito, ousamos
pousar lá nossas atrevidas
retinas,
gozamos
com dois cães endemoniadamente
loucos, ao mesmo tempo em que ousávamos
nos dar a puerícia dos mais iluminados
anjos:
tropeçamos em pequenas
pedras e nos afundamos na poeira humana,
e ali nos padecemos, demasiadamente
humanos, junto com os demais
vermes, nossos irmãos!

SEM TANGENCIAMENTOS


... e ela me disse uma vez
que eu era o cara mais mentiroso,
mulherengo, safados e punheteiro de toda
a praça;
e eu não resisti
em lhe dizer uma grande verdade
que estava, em minha garganta,
travada:
e tu não és o reflexo
que vês ao espelho, mas sim o reflexo
que vês neste cão que, por vezes,
dizes ser teu homem
amado!

TENS IDEIA DE COMO JÁ TE AMEI?


É magnífica a visão:
"tu tomando banho de piscine de top less
e com a pequena calcinha
enfiada atrrás;

de resto,
totalmente nua!

E eu fico dissimuladamente
te olhando e pensando no que te dizer
ou no que fazer contigo,

vendo a pequena peça
te comendo e o sol te lambendo
o corpo inteiro:

oferecer-te uma linda canção,
um poema dos melhores que já escrevi,
um jantas com uma vela em luz

out e amar urgentemente,
enquando não chegam os astutos anjos
e os famintos lobos!

TODA VERDADE É UMA MENTIRA BEM CONTADA!


Encontra-se, por aí,
mais facilmente um sonho mascarado
que uma verdade
___ sombria;

mas eis que,
uma vez desvendada esta,
há que se estar
___ preparado

para a longa,
solitária, silente e angustiante
___ noite fria.

VINTE E DUAS HORAS!


Veem coisas demais
que não vejo,

veem riqueza,
luxúria e ilusões demasiado
coloridas na tb,

eu vejo uma humanidade
corroída e, em certos lugares ou becos,
destruída pela fome, pela loucura
dos que nem sonhar
podem;

admiram
e até se tesam peitos
de silicone para embelezamento
e sedução,

eu vejo muitas
condenadas, para apenas um pouco
mais sobreviver, ter
de retirá-los;

comemoram
títulos, honrarias e guerras vencidas
com músicas, gritos e hasteamento
de bandeiras,

eu vejo a mortandade
da carne ferida das crianças mortas
e das mulheres estupradas
nos campos de batalha;

em suma,
quero deixar claro, de minha solidão,
nesta noite em que o frio começa
a dar as caras,

que me parece
verem luz demais e eu já sinto
o negro, neste mundo de coisa alguma,
logo ao amanhecer!

A SOLIDÃO DO ÚLTIMO INVERNO!


Fui eu quem mais te amou,
fui eu quem mais resistiu
a tuas fantasias e insânias
vermelhas,

fui eu que tolerei tuas máscaras
e teus libidinosos devaneios,
fui eu que me queimei no inferno
que me trouxeste disfarçado
de paraíso;

e, depois que te foste,
sou eu que ainda te amo e te velo
no apagado e escuro leito
em que agora te deitas!

AFAGO DE ALMAS


... eu queria ter te dado mais amor,
eu queria ter te dado sorrisos mais duradouros,
eu queria ter te compreendido
mais,

e agora é tarde demais
e eu apenas posso lhe pedir perdão,
porque eu ueria ter metempestuado menos
para que tu sofresses e chorrasses
menos!

ATÉ O MAIOR DOS AMORES E A MAIOR DAS DORES SÃO VAIDADE


Até na dor
mentimos para nos amparar,
de alguma forma,
a nós mesmos;

por exemplo,
se digo que me dói (dela)
a saudade e a solidão que ela
deixou,

não estaria eu
a cometer a mais soberba das vaidades
por amá-la ainda desse modo,

sem que ela,
por passagem de morte e por não
ter mais escolha, exercer
o mesmo direito?

CINZAS DE UM JARDIM OUTONAL


ELA E O MENSAGEIRO!


ELAS, AS FLORES II


Flores sim,
que se me inscrevem
em poemas
às solidões das noites
frias,

que me atiçam
em fantasias
ao som de inesquecíveis
melodias,

que me agonizam
- seja a pardas luzes
ou a lisas sombras -
em vesanias,

a me encantarem,
e tanto mesmo sabendo eu,
também,

de seus traiçoeiros
espinhos e de suas insaciáveis
cinorrexias.

EU NÃO QUERO TE VER SOFRENDO!


Eu não quero te fazer sofrer,
eu não vou ficar contigo apenas
para ver e devorar as curvas
de teu corpo,

tu me vês chorando
o tempo todo sobre cinzas
que não vão aparecer, e tu me disseste
que irias comigo para o chão,
se fosse preciso,

mas, por Deus,
neste momento, já ao fim do outono,
a loucura é a minha maior aliada, e a silente
tempestade no deserto é minha
amante contumas;

e eu, entende-me,
não gostaria que sofresses mais tanto
por minhas dores e por minhas lembranças
tão amargas!

EU NÃO SEI SE AMO, MAS TRAÍ POR AMOR!


... como pode
dizer a todo momento "Eu te amo"
e depois dizerem que nem sabem o que
venha a ser o amor?

Como podem,
na hora do sexo e da putaria, dizerem
"vai, mais, meu amor", e não saberem
o que venha a ser o amor?

Como pode,
de repente, num momento alucinado,
arriscar tudo por umas
trepadas,

e perdendo tudo depois,
por um suposto amor, se não sabe
nem o que venha a ser
o amor?

Como não sabem
que a primeira condição para saberem
se realmente amam alguém é exatamente
amá-lo,

para não se confundir,
seja voando nos céus, navegando nos mares,
andando pelas largas avenidas ou tendo excelentes
e intensos orgasmos
​​​​​​​numa cama?

EU SOU PURA, PURA, PURÍSSIMA E SEREI SÓ TUA PARA SEMPRE!


Tu me amavas
com máscaras que roubaste
dos anjos que levavas
a teus leitos.

Sim, e eu acredito,
porque tu me amavas
com mentiras tão sinceras,
que delas fizemos
verdades;

mas sempre soubemos
que até a mais sublime das verdades
também é um grande
embuste.

FOLHAS QUE CAEM!



... punido,
espezinhado,
suprimido do desejo, do carinho
e do amor por ela,

envenenado,
surrado,
semimorto pelos açoietes
vocálicos dela,

com as folhas caindo,
com a força dos voos sumindo,
rastejando como uma cobra
ao chão:

depois daquele
intense verão em que nos amamor
com ferro e fogo,

ela vem dizer
que toda culpa é minha,
que eu é que nõ sei colher estrelas,
e que o marido sequer
se importa

com a presença
ou com a ausência do cão
em sua vida!

HORA MORTA


... não ando
mais vendo ou sentindo o sol,
o céu está lúgbre e tomado de escuras
nuvens.

eu ao chão,
com o deserto, com os destroços
de nossas quedas e com um resto
de folhas secas retorcidas
pelo tempo e pelo
vento:
​​​​​​​
and even if
I want to, I can not stop
breathing to go stay by your side!

INSÕNIA MALDITA!


Sobre meu deserto
há uma algazarra de anjos
celestiais,

sobre meu telhado,
já envelhecido e trincado,
há libidinosidade e dramas de pardais
e de corujas esfolados:

sob minha sombra
tomba a lua pálida, levando consigo
todos os meus sonho e todas as minhas ilusões
mais puerís nunca concretizadas!


JÁ NÃO CHOVO MAIS, APENAS AMO!


NA HORA DA MORTE, AMÉM!


... por enquanto

ainda brilha ao meio do dia a luz
do que chamam vida;

um pouco adiante,
espera, silente e fria, a misteriosa,
mansa, frria e eterna
brisa!

NÃO HÁ MAIS SO, NEM SONHOS À DEFINITIVA NOITE


Quando,
a uma fria madrugada,
ouvires-me
me passer em tua lembrança,
pisares
a terra encharcas por minhas
ainda outrora chuvas
de fogo
ou sentires
o o cheiro de meus bafechos
soberbos,,
não tenhas dúvida,
sou eu depois de morto, que terei
vindo para, fantasmagoricamente,
agradecer-te
pela perjuras que me
fizeste, pelos cânticos e pelo encanto
com que me hipnotizaste
e pela
principal marca tua: a covardia
e a ingratidão com que me presenteaste
nos meus últimos dias
de vida!

NÓS FIZEMOS ASSIM!


NUNCA FOSTE TÃO BELA QUANTO AGORA!


Ultrapassar
as margens e olhar por cima
dos muros por entre
os quais andamos,

liberta,
faz voar
além dos comuns lugares
onde costumamos
estar;

mas é preciso
muita cautela porque sonhar
em voos infinitos podem oferecer
efeitos colaterais

e nos transformer
em náufragos de águas fundas
e escfumaçadas!

O DURO MANTO DA MORTE


... o que antes queria,
a tua quente matéria em carne,
a tua alva coragem em se colocar pura
acima do sapiens,

a tua dança
parecida com a das mais graciosas aves,
os teus desejos mais secretos
e excitantes,

o teu amor
por mim como se eu fosse a tua
última artéria, as suas asas e as eruas pernas
aberas a me convidarem para entrar;

e tudo mais que no infinito
das horas mortas construímos, não me cabem
mais, devido a este duro e frio
manto da morte,

que te cobre
de tal modo que nem mais
posso chamar-te, amar-te ou sequer
contemplar-te!

O INSTANTE


... há alguém nascendo
em alguma tosca ilusão,

há alguém nascendo
em algum incêndio de palavras,

há alguém nascendo
em alguma concupiscências entre bocas,
corpos e mãos.

Neste mesmo momento,

há alguém morrendo
em algum útero ressecado,

há alguém morrendo
em alguma escola desleixada,

há alguém morrendo
em algum leito enfeitado.

Sim, neste mesmo
e exato momento em que me lês
em tua tela mambembe,

onde costumas atirar brancas
palavras voláteis

e beber de imagens, fantasias
e libertinagens desvairadas.

OBESIDADES


... quando as chuvas
se transformaram em chuviscos
fracos e flácidos de gotas
tangentes;

foi que pude perceber,
naquele sincero estio de insanidades,
que todo amor que outrora nos perjuramos
com o verbo volátil

nada mais era que o reverso
vazio de nossas interiores e efêmeras fomes
por imagens, devaneios
e ilusões.

OS BRUTOS TAMBÉM CAEM!


No amor,
pode tardar, mas é certo,
é fato, é inevitável
 
que haverá
muita angústia e dor
 
no silêncio
que se faz entre
entre as quebras de asas
e as quedas sobre
as frias pedras!

QUANDO NÃO SE PODE AJUDAR, É MELHOR SE CALAR



... quando disfarçamos,
inconscientemente nossas próprias
sombras em onirias e desejos
___ coloridos,

ou quando
as projetamos aos cães
emperdenidos, só para ficarmos
um pouco mais com a parte
___ lume da coisa,

de nada
nos servirá ter vivido
e nada poderá justificar uma últil
permanência nossa nesta
___ ponte,

em que todos
de uma ou de outra coisa precisam,
enquanto ela balança sempre de modo
___ incerto e covulsivo!

SEM NOVOS AMANHECERES


Será que
ainda terei, uma única vez
mais sequer,
a chance
de ver brilhar um raio
como o de teu sol,
agora morto,
em minhas
insistentes e frias
sombras?

SENTINDO-TE PRESENTE E LEVE


... hoje senti
diferente o vento da manhã,
ele parecia mais meigo, mais provocante,
mais sensualmente feminine,
e ele vinha
e percorria e pousava em minhas costas,
em meus cabelos, em meu rosto,
em meus peitos, em meu corpo
todo
como que se
quisesse me dizer alguma coisa:
logo suspeitei de que tu
estavas ali!

SIM, ELA AMOU DEMAIS!


Ela amou as maquiagens,
e ela amou as palavras,

e ela amou como ninguém
às sapiens verdade;

e, depois de um tempo,
eu já não sabia mais
se ela era um anjo, uma estrela

ou uma demônia
de humana disfarçada!

SOBERBIA E VAIDADE


É bom que se tomem
cuidado

aqueles que usam a soberbia
fluorescente

e desdenham o silencio
inocente;

porque as vertiginosas palavras
- pronunciadas ou escritas -,

que são lançadas e cultuadas
ao caminho,

podem vir a ser como belas
rosas ofertadas

ou como venenosas
flechas lançadas.

SOMBRIAMENTE FULGENTE


Havia nela uma fulgência
obscura,
que me encantava,
que me seduzia,
que me me fazia voar e suar
e da qual nunca
consegui escapar!

SOMOS SEQUER SOMOS UMA ILUSÃO!


Corpos têm força e apresentam
todos os instintivos sentidos de que precisam
para sua sobrevivência e para satisfação
de seus prazeres,

por isso trocam-se
sentidos, tesões, abraços, amasso,
lambidas de línguas, poisições de êxtases,
penetrações delirantes e litros
e mais litros de sêmens;

mas o corpo,
além de belo e de tudo isso, é também
feito de carne, de sangue, de múuculos
e de nervos

que envelhecem
como não envelhessem a mente
o os sentidos demais.

E então,
ná um ponto, das claras noites de amor,
de tesão e de alegria,

começam a sobrar
apenas algo desabitado de desejos,
fragilizado pela falta de amores, desértico
de linguas e de genitátias em
seus solitários leitos,

em noites escuras
que inexoravelmente lhe antecipam a morte,
na qual, temerosamente em pânico,

não sabem
para onde ir ou se simplesmente
se cessam de existir!

THE DESERTO FLOWER: 7000 TEXTS


TU ME CONHECES!


Tu me conheces,
eu venho aqui todos os dias
compor e postar
poemas

e, neles,
tu me vês sonhando, sorrindo,
amando, chorando e até
me masturbando.

Sim, tu conheces,
pelos meus escritos, até a dor
de minhas vísceras

e o silêncio
intenso de meus orgasmos
promíscuos e, por isso, tu te tornaste
minha sócia e minha
cúplice

na traição
de outros corpos, de outros corações
e de outras almas às densas sombras
dos sapiens sóis!

ÚLTIMAS SEMANAS DE ESPETÁCULO


Já estou chegando
aos quarenta e oito, ainda perdido
e pensando no que faço
aqui,

é claro que ainda sonho
e tenho tremendos e horripilantes
pesadelos,

é claro que ainda fico
a ver as mulheres que passam,
admirirando-lhes a beleza, a feminilidade,
os seios, as pernas e as bocetazs;

é claro que ainda
amo dar umas boas trepadas, vianjando
e não tenho de renunciar a nada
que me agrade;

mas o problema
é que agora eu sinto que realmente
estou chegando numa idade e em uma consição
em que sinto que,

a qualquer momento
que eu abrir novamente a janela,
verei o mundo a partir (ou estarei partindo
eu?) com sua morna e extática
luz!

A IRA SÓ NOS ENCAMINHA AO ABISMO!


A PAIXÃO NÃO É COMO O AMOR: AVASSALA


... a paixão inflamada
em piscinões lotados de pássaros,
a paz por algum anjo
recém-chegado,

a ilusão
instalada para aliviar
dores e pecados,

o sexo,
o orgasmo,
e o gemido instalados

podem abafar
(e às dobras do caminho
nos enganar)

o maior de todos os amores
já vivenciado.

A SINFONIA DOS ANJOS


... ouve a mouca sinfonia
dos anjos que se escondem atrás
das moitas,

reais ou cibernética,

e ouve o latido
do cão ao ver a lua
e sente dele a ofegante respiração
como que se quisesse te devorar toda
e nua;

e agora
me dize: onde ficam verdadeiramente
as sombras e as luzes?

A VERDADEIRA COR DAS MÁSCARAR POR AQUI É ESCURA!


Por que
no virtualismo
as pessoas se dizem melhores
e atuam mais dissimuladamente
do que quando em presentes
carnes,

se não for
pelo limite destas que, quando defrontes,
impingem-nos inevitáveis
fracassos,

impedindo
que nos tornemos
- a máscaras invisíveis
e a verbos afiados -

deuses, mitos, lendas
ou potentes heróis e vilãos,
sem a menor chance
de falhas?

ABERRAÇÕES


Essa angústia,
esse vazio, esse gosto
e esse cheiro de mel
e de fezes

que,
há tanto tempo,
acompanham-me,

são meus
ou são ou da abnômala e obscura
espécie a que pertenço?

AINDA JUNTOS!


Dormiste,
dizem que paraa sempre,
e não mais vês o céu azul ou as ondas
dos mares,

e não mais vens,
de quando em quando, trazer-me
um beijo e uma flor, para enfeitar a sala
de nossa casa,

e não mais vens
de onde estás, pois há só há sóis
apagados, onde combimamos
de nos reencontrarmos,
um dia,

para reacendermos
nosso amor e nossas chamas
por toda a eternidade!

AS FERIDAS DEIXADAS PELA MORTE!


É grave,
para quem nunca passou
por isso, eu digo que é muito
grave as feridas deixadas
pela morte:
em quem permanece
tentando se verdejar neste mundo
fica a continuação da sapiens
profanação,
onde sonhos,
ilusões, pseudoutopias e até
desejos profanos desabam;
em quem parte
para o apagamento não resta
mais que a fria e sombria companhia
do eterno!

CÉUS PASSADOS


COMO DURAR NESTE MOMENTO?


Já voei azuis e claros céus,
já imaginei infinitudes sublimes,
já amei anjos sensuais e puros
como a neve,

já enfrentei tempestades
para colher uma flor de inverno,
já fui bom e já fui devasso com minhas vítimas
nos esconderijos das tardes
e das escuras noites;

mas hoje,
depois que ela se foi, confesso:
minha rotina tem sido mesmo é só
deserto!

COMO ESTÁ PESADO SER HUMANO!


Pobres mortais nós,
mesmo já velhos e cansados
nos esquecemos
(e ainda sonhamos,
e ainda cantamos,
e ainda fodemos ou nos masturbamos
com jovens mariposas)
da escassez
da vida e nos fiamos na lorota
da eternidade, supondo-nos ainda vivos
num porvire junto aos que já foram
à morte!

DECLÍNIO!


Quando a fria noite
com suas pesadas sombras
cai-nos em tormenta,

quando silentes
chuvas de fogo nos alagam
os labirintos da mente,

quando os anjos,
as flores e as beldades choram
a nossos ouvidos, devido seus amores
e angústias,

falha o sonho,
desmorona a fantasia
e sucumbe a esperança

tudo, à cruel escuridão do vazio
que adentro se nos acenta,
sucumbe terrivelmente!

E O FRONTE FOI MORTAL!


O sonho
dos dois imperadores do ego
e da soberbia

era simplesmente
o de se amarem, sem interferências
humanas, cosmológicas
ou divinas,

por toda e eternidade:

esquecemo-nos,
entretanto, que a morte não tem corpos,
nem cheiros, nem esperanças,
nem amor, nem dor,

nem nenhuma senciência
ou sonho qualquer!

ELA É MISTÉRIO E POEMA!


O que é o verbo
sem seus complementos
e adjuntos adverbiais?
A poetisa
não é somente o sujeito,
nem tens o verbo somente no intransitivoe,
com certeza.
Pelo contrário,
Ela os processos todos
que ocorrem nas orações.
Ela bem e
em sua poesia) vê-se todo o conjunto
sintático:
ela caminhas sobre as águas,
flutua como as nuvens
e voa como águias!

ELA ME IMPRESSIONOU


... pouco me impressionaram
as coisas deste mundo,

mas,
trajando-te sublime luz
e sensualíssimo corpo,

é incrível
como foste assim tão

tão efusiva,
tão vivaz,
tão eróticamente sedutora
e paradoxalmente morta!

EU NÃO QUERO QUE MINHA NOITE SE FINDE


Ainda ouvem
o uivo do cão, dado à solitária
e fria madrugada e ressoado
aos dias vossos,

e alguns de vocês
demonstram ojeriza com o que leem
e ouvem;

outros, horror;
outros ainda não ligam a mínima
para o que um louco grita ou pelo que ele faz
em suas perdidas madrugadas:

é fato,
ainda grito e choro às escuridões
não sou nem um pouco atrativo a anjos
de plantões

e garanto
que se ouvirem um gemido de prazer
ou uma alucinação de amor puro eternamente
jurado

certamente
não sairá de mim, porque já me considero,
sem ela, morto, e de toda essa loucura ilusória,
fora de questão!

EXTENSO DESERTO


Talvez
esse meu deserto
não seja mais que máxima
representação

de meus fracassos
e de minha covardia por entre
as margens e as imagens
do caminho ;

talvez
eu esteja usando
minhas senciências espúrias
e meu maldito bodoque
verbal,

tão somente
para tentar me refugiar,
em vão, de meus próprios
e cernientes erros
e medos.

HORA VAZIA VI


ávidos,
desejamos, amamos e fodemos;

soberbos,
desejamos, buscamos e conquistamos;

vaidosos,
maqueamo-nos, transfiguramo-nos
e colhemos os frutos de elogios em forma
de verbais encantos;

na hora certa,
ao chão e à porta do inferno, iremos bater
asas dolorosa e loucamente
expirando!

LUCIDEZES, ILUCIDEZES E FERTILIDADES



Incomoda-me
quando a lucidez de certos momentos
é tão fluorescentemente
fértil,

que, neles,
os homens são capazes
de inventarem sombras, quedas,
e guerras

só para poderem
suprir os insustentáveis sossegos
de suas próprias
tempestades.

O AMOR DOS SONHOS


Para se amar
verdadeiramente e tal como dizem
nos contos de fada que
por aí inventam

é preciso,
em primeiríssimo lugar,
não andarem sempre juntos e nãqo coabitarem
com os amantes julgamo
perfeitos,

porque
senão aquela levíssima sensação
de embriagués cede lugar ao fétido cheiro
que exala das bocas e dos banheiros
em hora errada abertos!

O COSMO NÃO RELUTA O ORIGEM ABNÔMALA


Se a luz,
o sonho, o mar, o amar
nos adoça a boca, o corpo, as senciências
e a alma,

por igual origem
e abnomalia as sombras, as quedas,
os sales , as dores e as angústias,

nos são imprescindíveis
para que não nos mantenhamos somente
num lindo e inercial caminho
de mármore!

O LUGAR DOS ÊXTASES


... os abismos
___ não são delirantes,

as almas
não são impregnadas
___ de total inocência,

para atravessar
meu riacho em tempos
___ hiemais,

nem com Vênus
___ junto:

os deuses
podem aplaudir
___ou elogiar,

mas buracos
negros devoram
___ a tudo

que entra
em seus horizontes
___ de eventos!

O MUNDO É TEU, BABY


... o mundo sorri
e eu estou voltando à caverna,
o mundo quer sonhar e foder
depois das missas e diárias
novelas,

o mundo quer
gozar feliz com uma asa
e um par de pernas
sucedendo as
outras,

o mundo quer,
o mundo sempre convida com suas festas,
espectáculos e fogos
de artifício:

e eu voltando
à caverna e querendo mandar o mundo
e todo mundo com suas eficazes
máscaras para o inferno!

O QUE O NIILISTA NÃO DIZ EM SEUS VERSOS?


O VALOR DO SILÊNCIO!


Se queres algo
bem construído, não convém
contar aos ventos, às chuvas e às tormentas,
do alicerce, os fundamentos;

menos ainda
conta aos anjos, que estes virão
em alvas saliências e cantarão hinos
em louvores,

mas,
na primeira chance, aparecerão
na oposição, transformando a pseudoluz
que trouxeram em doloroso
e angustiante breu!

POR QUE ME OLVIDASTE?


Sabe, depois
de nove anos caminhando juntos,

sempre ovidando-me
quando eu te alertava para
tomarmos cuidado com o tarde
demais;

parece ter
chegado o momento, enfim,
que compreendeste
o que eu falava,

pois não
restou mais nada para renascer,
depois que deixamos o amor
se acabar!

SEM VAGA PARA FRACOS


A paixão é sempre como a paixão,
o desejo é sempre como o desejo,

o prazer e as gozadas são sempre
como o prazer e as gozadas,

os sonhos,
as fantasias e as teatrações
costumam ter, ao fundo, sempre a mesma
branca cor,

a rancor é sempre como o rancor,
e o lavor, e o horror, e o medo de se cair
em tremor;

na verdade,
até as dores não apresentam
tantos dissabores, dando-nos novos
filhos em arte parturiente;

por isso,
para amar de verdade,
é preciso um pouco mais,
é preciso supercar um pouco a margem
do que pensar ser humanamente
amor!

SOMENTE O CAOS É ETERNO


... o caos foi e é,
e nunca padeceu de nenhuma
___ forma,

nem pelo
que o sapiens pensa ver
ou se pensa ser
___ o que é;

e não há
leis, códigos, sonhos, fantasias,
entropias, quânticas ou racionalidades
quaisquer que mudam nada
___ disso:

o que há
é apenas pássaros e monarcas
que constroem seus castelos, com a falta
___ de coragem

para encararem
que estão despertos apenas quanto
ao que pensam, amam
___ ou temem

evitando,
em profunda análise, uma visão
totalmente desajustada
___ e embaçada!

SOMOS INALIENAVELMENTE SEMPRE O FRUTO DE NOSSAS ESCOLHAS!


... deveria a vida,
___ por breve que nos é,

mais bela,
sem demasiadas ambições,
com mais adequada divisão
___ das coisas,

com mais
carinhos, amores, sexos
___ e compreensões,

sem muitas
glórias, angústias e dores
___ cruciantes;

mas
o verdadeiro fato
é que, por escolha nossa,
___ não é!

SOU TÃO FRACO QUE FUI TEU PORTO


Sim, sou como Ana
disse, fraco,

sou tão fraco
que resisto a chuvas bravias,
ao amor bastardo das beldades
de doces xanas,

às palavras
voltáreis dos anjos, menestréis
e puristas conselheiros do que nem para
si aplicam;

sim, sim,
eu sou tão fraco como a brachiaria
que se dobra com a brisa, mas que não se
quebra, mesmo com a maior e mais impiedosa
das tempestades!

THE FLIGHT OF WINTER FLOWER


Líquido,
observo seu voo aos lunáticos
céus,
com direito
a malabarismos e feitos
sublimemente idílicos:
de baixo,
eu me atento que nada sou
e, chagado com a obscura condição,
contento-me em observar
suas asas
e uma parte
de sua calcinha que escapa,
com o vento, das penas que a protegem
do olhar de cães como eu!

ÚLTIMO SUSPIRO


Por acaso,
não percebeste ainda,
que, pela primeira vez na vida,
busco um amor tranquilo
à nuvem,

deixando todo o espetáculo
a cargo dos demais personagens
do grande teatro?

Pois então
guarda-te as chuvas e os verbos-navalha,
e desperta-te comigo
para o grande e iminente risco
de nossas quedas,

antes que o niilista
- que contigo nunca o foi -
se transforme novamente em cão
a se alimentar de sombras
sob postes neon,

e passe o resto dos dias
entre porcos e vermes puristas,
a descortinar-lhes as máscaras vazias
aos palcos e aos leitos,

com admirável e entenebrecida
soberbia.

A LIÇÃO DA FORMIGA


... ao chão,
moucamente dizia, a suas companheiras,
uma formiga:

"É uma merda!
Devia-se gostar mais das planícies
e dos pântanos,

porque,
com o ego e com tanto esforço,
quando se tinge o cume
do grande monte,

está-se condenado
a não mais conseguir descer
para ver a inocência das sutis masturbações
dos répteis e das flores!"

A MORTE NÃO É O FIM DO AMOR


... a mesma luta,
o mesmo combate, tu contra um tumor
eu contra 17 tumores,

destino ingrate
quis que tu dinte dele te caíste
e te partiste e, até hoje não sei por quê,
quis o mesmo destino que eu
vencesse,

conforme
tu muitas vezes, anos antes de tudo,
previste.

Eu não aceitei isso,
eu não estou conseguindo me conformar
com isso, eu não tenho nem ideia
de como pudeste prever
tudo isso;

eu sei apenas
que eu não queria isso,
que eu sofri e sofro muito por isso,
que eu chorei e choro muito
por isso,

e eu sei somente
que eu ainda acredito que, se pudeste
prever com precisão tudo
isso,

podes também
(e agora e creio mais nisso) teres acertado
sobre o fato de que um dia
te reecontrarei

para nos amarmos
e seguirmos juntos pelo infinito!

A VERDADE SOBRE O STATUS E A POSTURA DE LUZINHAS DE MAQUEAGENS BRILHANTES


... luzinhas bruzuleantes,
frágeis e frouxas, vasciladamente piscantes,
com apetites de gigantes
não conseguem
alcançar mais que uma pica
que lhe forneça
um pouco de sua osgarmática
fonte!

ALAGAMENTO


Já houve chuvas demais aqui,
tanto que alagaram o poeta e o menino,

fazendo-se-lhes emergir (revolto)
um niilsita-escorpião,

que anda a regurgitar
os próprios venenos e a extruir (dos homens)

escuros e cernientes avessos
pelos chãos.

AMAR, MAIS QUE TUDO É UM VAIDOSO ATO DE SE AMAR!


Quem com ciúmes
apedreja o já nascidamente condenado
sapiens,

quem a seus medos
e inseguranças grita aos ouvidos
daquele de quem se apavora, achando
que, em ver de ser, tenho
se constituir ele em
sua posse,

quem segue
seu caminho, querendo que o outro
siga os mesmos passos, como se fosse
um alter ego ensinado e domesticado
como cão no laço,

quem com a palavra
escrita e com as chuvas de fogo quer
provocar no outro a força do amor, com a fúria
de suas tempestades,

quem assim o é,
não ama e não sabe amar, senão
simples, verdadeira e vaidosamente
se amar!

APESAR DE TUDO, O AMOR VENCEU!


Uma vez,
quando discutíamos sobre o Ser
e sobre nossas loucuras,
eu, descontroladamente,
disse a ti que tu, como estavas,
dominarias o diabo;
e tu, disfarçada
com um pequeno sorriso,
mas irada, respondeu-me:
"Eu estou tentando,
mas como, se ele sempre se esconde
no lado escuro da lua?

AS PRINCIPAIS PERDAS SE DÃO PELA IMANENTE VAIDADE


CÉUS ESCUROS


CORPO, MENTE E ABNOMALIA


Sou feito de corpo
e mente,

quanto a esta,
sou mais feito das que (com suas
senciêncais) me criam;

sou também
feito de minhas próprias senciências
(amorfas), com as quais mato
ou germino.

FOGO VIVO!


Fora da janela
eu te vi pintando e bordando
nos jardins,

e eu vi que
colecionavas neles canarinhos,
tentithões e anjinhos
azuis,

e eu vi que
os remexia no fogo para
te fartares e te extasiares
com eles;

de dentro
de minha pequena casa, da janela,
eu te vi pintando e bordando
nos jardins,

e eu te vi
quando ias com eles para trás
de árvores e moitas para os amar
ou para acenderem fugazes
chamas:

por muito tempo,
todas as noites, tu vieste bater
à porta de onde eu morava

sempre
jurando me amar!

HUMANO AMOR


... já perdi a conta
de quantas mulheres disseram
me amar, e o pior, amarem-me
para sempre;

de fato,
elas compõem a maior legião
inconfiável do planeta, porque de me amarem,
a gemerem em outros leitos
sobre picas grandes e grossas
foi apenas um passo.

E, assim,
vão diendo amar ao próximo também,
sempre em idas e voltas
infindáveis,

sempre com
a eficácia e a artimanha idílicas
que não pertencem aos cães.

INEVITÁVEL DESTINO III


... de novo eles
(sempre, sempre, sempre
eles):

os semelhantes
e superbíssimos filhos
de Deus,

que vivem
a querer voar cada vez
mais alto,

escondendo algo
(vestidamente) entalado
nos rabos!

JUNTOS AO PIOR DOS INVERNOS


Porque te amar
foi tão estranhamento louco
e mágico
que, quando acordei
do sonho, foi que percebi
que eu já tinha cavado
meu abismo!

MEU MUNDO E NADA MAIS!


Se é por causa da dor,
todos vão procurar um deserto
para se apaziguarem e criar infinitos
com suas próprias cores,
e aí comporão poemas
que umedecem suas noites,
amores que superar as eternidades
além-imaginadas,
orgasmos
fantásticos com fantasias diversas
e demasiado extáticas
e tragédias,
e angústias,
e quedas
que lhe deem,
para fabricar tudo isso com beleza
e arte, a dor do parto!

NÃO HÁ ABRIGOS PARA A HORA MORTA!


... como achar
algum encantamento neste
mundo imenso,
cheio de imagens
e de fantasias com ilusões,
com abraços, com beijos e com extasiantes
fodas,
se, em nosso quintal,
ao pé daquela solitártia e hiemal
cabaninha,
mesmo sob
chuvas, neves e pedras, nosso quintal
ultrapassava todos os limites
de qualquer cerca?

NEM O AMOR VENCE A VAIDADE


... e, assim,
diante de tal audácia e perspicácia
de ambos com a palavra
volátil,

foram,
enquanto se amavam e fodiam,
depredando o barranco

até que
ficou tarde demais e tudo
se tornou abismo!

O AMOR É UMA COISA ESTRANHA


... o amor,
apesar de sublime,
é uma coisa realmente
muito estranha:

não tem caminhos,
nem direções, nem certezas,
nem conhecidas
fronteiras;

sim, o amor,
apesar de sublime,
é algo indecifravelmente
estranho:

quando verdadeiro,
vai do amanhecer ao gris crepúsculo
e, se preciso, adentra a longa
noite de sombras,

sem que se distancie,
por qualquer motivo que seja, daqueles
que verdadeiramente
se amam.

O DEUS HUMANO É MAIS UM ENGANO DO SAPIENS!


... não há Deus
fruto da senciência sapiens,

senão
aquele ou aqueles que,
para nos servirem,
criamos:

nós somos
os verdadeiros de um Universo
por nós refeito e reinaugurado

com nossas retinas tão vastas

como abnômalas!

OPINIÕES ANGELICAIS


Acham realmente
que eu seja um cão, um malandro,
um punheteiro de margens
comuns,

e eu até
não discordo porque, também humano,
hei de ter de todos os demais
humanos um pouco;

mas o que eu não
gosto é de gastar palavras vazias
para elogiar, para dizer que ama, para dizer
que uma beldade é bela, gostosa
e bacana,

só para leva
para a cama e descascar com ela
minha banana;

e se pensam que falo
de amor, sim eu falo de amor,
de amor, e de chuvas, e de pedras
e de inevitáveis quedas:

e eu não preciso elogiar,
bajular ou alisar psiqués, corpos ou posturas
para foder, porque as rosas,

bem, as rosas
mesmas dançam, balançam, pululam
e se quebram!

PONTO DE CHEGADA


A flecha lançada
percorre suavemente seu voo,
como o amo,
por quando dure;
e, assim como o amor
acaba em alguma fria madrugada
e se vão separados
os casais,
a flecha
tem sua devastação ao fatal
ponto de chegada!

POUCOS OUSAM PISAR NA TERRA DE NINGUÉM


... até
os templos, com suas ids puras
e inegáveis são denunciadas pela abnormal
condição nascente
___ do sapiens

e, a mais um
simples passo, por fortificação
do ego e porque pensamos e imaginamos
a tudo em forma
___ de imagens.

com nossa
vasta senciência abnômala
num jogo que fazemos com o lançamento
___ de nossos dados,

estamos
inexoravelmente condenados
a não mais podermos contemplar
as escuridões que nos são
___ indissociáveis.

SAUDADE E SOLIDÃO


Eu esquecerei
os rumores dos ventos,
das chuvas e das pedras
___ musgas,

eu esquecerei
quando teu ego se partia ao meio,
qual uma frontosa árvore
na ponta de machados
___ leiteiros,

eu esquecerei
todos aqueles dias petrificados
nas sombras, em que colhíamos
pedaços de asas e de genitálias espalhados
___ pelos chãos dos teatros;

mas eu
não esquecerei da espuma noturna
onde plantávamos nosso sonho
impossível entre as humanas
___ encruzilhadas!

TU SABES AMAR V


... porque não
permites que te mude com o verbo
volátil,

porque
não aceitas as falsas túnicas brancas
que te oferecem para logarem proveiros
em ilusões e aos leitos,

porque não
te incomodas como te olhem,
como te julguem ou como te rotulem
pois tens por mestre
Cristo Jesus,

porque não
negas o espelho nem te negas
ao espelho, com a coragem de assumir
a condição humana,

porque és capaz
de caminhar com a gente, mesmo quando
a lua, as estrelas e tudo o mais
pareçam andar em direção
contrária!

UM DESEJO DE ESTAR AO TEU LADO


Amar assim
tão distantemente
é como estar
sedento vendo um rio de águas
claras,
se poder delas
beber para saciar.
Quando,
à noite fria, chega a amada,
a gente a olha,
imagina ela em nossos sonhos,
o beijo, o toque
o gozo,
mas se, de fato,
poder sequer lhe abraçar!

A DIFERENÇA ENTRE UMA PURITANA CONSELHEIRA E UMA PUTA ASSUMIDA


Pobre purista
culta:

só se parece mesmo
com um anjo,

quando está em uma
mortalha forçada

de dor, silêncio
e angústia.

A LIBERDADE DE LILITH


Quando ela arrombou
a porta rompendo todas
as correntes,

montou no dorso
do vento e saiu, desenhando aos ares
seus sonhos, desejos
e fantasias,

com tal fome
e sede que tudo pôs
ao leito,

onde bebeu e comeu
a se fartar, ora como sublime
puritana, ora como decaída
meretriz;

antes de retornar
a casa onde se sentia
prisioneira,

na vã tentativa de
se recompor do tresloucado espetáculo
de imagens.

A VISÃO PARA FORA DA CAVERNA É ABNÔMALA!


Voltar para a caverna,
este é meu inexorável caminho,
que outros façam
da poesia caminhos e destinos
de ilusões e de sonhos,
que outros a façam
de repercussões de imjpulsos
e de desejos ardentes
e excitantes,
que outros a façam
com palavras de amor de suas noites
de glória e insones;
eu, para escrever,
uso a pedra,
a pedra
que constitui o que nunca fui,
ou deixei de ser:
a caverna!

ABOMINADOR


... odiosas
chuvas minhas, delas correm
todos os anjos

e todos
os puritanos, com a discreta
tração das palavras,

sempre
bem pontuadas com flores,
luzes e amarras;

eu temo
os subterrâneos refúgios
destes pássaros,

e me ando,
assim, derrocado abaixo,
com meu sudário
desértico!

ÁGUA, FOGO E PÓ


Anjos de todos os paraísos,
demônios de todos os abismos,
e espíritos

sim, espíritos
sapiens de todos os tipos,
com vossas vocálicas
luzes e viscos;

não queirais mais
me ofertarem prazeres em cura
a minhas tormentas,

nem me presentearem
com virgenss para que eu coma
em delírios uivantes;

pois eu vos desprezo,

(há tempo cobrindo-me
com toalhas e com mascaras adequadas,
nada se me vingou a algum
sublime momento)

e já não confio mais
na fausta realidade de vossos
fundamentos!

AMANTES ALÉM DA PALAVRA


... uma relação sincera
entre dois amantes não pode
conter somente a devastadora tempestade
dos desejos,

nem somente
o monopólio do carinho, do afeto
e do bem querer, como que se pudessem
despresar até a mais efêmera
brisa do desejo:

dois bons amantes
devem se aceitar humanos e saborearem
juntos tanto as luzes como as
sombras,

tanto a paz
e a calmaria como a selvagera
do sexual impulso,

tanto os céus,
os paraísos e os leitos como o cobate,
se preciso for, ao ultimo
fronte!

DAQUELE GRANDE AMOR


... daquele grande amor,
louco, embriagado, desenfreado

e daquelas chuvas
de fogo, daqueles passados tropeços
e daquelas passadas
tristezas,

tudo semeado
e colhido ao longo de mais
de oito anos,

ficou um vazio
tão grande, depois que te foste,
que nenhuma flor mais me encanta
e nenhum espinho mais
me machuca

à escura nódoa
da grande, fria e solitária noite
em que me encontro!

DESORIENTADO


... acabaram-se
as certeiras lâminas verbais,
fizeram
greve as flores nos meus
carnavais,
saíram
todos a se incendiarem
em nuvens,
e eu fiquei,
desertificado com lembranças
do que nunca fora
como disseram:
hoje,
só ouço uma música
e só vejo uma rosa que, também,
provavelmente esteja longe
do meu modesto
alcance!

EU ATÉ QUE PREFERIRIA NÃO ESTAR MESMO AQUI


HERANÇA


... nunca podemos
subestimar uma relação em que
___ lutamos

contra nossas
próprias imanências humanas
para, nela, colocarmo-nos
reciprocamente
___ sublimes;

os vivos
ainda amam, ainda voam,
ainda fodem e fazem
___ de tudo;

mas
alguns mortos nunca deixam
de enfeitar nossas casas com suas
___ invisíveis flores!

INSOLENTES MÁSCARAS


Os abnormais se disfarçam
com insolentes máscaras,
entre labirintos idílicos
e bestiários demoníacos.

As rimas que engravidam sonhos
e os verbos que ressoam regozijos
evidenciam as hégiras iludidas
das próprias senciências espúrias.

A pura e virgem floresta foi
inexoravelmente violada,
gerando multidões de filhos apócrifos,
de modo que as chagas marfolhas
se espalharam por todo espectro:

pássaros artificiais
voam a cingirem os céus
com sonhos, fantasias
e esperanças exíguas;

borboletas flutuantes
pululam, de flor em flor,
a adornarem esplêndidos
jardins rupestres;

pavões menestréis
pupilam composições de belas sinfonias,
para tentarem mover
inércias oníricas;

papagaios despercebidos
tartareiam, em repetições moucas,
as reticentes promiscuidades
dos verbos e dos versos;

vagalumes incautos
elogiam, luzindo seus faróis,
os ermos e frios silêncios
das sombras noturnas;

marimbondos negros
não conseguem, carregados
de solidão e ruína, ladear risos
em quimeras inexeqüíveis;

serpentes assassinas
silvam, em fome insaciável,
às rasas e secas superficialidades
dos chãos e dos lodos;

lobos se vestem ovelhas,
em soturnas esperas,
para o abate das frágeis presas
que perderam as asas.

Ao fim, o baile está formado
no inferno dos homens;
e os corpos dançam encurvados
em intensos frenesis,

à nau das insânias
incontidas, das palavras voláteis,
das concupiscências vadias
e das esperanças exíguas.

E as almas - se existem -
singram em agonia, por não termos
o mínimo de cuidado para que
não morram no vazio.

MÍOPES!


... sob a ducha
do chuveiro ou após uma chuva
de fogo,

de nada adianta
lavar somente o corpo
e as feridas:

se não se promover
um completo dilúvio, corre-se
o risco de se passar
a vida

e de permanecer
à eternidade a alma em condições
de sujo seco!

NÃO RESTOU UM LUGAR PARA ONDE IR, ANA!


Depois de tantos amores
onde me dispus a amar e a ser amado
com desejos, com sorrisos, com flores
e com dores,
(em paraísos,
em infernos,
em sonhos e em camas térreas
em voos e em quedas)
descobri tarde demais,
com esta sombra de saudade de ti,
que me acompanha por
todo lado,
que
somente contigo o meu inferno
realmente teve
um céu!

O CANTO DO ROUXINOL!


Tu nunca estarás pronta
para ouvir o canto de um verdadeiro
rouxinol às outonais
manhãs,

sem lhe calinizar
os fulcros, as asas e as garras
com tuas sublimes fluorescências
neon!

O DESEJO É ALCO COMUM


... se os homens
agradam de teu corpo e tu do
___ deles, dá a eles;

se os pássaros
e os anjos se agradam de tuas asas
___ e tu da deles, dá a eles;

se querem
tua sintonia em seus canais
e queres as deles,
___ dá a eles;

se aos rios
há misturas de bem-querências,
de dúvidas ou de desejos
e queres navegar neles,
___ navega,

afinal
sempre há sonhos e corredeiras
intermitentes em todos
___ os lugares;




mas,
se olhares de perto demais
para mim, prepara-te para comungar
___ também a alma!

O PORVIR É UMA UTOPIA QUE NÃO EXISTE


Que na vida
se prova o porvir
a contar sempre novas
estórias;

a quilômetros de mim,
estás tu amarrada a grilhões
de sonhos, desejos e esperanças
de outrora.

A tentar desfazer
esse apertado e dolorido nó,
enfrento a morte com a força de um amor
desmedido,

- eu também aprisionado
no outro lado da destemporada
muralha -

escorrendo-me a ti,
nas silentes madrugadas,
com meus poemas
sangrados.

O QUE FAREI AGORA?


Não compreendo
isso que me sobrou agora,

é como se o sol
tivesse se posto para sempre

e aquele inverno
em que nos amamos
tivesse me envolvido e tomado conta
de todo meu corpo e minha alma;

e o pior de tudo
é que eu não sei o que fazer
e onde ir agora que tu já não estás
em lugar algum à minha
espera!

O QUE VEMOS AQUI É O QUE CHAMAM DE POESIA?


O SONHO QUE NOS REVELOU O QUE SERIA DE NÓS


Em luta pela liberdade da prisão onde minha alma se encontra, surgiu com força extraordinária, em grito pela liberdade, o campo de batalha onde trilhei impávido, em fortes brados, para o reencontro com a nobre alma, que em sonhos me entorpece.


A realidade mundana e ilusória, esqueceu-me por um tempo, em surrealismo concreto, durante o sono bruto da noite.


Entre morte e vida, esperança e tristeza, o amor etéreo brotou como fonte cristalina, fazendo vibrar todo meu ser.


A guerreira-luz, magnificamente bela, veio visitar-me novamente e a cabeça do inimigo, que tentava dominá-la através da infinitude, foi uma vez mais decepada pela força do amor transcendental, que se presencia, em lapsos, em todas as possibilidades de existência.


Misteriosa mulher de negro esplendor, cúmplice de meus anseios, vem pelo caminho da inconsciência beber de minha força, e saudar ao teu amado de tantos tempos, de tantos espaços e de tantas lutas travadas pela solidificação do amor incondicional.


Separada pela dura realidade, ao meu lado se pôs eternamente, em sonhos tão vivos como a luz que toca a pele, ao amanhecer.


Sob a minha proteção terás, guerreira-luz, o amor sublime e intenso, todos os inimigos serão vencidos pelo meu poderoso cajado, e nada conseguirá evitar que um dia contemplemos o mesmo espaço-tempo.

POR SER AMOR DEMAIS, É IMPOSSÍVEL VOLTAR



... porque,
apesar de tanto amor, nunca
nos entendemos,

porque
voltar onde outrora estivemos
a nos amar

é padecermos,
inoxoravelmente, das mesmas
chuvas e dores,

é acordarmos
os terríveis fantasmas que dormem
à interminável noite,

é, enfim, voltarmos
à soturna e obscura cena de nossos
piores pesadelos.


PROJETAMOS, MAS O PORVIR TAMBÉM NÃO É NOSSO CAMINHO OU SOLUÇÃO


... falamos
de nossos desejos, de nossos sonhos
e de nossas esperanças.

imaginamos
esplêndidos voos, navegações
sem limites e brilhantismo em poder,
em honra e glória,

projetamos
a mais bela, gostosa e fiel senhora
para estar de nosso lado na lida, na derrama
e na cama,

mas quando
se precipita o destino, sempre postergamos
para o porvir diante do presente
equívoco,

desapercebidos
de que nada se separa da luz e das trevas
e que do esplêndido e perfeito reino
que imaginamos

em sapiens
e abnormal realidade, estamos condenados
a nunca conseguir contemplar!

QUANDO SE PERDE UM GRANDE AMOR


Há duas coisas,
pelo menos, que possamos
fazer quando perdemos um grande amor
em nossas vidas:

cairmos em lamentos
e choros para, em seguida,
laçarmo-nos - outra vez e outra mais -
os braços de novo e fausto
amante;

ou deixarmos
o vicioso e ominoso ciclo
e assumirmos a dor da parturiente,
deixando os órfãos filhos
em silentes e tristes
versos.

SURPRESAS SOMBRIAS


"... com a mente
não se brinca, amor,
se eu ligar posso fazer
coisas ruins";

e eu, que
sempre soube o poder da mente,
topei a parada;

mas ela
parece não ter percebido
que eu também
a tinha;

resultado:
os dois vão pagar no inferno,
morrendo de cânceres reciprocamente
presenteados!

TÃO ESPLENDOROSA QUE SEDUZIU ATÉ A MORTE!


... ela realmente
era pura, sim, mas tinha uma queda
por anjos, por menestréis
com suas orgias,

saía de tarde,
passava as noites fora
e só regressava no outro
dia;

ela era pura,
sim, apesar de, longinquamente,
eu ouvir os gemidos que
ela dava,

com seu manto branco,
nos volúveis leitos e sobre os excitados
paus; e ela chega dizendo: "Eu sou pura,
pura, puríssima",

sem nunca aprender
que, quando eu estourava,
sempre metaforicamente morríamos,
tendo, depois,

que lutarmos muito
para alguma possível e ilusória
ressurreição, até que,
de tão bela,

a morte concreta,
a morte fria, por ela também
se apaixonou

e, depois
que se encontraram nunca mais
a vi desde então!

TO LOVE OR NOT TO LOVE?


Amar ou não
trariam consequências trágicas
e, de todo jeito, a alma e a carne
seria postos do avesso:
o amor,
com as consequências psíquicas do ser,
nos põe com o ego no cume
tal como lobos famintos,
Not to love
is to plunge into chaos
before nightfall!

TUDO QUE COMBINAMOS SERÁ HONRADO!


... as sombras não
podem mais esperar, estão
famintas;

e ela se
encontra sozinha na solidão
fria da sombras que desejam algum
louco esplendor,

do tipo
que alucinadamente inventávamos
outrora:

é hora
da noite desestrelada,
da noite silente e escura,
da noite sem mais nenhum sol
desenhado;

chegou a hora
que sempre esperamos, meu amor,
chegou a nossa noite
eterna,

onde, seja
para o que for, ou para o que lá
houver, estaremos
juntos!

VIL EXISTÊNCIA!


Certamente
que podes ter de tudo
quanto queirais nesta vã
e vil existência

- inclusive
jogares tuas culpas e pesos
às incautas costas
dos outros -;

afinal de contas,
é tua a particular senciência
para criares e para lidares,
a teus modos

e por tuas escolhas,
com tudo que - aprazendo-te ou não -
ao ego te sirva:

ora amando
anjos, pássaros e sapiens
puristas em paraísos
figurados,

ora debatendo-se
com demônios, vermes
e ratos aos chãos
enlameados,

ora abrindo-te
as asas e as pernas para que
qualquer um deles te coma
a vulva extasiada!

A CULPA É ALGO EXCLUSIVO DO SAPIENS


A SENDA DA VIDA


Hoje de novo
sou conflitos na senda,

ando, corro, paro,
abaixo, pego alguma coisa ao chão,
colho espinhos e flores,

sonho, voo,
iludo-me, construo, volto
a cair ao chão:

tornei-me um ser
insosso que não mais espera,
da vida, alguma nova
aurora!

ACEITAR(SE) NA VIDA E NA ARTE


Se alguém quiser ser mais
para inovar - afiada e livremente -
na arte, na musicalidade
___ ou na poesia,

deve aceitar, primeiramente
e por completo, o cântaro da própria
___ abnormidade humana,

e ousar atingir,
em algum momento,
a transitiva e sublime moradia
___das sombras.

Paradoxalmente,
deve descobrir-se, à nefasta natureza
que adultera a todo
___ momento,

como um deus apócrifo,
dissimulado e ousado, capaz de criar
de recriar suas próprias estórias
___ e imensidades,




a fim de que
consiga ultrapassar os arraigados
limites das regozijadas
___ purezas,

lançadas aos mares,
aos ares e aos montes de ouro
pelos vertebrais
___ sapiens.

AFTER YOUR DEPARTURE!


Faço poemas
a partir de destroços e vazios
me pertencem,
negros
ou com cores desbotadas,
geralmente pouco inteligíveis;
as cores, os sonhos,
as esperanças e as ilusões
todas
abandonaram-me
uma a uma, e minha estada aqui
se desarrumou em lamentos
e lágrimas silentes
after your departure!

AINDA ME LEMBRO COMO SE FOSSE HOJE


Por que te preocupavas
em entender-me, flor de inverno,
se de onde te encontravas
não te era possível,

ou por outra,
por que não congelaste
meus versos, para os leres
quanto também não mais te houvesse
mais ilusões transitivas,

para quando também
não te repousares o dissimulado olhar
em outra direção, que não fosse
a de teus próprios passos
perdidos?

AMOR PERFEITO!


Sem distinção
de preferências, de opiniões,
de desejos, de sonhos, de fantasias
ou de loucuras,
o amor só é
deveras sincero e sagrado
se os dois amantes compuserem
com um só pulsar!

ANJO INDOMÁVEL!


... mulher bela,
purita afamada,
cheia de costumes e de princípios;

mulher
que me traz paz juntamente
com a angústia,

sonho com suas
frequentes ausências

e prazer
juntamente com abstinência;

mulher que
me transformou num cão
sem flauta, jogado na esquina
do mundo,

depois de jurar-me
jurar milagres, lealdade e amor
eterno:

mulher, mulher,
mas quem foi que te disse
que meu ponto mais frágil eram,
como tu, os anjos
indomáveis?

ANTES DA MORDE DELA!


Ana enlouqueceu,
sonhou que haveria de morrer
e que eu resistiria um pouco mais
ao abismo negro.

Ana acertou,
ela acertou em muitas coisas,
e nos amamos, e nos fodemos, e sonhamos
muitas coisas juntos.

Ana cometeu um só erro,
que fatal nos foi:

ignorou o meu aviso
de que não são só as pedras que matam
como havia me dito,

como também
o hábito de frequentar com quem
se ama lugares onde anjos
estão com demasiada
fome!



ANTES DA PRÓXIMA NOITE FRIA


Hoje me amanheci
um pouco feliz, e confesso
que nem sei por quê.

Talvez se soubesse,
já não me sentiria assim
tão imbecilmente
radiante

(e provavelmente
esses versos não seriam assim
tão idiotamente
pífios),

porque de outra
coisa sei (e com absoluta
convicção):

toda emoção alvamente
esfuziante costuma terminar
(às sombras) em rápida
extinção.

DESEJOS


Beijos ardentes,
mãos ávidas a percorrerem o corpo,
bocas a suspirarem desejos,
pernas delineadamente sensuais
a me prenderem à vulva
a rígida haste

- as entregas, os malabarismos,
os suores, os afagos, os orgasmos:
sem nenhuma contenção,
sem nenhuma tentativa
de compreensão -;

mas há uma condição
que preciso impor tão somente
para nossa sobrevivência
de asas:

em meio a essa imperiosa
tempestade de libidinosos sentidos,
deixa o verbo amar
no intransitivo.

DESTINO FINAL: O NADA!


... estou atravessando
um mundo que dizem ser
encantado,

mas que,


depois que ela partiu,
mais parece um monte de coisas
abandonadas,

de destroços
acumulados e de cinzas
molhadas!

DEUS CERTAMENTE É O QUE MAIS SOFRE E CHORA!


Ana se foi jovem,
com cerca de quarenta e dois,
na mesma época em que eu, com quarenta
e seis era abençoado vencendo
a severos cânceres.

hoje,
ao ir pegar minha filha que foi
fazer exames para tirar CND, vi desespero,
perda de controle, tristeza e imensa
dor de alma

numa jovem
que também fora fazer a prova
e recebera uma ligação informando que
seu bebê com menos de um ano
falecera engasgado com
a mamadeira.

E então
fiquei pensando, mas que porra de deus
e esse que deixaz um cão niilista
fodido como eu vencer

um fronte
praticamente fata e leva um anjo
ainda purinho que, mal chegou ao mundo
e, portanto, totalmente inocente
de tudo.

E me lembrei
novamente de Ana, que me dizia
que Deus nos fez dando-nos o poder
de escolhas

e, para isso,
fez uma escolha divina de abdicar
de interferer em nossas escvolhas sejam
conscientes e inconscientes.

E pensei,
com lágrimas nos olhos, Deus é tão poderoso
e tão bom que chora e sofre
amargamente,

como se ainda
fosse crucificado por nós todos
os dias, mas mantém a sua suposta escolha
de não mais interferer nesse infinindo
e totalmente (re)inaugurado mundo
sapiens!

ENQUANTO SOB OS SAPIENS NEONS, ÉS APENASS MÁSCARAS!


... é simples
assim o que o mestre tem
a te dizer:

tua fragilidade,
teus vacilos, e tuas confusões
sentimentais

ser dão porque
tu queres, vaidosamente, andar
sob luzes de neon;

e eu garanto
que só terás a autovisão completa
e verdadeira, como a dos demais daseins
semelhantes a ti,

se conseguires
chegar, poética, filosófica e canibalísticamente
onde nem as sombras mais
te alcancem!

EXISTE ALGUM MAL NECESSÁRIO?


... não são somente
as de hoje, mas as seculares
polícias e justiças,
(e eu digo isso
me lembrando dos campos de concentração
nazista, das vítimas de Stalin, das cruzadas,
as guerras santas, os horrores provocados
por MaoTsé-tung, o horro judaico
provocado em sua saída
do Egito,
e mais, que não impliquem
dizimações imediatas, como a má divisão de renda,
a desigual educaçao dada às classes
menos favorecidas,
a péssima qualidade
da saúde pública na maioria dos países do mundo,
o apartheid que ainda existe não somente
com os negros mas também entre
os que se dizem brancos
irmão,

etecetera, etecetera, etecetera)

São tão sujas,
corruptas e obscuras, como,
para a sociedade como um todo,
imprescindíveis!


FLOR DE INVERNO


... era aquela
flor, em forma angelical,

que nos distinguia
dos demais humanos, imaginando
que pudéssemos conquistar infinitos
e sublimidades sem iguais

e que, por me fazer
amá-la tanto e depois partir para a fria
e infinita hospedagem
da morte,

deixou-me sozinho
a carregar ilusões e pesos humanos
neste mundo de figuração
junto ao lamaçal!

INCESSANTE DOR


... porque eles
nunca entenderão a dor
(após conhecer
a geografia do corpo e da psiqué
de uma hiemal
arquitetura absurda)
de se perder
para a morte horrorosa e estúpida,
juntamente com ela, parte
da própria alma!

NADA EM MIM RESISTE A TI!


É agora só um sonho,
Flor do Inverno,
um possível
voo puro, livre de tua
condição humana,
bem distante
desse desértico pântano,
cheio de imagens,
de muros
e de escuros em que ainda ando
me definhando!

O INFERNO É O ESPELHO DOS OUTROS, MAS NOSSO MAIOR INIMIGO SOMOS NÓS MESMOS II!


Perguntaram-me se eu tinha alguma compreensão de mim mesmo, além de meus severos jugos às caóticas vontades e aos abstratos anseios de criaturas que se amortalham desapercebidamente em suas autointegridades, deflorando tempos, espaços e todas as coisas neles implantados mediante suas imaginações prolíficas.

Ao início de minha era, havia-me, além do reino esplendoroso de palavras e de subjetivações em imagens de todo tipo, um estranho sentimento de esperança incontrita em eventos porvires aos absurdos momentos estreitados e sacramentados de estares presentes.

No templo castiço (como que se possível fosse não haver contaminação já no primeiro respirar) não tinha noção de que porvires redentores eram nada mais que prenúncios de quedas, inerentes a nossas macabridades amorfas. Mal sabia que há pesos inconscientes e demasiadamente excessivos ao "ser" que se posta às margens de delineamentos próprios de por onde anda, aspirando cheiros, matizando cores e construindo relicários com suas pérolas imperfeitas.

Posteriormente, vendo exortações primordiais encetadas por toda parte, ciprestemente comecei a perceber em páginas queimadas, mediante o virar auspicioso da próxima folha em branco onde nos colocamos a repetir as mesmas coisas, que boas ou más-fés misturam-se nos opróbrios nossos, pronunciados, na maior parte das vezes, como orações ou sinfonias compostas, às máscaras usadas, em manifestações incompreensíveis de nossos seres em protuberantes imagens que não refletem mais que nossas superficialidades convenientes.

Dentro dos seres autoproclamados às suas conveniências transfiguradas, comecei a perceber que as vontades eram delirantes em suas aspirações. Que luzes emergiam de sombras omissas em seus cernes. Que palidezes próprias eram sufocadas em lançamentos espúrios a palidezes alheias. E que os porvires utópicos se originavam de insipiências ingênitas.

Então, renegando anseios e esperanças a porvires condenados em nossas insalubridades, enquanto praguejamos pretéritos e presentes em vomições obscenas, questionei de mim mesmo onde estaria alguma transparência sensível, devaneada de nossos minutos precedidos. E contemplei reflexos de espelhos quebrados na última defesa, no último porto, projetado em amanhãs onde nos colocamos inconspurcados, até que o contato vulnerável seja feito, revelando uma complexidade turva: Toda concupiscência humana, em seus delírios e conjecturas, espelha sua frágil condição e traçeja trajetórias fatídicas rumo a esperanças irrealizadas.

- Sim. Sou anverso sem rosto. Um ser soterrado em mim mesmo. O sol madruga em minhas concavidades imperfeitas. E a noite, com suas sombras, manifesta-se em meus dias embotados. Misturado à terra e às quimeras inexeqüíveis, sou uma cacofonia ressoada.

O MUNDO SEM TI


Quando a noite
chega para quem já vive até
aos dias com trajes
escuros,

os pequenos restos
de sonhos, de ilusões e de esperanças
se tornam tão fugases
e tênues

que exalam,
em vez do perfume outrora aspirado
dela, um estranho fedor
vazio!

O SER SÃO SUAS MÁSCARAS, OU NEM ISSO!


... não sei
que ao homem seja pior:

desnudar-se
completamente (e, por isso,
pagar o devido
preço);

ou andar-se
fantasiado (como quem sempre
tem algo a esconder
de si mesmo)

diante dos inevitáveis
espelhos.

SILÊNCIO E TANTA COISA


O regozijo do amor
é um bom truque,
sobretudo quando se atua
com a alma nua;

mas para transcender
até a esse nobre e tão florido
sentimento,
há que se ter muito mais:

às vezes,
é preciso deixar as lajes
e recapturar os sonhos perdidos,
reformar os ventos
e montar seus dorsos suaves

para se conseguir voltar
para casa!

TEMPOS!


... há tempos
em que nos tornamos
vazios como um lago
seco,

há tempos
em que olhamos
os céus sem esperanças
ou apelos,

há tempos
em que nos viramos
e nos lembramos de nossa época
de criança,

quando passavamos anel
nos dedos e o dedo escondido na bunda
da menina que se escondia
conosco no esconde-
-esconde,

há tempos
em que conhecemos alguma beldade,
apaixonamos e nos casamos
e vamos criar nossos
filhos;

há também o tempo
em que passamos mais tempo
na espreguiçadeira e em que tentamos
a tudo esquecer para escrever nossas angústias
e dores com as sombras
da noite!

TEU VENENO FOI TATUADO EM MINHA ALMA!


Agonizo no silêncio
do deserto, junto ao resto dos vermes
e dos ratos sapiens,

tenho um amor
passado, e irrecuperável, que ainda
sangra meu coração,

tenho flexas pregadas
em todas as minhas gerações e estações
nesta jornada vã,

tenho uma esperança:
atingir a paz na morte, desapregado
de toda humanidade, de toda angústia
e de toda dor!

TODOS VESTEM ESSA FAUSTA LUZ


... as palavras
podem ser flores que encantam,

elogios e apoios
que aliviam os mais pobres
e cansados,

sentença de sofrimento
e de morte proferida pelos imperativistas
aos mais fracos,

instrumento
de dissimulação, com máscaras de anjos,
para convencer ou logras êxitos
os mais incautos,

poder,
supremo poder de convencimento
para levar alguém para as cama e lhe dar
uma boas pegadas,

hélices
que levam andorinhas e beldades
para voagem e sonharem
um grande
amor,

tranzendo-lhes
posterior morte por abandona, desprezo,
distanciamento ou silêncio
eterno.

TRISTE E DISTANTEMENTE DEMAIS!


Longe está aquela
a quem amo, e nem por isso
- apesar da cruciante dor
da saudade -

me esvazio;

antes, lanço ao vento,
durante as solitárias noites,
alguns tristes suspiros
em poesias,

para que,
quem sabe num desses acasos da vida,
cheguem-lhe à clara manhã
de algum dia.

VIVER :AOS OLHOS FUNDOS DE UM NIILISTA!


... viver
é ter o grandíssimo azar

de ter vencido uma acirrada
e fatal corrida, entre outros duzentos
e cinquenta milhões

e, como prêmio,
ingressar na virgem natureza
das coisas,

estuprando-as
como um sapiens abnormal!

VÓS TENDES NOÇÃO DO QUE SOMOS?


É incrível este perdimento,
essa indescritível sensação de que
não há sequer uma ilusão a respeito
do ser;
sim é absurdamente
incrível que quanto mais olho
para mim mesmo
ou para
meus reflexos em outros
semelhantes
espelhos,
mas nos sinto
tão inconscientemente ocultos,
tão surgidos no caos absurdo
e fecundo,
para onde regressaremos
sem raízes,
sem amores,
sem dores,
sem sorrisos,
sem lágrimas
e se mais senciência alguma!

A FUNÇÃO MAIS SUBLIME, MAS TAMBÉM MAIS ÁRDUA É AMAR!


... se, para
te amar, for necessário
o enfrentamento das imagens
___ e do mundo,

e quaisquer
martírios, imagina com que
delírios eu saberei
___ sofrer,

até
que uma de tuas pétalas
___ eu possa colher?

ANGÚSTIA E DOR


... imensa
a dor de alguns de meus
___ versos,

às vezes,
chovo mares
___ e enegreço céus;

em outras vezes,
pulso despercebido
e alguma estrela chora
___ escondida:

é imensa
a dor de alguns de meus
___ versos,

às vezes,
brotam de uma alma perdida,
que simplesmente também
___ chora!

APÓS O TARDE DEMAIS, SÓ FICAM RUÍNAS E DESTRUIÇÃO!


... é tarde,
é tarde demaia, meu amor,

estás a uma inalcançável
morte de mim adormecendo
eternamente nos frios braços
da morte

de modo que
jamais poderei sentir teu toque,
a saliva de tua boca, de teu corpo
e de tua linda boceta,

porque agora
moras longe, longe absurdo
de todos os homens e cães do mundo,
diluída apenas entre as imprevisíveis e incertas
veias das sombras!


It's late.
It's too late for both of us, my love!

ÀS VEZES, ATÉ OS VERMES ACERTAM ALGUMA COISA


Às vezes ela acertava
em alguma coisa, embora na maioria
ela apenas rebolava sobre
___ as pedras:

sim, sim,
é verdade que eu ainda estou
aqui, neste mundo cheio de coisas
que não entendemos muito
___ bem,

e eu estou
aqui perdido em mil e uma versões
diferentes, com minhas indecifráveis
máscaras brancas, amarelas,
___ pretas,

todas postas
como versões reais para quem me vê,
porém certamente como versões
___ irreais de mim!

COMO ESTÁ FRIO SEM TI!


... está orvalhadamente
sombria a memória deste poeta,

meu corpo
se encontra surrado e cansado
pelas intempéries da vida,

meus sonhos,
minhas ilusões e minhas esperanças
fugira pelo caído telhado
de minha cas,

fantasmas do passado,
e a lembrança de ela andar ao meu lado
neste reino de imagens
fantásticas

me acompanham
à última dança rumo a esse duro.
frio e infértil chão!

EU E TU, QUANDO NOS ACENDEMOS


E só tu, após ela, conseguiste

entender o que dizia Sigmund e o niilista!



Quando se nos

vem o impulso e se nos acende

o desejo e nós transamos como dois

sóis sem controle;



a sabedoria,

o controle, a paz são postos

à prova,



devido ao fato

de que nossas chamas se tornam

mais tão fantasticamente irresistíveis

e canibais



que

seus posteriores efeitos podem

causar queimadura (mortais) de primeiro

grau!

EU NÃO SEI POR QUÊ, ESTOU CANTANDO E NINGUÉM OUVE!


... um grupo
com os pés sujos de barro
querem crescer rumo
aos céus,

falam,
cantam,
amam-se,
fodem-se

e compõem
algo que chamam
de poesias;

lobos
ficam aos chãos
esperando o despencar
ao lixo,

dos autopássaros
que caem do terceiro,
do quarto, do quinto ou de outro
andar a que sobem,

sem ter
asas, inspiração ou imaginação
para se manterem
em pleno ar!

EU TE DEI TODO O MEU POSSÍVEL!


Eu ainda ouço
teu pedido de ajuda
pela dor de teres de viver num mundo
formado por espetaculares
imagens,
eu ainda sinto
a tua angústia em tentar viver
um amor sem-imagens,
eu sinto muito
que não tenhas entendido
nem meu amor, nem minha loucura,
nem minha incensatez:
eu realmente
sinto muito que, antes de morreres,
te rendeste às vozes das cidades
e dos mitos do mundo!

FATALIDADE


... nosso maior erro
foi imaginar que poderíamos
___ habitar

e nos amar
ao sacratíssimo
___ paraíso,

como
se não fôssemos
sapiens em atuada
___ dissimulação,

mas sim
anjos de asas
___harpeadas!

FLUXOS INFECTADOS


Quando se nos abre
um outro tipo de estrada:
a seca pode ficar incomunicável;

não se convém ficar
desejando rituais em voos,
nem ilusões molhadas
aos leitos:

"Desejar
arrrrr,
arrr" - Eu ali sentado.

"Toc, toc, toc - abre logo,
que estou apertado !"

"Já vai, já vai, já vai!"

É... Parece que já havia outra flor
querendo se abrir,
enquanto às laivas metafísicas
do ser eu defecava.

NÃO ME POSSO DEIXAR DE SER


... queres desconfiar?
desconfia, pois, daqueles

que se dizem normais
e puritanos,

pois padecem
certamente da grande variabilidade

que há na abnormidade
humana.

O AMOR NÃO É SUFICIENTE


Mesmo nos amando tanto,
às vezes, é bom economizarmos
palavras voláteis, promessas mirabolantes,

dizeres
que contenham desconfianças
e até o sexo na cama, uma vez que,
em não se estando bem, ele pode, depois do prazer,
agravar a situação,

sob o risco de termos
de enfrentar severidades, céus avessos,
chuvas de fogo, quebra
de asas

e, por consequência,
nossa solitária e distante morte
ao chão!

O PERFUME É COMUM, MAS A ESSÊNCIA É RARA!


Quando a gente

pensa ter encontrado a pessoa

certa,



aquela a quem amamos

e queremos juntos

de nosso lado



é que mais

chances têm as chuvas de flores

se transformarem em chuvas de fogo

nos escuros e frios veios

das madrugadas,



fazendo

com que doa e sangre o que chamam,

os devoradores de carne,

de milagre!

OS NOBRES VOOS DE UM ANJO


... e ela tinha-se
ido a outros mares de sonhos,

a outras cidades de pedras,
a outras excitações enfurecidas,

junto com pardais
e urubus disfarçados de anjo,

a exercer
sua mais eficaz apresentação:

a de amar
e ser amada em obscuros segredos.

QUANDO A LUZ SE APAGA


De dentro desde quarto
solitário, mofado e fechado,

quantas vezes
terei ainda de chorar minhas dores
e minhas saudade

por aquela
que partiu tão jovem
e não volta nunca
mais?

SIM, É VERDADE, AMAMOS É O DESEJO!


Dizemos gostar,
dizemos amar, juramos lealdade
na saúde e na alegria, na doença e na morte,
ao companheiro que escolhemos
para morar,

dizemos não mentir,
mas já mentimos dizendo ao dizer
que não mentimos,

dizemos respeitar o corpo
e a alma alheios, mas francamente,
mesmo sem nos darmos conta, o que queremos
deles são satisfazer nossos
próprios desejos;

o que comprova
o criador de Zaratustra, com seu niilismo
frio e decadente: "Amamos o desejo,
não o desejado"!

TODOS OS AMANTES SE DIZEM INFINITOS


Precisas tentar
esconder a dor e a suavidade
de tuas lágrimas,

senão,
ao pendular da lua ou ao cintilar
das estrelas, quando eu estiver tentando
me abrigar às fechadas e escuras
matas,

eu posso não aguentar
imaginá-la assim por minha causa,
sem correr o risco de me perder
como pássaro jazido!

TOLOS DEMAIS


Todos sonhamos
com amores sublimes,
com desejos insaciávelmente
extáticos,

com uma vida
de farta de conquistas e respeito recíproco,
com a lealdade de nosso amado
a nosso modo de ser
e de pensar

e todos nós
lidamos com a vaidade
à flor da pele, em meio a noitadas
surubáticas em vários
leitos

e com as consequentes
dores e angústias das ids disparadas
como se fôssemos moleques jogando
pife-pafe.

E, o pior,
é que todos sonhamos tudo isso
nos imaginando como anjos, como heróis
ou como pássaros coloridos,

desacautelando-nos
de que, indubitavelmente, em vez de sermos
anjos, heróis ou pássaros, melhor
nos serisa sermos pedras!

VENTO VENTANIA


Tens uma força maior
do que eu supunha
e tens um coração melhor
do que eu esperava.

Nenhum sol
ou girassol
deve empecilhar
tua jornada.

VIDRO TRINCADO


Depois de haver
se consumado (na inevitável passagem
ao mundo dos sapiens
adultos)

a corrupção
da sublime e desmaliciada puerícia
havida na infância
perdida;

seria conveniente
que eu não mais criasse ébrias ilusões
e grávidas esperanças por céus
mares e castelos
fulgurais,

mesmo que
eu consiga ainda cultivar algumas flores,
não tão suaves (seja bem
esclarecido isso,

nem tão libertamente
brancas como quando me caminhava
(párvulo) em fluxos
cândidos.

A FORÇA DE ANA


Para quem
costumava se considerava,
há muito,
ser o deus
da filosofia, do pensamento, da poesia
e das fantasias;
para um niilista
que sempre estava preparado
para não ser
enganado,
burlado,
trapaceado;
ela chegou
numa noite hiemal com seu seblante
lindo e pálido
e se aproximou,
e não exitou,
e me amou,
e me fez perder
minha alma em tua boca
e em teus braços!

A LIBERDADE E O EXISTENCIALISMO!


Quando Destoiévski
escreveu que, se Deus não existisse,
tudo seria possível,

não o entenderam
muito bem, colocando na figura
de Deus o poder absoluto
para tudo;

não obstante,
o fato de que tudo seja possível
pela senciente escolha da abnormidade
sapiens, significa exatamente
que, na prática, o homem
é seu próprio Deus!

A TUA PAZ É AGORA PERFEITA!


mar adormeceu, e nunca mais
vais acordar ao amanhecer;

a planície não
teve a mesma sorte,
vive sob dias pálidos e noites
tenebrosas,

a tolerar fantasmas
e a zelar-te, em tristes lembranças,
com moucos cantos
de angústia
e dor!

www.espaconiilista.net

AS PROCURAS REFLETEM O QUE NÃO SOMOS


ATÉ QUANDO VOU SANGRAR ASSIM?


Há um bom tempo
já que me ando assim,
noturno e desértico,
ainda em brasa mas sem o fogo
que me queimava,
que ela me trazia
naqueles tempos de glória
e que we foi, com a morte, eternamente
apagado:
solitariamente,
meio alucinadamente
e angustiantemente
vivendo de lembranças
passadas dela e de meus destroços
e restos pesados!

COMO RIOS CONDENADOS!


Florais de Bath,
espinheiros velhos,
andorinhas feiticeiras,
heróis de prepotentes verbos,
anjos que parecem ter sóis nos olhares,
cavaleiros seculares e cavalheiros
genitalicamente esfolados;
No use fighting,
no use contracting the dog:
we are going,
one by one, to return to the eternal erasure
and the original and constant
chaos!

DE ONDE ESTÁS, TU VAIS TE LEMBRAR DISSO!


Eu a vi com o olhar
em dois lugares e dizendo amar
aambos ao mesmo tempo,

e a vi
gozar em dois lugares
ocupadamente, em seu skype,
nem gozou para si mesmo,

tendo apenas
orgasmo do próprio ego com os elogios
que recebera por ter ofertado
os prazeres,

e eu a vi
em situações iguais em vários
lugares, totalmente ofertável para
ter elogios e agrados e, de si mesma,
totalmente perdida:

um dia ela
me pediu perdão, e eu sou um cão,
eu não ligo para esse negócio de perdão,
eu vejo a imanência e mostro
um verbal canhão,

mas, naquele momento,
eu percebi que tinha de ceder e, então,
eu lhe disse:

eu não perdoaria
a puritana ou a um anjo,
mas tu, com tuas ilusões, com tua id
vaidosa e com tua incosnciencia,

estás tão mais
puta e vadia que os seres mais
baixos que vi, que não tenhou outra opção
que não seja a de tentar fazer
algo estendendo-te a mão!

DEUS FEZ O MUNDO EM SEIS DIAS. NO SÉTIMO NÓS O COLOCAMOS PARA NOS SERVIR!


Surgidos
abnormalmente, refizemos
___ a exatamente tudo.

inclusive
a Deus, que julgamos ser
o eterno ente, mais sublime, mais puro,
mais poderoso e mais
___ benevolente,

tão somente,
e essa é a maior prova da aberração
e da ébria visão do homem a respeito
das coisas do Cosmo, para
___ nos servir!

É CURIOSO COMO PODEMOS NOS NEGAR QUE SOMOS CRUÉIS?


Aos 47
eu já sou uma causa
perdida,
e tu ainda
ficas querendo que eu arranje
forças para lutar
por um amor
sob um sol de verão
por nós dois,
sem sequer
me estender uma mão para
ajudar em qualquer
coisa,
enquanto
estou já me congelando
(semimorto) ao árido e hiemal
deserto?

ESSÊNCIA FINAL!


... essa tua lentidão
habitual tornou-se insuportável,
porque
agora meu tempo se tornou
muito breve,
e o que eu quero
comer do teu fruto e beber da fonte
sagrada de entre
tuas pernas,
enquanto,
ainda saudável neste mundo
de delírios e de imagens, tu manténs
tua aura fugitivamente sensual
e morna!

EU ESTAVA CHEIO DE VAZIOS TRISTES!


Quando me encontraste
ao deserto, sentia-me com o coração
vazio e com a alma cheia
de vazios e nadas;

hoje, os fantasmas
continuam em minha mente,
a vigiarem a hora de minha partida
definitivo,

algumas mariposas
ainda derramam escondidamente
um pouco de lágrimas e ferozes anjos inimigos
confabulam escondidos negras
pragas,

mas já não
me sinto tão só qusando teu olhar
me rodeia, quando tua boca
me beija,

quando acendes
uma vela em minha escuridão espessa
ou quando me leva, para me amar,
ao teu desejoso leito!

EU TAMBÉM ACHO QUE DEUS NÃO JOGA DADOS!


A humanidade,
o desejo, a fé, o impulso,

a honra,
o caráter, a vitória, a glória,

o sonho, a esperança
o amor idealizado,

assim como
todos os seus sentimentos
contrapostos,

e tudo o mais
não passam talvez de um sonho
do qual não acordaremos
jamais!


NÃO HÁ CHAPEUZINHOS VERMELHOS


O monsto
não está no próximo

e muito menos em quem amamos
e contra quem nos rebelamos

em horas de descontrole
extremo:

o problema está em nós,
e nós somos a desgraça do problema
da sapiens existência!

O SONHO IMPOSSÍVEL!


... bela, sedutora,
simples, surgiu e veio raiando
em minhas vazias
sombras,
injetou veneno
na medida certa para não me matar
em meu coração
e esperança
em minha alma perdida
e ambulante:
depois,
partiu sem se despedir, deixando-me
somente o eco doloroso e estridente
daquele lindo sonho!

ONDE TU ESTIVERES, NÃO TE ESQUEÇAS DE MIM!


Não gosto
de te amar com as palavras
voláteis,

gosto de te amar
com o sentimento sincero na virtude
do silêncio,

com minha boca
beijando tua boca, chupando teus seios,
percorrendo teu corpo e bailando
em tua boceta;

sim, gosto de te amar
no segredo de um quarto fechado
ou em um mar longíquo, ou no fundo de um
lote esquecido,

longe
dos anjos e dos demônios e dos mitos
sapiens tão bem mascarados,

e gosto de te amar o corpo,
o coração, a essência e a alma como se fôssemos
uma só magnífica e Sonora
harpa!

PAISAGEM VAZIA!


... meus tenros sonhos
viraram pesadelos definitivos,
dos quais não consigo escapar
meu meus hábitos
caninhos;
desde os amanheceres,
os dias estão brancos como
folhas frias,
como a alma
deste poeta niilista, a tentar escrever
poesias com seus vazios
encardidos!

QUERO MINHA PUERÍCIA DE VOLTA!


Há tanto tempo
que venho refletindo e entretendo,
na poesia,

embaçados
espelhos que me olham
como se estivessem limpos
e sem manchas
ou trincos,

que estou
começando a pensar que
consegui enganar até
a mim mesmo!

A IRONIA DO AMOR


Quando se sente
o vento frio dos amantes começar
a bate em nós,

indicando
mudança de horizonte
e de estação,

bem diferente
daquele calor, quentume e êxtase
vividos nos sonhos
e nas camas,

é sinal de que
os severíssimos e austeros efeitos
dos que chamam de amor
chegaram

com incêndios
que serão provocados por solidão,
por perdição e por silentes angústicas
crônicas!

A MORTE VEIO E DEIXOU TUDO TARDE DEMAIS!


Às vezes,
sinto até um pouco de falta
daquela viciante
___ droga,

mas não atendo
chamados, nem a convoco
___ de volta,

por ter certeza
de que abriria todas as feridas,
e lançaria nossa vil
___ existência,

e nosso
ominosa estória de outrora
ao lugar certo: na lama
___ e no caos.

AMOR VIOLADO!


Eu te olhava
como um cão escondido,
com medo de ser escurraçado
a qualquer momento,

tu dizias me amar,
mas não a meu lado humanamente
canina;

eu passei muitas
madrugadas sem dormer, sonhando
com uma chance de te amar
sem gosto de dor
ou de lágrimas;

eu beijei tua boca,
entre tuas pernas abertas,
teus seios e tua alma;

eu juro que
tentei de tudo para termos algum
pedaço plantado
na eternidade,

mas acabei mesmo
foi naufragado em meio a um monte
de destroços, de vazios
e de nadas!

ANIMAL RACIONAL!


A carne é tudo,
a carne sempre anseia novos
corpos, e a mente escolhe como, onde,
com quem e quando será
feito,

seja lá o que venha
a ser feito.

Mas é preciso,
neste paradoxal compêndio,
ter cuidado tanto com o amor puro
como com os impulsos da própria
carne,

pois, quando se acordam
difusos desejos, costuma-se perder o controle
sobre o que estamos
mais viciados:

no amor,
no desejo ou no gosto pelo
autoaniquilamento, como dor de parto
que nos faça sentir vivos
novamente!

CADÁVER ADIADO QUE PROCRIA - PESSOA



... uma visão
niilista da coisa!

Thor Menkent

... qual a diferença
de, vestido com a nobre palavra,

andar à relva reluzente
ou aos abismos
e barros,

se a busca
sempre acaba na satisfação do ego,

do desejo e na posterior
descarga de fezes
por todo lado?

ECOS PASSADOS


Dizias-te pura,
vestias-te-te púrpura,
e trazias-me luz, contando
___ vantagem;

e, de fato,
com essas qualidades,
um arcanjo
___ te amaria impoluto,

mas eu gosto
é da sombra
___ do palco;

por isso,
após estações de primaveras
___ e outonos,

sempre
nos veio intervalos
de silente
___ frio!

ENCONTROS E CONFRONTOS


... quando
a tarde se inclina em obediência
à noite,

é que os anjos
que semeava luzes durante
o dia

escondem,
aos becos, cantos e quartos
escuros,

suas verdadeiraa
faces junto a outros anjos
que, também durante o dia, galoparam
luzes;

com sua mente
já meio tresloucada e com seu rijo
garlho em chamas, é também neste momento
de sombras dominantes

que o cão
veste suas melhores e mais eficazes
mascaras!

ETERNIDADE!


Ando com tanta
vontade e tao desejoso
de me plantar, de alguma forma,
no infinito

que nem as dores,
nem as angústias e os sofrimentos,
nem os tempestuosos mares,

nem os constantes
e seguidos tropeços e sofrimentos
pelos quais tenho passado
nesta vida,

nem a iminente hora
da morte conseguem evitar
meus delírios dementes!

EU TE AMO, EU TE RESPEITO, PORQUE EU VI EM TI MAIS QUE UMA HUMANA!


É verdade,
creio que ninguém te amou como eu,
e ninguém me amou tão suficientemente
louca como tu,

mas, agora que te foste,
posso afirmar também que ninguém,
teu tua família, nem teu marido, teus teus
humanos amantes,

perceberam
como tu misturavas e te perdias
com as próprias emoções, como tu choravas
em silêncios escondida, como te doías
e como usava corpos para saciar
tanta angústia

de teres de existir,
sem compreender e sem ser por ninguém
compreendida, nesse massacrante
mundo de imagens
coloridas!

EU, MEUS FANTASMAS E EU


Ouço fantasmagóricos
boatos de que a noite mais longa,
mais fria e mais calma
se aproxima,

ao vento
o cheiro da morte disfarçado
pelos perfumes das rosas
e das damas-da-noite;

uma andorinha
voa proximamente, um canário canta
proximamente, um ano ama e geme fodendo
proximamente,

alheios de que
o resplendor da lua não me brilhará
mais no dia seguinte!

IT WAS TO LOVE US


Se a eternidade
foi feita para o ocaso
e para as infinitas possibilidades,

se a lua
foi posta ao céu,
nas noites mais escuras,

para
diminuir um pouco a dor dos poetas,
dos apaixonados e do tresloucados;

o instante,
o espaço e as circunstâncias em que,
nor meio de todas essas coisas
fomos jogados

it was to love us!

JARDIM MACABRO


LEMBRANÇAS DA PRIMEIRA PRIMAVERA!


Quando passava
pelo centro da cidade, lá vi ela,
com o marido ao lado e o pequeno
filho no colo,
ele parecia um poste,
sem cor, sem teor e sem graça
e, pelo semblante, deveria estar
bastante angustiado,
ela estava como sempre,
lindissímamente perfeita, desde que
éramos colegas no ensino
fundamental;
a pequena criança
estava em seu colo, olhando para o nada,
alheia a tudo que se passava.
De repente,
à distância, ela me olhou
e pude perceber um pequeno sorriso
ao lado de seu lábio,
também sorri,
discretamente sorri,
mas por dentro meu coração havia
descompassadamente
disparado!

O DISSIMULADO OLHAR DE UM ANJO!


Vejo que
és perspicaz ao analisares
minhas poesias,

e concordo
plenamente com isso,
e concordo mesmo que elas
sejam piores que comer
jiló aos domingos;

mas podes
te surpreender quanto
ao que mais demonstraste gostar
com teu flamejante
ego:

minha mente
é tão insana que pode fazer
balançar tuas mais claras
luzes!

O NIILISTA MORREU CONTIGO!


Nos últimos tempos,
depois que tu partiste ao paraíso,
tenho andado tão breve
e tão mínimo,

tão exangue
no fio desta tênue vida
tão confuso, tão desérico
e tão sem abrigo

que,
em meu velho telhado
só têm pousado imensos cardumes
de nadas e de vazios!

O RIO EM QUE NAVEGAMOS


O amor,
o impulso e o desejo,
os orgasmos espetaculares

levam-nos a mares,
a céus e a leitos onde desfrutamos
de sonhos, de esperanças, de prazer,
de tropeços e de quedas.

As consequências
de um mal controle de algumas
humanas senciências;

o descontrole,
as chuvas de fogo,
a morte por envenenamento mental
e verbalmente hemorrágico:

e tudo se sucumbe
ao fundo do abismo onde jogamos
os restos e os destroços e à escura solidão
que nos assenta no coração
e na alma!

O SER É PIOR QUE O INFERNO DE DANTE!


Sigo sendo
aqui o símbolo das sombras
e dos falsos reflexos das retinas
sapiens,

alguns até
me denominam cão do diabo
ou entidade da destruição filosófica
do homem:

e eu aceito
tudo o que têm dito de mim,
e já há muito tempo, pois eu realmente
sinto que tenho sido o averno
ensombrecido

que, em si,
carregam sempre escondido!

POUCOS DOCES MOMENTOS


Tua companhia,
teus abraços, teus carinhos,
teus beijos,

teus sonhos,
tuas fantasias, teus delírios,
teus desejos,

teus suores,
teus gemidos, teus espasmos
e teus gozos,

bálsamos e óasis
em meu deserto de noites escuras,

eu os queria
todos os dias que ainda
me resta nisso a que chamam
de vida!

QUEM SÃO OS NOBRES, AFINAL?


SINGULAR SURGIMENTO


Do virgem
e puro seio de Deus, nasceu
uma raça,

talvez porque
ele estivesse permitido pore star
cansado de ser Deus,

talvez tenha
sido vítima de sua própria criação
quântica que jogou,
por si mesma,
os dados,

talves ele quisesse
ter alguma companhia ou filho que por si
mesmo escolhesse, pensasse
e se responsabilizasse:

depois disso,
Ele esteve por aqui e viu o erro cometido,
quando foi crucificado e, certamente
deve ter pensado:

"Como cometi tal erro,
certamente nenhum Criador foi por sua obra
tão julgado, maltratado
e condenado!"

UM CÃO CEGO NÃO LATE NEM MORDE MAIS


Ando como
se anda uma formiga
em um mundo cego,

sinto-me
como um amante perdido
incapaz de amar qualquer outra
coisa composta de carne;

e tudo isso devido
à passage da esplêndida flor do inverno,
uma bruxa paradoxalmente
negra e pura!

XANAS SÃO SÓ A METADE DO NEGÓCIO. É PRECISO TAMBÉM UMA MENTE CAPAZ!


... o desejo
ocupa a planície do corpo,
o gemido da boca, os fogos
em descontrolados
gozos,

isso é bom,
isso é delicioso,
isso é mais que demais;

mas, infelizmente,
não contempla o todo, nem as ciências
e as delícias do mal e dos abismos
insossos,

que nos
provoquem as verdadeiras
dores do amor e da parturiente
em literários fogos

A VERDADE QUE NÃO GOSTAM DE ASSUMIR


... cheiro de teu perfume,
cheiro de tua pele, cheiro de teus seios,
cheriro de tua xota,

desejo,
paixão,
loucura, a ponto de eu ter
um torcicolo por virar despistadamente
para contemplar tuas pernas
e tua bunda:

dirão que
sou o cão, que sou tarado, etecetrera,
mas eu digo que ninguém se veste bem, sensual
e se maqueia à toa

e que ninguém olha
o outro por essa coisa boba que dizer
ser conteúdo interno,

mas sim porque
anseiam e desejam beleza, carne,
peitos, bundas, xotas, suor, gozadas
arretadas e só!

AH, SIM, CLARO: O PRAZER!


A id,
como dizia Freud, tem várias faces,

uma delas
se nos apresenta pelo enorme
prazer de imaginar a própria
morte

em vez de continuarmos
perambulando por este mundo de vermes,
de ratos e de anjos
sapiens!

DELICADAS SITUAÇÕES


Somente quem já não ficou
a ver navios ou de pau duro em má situação,
quando aquela pomba que dizia
nos amar voou vociferando
suas indignações,

ou quem já passou
pelas sinuosas trilhas das estações
sem os rígidos frios hiemais
e as fluorescentes foices
estivais,

poderia realmente falar,
com direitos adquirido às horas mortas,
das angustiantes e dolorosas
quedas de meus voos
sem asas,

dos estranhos marulhos
de minhas enturvadas águas
e das desarmoniosas cegueiras
de minhas fluorescências
fragmentadas.

DIGNIDADE SAPIENS


E CHEGOU MESMO O MALDITO TARDE DEMAIS!


Meu amor, meu amor,
não deixas de povoar meus sonhos,

e eu fico a imaginar
como foi tão forte o que tivemos
e não aproveitamos enquanto
ainda cresciam flores nos jardins
e se esverdeava às margens das estradas
por onde andamos;

meu amor, meu amor,
ao berço da morte é onde te deitas agora,
estás tão fria e distante, que tornou
nossa ventura impossível:

Como se não bastasse,
sem tu aqui, a noite já se me desponta
também negra e finda!

E MAIS UMA VEZ ELA VOCIFEROU UMA SENTENÇA DE MORTE!


... vociferou
mais uma vez ela severas sentenças
de morte, como se fosse uma afiada e viva
faca enfurecida,

choveu
e tempestuou com a volátil palavra,
vestia um capuz preto e quis, a todo custo,
tirar minha máscara:

feriu-me a cabeça
de cima e a de baixo, cortou-me o coração
já cansado e afogou-me, com suas iras
e lágrimas, toda a alma!

É RARO, MAS CREIO POSSÍVEL!


Para amar
absurdo e constante,
do tipo bêbado que não desiste
de ficar de pé,

ou do poeta
do tipo não largar o sabão
nem quando toma fora
de alguma puta,

é preciso
meditar, refletir e a todo momento
se acautelar para
o fato

de que nem tudo
reluz como se sonha ou espera
e de que, hora ou outra, vem o tarde demais,
com alguma inundação ou fatal
queda!

ELA EM MINHA VIDA


É raro
eu não me lembrar
dela;

é raro quando,
ao me recordar daqueles momentos
em que visitávamos juntos
infinitos,

não me correr
uma lágrima dos olhos por ela;

é extremamente
raro eu sorrir, tentar me iludir
novamente com algum amor
colorido,

beijar,
abraçar,
transar
ou qualquer outra
coisa no jardim da vida

sem o impacto
doloroso, angustiante
e intermitente da perda dela!

EU VI MAIS QUE TUAS RUGAS, SEM A MAQUIAGEM


FEITO UMA NAU DO NADA!


Como eram lindos
aqueles teus negros olhos
de vigília!
Como era sedutora
aquela tua jovem e irregular
geografia!
Como era incontida
aquela tua louca e faminta busca
por sabedoria!
Como te parecias
com um pálido anjo necessitado
quanto te despias!
Como destruías
todos os sonhos, todas as imagens
e todas as esperanças
que criávamos,
como era mortais
as tempestades que, por causas dseins alheias,
em todas os fins de tarde,
com as quais
te vestias!

FULGAS INTERNAS


Para mim,
os mais sísmicos abalares
entre as tênues estruturas das luzes
e as firmes extremidades
das sombras,

as mais crepitantes chuvas
entre as exíguas ilusões e os tonitruosos
ululos que saem pelas mandíbulas
transitórias dos homens

[em febres de desejos,
em trâmites de quimeras, em bordas de úlceras,
em caminhos perdidos,
enfim]

não impedem
que eles [os sapiens] se convirjam em asas,
corpos e camas, como que a tentarem
criar alguma esperança

em algo qualquer
que não mais lhes incorra em dores
e angústias, nem nos inexoráveis
silêncios das pedras.

ILUSÃO!


Amanhecia a ouvir
o barulho do tamanco no andar de cima,
andar apressado como se fosses
____ para nunca mais voltar,

a carregar
um corpo alienígena, jovem e belo,
____cabelos cor de sol,

esmaltes
vermelhos, dois peitos
e um par de pernas
____ fascinantes;

lábios gris
a balbuciarem eternas melodias
de amor a meus ouvidos
____ moucos.

E isso durou
a eternidade de alguns dias,
que me permiti com fé sagrada
naquela imagem feita
____ a meus moldes;

até que amanheci,
numa das vezes, de pé ao portão,
em incontida e incauta ação,
como a esperar que ela me aparecesse
como no milagre da fértil
____ imaginação,

e me acordei
daquele sonho sem asas,
ao ver quando descia o corpo cansado
e calejado de uma sapiens
produzida a brilhos de rímeis
____ e a cinzas de chãos!

NÃO CHOREM POR QUEM DESCANSA. CHOREM POR MORTOS VIVENTES!


...não chorem
por aquela que agora jaz,
porque eu digo que morrer em carne
é o maior alívio para
o sapiens,

e os que ela matou,
para desgraça de muitos ainda vivos,
ainda estão por aí arrastando destroços, vazios
e nadas!

NÃO SE ESFRIA BRASA COM FOGO!


Se tudo é escolha,
não podemos invocar a ignorância
da causa,
ou a boa-fé,
ou a espiritualidade, ou o rancor,
ou o amor,
ou qualquer outro
motivo para tentarmos explicar
se (conscientemente ou não)
permitimos,
as consequências
do que (nos) mata!

NINGUÉM MAIS TE CHAMA, MAS EU AINDA TE VIVO!


Estás tão fria,
calada e distante, meu amor,

e, enquanto, saudoso
e angustiado, chamo-te urgente
para, pelo menos templar uma vez mais,
teus negros olhos,

eles dizem: "Louco,
demente, ela já esta morta
há tanto tempo!'.

Mas eles não sabem,
meu amor, eles não sabem de nada,
eles não sabe que, mesmo
morta,

meu beijo
está na tua boca, e minha alma
espera pela nossa conjunção
perfeita!

O PARADOXO DA CRIAÇÃO


... para que fosse
possível criar a Deus,

foi preciso
(em primeiro lugar)

que o sapiens se inventasse
e se firmasse homem.

O QUE MAIS, MEU DEUS?


Sob os céus
[e tudo o mais], a fautíssima
senciência sapiens;

sobre os céus
[e tudo o mais] a mesma faustíssima
senciência sapiens.

Sim,
Ela e o infinito imaginário:

por exemplo,
rosas escarlates andam, neste momento,
a enfeitarem jovens e incautos
corações enamorados

com flores,
espinhos e arames farpados.

PARA SEMPRE


Para sempre
surgiu, entre ele e ela,
um alucinado, mágico
e estranho amor,
à medida em que
a luz foi acendendo de ambos
as sombras:
para sempre
se lhes acentaram dores terríveis
devido a fatais chuvas
de fogo,
para sempre,
depois que as sombras retomaram
seu fulgor, choraram, mergulharndo
ambos em angústia
e dor!

QUANDO CHEGA A NOITE, SEMPRE É TARDE DEMAIS!


Se queres amar,
e me perguntas quando começar,
em que ponto te solidificares, em que
___ mar navegares,

em que asas montares
em que céus voares ou em que leito
___ foderes;

eu não sei dizer,
mesmo com tudo que já li do ser
e de suas imanênicas tendenciosamente
___ abissais;

mas eu te garanto,
jovem, se queres amar, prefere fazê-lo
de manhã ou, no mais adiantado da hora,
___ ao entardecer,

porque
à noite sempre costuma ser
___ tarde demais!

SEMPRE A ILUSÃO À BEIRA DO ERRO


Tem qualquer coisa
à beira da ilusão, do erro,
ou mais provavelmente do naufrágio,
em quem poetisa essas coisas
de amor eterno, puro
e incondicional,

que só agradam
aos insectos trepadeiros
que gostam dos açúcares das porras,
ou aos pássaros de asas inclinadamente avesgalhadas,
que labutam em busca de fantasias,
sobrevoando os varais estirados
dos terreiros alheios;

isso para não dizer
que sejam aleijados no osso
- os insetos, os pássaros e as demais
metáforas apropriadas -
do seco cerne.








Mas devo confessar
que há algo bem mais estranho
nos pensamentos e nos eventos mentais
do niilista que escreve gozando - ou sangrando -
sombras e desesperanças;

o que não agrada,
nem interessa, àqueles que não têm
a mínima noção de que sejam em si, são o próprio erro,
sem nenhuma chance de recurso
ou conserto.

SEMPRE MORRENDO AO AMANHECER


UM DESERTO REFLETIDO


Um clássico de
Thaikovsky ou Mozart;

às vezes,
um jazz, samba ou roque

a incitar-me
(a mim, esse já-quase-nada-ser)

para - quem sabe - um último
espasmo teso,

com alguma borboleta
que desvoe,

ou com alguma
mariposa que não (mais)

se vista com esplendes
máscaras.

VOOS, AVENTURAS E QUEDAS!


Todos querem viver,
de um modo ou de outro,
como se estivessem num eterno palco
de alegrias e dores;

sim, apesar do medo
da morte e da vida, todos querem
estar aos espetáculos de luzes,
êxtases e sombras,

seja nas concupiscências
à cama, nos embaraços à lama,
nos regozijos à fama ou no amor
aquarelado por quem ama.

E estão certos,
na verdade, porque nada se deve
perder os que estão
vivos,

sobretudo quando
podem encher os bolsos de abstratos
e absurdos tesouros, até que tudo
se vai tornando opaco;

e o sol, e o céu, e as flores,
e as mulheres que um dia disseste amar,
e as que um dia fodeste, e os amigos
e os filhos, e tudo o mais

vai-se apagando
e, contigo, transformando-se
em algo só branco
- ou só preto -,

sem que tenhas
mais nenhuma condição
sequer de ensaiar.

A BORBOLETA QUE VOOU


A borboleta que voou
deixou-me sem seu verbo conjugado,
sua beleza plastificada, seu perfume incensado
e suas extasiantes trepadas;

a nuvem que se foi
deixou-me com a memória açoitada,
a angústia saturada, o jardim desfolhado
e o telhado estiado;

o anjo que partiu
deixou-me sem suas fluorescências arraiadas
suas esperanças amealhadas
e seus sonhos artesoados.

Sim, era tudo e uma só
que se fez em mim um mito metamorfoseado,
com suas incontáveis máscaras
rimerizadas,

que se afastou
a levar suas imagens figuradas,
seu amor dissimulado e suas chuvas desvairadas,
para ir atuar às largas margens
de outras estradas,

deixando-me sozinho
com as rimas desses versos cansados
e com a alma ao infinito vazio
mergulhada.

A BRUTALIDADE DA AUSÊNCIA!


A saudade
e a melancolida acompanham-me
noite afora,

como uma súplica
de querer manter esta insanidade
de construir sonhos, esperanças e ideiais
sobre o nada;

e, ao fim,
de ir me encontrar novamente
com ela e de amá-la em uma simétrica
realidade!

A DOR DE SER!


Eu vivo sozinho,
carregando dores que curvariam
um deus,
ao relento
de mim mesmo,
já me tornei, em meu vazio
e seco deserto,
o meu próprio
inferno!

A FLOR DE INVERNO E A FLOR DO DESERTO


A NOITE SE APROXIMA RAPIDAMENTE


... balanças muito,
sonhas pouco,
___ vociferas às vezes,

em caminhos
___ sem rumos certos;

mas um dia,
tu finalmente descobrirás
o que precisas
___ fazer,

e então
teu único problema sera
se for ou não tarde
___ demais!

A OUTRA PONTA DA CORDA IV


Vivemos
___ à beira do erro,

ao que achamos certo,
___ cosermos:

eis-nos
___ aí a enferma, imanente

e abnormal condição
___ de "sermos".

A VERDADEIRA FACE DE LILITH


... quando
ela retirou seu véu branco,
vim uma sombriedade
tão grande,

mas tão
grande que se diluíram
todas as minhas
emoções,

como se
nem se tivessem se havido
ali naquela poça
dágua:

a sombra
que vi em sua caverna,
assustaria decerto
até ao diabo!

ADÁGIO IN G MINOR!


Não ouço mais tua voz,
não ouço mais teus gemidos
na hora de nosso amor,

não ouço mais teus segredos
ditos em meus ouvidos
ávidos,

não sinto mais
teu corpo em meu corpo faminto
e insaciável;

agora só sobrou o silêncio:
o silêncios, as lembranças, a nossa canção
que ainda ouço nas madrugadas
insones

(chorando)

E minha alma
mais esvaziada e encharcadamente
escura!

COMO SÃO SUBLIMES ESSES PÁSSAROS!


Os pássaros
são realmente belos com
suas plumagens
em cores

e sublimes
com seus cantos, encantos
e magníficos
voos;

mas,
se repararem bem,
verão que eles gostam
mesmo

(e vivem,
com seus bicos e genitálias obesas,
a se alimentar
disso)

é de ciscar
a terra, em busca
de minhocas e de vermes
contorcionistas e libidinosamente
infames!

EM ALGUM CEMITÉRIO


Em um cemitério qualquer,
um túmulo sobre o qual está uma velha
cruz:

ao túmulo,
encontra-se enterrada a sendual
magia

que causava
a quem, lhe tocasse, amor
com excitadíssimo fogo e venenosas
flechas!

ESTRANHOS CÉUS


Arrefece o amor
quando o desejo é desenfreado, febil
e alucinado,
aniquilando,
com as consequências dos impulsos
e das ids toda onda de brisa
amena
e trazendo desgraça
e morte nos braços das chuvas
e dos fortes ventos!

FICANDO VELHO E AINDA NÃO TE ESQUECI E NEM VOU TE ESQUECER


... ainda bem que não
estás mais aqui, a dura lida
e o quase fatal combate àquele fronte
perante o qual te tombaste,

foram-me muito
cruéis e, depois disso, com tua partida,
nada mais me sobrou, senão
a urgência do momento;

sim,
urgir no que me restsa,
já com o coração cmachucado e doente,
a mente em demência e os rios e as tricas
do cansado corpo aos 48, com a extrema fraqueza
com que se sustenta!

HARMONIA QUÂNTICA


... quem
dera ter o comportamento de ondas,
sem a razão senciente
e o julgo do olhar
conveniente;

as ondas
dançantes que a tudo tocam
imprevisível e irresistivelmente
excitadas,

a quântica
é ondulatória e tudo pode,
o homem é centralizado, cristalizado
em uma grandeza que
não tem,

e só pensa
que a tudo pode.

HAVERÁ NADA!


Ao reino
eterno, ao reino dos céus,
como assim o dizem,
esperam-nos
os anjos, a nós, ainda prostitutos
da palavra volátil,
ainda escravos
dos desejos e das vaidades
e orgias fantásticas;
a nós, cães,
lobos e demais vagabundos
que pensamos saber
de tudo.
E conosco
vão nossas mentiras, nossas infâmias,
nossos rabos sujos, nossos segredos
absurdos,
esperando pelo
perdão de um pai, que criamos
só para lhe impor o atendimento
de nossos anseios absurdos,
de nossos pedidos
impossíveis e nossos medos
cinza-escuros!

IMPERIOSA SOLIDÃO


Quando
recebi teu recado dizendo
para regressar que
me amavas,
já era
tarde demais:
eu havia comedito
o pecado que me impedia
de voltar para
casa!

NADA FOI INOCENTE, COMO DIZIAS!


No céu,
no mar,
em frios vales,

na travessia,
na planície,
nas colinas,

nos mais profundos,
as superfícies e, sobretudo,
nos escuros da minha floresta
sem vida;

eu posso dizer agora
que nosso amor foi pago por ambos
com caldos de sangue,
de lágrimas

e de dolorosos vazios
que em nossas almas fazia silente
e amargurada moradia!

NÃO ENTENDO O QUE FIZ DE ERRADO!


A sabedoria se faz
pela percepção da natureza das coisas,
e não pela tentativa de seus
entendimentos;

veja só você agora,
por exemplo,
estudado nas melhores escolas,
tendo passado por duas
universidades,

um leitor assíduo
de filosofia, poesia e literaturas afins
a me questionar, com essa angústia toda,
sobre por que sua mulher
te deixou;

e ela não te disse
porque não costumam dizer mesmo,
mas toda mulher que deixa
aquele a quem já disse
ter amado,

é por um motivo só:
há tentilhões de cores azuis
e de paus duro voando escondidos
em seu terreiro.

NATUREZA UNIVERSAL


Dizei-me onde há
o sincero silêncio do verbo
e a virgem sublimidade
das coisas

- a não ser
na temida e hedionda morte
ou no ansiado paraíso
que já inauguramos
em vida -

que vos provarei,
da abstrata ponte existencial
da qual a tudo elucubramos
sencientemente,

nossa inexorável
e despercebida consubstancialidade
ao apagamento que
se nos coabita.

O ATO MÁGICO


Imagina-me
estendendo meu peito nu
sobre os teus,
beijando-te
a boca e, com a mão boba,
percorrendo todos os segredos
do teu corpo:
e então, o beijo,
a brasa que incendeia, a penetração,
o êxtase e o extreme e trêmulo
orgasmo que nos une
por inteiros!

ONDAS APOCALÍPTICAS


Num átimo,
o sonho se transforma:

os mares antes cheios
se secam em frios e angustiantes vazios;

choram, em espasmos invisíveis,
os desertos que ficam.

OS FILHOS DO HOMEM!


É fácil lavar as mãos
machadas,

é fácil lavar
os anéis anais depois
de umas cagadas,

é fácil lavar
as genitárias depois de fodas
e gozadas,

é fácil carbonizar
e não se apiedar do próximo sentando
em um sofá confortável,

é fácil mostrar
obturações de ouro enquanto
escrevem poesias e se apresentam
a esplêndido teatro;

porém, é extremamente
difícil, lavar a alma das manchas
e dos segredos que
as encharcam!

OS LADRÕES DE SONHOS!


O sol cai a pique,
logo após a chuva de verão
que amolhaçou a terra
ressequida,

e eu aproveito
uma vez mais para plantar,
escondidamente,

algumas sementes,
na tênue esperança de que
não sejam vistas pelas
legiões famintas
das formigas.

SE CONFUNDIREM EM ALGUM MOMENTO, NUNCA FOI OU É AMOR INCONDICIONAL


No amor incondicional
não se deve desprover das imanências
___ humanas,

como a id
que nos promove
___ o desejo,

buscando
___ evitar suas consequências;

tampouco deve
ser sentido com um olho na regiligiosidade
humana e o outro no ser
___ amado.

O amor incondicional
parte do exato ponto onde tudo
que for humano possas
___ ser,

com a amada,
conjungado, com continuação na esperada
___ eternidade.

SEM ESPERANÇAS NO AMANHÃ


Ausentes nas novas auroras,
na chuva que cai ou no vento que entoa
a penumbra: bocas, mãos,
corpos e inválidas asas
em desvelos:

ama-me assim
(se é que me amas) em silente
e sagrado segredo, em mares altos
ou em baldios terreiros.

Mas sem a palavra volátil,
porque meus portos estão todos alagados,
e meus guarda-chuvas estão
todos quebrados:

sente apenas (e escolhe),
que posso ser teu, renascido e intacto,
ou apenas (e novamente) um futuro
pássaro angustiadamente
prostrado.

VIVER É NÃO PENSAR


Se as coisas não nos são
de outro modo, senão o com que as vemos
com nossas sencientes e cegas
retinas;

por que eu deveria
dar algum crédito ao que regozijam
os filósofos, os religiosos
e os demais menestréis
de plantão,

ou por que deveria
pagar algum tostão que seja,
pelo conjunto a quem chamam
de sabedoria humana?

A BARREIRA ESTÁ FIRME COMO ROCHA SEMINAL


... armem-se
dos princípios do amor

para sonhar,
para namorar,
para transar,

para voar,
para dançar,
para fantasiar

e, sobretudo,
para sentir dor!

A MÁSCARA É BELA, MAS…


... isso tudo
que tens me mostrado (de dentro e de fora de ti)
parece, de fato, muito
sublime;
porém creio que
mais sublime seria se conseguisses apagar
as fluorescências
néon,
derrubar pontes acimentadas
e amar (e sofrer por) impossibilidades
abstratas.

A SENCIÊNCIA É A GLÓRIA E A DESGRAÇA DO SER!



Embriagado e perdido,
a vagar pelos estranhos fulcros
de minhas próprias
senciências,

tudo que já se me ocorreu,
desde a raiz brotada ao chão
até o galho mais alto que
já alcancei na vida,

agora parece repassar-me,
em câmera lenta,
aos falhos e doloridos sentidos
da memória:

arlequins, pierrots e colombinas
com suas fantásticas estórias
e aventuras pelos caminhos
do mundo,

menestréis e damas puristas
com suas esplêndidas palavras
feitas a fluorescências
tremeluzidas;

e, entremeio a eles,
um alucinado niilista
ora se pensando um deus,
ora um mito ou lenda,
ora ainda um cão a se esgueirar
pelas sobras das imagens
fabricadas,

mas que, após aplausos e vaias
em tantas atuações pelos palcos mambembes,
percebeu-se um mero e acidental sapiens
condenado à pseudoimensidade
que de si faz emergir
abnomalamente.

E compreendeu, enfim,
que o esplêndido e o abissal de tudo
sempre esvaem juntamente
nos rápidos veios
do tempo.

AMANHÃ, VESTIR-ME-ÃO COM AS CINZAS DA NOITE


... lembro-me
de quanto era criança,
despetalava
as flores brincando
e fazendo-as
morrer,
os pássaros
que eu pegavam morriam
ao meu bodoque ou
ao meu prazer,
as masturbações
corriam tenramente sem
a menor culpa
ou pudor:
hoje,
para se vingarem,
as flores se foram a outros
jardins,
os pássaros
fugiram a outros céus
e, por bater punheta, carrego
o peso de ser um puto
pecador!

ANGELICAL TENTAÇÃO


ÀS VEZES É MUITO DIFÍCIL VER O ÓBVIO E, ENTÃO, TUDO SE TORNA TARDE DEMAIS


... sempre tiveste
dúvidas sobre se eu gostava
de ti,

e todos os dias,
acusando-me de criar galinhas escondidas,
perguntava-me se eu realmente
te amava.

Bem,
depois de 10 anos de teu lado,
mesmo ambos casados com outros cônjuges,
enfrentando tal condição arriscada

e nos colocando
como companheiros, amigos e amantes
íntimos e livremernte autoofertados;

depois
de eu passar noites contigo acordado,
de ter feito sexo com você todos
os dias,

etecetera;

e agora,
depois que nos perdemos, já que nunca
cresce em minha presença e em minhas
ofertas,

separados,
distantes
e eternamente silentes,

que tal
tu mesma responderes à pergunta
que, desconfiada e inflamada, tanto
me fazias?

CREPÚSCULO INCENDIADO


Quando cheguei
àquele esplêndido café-concerto,
onde desfilavam menestréis de todas
as cores, texturas e idades:

"O que o ser deseja?"

"Este crepúsculo incendiado."

"Não, senhor,
bem sabes que disso não
me é possível
servi-lo."

"Então me sirva
um bom vinho tinto, com uma porção
de luzes para aliviar-me
os dias de sombra."

"Não, senhor,
sabes que isso também me
é impossível."

"Então, mude o nome
dessa joça para algo como
'bar dos bêbados
iludidos"!

ESCOLHAS


Se vieste do mar
a infringir a soberania
de minha planície
com faustas dádivas
de amor,

a ele te devolvi
- com tuas sombras
e bipolaridades
abissais -

para que te fodas
com teus mitos, lendas
e putos angelicais.

JÁ NÃO É O MESMO SEM TI DO MEU LADO!


... quem de dera
tocar o Cosmo e suas infinitas
possibilidades,
não apenas mais
tão solitáriamente como estou,
não apenas mais
com minha mente perdida
na loucura da vastidão,
mas também
contigo ainda do meu lado,
dando-me a mão!

NÃO DEVIAS PENSAR E, SIM, PERGUNTAR


OS MENESTRÉIS E OS IMPERATIVISTAS SÃO A MERDA DO MUNDO


... não sou
de falar de política,

_________ sinto-me,
de certo modo, infectado
ao ouvir discursos menestréis
bem preparados

por espertos
assessores bem estudados
e letrados que usam de todos
os artifícios

e até do santo
nome de Deus, para atingirem
seus intentos claros sob as luzes
e infectos nos cômodos
escondidos:

uma força
que muito poderia ajudar
no convívio social,

mas que digo,
e só direi uma vez,
sirvam-se deste prato à mesa
com eles

e tereis
uma dolorosa diarreia
__________ sem precedentes!


POR ENQUANTO


Por enquanto
ainda estamos juntos neste vasto
mundo de coisa alguma;
mas, como sempre
te falei, se ficarmos muito tempo
admirando rosas tristes e espinheiros
sedutores,
o tempo vai passar,
e vamos vascilar às encruzilhadas
e à esquinas da vida,
e vamos perder
nosso amor, antes mesmo que
se finde nosso terreno
caminho!

SILÊNCIO ESTREMUNHADO!


A estrada
se transformou em um corridor
estreito e escuro,
e é nesse recinto
espúrio e viscoso que
me oculto;
entre um e outro
olhar que me espiam
admirados
e punhais arremessados
em minha direção!

SOMENTE O CAOS É ETERNO


... o caos foi e é,
e nunca padeceu de nenhuma
___ forma,

nem pelo
que o sapiens pensa ver
ou se pensa ser
___ o que é;

e não há
leis, códigos, sonhos, fantasias,
entropias, quânticas ou racionalidades
quaisquer que mudam nada
___ disso:

o que há
é apenas pássaros e monarcas
que constroem seus castelos, com a falta
___ de coragem

para encararem
que estão despertos apenas quanto
ao que pensam, amam
___ ou temem

evitando,
em profunda análise, uma visão
totalmente desajustada
___ e embaçada!

SOMOS SIMPLESMENTE LOUCOS NESTE NEGÓCIO DE AMAR II


É fácil amar
sendo solteiro e não morando sob
o mesmo teto e travando juntos uma árdua
luta diária,

é fácil amar
na mesa de um bar tomando um vinho
tinto à meia luz com uma beldade
cheirosa e bem arrumada,

é fácil amar
fodendo numa cama diante
de uma grande parede espelhada,
em que se vê, até da alma, nus e excitantes
pedaços,

é fácil amar assim
onde o papo é sempre leve,
as pessoas estão sempre mascaradas
e maquiadas,

onde o riso é farto
e ate as brincadeiras mais bobas provocam
graça, é fácil amar traindo numa noite de verão
a um excitado tentilhão ou a uma
flutuante borboleta;

mas será que
é isso mesmo que é o amor,
ou amar é ficar, caminhar, beijar,
transar com o ser amado

mesmo após
os choques mais violentos
ou gelados?

UMA IMAGEM NA PAREDE PÁLIDA DE MEU QUARTO!


Se me amas.
Flower of Desert,

devo dizer
que a conquista deste monte nunca
se fez

pelas imperiosas,
pelas que se julgavam
raínhas, anjos ou princesas, nem pelas
beldades que usam rímeis
e máscaras;

mas sim
por aquelas que preservam-me
sua companhia, elevam-me a impossíveis
alturas, mantêm a paz ao leito
e às nuvens,

e não me
abandonam diante de minhas
humanas ranhuras!

UTI


Naufrago-me,
calado,

quase todas as noites:

não peço ajuda,
não te peço ajuda;

apenas acorrento-me ao vinho
à música, aos fantasmas
e à esferográfica.

Morbidamente,
provoco-me as sinapses,
rumino passados,

construo dissimulados amores
e cruciantes angústias
em incompreensíveis estórias;

suicidando-me
aos abismos de meu cerne,
projetados em versos
mal traçados

e lançados, silentemente,
ao vento, ao tempo e a essa tela mambembe
que ledes vós nos dias
seguintes.

A INÚTIL CONSCIÊNCIA DO SAPIENS


De todas,
a maior tristeza que tenho
nesta existência

é ter a exata consciência
da vã e vil utilidade das coisas
(onde fomos jogados)

às quais reinventamos,
modificamos e estupramos tão somente
para servirem

a nossos sencientes,
abnômalos e espúrios modos
de ver.

A MENINA QUE SUBJULGOU UM HOMEM


... cuidado
com aqueles que parecem ser
por demais sublimes
e inocentes,
pois eles
também podem ser
por demais negros
e dementes!

Thor Menkent



... não há diferença
alguma em intrigas feitas nas favelas
e nos palácios residenciais;
não há diferença alguma
nas luzes ou nas sombras que se acendem
ou se apagam aos céus ou aos abismos
figurados;

não há diferença alguma
nas porras que se derramam nos corpos
e nas merdas que excrementam nas privadas
de um lugar mais baixo ou do alto
dos montes onde se achem
supremados;

não há diferença alguma
de idade, de responsabilidade ou de sublimidade
quando a boa ou a má fé parte da íntima
capacidade de cada abnormal:

filosoficamente,
eu diria que, exceto os templos de coração
realmente puro, no branco ou no preto,
no terno ou no rasgo, nos céus
ou nos chãos,

nos motéis
ou atrás das moitas, nos paraísos
ou nos infernos que
se constroem,

todos partem
de um mesmo ponto absolutamente igual,
mudando-se apenas a capacidade de determinação,
de dissimulação e de persuasão
de cada um!


ÁLBUNS SECRETOS


Às vezes,
as mariposas são bem
descaradas:

dizem ir ao cabeleireiro,
ao supermercado, ou à casa
de alguma amiga
ordeira;

ao chegarem em casa,
dissimulam os vestígios de suas orgias
com fluorescentes lampiões
alvissareiros.

BECOS SECRETOS


Por trás
daquele olhar negro,

por trás daquele pálido
olhar de anjo,

por trás
daquele limpíssimo e sensual
vestido branco,

por detrás
daquelas asas de voos
sublimes e longos:

eu vi,
e eu senti um desejo tão
indevassável,

que sustentaria
toda uma legião de demônios!

CAINDO!


Caindo de Babel,
depois de quarto anos e ainda
caindo,
já todo quebrado e caindo,
já sem esperanças e caindo,
já semiamortalhado e caindo,
e ela sem perceber
o quanto a amei, cobrando-se
por carnes de açougues que não
frequento:
minha alma se naufragou
sob aquelas rajadas de sombras, de chuvas
e de abandono!

CONSTATAÇÃO!


Tudo sobre ti
foi meio fantasia, meio idealismo,
meia realidade,

meia verdade,
meia mentira, meio conto
de fadas,

meio mar,
meu céu, meia floresta
meio deserto amargo;

sim, tudo sobre ti
foi meio dia, meia noite,
meia presença, meia ausência,
meio júbilo, meio silêncio.

"Vai com cuidado, Thor!",
eu me dizia silentemente a mim mesmo:
"Tudo nela é meio luz, meio sombra
como se ela fosse uma fábrica
de sonhos e de bombas!"

CONVULSÕES


Em meio
a ardentes desejos, a avassaladoras sensações
e a recordações fantasmagóricas
que criamos incautamente,

triste (amargamente triste)
é o amor fincado em alicerces de cimento,
com suas paredes feitas de ventos
e crenças:

como seria bom
se as palavras fossem veladas,
e verdadeiro fosse
o sentimento,

como seria bom
se desvulcanizássemos as ilusões,
as chuvas e os respectivos
choros e lamentos,

e nos amássemos,
assim como prótons e nêutrons
- intocáveis na força que supera suas diferenças -
em um natural, sublime e eterno
aprisionamento.

DE FRENTE AO MAR


Quando dela
o fogo liberta a língua,
não há mais autocontrole
ou misericódia:

ou ela sobrepõe-me
os lábios em beijos quentes
e molhados,

ou ela me beija
e me chupa peitos, pernas
e a hígida haste,

ou, se nublada,
ela me chove com o verbo ácido
deixando-me semimorto
e alagado!

DELÍRIOS NOTURNOS PASSADOS


DEPOIS DE TUA PASSAGEM


Depois de tua passagem,
já me morri também muitas vezes,

sempre à espera,
em escuridão fria e profunda,

de que ressurja
aquele nosso sonho
que se congelou no inverno
passado!


E NADA IRÁ MUDAR NESTE REINO


Se tudo é supefície
adulterada e remodelada
em formas e cores pelo sapiens,
por que
é que ele não para nunca
de cavar assassinos
buracos?

INEVITÁVEL ABISMO


Olhem,
olhem para as janelas, seus
grandes bastardos,

pois enquanto
o céu brilha azul, e as nuvens
e os pássaros nele desfilam escelsamente
esbeltos,

e enquanto as flores
se despetalam mostrando suas cores,
seus perfumes, suas pétalas
e suas vulvas;

no interior
da casa, as portas, as paretes,
o leito do quarto e as nossas carnes
vãom, aos poucos exaurido
suas vidas!

NÃO FUGIMOS DAS PEDRAS E NEM DAS CHUVAS


... para amar, como
concordo com Drumond,
em não devendo ser verbo transitivo,

deve-se ser por entre
os jardins, as flores e os espilhos que
elas contém aos caules
escondidos,

aos céus zuis,
às areias movediças e aos pantanosos
vales onde os fantasmas se abrigam
e se escondem,

na cama,
como na fama, da flama ou na lama
onde possa aparecer todo e qualquer delírio
ou desafio ao dois cúmplices
amantes!

O ENGANO SÓ OCORRE ATÉ A PASSAGEM DA PORTA DA SALA


Entre os secretos
e escuros esconderijos meus,

ninguém,

nem os santos mais fiéis,
nem os anjos mais perfeitos,
nem as beladonas mais sublimes
adentram,

sem saírem
com uma estranha e doce sensãção
de nausea,

devido ao fato
de terem visto, entre calcinados sonhos,
o abismo pegando fogo!

QUANDO NAVEGUEI TUAS ÁGUAS!


Eu tive um rio,
um rio imenso e de belas
e largas margens,

um rio que me permitia
sonhos, devaneiros, navegações
e todo tipo de viagem;

sim,
eu tinha um rio que
eu amava mais do que tudo
na vida:

hoje eu ainda tenho
e ainda amo este rio que
(com sua morte) ficou em minha mente
para sempre represado!

SOMOS TÃO REFLEXOS QUE TE SERÁ DIFÍCIL DEIXAR DE ME OLHAR!


TÃO BONITOS E ANJINHOS!


... combinaram
de se encontrar, bem maqueados,
bem vestidos e muito bem penteados
e perfumados

e foram ao restaurante
para jantarem; ao verem ao lado
outro casal sem os mesmos devidos cuidados
e sem as mesmas vaidades,

cochicharam entre si
como podiam se vestir tão mal e desalinhados;
e eles, os dois ao lado, ouviram
os cochichos,

e o rapaz
nem um pouco incomodado com a estúpida
análise deles feitas, levantou-se
e disse aos dois bonequinhos
emplumados:

E para que isso
tudo se, daqui a pouco, como nós dois,
vocês também estarão na cama,
nus e gemendo como putos
canibalizados!"

TONS DE CINZA!


Deveras,
há muitos pseudoamantes
por entre todos os tons
de cinza,

e amam-se
como cavalos montados
em éguas, ou leões a morderem
e a estapearem leoas,

enquanto
as fodem com suas hastes
em selvagem fogo;

o que é mais raro,
é amar – com o resto do mundo
fora – no insondável mistério
da paz e da rotina,

com beijos, abraços
e carinhos no leito, como no sonho,
sempre mantidos vivos
e aquecidos.

UM AMOR SEM VOLATILIDADES


... borboletas flutuantes,
maqueadas de angélicas claras
joaninhas de perfumadas
___ essências,

luzes artificiais
ligadas, etampas bem delineadas e pintadas,
senhoras dos leitos, dos ares
___ e dos mares,

não me peçais
mais palavras, pois vãs
foram as palavras que
___ me déreis:

aqui,
só uma mulher conseguiu
ver realmente ao coraçãodessa desértica
___ açaflor,

e este amor,
garanto, não será grafado
somente com letras
___ de fogo,

VIDA QUE NÃO FLORESCE MAIS!


Noite. O céu está escuro,
clareado apenas pelas minhas lembranças
e pelos contornos de dementes
pensamentos,
 
em minha mente ocorre
uma invasão incrível de cores de beldades,
de momentos ilusoriamente épicos
e daquele amor que nunca
se provou,
 
efemeridades incontidas,
tudo já vivido e por viver parece
por demais efêmero como o gozo
dos anjos e o autoflagedo dos demônios
pelo amor possuídos!
 

YOU NEVER LOVED ME!


Não, nunca me amaste
porque sempre gostaste dos bailes
dos tentilhões azuis,
dos cafés-concerto
dos menestréis vaidosos como tu
e dos contos de fada onde
tudo se desenvolve
e se finda bem.
Não, definitivamente
tu nunca me amante, não tenho dúvidas:
se me amasses, terias bebido comigo
e sentido o gosto da noite,
das chuvas de fogo
e das cinzas!

A BIPOLAR!


De saudade,
de angústia, de dor e de sofrimento,
chamo-te Lilith,

a quem outrora
conheci em seu inferno humano
e sarnento;

por amor,
depois de morta, chamo-me
de A Flor do Inverno, com verdadeiro
sentimento, em poesia
e emoção!

A ESCOLHA É DO EU, MAS PODE AFETAR DASEIS QUE NOS ESTENDEM AS MÃOS!


A má escolha,
a jogada errada, o sinuoso caminhar
pela estrada, com enfeitadas
e poderosas máscaras:
prenúncios
de asas quebradas,
de vidros estilhaçados, de palcos violados
e de almas
- entre destroços e vazios -
embaraçadas.

A SENCIÊNCIA SAPIENS É SUA MAIOR PRISÃO


... é verdade
que a visão da liberdade pelo homem
é a confirmação inconsciente
da própria prisão em que
se encontra,

ou seja,
é a negação da própria liberdade
por não mais conseguir perceber, desde formada a abnomalia,
o que for a da grande barreira continua
naturalmente a ser inaurugurado;

e entenda a barreira
exatamente como o infinito poder de ver
e de imaginar no ser desenvolvido
com a senciente evolução.

E nem vou me adentrar
na explicação da fonte, mas filósofos,
pensadores e cientistas não vos esqueceis
de que o Cosmo

Não sabe de nós
nem de nossas insignificantes e paradoxais
redemolações de tudo que houve, há
e haverá

no inexplicável
mundo da quântica, do ocaso e das infinitas
possibilidades.

AINDA DANÇAMOS NAS CORDAS DO UNIVERSO!


Lilith, a enegrecida,
com sua maqueagem de anjo
branco,

com sua pálida
beleza, com sua afiada filosofia
com sua improvisada e sedutoríssima
poesia,

quando chegava
envolvia-me de tal modo, logo
ao niilista do diabo,

que me fazeia
chover com tanta vontade
e tão aluscinadamente descontrolado
que, por um bom tempo,
o sol se apagava!

COMO PUTAS, MAS NÃO COMERIA UMA PURITANA!


Não habito
onde aparece um par de asas,
em um corpo de anjo
e começa
a querer tomar conta
do pedaço e da casa;
prefiro ficar solitário
a olhar pela janela,
porque se eu me virar
para o ser angelical e, sobretudo
se eu entrar com ele
no quarto,
estará sendo
criada uma prisão pior
do que as de mais fortes e resistentes
grades!

CRESCEU EM CORPO MAS NUNCA PERDEU A MALÍCIA TENRA


... mesmo as sombras
podem se mascara com um lindo rosto
e terem uma postura tão doce
e sensual

que pode
enganar até os mais
poderosos anjos
​​​​​​​e cães!

Thor Menkent



.. ela não sabia
quando dominava os anjos e os santos,
seduzindo-os e depois jogando-os
às camas e aos chaos;

assim como ela
não sabia que, antes de morrer,
iria me agradecer chorando

com a cara,
o corpo e a alma expremidamente
sangrando contras as próprias pedras
que fabricou como lindas, doces e excitantes
ilusões!

EU SEI LIDAR COM A COISA!


Entre imagens,
sonhos, fantasias, devaneios
e paredes excepcionalmente bem inaurugradas
e pintadas,

entre ruas,
jardins, mares, casas e leitos
onde falam sobre o amor e sobre
coisas libidinosas sem o menor receio
de que suas mascaras
caiam,

sigo como niilista,
nasce sol, entra noite, hora megulhando
na tediosa solidão que tem só
quem sente a famigerada
condição humana,

ora apenas
me canibalizando, também humanamente,
entre as calcinhas, os seios e as xanas
das beladonas puristas,

sempre, claro,
com o cuidado de lhes tapar a boca
com a mão para que não contradigam,
em uma cama, os belos ensinametos que dão
em seus claríssimos e soberbos
plantões!

FOSTE MINHA MAIS BELA FLOR E MINHA MAIOR DOR!


De tanto tentar
me livrar das esplêndidas imagens
e das palavras voláteis
dos sapiens,
tornei-me
um zombie insone, padecendo
entres libidos, desejos e delirantes impulsos
negros;
foi com ela
que aprendi a amar com infinitos
e com abismos, tentando me livrar me alimentar
de suas imagens e de suas palavras;
sim, foi depois que
ela se foi, que perdi todos os meus sóis noturnos
e me tonei definitivamente escravo
de mim mesmo!

MOSTRA UM ROSTO, E EU TE SERVIREI SOMBRAS JUNTO COM O VINHO DO PORTO!


Algo sobrevoou
diferente por este escuro
deserto hoje;
algo que
há muito me olha, como a todos
os demais espelhos que
aqui se afloram:
Algo que
sugeriu que eu fosse espiar pela janela,
o que imediatamente me remeteu à lembrança,
retratada por Platão,
da caverna;
algo que
me sugeriu um vinho tinto do porto
que me remeteu à ideia de má-fé já inicial
de um ser cujo nome faço
segredo;
algo com o estilo
de erros meticulosamente calculados
para dissimilar as ações que me remete ainda
a uma outra visão, da qual tambem
faço segredo.
Ana tivesse
viva, eu ainda arriscaria,
porque com Ana havia vida até
na morte fria,
mas, como
está ao apagamento definitivo,
eu, simples cão, não vou mais bancar
heróis, deuses ou vilões
adivinhões!

NUVEM BRANCA!


Porque
não nos é possível
estarmos sempre na mesma
nuvem branca,

porque
não nos é possível
bebermos sempre no mesmo
cântaro de vinho,

porque
não nos é possível
andarmos sempre na mesma
estrada pavimentada,

porque
não nos é possível
sequer nos tropeçarmos nas mesmas
pedras afiadas,

é que precisaríamos
nos amar sem elucubrações nem porquês,
para que não nos percamos
as asas.

O MOUCO SOM DA BRISA


Brisas.
Brisas.
E cantos de pássaros soberbos
e de anjo azuis

sopram
das praias e dos céus vivos,

carregando
perfumadas flores, com afiados
espinhos encrustrados.

O NOBRE-CONCERTO


Quando cheguei
ao ilustre café-concerto,
falavam de amores, poesias
e filosofias,

e eu me sentei ali,
quieto e calado num canto
e com um infinito escondido
na algibeira;

e como aqueles menestréis
de estranhos ternos e aquelas soberbas puristas
de gestos enredados não paravam de regozijar
seus conhecimentos e seus nobres
sentimentos;

enfiei a mão no bolso,
e vi a infinitude se escorrendo e se perdendo
de minhas mãos.

QUE IMPORTA A VIDA OU A MORTE PARA O AMOR?


... prefiro-te morta,
meu amor,
prefiro-te
dormindo ao túmulo onde
os verdadeiros vermes não podem
mais a ti chegarem
e onde ouso
contigo a me deitar e a tea mar;
sim,
prefiro-te morta como disseram
que estás meu amor, porque não sabem,
eles realmente não sabem
que estar vivo
como pensam é nada mais que
(re)inaugurar as coisas onde foram jogados,
alheios de que,
se a própria vida
contém o que somente deles
é refletido às retinas, ao Cosmo natural
também mortos já estão!

SOBRE A POESIA


Quem disse que
a poesia tem tudo a ver
com amor, sonho ou paixão
entre as pessoas?

Minha solidão
e meu complexo niilismo
não têm nada a ver
com isso;

e por um motivo sincero:
meus sonhos são meus,
e meus amores, e paixões, e rancores
- e tudo - são espuriamente
só meus;

tanto mais intensos
quanto mais ausentes meus parentes
e, sobretudo, seus ilustres
regozijos.

Voltando a falar de poesias:
muitas vezes ela ali,
boiando em algum vaso sanitário,
e sendo confundida, sublimemente,
com manjares de deuses.

TENDÊNCIA: QUEDA!


... sonhos,
loucuras,
delírios,

máscaras expostas,
nudezes escondidas,
os espetáculos montados,

anjos morrendo de fome
por desejos de corpos, de êxtases
de qualquer coisa

que lhes
foi tirado da histeria
e da senciente convulsão
dos homens.

TUDO DORME ALHEIO AOS OLHOS DO SER


... a lua nunca dorme
sobre a ciência dos homens,
sobre as religiõs dos homens,
sobre os costumes dos homens;

a verdadeira
e sincera espiritualidade humana,
presente de nosso Pai,

não implica
não cometer pecados, mas sim
e tão somente crer

em sua sublime
condição de benevolente
e consubstancial como natureza
do que se é,

e não como
fruto do que imaginamos
que seja!

VAZIOS


Estou repleto de vazios
deixados pelos tempos idos,
em que as moças desciam aquela rua
com suas bolsas, minissaias
e mínimos biquínis;

estou agora,
diferentemente daquela época
em que me floria nos ares e nos parques
e jardins da vida,

como uma grande
e velhar árvore seca, a apenas
resistir por mais um pouco
de tempo nessa chagosa
sina!

(IN) EXISTÊNCIAL


Não existo,
estou de forma abstrata
entre todas as abstrações
das naturais coisas entremeio
às quais inauguro
e me iinauguro.

Assim é que
estou-me o próprio sol,
a própria noite e tudo que lhes há
entre o tibiamente retrato
de meu fausto porto.

Assim é que
me estive outrora, sombra ambulante
tingida de luz,

a me perfilar
espúria e sencientemente entre razões,
sonhos e vesanias que também nunca existiram
​​​​​​​nessa abnomalia
que resiste!

A DESONROSA FUNÇÃO DOS CÃES


... enquanto os pássaros
voam e se apresentam assoberbados
aos céus e às mais altas
árvores,

as rosas
coloram os as ruas, as praças,
os jardins, as salas e os leitos
das casas,

e os anjos
dizem amar fodendo escondidos
nas madrugadas,

cabe ao cães
limpar toda a sobra das asas
que, após enganos, desenganos
e dores de parturientes, quebram-se
aos chãos!

A OUTRA PONTA DA CORDA V


Sentada
à antessala da próxima ilusão,
aguarda a chamada do
___ pássaro azul.

Diferentemente
das outras vezes, em que sempre
fora tão confiante em suas conquistas,
___ tremula pensando:

"Tenho décadas
de experiência, estórias empilhadas
à memória e uma coleção quase incomensurável
de ilusões e de amores já vividos
nesta vida, logo, devo
___ ter sucesso!"

Ao sair, estava estampado
em sua face o grande fracasso de não
mais conseguir tocar ali
___ a mesma nota;

certamente,
houvera se esquecido de ler o cartaz,
que havia sido pregado
___ à nova entrada:

"Sem perjuras vãs,
ilusões frívolas, insanidades incontidas
e pedras (às costas)
___ escondidas!"

ÁGUAS CONFUSAS!


Uma flor
não é o suficiente
para um cão aleijado,
mas não é:
ele quer também
as rainhas das sombras
as princesas dos prados e a atrevida
beleza das putas,
porque ele descobriu
que não há mais puerícia ou esperança
entre a sólida espuma
- negra -
que habita,
com seus demais semelhantes
de sonhos quebrados
e consumidos!

AINDA ARDENDO EM MEIO AO VAZIO!


... tua imagem
treme no repouso
de minhas lembranças daquele
tempo de amor e glória;
teu cheiro
ainda baila em minhas lembranças
quando, sozinho, apago
a luz do quarto;
na paisagem
escura, relembro a plenitude
do que vivemos, mesmo de modo
imperfeito
imagino
o beijo, o abraço, os seios,
o amasso e tremo me tocando
e tocando a bela geometria
de teu corpo ausente!

ANJO MASCARADO!


Ela se esticava toda
tentando definir o que era o amor
só para que eu a cresse,

ou, quem sabe, com o intento
de me fazer andar em linha reta
ao exíguo sonho horizontal
que imaginava;

enquanto eu tentava
explicar a ela que o amor,
caso exista assim tão sublimemente
como dizia,

almeja o topo, mas mantém
os pés ao chão
rejubila com a luz, mas não nega
as imanentes sombras,
voa com a imaginação, mas resiste
às recorrentes quedas;

ao que ela, irredutivelmente,
não concordava porque queria amar
- sendo como eu: humana -
era a um anjo.

ANTES DAS ÚLTIMAS LÁGRIMAS!


Antes de partir
para a eternidade, já que não
adiantaram as luzes que me ofertaste
aos lagos, às ruas e aos leitos,

que tal
me dar, para meu alívio
e êxtase, nesta hora já praticamente
morta,

um pouco
das deliciosas sombras que ocultas
em tuas luzes?

COMO UM PÁSSARO QUE SOBREVOA VAZIOS!


CUIDADO, HÁ ANJOS E MERDAS NA PISTA!


DISSIMULAÇÕES


Se eu fosse
menos dissimulado, revelaria
todos os meus
espelhos

para que
eles mostrassem claramente
meus túrbidos
reflexos;

mas como não sou,
podeis ainda me descortinar
quando vos tento revelar
nos vossos.

É AMOR, É ID DESCONTROLADA OU É VAIDADE, AFINAL?


INCESSÁVEL ÍMPETO!


ímpeto cruel,
ao fim da estrada
e sob as cinzas molhadas,
deixadas
pelas tuas chuvas de fogo
e pela tua ausência
eternizada;
mesmo depois
de tirar teu véu branco miserável
e te expor com a verdadeira face tua
diante do espelho
(Lilith),
eu passaria
pelos céus, pelos mares, pelos vales
e pelos infernos novamente
só para mais uma vez
te amar!

IT’S MY TIME TO DIE!


Densos,
ambos em cada momento
daquele fatídico
amor,
em que subimos
nus ao telhado e nos pusemos
a observa a noite com seus lume-lumes
as céus,
enquanto
nos abraçávamos, beijavamo-nos
e nos bebíamos, em corpo,
gota a gota.
Hoje,
que ela já não está mais aqui,
swindo que para a vida não tenho
mais nenhuma serventia
e espero,
observando as estrelas e a lua,
agora solitárias e mais
tristes,
It's my time to die!

NA MACIEZ DO VERSO


... na maciez
do verso e na solidão da noite,
coloca-se o sôfrego cão
___ a sonhar,

junto
ao orvalho que, frio,
se molha ao sereno do
___ luar,

quando,
na campa de meu próprio
___ deserto,

ouso
ao céu esmaltar
e ao teu incenso imaginado
___respirar;

então,
olho para cima e vejo
as estrelas a piscarem, como se
___ lhes corressem algo:


são lágrimas
de dor da ausência e de amor
___ querente!

NÃO OUVEM, MAS EU SEMPRE DIGO!


Como assim sou calado
e sistemático, se, com minha esferográfica
cansada,

grito em todas as silentes
madrugadas, fazendo das brancas
folhas

superfície de sonhos
e de escombros, por onde me escorro
em fezes, sangues
e lágrimas?

O PESO DO MUNDO


O amor sapiens
que dizem por aí parece já nascer
com dia marcado para
ter fim;

a sabedoria,
a paz, a honra e a sublimidade
humanas que dizem ter
por aí

parecem
ter as horas de seus enterros
já quando nascem,
marcadas,

os desejos
canibais da carne parecem
se contentar já após as amplas
gozadas,

toda luz captada
ou refletida pelas retinas abnômalas por aí
parecem, sob naturais sombras,
forjadas;

mas a dor que sentimos,
e eu nunca entendi por que é assim,
por passar por este
mundo,

parece
angustiantemente sem data de validade
como se nunca pudesse
se extinguir!

QUANDO AINDA ESTAVAS AQUI, FOI PREVISTO A TI


... eu vi tua imagem
no mais rígido dos invernos,
eu te vi
seduzindo anjos em paraísos
e demônios no inferno,
eu te vi
vestida de noiva para um tio
pedófilo, que diziou um pouco de luz
que te havia ao cerne,
eu te vi
queimar como o sol de verão
diante de meu pau rígido e preparado
para o abate,
eu ti vi em tantos céus,
em tandos mares e em tantos leitos
que tu farias ciúme até à mais eficas e vadia
das liliths:
eu vi tudo
e de tudo te avisei sobre o reino
em que andavas te pensanto, a ti mesma,
puro anjo:
hoje se comprovou
que sempre estive certo, e com a tua morte,
eu só vejos teus vazios, teus destroços
e teus restos,
por ninguém mais,
mas tão somente por mim
ainda guardados!

SERÁS MINHA E EU TEU TOTALMENTE POR UMA TARDE!


... não ficarão vestígios,
prometo,

serás a segunda
flor de minha vida em uma cama
e eu já te olhava com estes cabelos cacheados,
jeito de menina, toda linda,
toda cheia de desejos
escondidos,

e eu decidi
que, se permitisses, eu iria tea mar
improvisadamente abrançando-te, fitando-te
os olhos, beijanto-se a boca, chupando-te
e flamejantemente te possuindo,

e então
beberei de teu suor, de cada gota
que sair de teus poros, de teus orgasmos
e de toda a tua chama de jovem
insaciável,

e, ao saciar-te
e saciar-me a toda sede em nossas nuas
fontes, sendo pelo momento eu todo teu
e tu toda minha,

eu apagarei,
para te proteger, o entardecer
ao qual te amarei de modo que nem
os mais astutos anjos possam
farejar!

SONHOS E PEDRAS


A morte
não venceu meu amor
silencioso,

mesmo na mais
cinzenta tarde e na mais escura
e fria noite.

Vestido
como pássaro da chuva,
invoco meus poemas mutilados
pela dor,

mas garanto:
nada apagou os vestígios que ficaram
de nossos passados
voos!

TU MAIS LONGA QUE A PRÓPRIA VIDA!


Tentei
te mostrar a liquidez
do ser,

tentei
te mostrar que os vidros
das janelas sapiens
eram embaçados,

tentei
te mostrar que não há chuvas,
raios ou tempestades
sem fogo,

tentei
te mostrar que o amor
que querias, tão puro e leal,
era das coisas mais vaidosas que
poderíamos almejar.

A nada entendeste,
ou fingiste não entender.

Quando tentei
te mostrar que o apagamento
nos é o único, definitivo e seguro
porto,

tu partiste
para além do início, do meio e do fim,
onde dizia ser o único lugar
onde poderíamos passar juntos
a infinitude lado
a lado!

VÓS NÃO SABEIS DE NADA MESMO, NÃO É?


A LIBERDADE É A MAIOR DAS PRISÕES


... nem sempre há asas válidas (ou resistentes o suficiente) para manter os voos dos soberbos puristas, nem os sonhos dos sublimes poetas ou dos Abjurados devaneios dos amantes macetas; mas devo dizer que nunca lhes faltará um chão, onde impere as duras realidades das pedras.

Um dia ousou tirar a blusa e mostrar a lingeri e os peitões, e à calcinha se alisava para ver se ao cão também dominava: foi acorrentada e podada de forma que imediatamente perdeu a graça, mas não a mania de se omportar enciumada.

Agora padece com os anjos correndo de costas e deve se lembrar do cão que lhe mostrou a real estrada e que lhe fez escrava da realidade, condenando-a e todas às suas aprocrifias ao futuro vazio e nada, ao qual agora ela está mergulhada!

ANTES QUE TUDO SE FINDE


Aproxima-me
quem souber amar sem mover
pedras

e sem se desabar
em inesperadas chuvas
de fogo;

pois que, aos 48,
descobri, enfim que não só
é necessário ser raiz

e sustentar
a potência do fogo,
como se suportar quando
o terrenos parecer obscuramente
arenoso!

DESEJO IMPOSSÍVEL


Se me fosse concebido
um desejo impossível, seria um beijo,
um abraço e um enlace perfeito
com aquela mulher,

a quem nunca pessoamente vi
a quem nunca abracei
com quem nunca me deitei;

mas a quem sempre amei
tão idealística, apaixonada e puerilmente
com minha fértil imaginação
em êxtase,

deste os longínquos
e perdidos daqueles tempos,
em que ainda me habitava à virgindade
do sagrado templo.

DISSIMULAÇÕES


Se eu fosse
menos dissimulado, revelaria
todos os meus
espelhos

para que
eles mostrassem claramente
meus túrbidos
reflexos;

mas como não sou,
podeis ainda me descortinar
quando vos tento revelar
nos vossos.

É DISSO QUE EU SEMPRE FALO!


Quando olhardes
para um espelho comum,

destes que estão
por toda parte e que andam
em rasas margens
comuns,

não pensem
que estão enxergando nele
vosso reflexo puro de vossas
existências:

é que as sombras
vos estão invisíveis intrínsecas,
escondendo parte de vossos
segredos e absurdos!

E QUANDO, ENFIM, ENTENDESTE JÁ ERA TARDE DEMAIS


... "deixa o mar
e vamos à planície, só nós dois,
para nos amar",

disse eu a ela;

"Mas eu sempre
amei o mar, não posso deixa-lo,
meu amor!",

respondeu-me
ela fingindo-se triste.

Imediatamente
desabou-se-me uma mortal chuva
de fogo, pois dissimuladamente ela ignorava
que eu falava mesmo não
era do mar,

mas dos mitos,
das lendas, dos navegantes
e dos estrangeiros com quem ela encontrava
e fodia escondidamente
com eles!

ELA DORME, E EU NÃO ME SINTO BEM!


Eu me transformei
na própria noite,

num fracassado
pescador de ilusões perdidas,

sem seu mar,
num deserto de miragens
secas,

num triste arremedo
de poeta

que por aqui
vaga, já morto!

INEVITÁVEIS CONSEQUENCIAS


Que, do passado,
- onde escolhemos dividir
o que de pior havia
em nós -

o tempo insiste
em não esquecer;

cala-te
- ou se quiseres gritar,
ou lamentar,
que o faça a seus
deuses -,

e deixa-te escorrer
por outros caminhos,
onde te possas
abarcar
a outras imagens

- em novos sonhos
multicoloridos,
em novas fantasias
multifacetadas
e em novas insânias
incontidas -;

sempre como
num próximo capítulo
de tua história,

à qual só te é possível
ansiar alguma sublimidade
em exíguas esperanças
de um porvir
melhor.

INEVITÁVEL DESTINO


Um dia,
e isso é um fato (graças a Deus)
realmente inexorável,

ninguém mais
irá sequer se lembrar ou (pior) sequer ter algum
resquício memorial mínimo
de que

[sob o invisível
manto do apagamento]

já existiu,
em faustas, soberbas e dissimuladas atuações,
esse vão e vil
ser.

INEVITÁVEL FUGA


Houvera um tempo
em que me foi inevitável
a fuga ao solitário
e seco deserto,
ora que me vinham sendo
desaguados tantos rios e esgotos que,
ao amanhecer não sabia mais
se pisava mar, lama
ou chão.

LIKE THE WATERS OF A SMALL RIVER!


Ela era muito bonita,
inteligente, enigmárica,
gostosa

E sabia despertar
o interesse dos homens
e dos anjos;

mas ela parecia
ter se esquecido que para tudo,
a certo momento, torna-de
tarde demais

e que também a beleza,
a inteligência, o enigma
e o corpo cheio de belas curvas

vão-se deslizando
pelo tempo e pelas loucuras
e, quando percebemos,
já se passaram

like the waters of a small
river!

NA HORA, NO LUGAR E COM A COMPANHIA ERRADA


... fizemos
do chão esplente infinito
para nos amar,

sem percebermos
que havia outros infinitos
se desenhando

e nos desejando
por outros lugares,

nesta
insana morfologia dos movimentos
e dos sentimentos,

perdemos,
de nossa própria história,
o sublime centro!

NÃO HÁ SÓ AMOR, HÁ SEVERAS MÁGOAS CONTRA AS QUAIS LUTO


A chuva
era constante, e o vento era
extremamente selvagem,

havia mortos
e fantasmas ainda urrando
seus prazeres e suas dores do lado
de fora:

dentro da cabana
até que tentei nos manter
do mundo separados,

mas, depois
de constatado teu narcisismo
e teus enganos e desenganos junto
a anjos brancos de outras
cidades,

eu fui obrigado
a me deixar jogado do lado
de fora!

O SAGRADO SERENO DA NOITE!


Eu sou o elo fraco;
fraco, não forte como sempre
disseram;
eu não te nego nada,
pois a liberdade em mim, e por mim mesmo,
já me foi negada,
muito menos
eu ainda sonho e tenho delírios
com as espêndidas
imagens:
eu não te peço
sexo, amor ou fantasias alucinadas,
eu apenas me oferto, sem esperar
em troca nada:
eu também
não quero tua dor e não te peço lágrimas
para que iminente meu fim
não seja a ti uma pedra
de tormenta!

O SOL JÁ NÃO É MAIS O MESMO!


O que esperar
que sobre das ruínas
de nossos sonhos perdidos,
Ana,

Senão se aquietar
ao deserto e compartilhar com o vento
e as solitárias areias,

lembranças
de um tempo que ainda juncam
o chão, e a esperança para alívio,
a morte chegar!

OS VIVOS, AINDA VIVOS, TAMBÉM MORREM


... os mortos não retornam
jamais e, às vezes, como se isso
não bastasse para nossas angústias
e sofrimentos,
alguns tentilhlões menestréis
malandros e algumas beldades gostosas
tratam de, ainda vivos, provocar
nossa andante morte!

PERDI A COR DA NUVEM!


Perdi a cor da nuvem
em que nos abarcamos outrora,
agora sei apenas que há um corpo
sensual e faminto a andar
por aí

- entre mares sedutores,
céus promissores e pedras-de-tropeço
de todas as cores -

a se inebriar a goles
de sonhos, amores e encantos
e outros pássaros
sapiens,

com suas vesanias às mentes,
seus regozijos às bocas
e suas extasiantes espumas
às genitálias.

Sim, perdi a cor da nuvem
em ângulos e caminhos contrários,
sem nunca termos conseguido elucidar
os mistérios de nossos ventos,
chuvas e tempestades.


SÓ ME SOBROU A SOLIDÃO E O PESADELO!


Adormece sob a terra
a bela Flor de Inverno;
acima,
ando-me eu cansado tentando
me isolar e fugir
de tudo:
nublado, chovo;
ferido, transform-me em solidão
e noite;
caído, aguardo
a ceifa da morte impiedosamente
abrasível!

VIMOS O DIA MAIS CLARO E A NOITE MAIS ESCURA


Vem cá,
quantas vezes disseste
ne amar?
Quantas vezes
levaste-me para a cama
para extaticsamente, ao som de alguma
valsa, transarmos?
Quantas vezes
ne prometeste a lua, as estrelas
e a eternidade?
E quantas vezes
com teu verbo laivo e com tua mente
em loucas chamas de ira,
mataste-me sem
piedade?

YOU USED TO CALL YOURSELF NOBODY


Não se me
lembram mais
tuas fluorescências
neons,

tão regozijadas
entre pregadores puristas,
arcanjos e lendas
azuis;

não se me
ouvem mais
os sombrios trotares
de teus cascos,

nem os incontidos gemidos
de tuas concupiscências,
às pernas e boca
abertas,

juntos a menestréis,
tentilhões
e sapiensados vermes
de paus duros.

Agora,
o silêncio é diferente daquele
em que, outrora, postava
os olhos em tuas
sombras;

agora,
é-me fácil desdenhar
duas frágeis e insanas
asas,

e até de me enternecer
de tuas recorrentes incursões
às merdas.


A PREDADORA!


Tu te dizes
extremamente pura
e, além disso, és uma mulher
muito inteligente
e bonita:

realmente
podes fazer um homem
acreditar em praticamente
tudo;

até que,
já com outras vítimas
a bailarem em tuas
mãos,

deposites,
para teu aprazer,
pedaços de asas e de ossos
deles às sombras.

A SOBERBA, MAS TRISTE VISÃO DOS PÍNCAROS!



Aspergem-se
palavras incautas em enlaces
cândidos;

semeiam-se
sonhos lumes em quimeras
oníricas;

constroem-se
esperanças exíguas em tempos
porvires;

num átimo,
tudo nubla e caem punhais
de lágrimas sobre a terra
devastada.

AINDA CAMINHAS EM MEUS SONHOS!


Tu ainda
tens os olhos negros lindos
de sempre,

a face pálida
e belíssima como um anjo
quedado aqo chão,

o corpo liso,
macio e cheio de curvas como a luz
que incide sobre aqueles belos
vestidos que usavas,

tu ainda tens isso,
e tu ainda tens muito mais
porque, mesmo não estando mais
aqui,

eu estendi
a ti todos os meus sonhos,
todas as minhas esperanças
e todas as mihnhas insânias

enquanto
ainda caminho por estas
humanas sombras!

AINDA ME LEMBRO!


Ainda me lembro bem,
depois que ela partiu para longe
escreveu-me uma carta
de amor,
sua caligrafia estava
trêmula e me cheirava, já naquela
minha tenra idade, amor
e poesia:
naquela carta
ela falava de uma dor de saudade
suada, devido ao grande amor
que tivemos em alguns dias
de verão.
Vez em quando,
hoje, ainda me pego em silêncio
com algumas lágrimas descendo
aos olhos
e imaginando
que, se fôssemos mais fores e mais adultos,
ainda poderíamos hoje, e eternamente,
estarmos juntos!

ÀS VEZES É PRECISO ROMPER O SILÊNCIO COM OUSADIA


Não hesites,
não titubeis e, sobretudo,
não penses

como na noite
em que deixamos as sombras
predominarem sobre nossas frágeis
luzes;

quando chegares,
vem como um sol solto no ar,
ousa, toma, pega sem qualquer medo
ou receio de aniquilação!

É DIFÍCIL SOBREVIVER!


é difícil sobreviver
neste mundo lotado de imagens
que nos levam a lugar
algum:
e, quando é para vivermos,
sem anteciparmos o dia morto,
um grande e audacioso
amor,
parece
que nos esquecemos que, como a passage
de uma avassaladora tempestade
que passa,
sempre há o risco
perda!

FRUTOS DO SOL


Sob os raios
intensos do sol,

lentros,
estúpidamente enganados
e soberbos

andam os homens
com suas senciências, com seus desejos,
com seus impulsos e com suas
pseudovastidões.

Onde já se viu a real sabedoria das pedras?
qnde já se achou alguma beldade
que de fato supere a fragmentação
sapiens?

E eu aqui,
distante de tudo e preso em mim,
vendo céus figurados e planícies devastadas,
sem poder fazer absolutamente
nada!

O INIMIGO INVISÍVEL ESTÁ EM NÓS MESMOS!


Entre os céus, as paredes,
os desejos comungados nos leitos
e os oníricos amores que
nos incendeiam,

não deveria haver
a palavra, pois tudo deve se tornar
natural e instantâneo,

sob o risco
de haver alguma queda
ao se tropeçar em nuas e escorregadias
pedras!

O POEMA NÃO SONHA MAIS


Assombra
meus últimos dias tua partida
eterna, sem sequer eu poder
ter dito adeus,

hoje só meu silêncio
e minha angústia que falam
e que cantam, em tristes versos
e canções,

a esperança de que,
em breve, reencotrar-nos-emos
em eterno amor e perfeição!

O PREÇO DA NOITE!


Por que me deixaste
sozinho na fria madrugada
escura,

acaso te esqueceste
de nossos voos e de nosso amor,

seguras e te silencias
quanto àquele incontrolável desejos
que sentíamos e dividíamos
como dois sóis
acesos,

ou simplesmente
te cansaste de andar comigo
nas escuridões desérticas de minhas
noites?

O VENENO QUE ME DESTE AOS POUCOS TE MATOU!


Nunca te hás destempo
para simulares novos amores
e vãs abstrações

em terras de sonhos, mortes
e ressurreições;

nunca te hás tempo
para te olhares aos espelhos
de tua casa

e contemplares
as sonolentas sombras
que, ciclicamente,

habitam-te o dissimulado
e avesso cerne.

O VENENO VIROU DOR DE PARTO!


Antes do terror,
ela sobrevoou sobre meu deserto,
pousou no telhado de minha
casa
e foi adentrando
aos poucos, com sua melodia única
e sedutoramente
linda,
pela fechadura,
pela porta, pelas frestas do telhado,
pelos poros da parede, pelas frias e solitárias
sombras de minhas madrugadas.
Maldição!
até hoje não sei como ela
conseguiu, com seu falso
ar angelical,
adentrar assim
fazer tamanho estrago!

PARADOXALMENTE SAPIENS E APÓCRIFOS DEUSES


... o que pode
ser mais forte e sublime de que tudo

o que (por nós) espuriamente
concebido fora?

ou de que
tudo o que (por escolha nossa)
já não mais é?

TANTO ENGANO!


... tantos rostos
perdidos na multidão,

tantos passos
e tropeços na grande avenida
da procissão,

tanto sonho,
tanto delírio,
tanto desejo,

tantas bocas que se beijam,
tantas mãos que se tateiam,
tantos corpos que se excitam,

tantas veredas
abertas pelos reflexos das luzes
às retinas dos que pensam
ver,

mas que,
na verdade, não veem
nada!

TU NÃO PODIAS TER PARTIDO ASSIM!


Todos os dias
ela vem à minha lembrança
e ocupa
o vazio que em mim há
com sóis passados e infinitos
acabados;
todos os dias
ela vem e enche minha casa
de lembranças,
e me pego paralizado de medo, frio como gelo,
com meu sangue estremecendo
em um mouco eco de minha
tristeza
e aumenta
ainda mais o meu amor
e a minha angustiante e insessante
dor!

TUA MORTE NÃO ENCERROU NOSSO SONHO!


Nosso sonho ainda
ecoa no Universo contínuo,

somos elementares mínimos
fazendo parte de um todo que sempre
quisemos decifrar, e não
conseguimos,

ainda ouço teu mar,
ainda sinto o cheiro de teu corpo,
ainda sinto o gosto de tua boca
sedutoramente linda:

ensaio um poema,
aquela janela por onde olhávamos
ainda está lá,

vejo o infinito,
a lua, as estrelas, o vento, tudo
parece refletir nosso condenado
momento!

A INFRATORA X


... porque ,
assim como nascem,
todos os sonhos começam
acabar
[inexoravelmente]
logo quando se acendem
as faustas luzes
das ilusões, das esperanças
e das paixões.

A VAIDADE É ALGO EXCLUSIVO DO SER


A fome e sede
do neandertal sapiens,
por viver e voar sem crer
em seus parceiros
enfermos

é tanta que,
em presenças de desejos
fantasias e insânias, permitem
se instalar a horrenda
condição do medo;

e, entre chuvas
incontidas, esquecem-se, às vezes,
do que possa haver de mais
importante:

a doação gratuita
de um sublime e verdadeiro
amor incondicional.

ANOITEÇO, E NUNCA MAIS TE VEJO!


DEIXA-A DESCANSAR NO PARAÍSO


Deixa-a dormir
em paz, meu fruto mais desejado;

deixa que ela
voe, alivie-se e ame entre os anjos,
minha beldade preferida;

diexa que,
no limiar da morte, ela não tenha
nenhuma lembrança de nossos sonhos perenes
e nem de nossas chuvas
de fogo;

deixa comigo
o deserto frio e escuro e com ela as florestas
coloridas do paraíso,

pois, enquanto
ela esteve por aqui, foi a única capaz
de suportar minha torturante
loucura!

DESTINO


Implacável,
sedento de pão, de sal, de desejos
e de carnes,
com sonhos
e ilusões que sempre se deparam,
em algum momento, com alguma pedra
dura;
sim,
triste sina,
destino inimigo, indefensável,
crudelíssimo,
sobretudo
quando revela, dentro de nós,
a percepção de nossa incontida
miséria mortal!

ENTRE A MULTIDÃO!


No meio da multidão
é o lugar mais seguro, lá os anjos
nos confundem e pegam
qualquer um;

andar sozinho,
com pés mortais, é declarar suicídio
por cansaço do mundo:

above,
angels waiting for fall,
hungry!

EU QUERIA PODER MAIS, E EU QUERIA PODER ME CONTROLAR MAIS!


Não me considero uma,
pois que sou niilista,
mas há boas fontes.

E as escolhas
por que caminhos trilhar,
de que fontes frequentar
e como delas beber

são inafiançavelmente
de responsabilidade, para alívio, aprazer
ou dor,

do centro
do dasein de onde inexoravelmente
se originam!

INATINGÍVEL INCONDICIONALIDADE


... não és só tu que talvez
me queiras assim:

também quero teu amor
incondicional,

também quero teu carinho
pueril,

também quero teu corpo
extático,

também quero tua compreensão
quando dela preciso,

também quero, à nuvem,
a paz de que

tanto necessitamos
e ponto.


INEXORÁVEL PATOLOGIA HUMANA!


Reconhecer as ruínas
do mundo,
reconhecer-se
nas ruínas do mundo
e, sem perder tempo,
cumprir a estranha, alucinada
e dura abnormidade
com que,
entre as coisas todas,
fomos jogados!

JÁ NÃO ME ACHO EM NENHUM LUGAR!


Vê, Flor de inverno,
já não cabe neste escuro espaço
e em meus versos mal
traçados,
a saudade,
a angústia
e os moucos gritos de dor,
que em mim
se implantaram depois que
tu te foste, sucumbida à desgraçada
e impiedosa morte!

NÃO AMAM CÃES CANSADOS


Depois que nos conhecemos,
vimo-nos ainda muitas e muitas vezes
por vários anos,

e o vento da noite
carrega, em seu quântico caminho,
todo nosso amor e todos os nossos ardentes
segredos;

de repente,
veio a praga e, por um instante
em que não resisti ao peso da batalha
e dobrei os pés,

percebi, no abandono,
que aquele jardim maravilhoso e sem fim
que idealizzamos não passava
de uma miragem:

sempre andamos
mesmo foi na seca grama!

NOSSA ÚNICA IMPOSSIBILIDADE É NÃO SERMOS


O DESFILE DOS SOBERBOS


Margaridas e tentilhões fediam
ao desfilarem com suas belas pétalas e plumas
pelos canteiros e terreiros
da cidade.

Dentre eles,
a fulga flor de inverno (com seu tridente
dourado), que vivia a cantarolar:
"sou pura, pura, pura",

como que se
não tivesse nascido entre as demais,
como se não conhecesse
o próprio rabo;

como se também
já não tivesse a vulva (por todo tipo
de pássaro que se imaginar)
já rasgada.

O GRITO MARINHO RESOA NO INFINITO!


Deste-me
a palavra dos deuses,
 
ofertaste-me o amor
e a leadade dos putiranos,
 
conquistaste
meu coração, minha mente
e meu corpo,
 
puta,
puta,
puta
 
loucamente erótica,
tirou a roupa, a máscara e me abriu
teu corpo:
 
depois das preliminares
ressou o grito de um dos teus velhos
anjos morrendo e chorando!

O QUE NINGUÉM VÊ


Em meu deserto
que ninguém entende,

há-me uma aguda,
angustiante e silente saudade e dor
que ninguém
entende,

daquele tempo
em que decifrávamos os mistérios do mundo,
do ser e do universo

e gemíamos
com gozos inocentes sob o horror
da luz que nos cobria!

OS REINAUGURADORES


Sob o ritmo do caos
e do ocaso, onde nada fosse previsível
e tudo fosse possível

dançavam,
indiferentes e frias, as mínimas
cordas do Universo;

até que surgiu
a senciente singularidade abnormal

que conseguiu
vertiginosamente a tudo reinauguraar

com a fausta visão
refletidas por suas retinas, com seus sonhos,
com seus ideiais, com o que julgam bem
e com o que julgam mal,

de modo que,
todo o refeito foi eculpido com tanta
vaidade, soberbia e arte,

que até
o nada jamais voltará
a ser igual!

QUANDO O AMOR SE MOSTRA INFERIOR À ID


... o único
ato sexual realmente
infectado
é aquele
feito por quem
diz nos amar,
sem conseguir
sequer aguentar uma carga
d"água!

TENHO TE ZELADO MESMO APÓS TUA MORTE


A voz sufocada na caixa,
a mesma voz com que encantou
tantos anjos, tantos tentilhões e tanto
mitos marítimos.

O corpo mergulhado na terra,
o mesmo corpo que povoou tantos
leitos com seus leites
espumados.

Os doutores,
os tentilhões soberbos, os fodedores
moralistas ficaram de fora,
os mesmo que não conseguiram
aguentar dela as posteriores quedas
mandando-ma sempre
de volta.

A alma se perdeu na morte.
a mesma morte que tantas vezes mostrei
a ela com o nome de apagamento,
sempre advertindo-a para
economizarmos

palavras,
esperanças vãs, amores irreais,
fantasias insanas e nos firmamos juntos
antes que (e foi) nos fosse
tarde demais!

VEM, PORQUE QUEM SABE FAZ A HORA ACONTECER!


... um sonho que não tenha fim,
dias sem abrenunciações de escuras noite,
sóis sem posteriores chuvas de fogo,

o generoso cântico de dádiva e da oferta,
o desejo em seu maior grau sem as consequências
nefastas da id,

uma relação sem quimeras impossíveis,
somente os sonhos e as fantasias que caibam
no sorriso de um retrato possível,

no mais, paz, respeito,
bem-querença, um pouco so de ciúme
para apimentar tudo

e amos, e muito amor,
e paixão, e muita paixão,
e texão e sexo gloriosos como se tivéssemos
hipnotizados com a erotica dança
de nossos corpos!

A NOITE É NOSSA AMIGA


... deve-se
aproveitar o luar
para flutuar e em escondidelas
vias pousar,

porque,
do dia ao raiar
começam logo cedo nova batalha
em meio à luzes
sola,

a cismos,
a perigos e a despudores
vestidos!

ESPERA MAIS UM POUCO


Espera pelo próximo
verão, quem sabe eu ainda
não esteja por aqui,

espera mais um natal,
mais uma estação, quem sabe
o tempo não pára para
nos esperar,

espera o próximo trem
quem sabe ele virá a tempo
de não nos perdermos na lida dura
do deserto,

espera pelo frio
do ultimo inverno que está por vir,
quem sabe não descansamos
respirando a morte
fria?

ESPERANDO PELO SONO DA PEDRA!


Falta-me um amor como
aquele que já tive,
falta-me uma loucura
como aquela que já conheci,
falta-me uma luz
que decifre um pouco de minhas sombras,
como ela jé fez um dia,
faltam-me os suores
e os rgasmos que com, com ela, tive
em corpo e alma:
falta-me tudo,
menos a esperança de que me alivie
de toda angústia e de toda dor,
a morte que me espera!

MALDOSAMENTE AUTOILUMINADOS


Os anjos são mesmo
maliciosos e uns grandessíssimos
filhas da puta:

enchem
as virgens sombras de ruínas,
só para depois virem
de manso

(dissimulados de branco),

a foderem
escondidos as raspas das asas
das tristes, belas e frágeis
borboletas.

O AMOR É DO TAMANHO DA FANTASIA QUE DELE FAZEMOS


Porventura,
existe algo mais
sublime

- e insano -

que matar-me
o desejo
para amar-te
em alma,

e morrer-me,
seco,
nos incógnitos
cantos

de teu vasto
jardim?

O CAOS REINAUGURADO!


Durante tantas
e tantas tempestades de outrora,
que culminaram em nossa
separação,

nunca percebestes
que minhas torreciais chuvas
sempre podim ser
suspensas

quando
- em vez de também me tempestuares -
Me afagavas com tuas
suaves brisas?

O ONTEM E O PORVIR DE UM ALUCINADO AMOR


... falo
de um tempo
em que a chuva sempre

caía na madrugada:

falo
de um tempo

em que não haverá mais ilusões,
mais dores, mais chuvas

e mais nada!


O SILÊNCIO DO MENSAGEIRO!


As borboléticas beldades
estão voando com o selo da ostentação

e bebendo das peônias cores
de seus anjos de paus ilustrados.

Eu fico vindo aqui,
vendo o que chamam de espetáculo,
dissipando-me como
o vento

e me perdendo
na superfície estranha superfície
deste lago.

Enquanto bocas,
dedos e pernas abertas fazem
seu trabalho no silêncio de um quarto
ou de um skype,

após mais uma esportiva
e poética jornada,

eu me continuo nevoeiro
entre uma terra cheia de cores,
de dissimulações, de fantasias e de férreos
pecados!

TODO ANJO VOA EM DIREÇÃO A QUEDAS


... ela se dizia
pura, pura, puríssima,

mesmo entre
camas, dramas e abismos
escuros,

simplesmente
porque ela nunca entendeu,
embora eu tanto explicasse
com minha filosofia ineficazmente
confusa

que um anjo
não pode amar, transar e lutar
celebrando a vida, sem também
colher os frutos das quedas entre chãos
e carnes e das mortes
de suas asas!

UM DIA DIFERENTE


ACHO QUE ELA ESQUECEU ALGUNS CORVOS NA MINHA CABEÇA!


... ninguém conhece
sua própria natureza,

os anjos, por exemplo
falam com belas e voláteis palavras,
da infância,
do amor,
da vida,
da saudosa e triste ausência,

enquanto os cães,
apesar de limpara os restos deixados
pelas libidinosas festas escondidas
dos anjos,

sofrem
da agonia solitária dos muros
e das sombras!

AMOR CONTAMINADO


Sabem os anjos,
os santos, os ídolos e os deuses
o quanto te amei,
 
sabem os vermes,
as bactérias, os estúpidos de gravata
e os demônios o quanto
te amei:
 
da dor que tive
e ainda me consome por te amar
tanto assim, só eu sei!

CICATRIZES DE AMOR E DE DOR!


... solidão,
angústia
e tristeza
sufocam-me
nestes últimos tempo em que
não há mais sóis;
à silente e frias madrugada,
enquanto segues dormindo eterna,
sinto a saudade e a ferida que em mim
ainda afloram:
cansado,
descrente
e com extrema difiuldade,
custa-me a respirar
com invisíveis e doliridas almas
que me dilaceram a alma!

CRESCEU EM CORPO MAS NUNCA PERDEU A MALÍCIA TENRA


... mesmo as sombras
podem se mascara com um lindo rosto
e terem uma postura tão doce
e sensual
que pode
enganar até os mais
poderosos anjos
​​​​​​​e cães!
Thor Menkent


.. ela não sabia
quando dominava os anjos e os santos,
seduzindo-os e depois jogando-os
às camas e aos chaos;

assim como ela
não sabia que, antes de morrer,
iria me agradecer chorando






com a cara,
o corpo e a alma expremidamente
sangrando contras as próprias pedras
que fabricou como lindas, doces e excitantes
ilusões!

É DIFÍCIL CONVIVER COM ANJOS!


é difícil ser um cão
niilista
e voar junto
com os secretos desesos
e as internas tormentas sapiens
dos anjos;
sobretudo
quando teimam em acender
as lamparidas de suas bocas
e cloacas
para elucubrarem
e falarem das feridas e das cicatrizes
dos habitantes dessa
terra!

ENTRE LEMBRANÇAS E SILÊNCIOS!


É melhor evitar
o amanhecer utópico,
o canto desvairado do meio-dia
e da tarde erguida,
porque a luz
parece boa e prazerosa,
mas à noite tudo se transforma
em tristes lembranças
extintas!

ESSA ESTÓRIA DE CULPAR OS OUTROS É COISA DE BURROS


... no amor,
não há razão no outro
para dor própria,

na verdade,
digo que tudo em que
se coloca o combustível errado
dá defeito:

________ Thor caiu por si próprio,
________ Lilith caiu por si própria,
________ Nuvem caiu por si própria,
________ todos os anjos came
por si próprios,

porque dizem amar,
colocando no tanque do coração,
outros combustíveis,
que não só o amor,

como também
a traição, a enganação, a desconfiança,
o rancor e o ódio!

EXTENSO DESERTO


Talvez
esse meu deserto
não seja mais que máxima
representação

de meus fracassos
e de minha covardia por entre
as margens e as imagens
do caminho ;

talvez
eu esteja usando
minhas senciências espúrias
e meu maldito bodoque
verbal,

tão somente
para tentar me refugiar,
em vão, de meus próprios
e cernientes erros
e medos.

INFELIZMENTE ISSO NÃO É SÓ UMA VAIDADE, É UMA CONDENÇÃO!


... levando-se
em conta todos os daseis,
com todos os seus sonhos, com todas
as suas fantasias,

com todos
os seus desejos e amores,
com todas as suas luzes, sombras
ou cinzas,

e com tudo
o mais que de cada um seja;

vamos deixar claro
uma coisa: não depende de eu querer,
sou como todos vocês,

eu nasci,
inconsciente e abnormalmente
supremo!

METADE MIM AINDA PRECISA DO MEL DOS DIAS!


Tudo está escuro
e eu preciso de respirar,
mesmo que seja por modos
artificiais:

ao escuro,
há a segurança dos rios
que fluem calmos, sem nunca ocorrer
abalávreis novidades,

mas é na convulsão
das luzes que há o delírio, o tesão,
a loucura e o orgasmo!

QUANDO SE JUNTAM O AMOR E O TERROR!


Ela ainda está
dentro de mim, teimosamente
querendo sair,

e eu luto,
e eu tento explicar que não
é fácil enfrentar
o conjunto,

e eu tenho atravessado
minhas noites solitariamente
e em silêncio e dor
absolutos

e minha alma,
como um esponja encharcada,
por ela, continua
em pranto!

TRÁGICO VIVER!


Depois que te foste
no açoite da negríssima noite,
eis a única verdade
que ainda em mim há:
uma vastidão
de areias secas sem flores
e sem mar!

A PONTE ESTÁ BALANÇANDO DE NOVO


A QUÂNTICA, O INFINITO E A SENCIÊNCIA HUMANA


É muito possível,
quanticamente, que nos reencontremos
novamente um dia,

aliás esta realidade
já existe independente de morte
ou vida:

é que o comportamento
ondulatório das elementares partículas
que nos compõem

já se fragmentam em meu
ser que ainda está sob a ponte, em teu
ser que dela já passou

e em todos que já houve,
há ou haverão, assim como em todas
as coisas possivelmente existentes neste
infinito Cosmo em expansão;

porém, advindos
de tal imprevisível e comportamento de ondas,
totalmente comuns
e incomuns,

fragmentadamente
em possibilidades de eternos sins
e nãos.

E O INVERNO QUEIMOU COMO O INFERNO!


Ó Senhora, amante
das luzes e dos farrapos humanos:
sempre, sempre vestida
de branco

- com o corpo a se queimar
de (embora negados) extáticos desejos
e com a alma ligada a púmbleos
ensejos -;

por que é que
me vieste assim de tãos distantes sonhos
e por que me trouxeste tão paradoxais
imagens,

se não for a
para tentares apagar um crepúsculo
que já nascera verticalmente
condenado

e horizontalmente
contaminado?

LILITH E EU III


O amor foi uma batalha,
o mar quis engolir a planície,
e a planície quis secar
o mar,

misturaram-se os risos
com as lágrimas do mar
e com as lágrimas da terra
árida;

mil vezes tentaram
a redenção e a vitória sobre
as imagens humanas, para prosseguirem
juntos, e unos, à infinita
imensidão:

agora ela se foi
e minha cruz se tornou
insuportavelmente dolorida
e exausta!

NÃO!


Todos podem ir embora,
todas podem partir,

eu sigo em frente tentando
me manter alado ao chão,

mas a flor do deserto
não deve nunca se selenciar,

porque,
sempre que ela faz isso,

um cão niilista
morre mais um pouco na fria
solidão do inverno!

O TEMPO, NEM O AMOR, ESPERAM DEMASIADO!


Quantas vezes
quisera eu acender contigo nossos corpos
nus sob a lua,

Quantas vezes
tentei te mostrar que a verdadeira
paz e o verdadeiro amor só acharíamos
no deserto?

Quantas vezes
Te avisei para tomares cuidado
com as intenções dos anjos que andavam
dissimuladmente por tua rua?

Quantas vezes
eu te ensinei que a luz das palavras
e dos desejos carnais era por edemais
frágeis e frias?

Quantas vezes
eu te disse que estava ficando tarde demais
e que a morte já nos espiava
atrás das esquinas?

Meu Deus! Quantas vezes,
mesmo dizendo me amares tanto,
tu realmente me ouviste?

O VAZIO QUE FICA!


Que mais
vos restará para além
desses tempos
e espaços
por onde semeais,
incaultamente, imagens
devaneios de toda
ordem,
com vossas sencientes
e abnormais fluorescências
cegas?

ONZE HORAS


Manhã confusa,
lentamente curva, preguiçosa
e insegura:
parece a noite
que nela se estende tentando
manter um pouco de minha angústia
e de minha loucura!

OS PORTÕES


Vendo mariposas,
borboletas e anjos a caírem
ao chão,
vendo os rios
e mares se poluírem e os leitos
ficarem secos como se não mais houvesse
ninguém para lhes transitar
em qualquer posição,
fico a pensar
de que vale voar, amar ou trepar
se tudo parece não passar
de ilusão
e se a própria
vida parece sempre nos conduzir,
a cada dia que passa, a uma inexorável
verdade sem nenhum sentimento
ou razão!

QUANDO AS COISAS PARECEM SE APAGAR


TARDE MONÓTONA


Cheguei a casa
aporrinhado naquela tarde,
empalideci de imediato seu sorriso,
fechando-lhe as portas
e as janelas;

dirigi-me a
meu pequeno quarto,
onde havia livros, um som, uma cama
e quase mais nada;

mas havia,
dentro dos livros, estórias de mundos,
e havia a música que se derramava
em tudo, sem ocupar
espaço;

e eu ali
tentando me salvar
de todas as coisas e de tudo
que semeavam fora os grandes
sapiens sencientes;

e o pior,
tentando me evitar
também o iminente naufrágio
de todas as coisas e de tudo
que se me confundia
dentro.

TENTOU FOSFORESCER NO INVERNO E NO DESERTO


... arrumada,
bem vestida, esmaltada,
maqueada,

mais parecia
uma gótica com seus vestidos
pretos

e com mensagens
fúnebres escondidas rm luzes
vocálicas:

e ele,
ao ver e conviver com aquilo,
nunca conseguiu
discerir

se se tratava
de um demônios desejando, em vão,
se transformar em anjo

ou se era
um anjo que se apaixonou
pelo diabo!






A SENHORA LILITH!


Quando ela partiu,
suas ondas se agigantaram.
esmagando
completamente meu antes
seguro deserto,
esmagando
meu coração e minha alma
e me mergulhando
em destroços e agustiantes
pedaços de nada!

ANJOS OU SERPENTES?


... um ser
que se aproxima e finge dar
tudo aquilo que não pode à pessoa
com quem anda,
 
só para chegar
à cama e ao sexo é incapaz de compreender
a própria imperfeição de seus fúteis
movimentos:
 
na verdade,
ele sabe, desde o início da  dissimulação,
que a qualquer momento
vai embora,
 
covardemente,
levando com ele todos os sonhos,
todas as promessas e todas as esperanças
que ele já sabia que não
seriam dados!

APRENDI A GOSTAR DA MADRUGADA


Aprendi a gostar
da madrugada
- escura, silenciosa
e solitária -:

nela não vejo
borboletas com asas flutuantes,
arcanjos com purezas
tremeluzentes,

marimbondos
com venenos horrentes
nem menestréis com atuações
mambembes.

AS IMAGENS SÃO UMA INCONTESTE PROVA DE NOSSA ABNOMALIA!


Queria poder
conseguir ignorar as avalanches de imagens,
advindas de caminhares incautos
e estúpidos;

e encontrar algum
lugar incomum, onde pudesse
descansar minhas laivas sombras, meus sortilégios
côncavos, minhas porras
leiteiras

e meus hábitos de,
a tudo isso, colocar sob incomensuráveis
e esplêndidas máscaras, tingidas
de faustos brilhos e verdades
dissimuladas.

DELÍRIOS NOTURNOS PASSADOS


Ajuntando
feitiços, dádivas angelicais
verbais e cúmulos
foi que ela
me fez amá-la em completa
loucura,
muito além
da, onde agora dorme eternamente,
sepultura!

ELA AO TOCAR O ADÁGIO DE ALBIONE!


Seus dedos
vermelhamente esmaltados
tocava ao piano o Adágio in G Minor,
de Albione,
 
seus olhos estavam
palidamente fechados como quem
estivesse flutuando em gloriosas
miragens,
 
seu corpo se acentuava
em curvas com aquele delicado
vestido colado, que deixava transparecer
hipnóticas imagens de suas
partes de baixo,
 
ela nem percebeu
quando cheguei e comecei a observá-la
já com a alma de amor
inundada,
 
ao me movimentar,
vi-lhe desapercebidamente entre suas pernas
uma calcinha branca mínima
 
que formava ali um pacotinho,
com uma tira saindo para baixo, compondo
a visão de um anjo, irresistivelmente
sedutor:
 
nesta hora,percebi que era tarde demais:
havia-me tornado seu amante
e seu escravo!

ILHADO


Chove lá fora
e chove dentro de mim,
nesta noite fatal:
na inexistência
de mais sonhos, na incoerência
do pensamento, e nas turvas águas
em que me tenho navegado
sem mais esperanças,
bem sei que o amanhecer ainda estará
tingido pela escuridão invisível,
e eu sei que
continuarei condenado a sobreviver
entre um monte de coisas
que sempre deságua
em nadas!

IMPETUOSA LOUCURA!


Ela já
não era a mesma,

a ilusão de tua carne
estava cansada,

seus sonhos
mais sublimes e suas esperançãs
mais seguras estavam
quebrados,

sua lingua já não
mais liberava fogo em forma de desejo
e de chuva.

Fora, pelo niilista,
totalmente dizimada:

não tive a mesma sorte,
os albergues e os cais de alguma razão
perdida qualquer continuam-me
fechados!

LILITH E EU XV


à noite,
sob as longínquas
estrelas
e junto ao frio
e à escuridão profunda,
não vejo mais
a cor das flores e dos arbustos,
não sonho mais
amores nem me extasio com cálidos
e carnais fulgores,
mas ainda sinto
um pouco de teu perfume
na mansa brisa
do vento!

O DASEIN E A COMPOSIÇÃO


Não é um mundo,
são bilhões de mundos
e todos são singularmente
pluralizados,

e, neste cenário
sapiens, amar o deserto
é como amar o mar
e o ar,

sem que
se tenha certeza de que
os anjos que navegam nas águas
e voam aos céus

nunca são
tás tão corajosos e loucos
como os cães queandam
no chão árido!

O TEMPO É ALGO MUITO VALIOSO PARA SER DESPERDIÇADO


... ficas enrolando,
como se fôssemos eternos,
e ficas brincando
de princesa e de conto de fadas,
e fica me
deixando assim com sede
e com fome,
totalmente
despercebida de que o corpo
não espera
e, mesmo que a morte
não nos leve ao tarde demais,
o apodrecimento
da carne sobre nossos ossos ,
a seu tempo,
já é motivo
para nos arrependermos
de não nos termos pousado antes,
de não termos nos amado e de não termos
juntos frequentado céus, sonhos
e camas!

SOMOS UMA POSSIBILIDADE, NÃO NECESSARIAMENTE UMA REALIDADE


... e se o verbo se fez do caos,
e se o caos sempre existiu e continuará
existindo pelo inesgotável
do espaço-tempo,

e se surgiu neste meio
o sapiens que inundou e engravidou
a tudo com seu estranho
e alucinado dna,

sempre será possível
haver nova abnomalia, dentre as infinitas
possibilidades, originária de que tudo novamente
se possa reinaugurar!


TRÁGICO DESTINO!


... ainda ecoa aos ventos
a fúnebre canção de quando te partiste
à morte, meu amor:

depois de um longo
tempo de chuvoso e abrasador
a amor,

a noite que ficou
é trágica. fria e contém apenas
a solidão e uma inestinguível
dor!

ALÉM DA MARGEM!


Abandonado
em um oceano seco,
entre à morte
ainda com aquele sinistro
sofrimento por amor,
jogado nas escuridões
nas mais frias noites:
quando tentei
me desviar da Flor de inverno,
caí nas agudas
garras da branca nuvem,
já estava
todo quebrado perante
o ultimo e solitário
horizonte!

CORTINAS FECHADAS!


Não vos apegais
mais a mim, não me queirais
por amante ou simples
companhia,
eu conheço
os limites do amor e da vida,
e eu conheço os segredos das quedas
e das mortes,
portanto despedi-vos
porque estou pronto: vou para junto dela,
em minha última e eterna
morada!

DEIXASTE-ME UMA ETERNA RÉSTIA DE LUZ!


De tua beleza extrema,
de teu angelical semblante pálido,
de teu sensual corpo elástico,
de teu amor tantas vezes
comigo compartilhado, do teu desejo,
da tua gula, de teus pecados,
de teu corpo nu iluminafo,
das orações que fazias do meu lado,
de nossas chuvas de fogo, quando estávamos
endemoniados,
de tudo que nos for a
perfeito e imperfeito, ainda resplandeces
em minhas lembranças mais
tristes e constantes;
e eu te garanto que,
mesmo com essa fratura exposta
em minhas poesias mal
escritas,
jamais estarei
saciado de tua ausente presença,
à qual amo do mesmo jeito em que juntos
balançavamos lençõis
e infinitos!

DENTRO DE MIM!


Dentro de mim,
depois que ela se foi, ficaram
fantasmas famintos
e insaciáveis,
 
nasceram tempestades
que antagonizam com meu
aparente semblante
calmo,
 
e se instalou,
em  severa iminência
m apocalipse que a tudo
irá em breve
findar!

FORA DE ÓRBITA!


... às vezes,
pergunto-me a mim mesmo
como pode um niilista absurdo falar
sobre o ser, deste modo assim
tão imundo,

se eu mesmo
que devia dar o exemplo,
muitas escrevo sobre amores angelicais
e digo amar a quem mal conheço
de verdade,

enquanto,
tentando decidir entre uma e outra casa,
um e outro porto, uma e outra cama,
um e outro corpo, ouço uma
música sem fazer
nada;

ou enquanto
vou ao banheiro cagar,
esquecendo-me sequer de dar
descarga?

HÁ PEDRAS NO MEIO DO CAMINHO!


JÁ QUASE NADA


... nem bocetas corridas,
nem ilusões vívidas,
nem esperanças exíguas,

as fantasmagóricas
miragens ao deserto e estas angustiantes
sombriedades,

que andais lendo
(em forma de mal traçadas poesias)
por aqui,

é que estão
ressecando-me todo
o ser.

NÃO HÁ INOCÊNCIAS CEGAS PARA O SER!


Todos se vestem
como anjos e menestréis,
abusam da alva palavra

volátil
e bancam os puritanos,
os moralistas

e os que pregam
a fé, a paz, a dignidade social e a justa
divisão das coisas entre
os demais daseins;

todos também,
quando tangenciam as luzes, com seus segredos
tão loucos e libidinosos como
terríveis,

fodem asas,
corações, corpos e psiquésque deixaram,
por eles, durante o caminho de céus,
de chãos e de pedras,
apaixonados!

NEM THOR NEM PÉRICLES DEVEM DEIXAR LEMBRANÇAS OU LEGADOS


... quando a morte chegar
que eu seja despido das roupas,
das elucubrações, das visões e dos jugos
sapiens;

quando a morte chegar
que abandonem meus poemas,
meus versos e os deixem soltos correndo
ao ar;

quando eu morrer
não quero que chorem, que lamentem,
nem que desejem que eu esteja
mais aqui neste lugar;

quando eu morrer
querem que deixa o homem partir,
deixem a poesia se perder,
deixem os julgamentos
para o Eterno,

que eu,
se possível, também me porei nu,
livre de qualquer coisa deste mundo
de loucos adultos

para me partir
como um inocente menino
que fui durante minha longínqua infância
perdida!

And you will be there to greet me!

NEMO MUNDO REPELE UM GRANDE AMOR


QUANDO PERDI MINHA PUERÍCIA?


Pensando bem,
eu não sei quando foi pulverizada
a puerícia havida na infância
perdida;

pensando bem,
eu não tive tempo (nem como)
reagir às novas fomes
doentias

que vieram
rasgando os céus e os sonhos
com belos flashes, seguidos de terríveis
ondas de choque;

pensando bem,
eu nem sei mais o porquê, o como,
o quando, ou o qualquer-coisa
que me valha

alguma esperança
de sair do solitário e angustiante deserto,
ou de me acordar do sono
fosco da morte.

SEM FUGA!


Olhem bem
esses sinuosos e escuros versos
que escrevo por aqui,
 
e saibam
que nem sempre fui assim,
 
e que também
tive ilusões perdidas,
desejos e fantasias promíscuas
e um enorme amor, louco, suicida
e líquido;
 
que nos amamos
com nossos nus espelhos da alma
e com nossos eu inflados, sob sob pressão
e reação adversos de nossos
sencientes egos;
 
que enfrentamos
paraísos escuros e abismos clareados,
tentando manter viva a maré e a chama
de nosso último amor
perpétuo;
 
e que, por fim,
tornei-me um núfrago solitário
neste mundo cheio de cores e de imagens
que me levam a nada!

SEM TRÉGUAS


... rendo-me,
chovo fogos emcobrindo
o céu de cor negra,

sangro em noites
frias e sombrias, luto, renovo
as esperanças,

não refaço a cama
ou o sonho que a morte quis
nos desfazer;

com os tristes olhos
deste poeta niilista, que ninguém vê
resisto,

até que também
me chame a morte e nos permita
que tudo outrora por nós semeado
se conclua em grandiosa
possibilidade quântica,

distante
das imagens que nos levaria a vazios
e a nadas neste mundo de semelhantes
loucos e estranhoa que, juntos,
habitamos.

A ÚLTIMA JANELA!


Uma janela ainda
aberta diante do cão que passa
apressado rumo à morte,
que doce,
que singelo,
que tudo esta janela aberta,
com a dona
a me acenar com o coração
e com a mão.
Sim, uma última
janela aberta, para lá vejo força,
vejo beleza, vejo vida
e vejo amor:
donde estou,
meu deserto vibra seco e, vendo-a
à janela, brilhar,
não sei se sinto
mais prazer, mais amor
ou mais dor!

COMER A CARNE E NÃO SE DEIXAR ENGANAR EM ESPÍRITO!


Elas me embalam
no jardim florido, na sala de poetia
e no leito aquecido,
juram ter
tido um tremendo orgasmo
no ato, e dizem me amar e dizem
sempre até que são fiéis
e que irão me amar
eternamente;
antes de saírem
para outros ares, para outros mares
e para outros braços,
deixando para trás
o fedor insuportável de seus silenciosos
puns, ao abandonarem e deixarem
vazio o quarto!

ETERNAS AUSÊNCIAS!


E agora,
com ambos ausentes,
tu e eu:

que horizontes
merecerão teu olhar
angelical;

e que falésias
abrigarão, do cão,
as sombras
e o pau?

ETERNO É SÓ O MOMENTO CRIADO POR NÓS MESMOS


Se conseguisse
juntar tudo que já vivi,

concentrando-o em um único momento
de esplêndida intensidade;

ainda assim,
conhecedor das faustas ilusões

que me habitam o cerne
vime,

não chegaria, sequer,
a forrar o imenso abismo
que há em mim.

EU, MINHAS VESANIAS E MEUS SEGREDOS


... pássaro,
alecrim,
anjo,
capetinha

ou um aventureiro
que viva cruzando os leitos, os céus
e as estradas:

como tudo
se dá somente por uma existência
sensível às chuvas
e aos ventos,

não faz,
ao fim, a menor diferença,
Baby!

IMPÉRIO DEVASTADO!


Era muito doloroso
conviver com ela,
com a dilacerante
dor, com ciuúmes doentios
e as incessantes chuvas
de fogo;
porém,
é muito mais doloroso
e quase insuportável, viver
com a eterna ausência
dela!

INEVITÁVEL E FATAL ENTROPIA!


Toda história humana
pode ser resumida como uma farsa,
 
todo corpo deste mundo
condenado, pela força da entropia,
ao nada:
 
amor,
paixão,
desejo,
 
dor,
sorriso,
choro;
 
tudo separado aos poucos,
até que se acabe completamente
os viciados círculos
da farsa!

INSUFICIENTES IMANÊNCIAS!


Escrever poesia
é como amar e meter,
não é nada inocente:

no entre imagens
dos sonhos, dos amores
e dos prazeres,

as verdadeiras
nuvens e as verdadeiras sombras
não mudam de forma
ou de cor:

nós é que
as margeamos na existencial
ponte!

O PODER DE ESCOLHAS É INALIENÁVEL


Tudo se nos há
de acordo com nossas escolhas
(seja entre luzes ou densos
___ nevoeiros),

e nada há
- nem o amor, nem a dor, nem a fé -,
que pertença ao (ou que se faça
___ pelo) outro,

mas sempre e tão somente
a nossas sencientes e egocêntricas torpezas
e a nossos abnormais modos
___ de ver.


E ENTÃO TUDO FOI REINAUGURADO!

O VERDADEIRO CÂNCER DO COSMO


Dizem que o câncer
(o mesmo mal que a levou de mim)
é um dos piores monstros que se pode
nos aparecer na vida;

eu também os peguei,
dezesse nos pulmões e três
severíssimos no cérebro há dois
anos atrás

e hoje, mais do que
nunca, afirmo que nem esse inferno
pelo qual passei internado mais
de ano

é pior do que
ter de sobreviver numa sociedade
formada de sujos e imundos
seres humanos!

OS OLHOS DO DIABO!


SemPre se pode
ver os olhos do diabo, baby,
mas eles nunca são vistos por
outros lados,
mas tão somente
perantes um bom e fiel
espelho!

TU ME FAZES MUITA FALTA!


Com o corpo cansado
e com a alma seca, tenho adormecido
sem ti, soliariamente
nas noites todas,
sempre na posição
de feto sentido, sainda tenho
sonhos com difusos
desejos,
com lindos
e pueris cenas de amor que tivemos
outrora,
mas, agora que te foste eternamente,
sempre sob frias neblinas
espessas!

AMAR, MESMO COM NO LIMIAR DO MEDO!


O amor dói,
dói muito e sangra muito,
mas até
eu a quem chamam niilista
cão do demônio
sei que só com o amor
é possível superar a cegueira
do homem e a inércia
do verso!

AMO EM SILÊNCIO



Não peças mais
para eu definir o que sinto:

antes, permita-me tão somente
viver contigo o sonho,

sentir, pela primeira vez na vida,
algo nobre no coração

e te incendiar o corpo e a alma
às noites nossas;

porque, quando eu souber dar resposta
a tuas perguntas e elucubrações,

é prenúncio de que,
com o verbo dissimulado,

não te ame mais.

AMOR PLATÔNICO


Ora, pois,
que digo dessas sombras
em que há tanto
me estou:

dos fracassos nossos
que nos levam a incautos sonhos e
ominosas fantasias,

onde nos postamos
como sendo tudo que jamais
fomos ou seremos;

o passarinho treme
só de ouvir a flor dizer
que comprou uma calinha nova
ou que vai fazer
xixi!

AO FIM...


... morto, tudo parado
e morto:
 
da colheita
exauriu-se o  fruto
 
e o cão
que o exibia sempre excitado
 
prante
a fiéi espelhos!
 

INCONTIDA LILITH!


Era belíssima,
inteligente e tinha um tanto
de incontrolada maldade
e loucura,

as quais
tentava disfarçar com máscaras,
com rímeis e com maquiagens
apalavradas,

e se dizia pura,
pura, puríssima de cabo a rabo;

mas era só
observar bem que se viam
descarregar nela todas os libidinosos
e escondidos orgasmos!

O BÁRBARO ESTÁ GRAVEMENTE FERIDO


A solidão,
a angústia,
o silêncio da madrugada,

ela morta
e tu negando meu clamor
com essa minha angustiante, interior
e pungente dor:

eu, bárbaro ferido,
o teu amante, o teu carrasco, o teu traidor,
jogado ao chão, com um absurto
silêncio interior,

com meus próprios
fantasmas que, com seus açoites e ruídos,
dilaceram-me os nervos, os sentidos
e a ama sem cor!

O DIA ESTÁ SE FECHANDO!


Ó tu,
que dizes me amar
e corres do rastro do diabo
às madrugadas,

poderias me dizer
se prefers uma frívola
vida longa

ou uma morte
premature por um verdadeiro
e único amor?

OS FUNDOS DOS VALES


Bocas regurgitam lumes
tão sublimes que despertariam
anjos e deuses

(se estes existissem),

enquanto úmidos
ventres guardam orgíacos desejos
e anguladas insânias,

em um tudo que se julga
possível o "ser", que pensa poder fazer
alguma diferença,

jogando incautamente
suas faustas e falsas luzes
em meio a nadas.

PERDA DE ASAS


Por que fui
amputar-me as asas
e lançar os pés
à lama,

por não
teres dançado contigo
àquele telhado
sob a lua
branca?

Por que,
do súbito encontro
do pássaro da planície
com a bela do
litoral,

fomos
nos silenciar e nos refugiar
às secas vegetações
rasteiras,

onde nos
fundíamos e nos sangrávamos
com outros corpos
amieiros?

PERDIDO


Por entre
as espessas sombras desta
longa noite, vão-se morrendo os sonhos
e as esperanças

de um novo amanhecer
como aquele, em que as borboletas flutuantes
e as flores multicoloridas, lindas
e sensualíssimas

vinham povoar
meus onícos cantos, fazendo-me
crer, puerilmente, que sempre haveria,
em meu nascente niilismo
e dor, algum branco!

SEVEROS JUGOS


Já fui elucubrado,
julgado e condenado de modo prolixo
tantas vezes que perdi
a conta,

e em todas
houve algum tipo de reação,
mesmo que silente, de meu indecifrável,
escudeados e senciente
ego.

Mas quando fui elucubrado,
julgado e condenado por mim mesmo,
diante de um fiel
espelho,

senti-me um nada
cósmico, um menos que pedra ao chão,
um menos que poeira
ao deserto;

em cruciante dor
de me perceber a abnormal condição
para cometer vastas
violações

e para promover
o suicídio das coisas, das casualidades
e até das demais sencíências
- alheios -,

com minhas clarezas
abstratas, espúrias e ilusórias
(re) inaugurações.

SOU APENAS O TEU INALCANSÁVEL CARRASCO!


... porque
se eu fosse mesmo suas
chuvas de fogo, como
te fugirias,

se é com as águas
verborrágicas que, incautamente,
irrigas teus sonhos, teus devaneios
e tuas confabulações em tão férteis
e figurados arrebóis?

E se eu
fosse mesmo a tua noite,
como te fugirias, se é das sombras soturnas
que te projetas esperanças em novos,
sublimados e vãos alvoreceres,
com tuas cegas
retinas

e compões
teus poemas e tuar pseudoardes
as extáticas dores de parto
que te ofereço?

VOU AMANDO-TE AINDA QUE DEBILMENTE!


Vou continuar
te imaginando de todo jeito
e em todo lugar,

vou te despetalar
como as flores dos verões
e das primaveras,

vou te abraçar
como se abraça o ultimo naufrágio
e vou ter amar como quem
se extasia com seu
ultimo pecado:

os anjos
se esqueceram de ti, depois
que te foste à eternidade,

mas eu,
garanto, manter-te-ei
viva nos rincões escuros
de meus poemários!

A MAIOR PRISÃO É A AMPLA LIBERDADE ABNORMAL


Escolhe,
se não for possível, inventa
e arca com as respectivas
consequências,

parafraseia-se
da obra de Jean Paul Sartre.

Digo mais e indago
a mim mesmo: somos algo jogado
entre as coisas do caminho,

ou nos tornamos
o caminho onde abnormalmente
reorganizamos e reinauguramos a todas
as coisas?

A MORTE, COMO A VIDA, NÃO EXISTEM!


Todos.
Somos todos tolos.
Sete bilhões de sencientes
e espúrios tolos.

E, ainda que fôssemos
setenta vezes sete, continuaríamos
a assassinar (de modo
inexorável)

o que houve,
o que há e o que possa haver
de mais sublime no Cosmo
e nas possibilidades:

a pureza do apagamento que,
devido a nossa abnômala condição,
coabita-nos imperceptível
aos olhos.

APENAS UM ESTRANHO NESTE NINHO


Ausentes nas novas auroras,
na chuva que cai ou no vento que entoa
a penumbra: bocas, mãos,
corpos e inválidas asas
em desvelos:

ama-me assim
(se é que me amas) em silente
e sagrado segredo, em mares altos
ou em baldios terreiros.

Mas sem a palavra volátil,
porque meus portos estão todos alagados,
e meus guarda-chuvas estão
todos quebrados:

sente apenas (e escolhe),
que posso ser teu, renascido e intacto,
ou apenas (e novamente) um futuro
pássaro angustiadamente
prostrado.

COMO É TRISTE SABER QUE NUNCA MAIS TE BEIJAREI!


Nossos desejos
se consumaram, com nossas almas
sonhadoras,  nos céus, nos mares
e nos escuros
vales,
 
sempre à noite
ou às madrugadas, escodidos do mundo
e de nossos demais
pares.
 
Com nossa libidinosidade
e e vitalidade extaticamente febris,
devorávamos de tal modo que a energia
escapava por todos os lugares,
 
ate nos explodiros
em intensos e incontroláveis
orgasmos.
 
Ao amanhecer,
quando tu partes, voltando para tua casa,
ausência e medo me fazem
em pedaços:
 
prenúncio
de minha fraqueza, de meu egoísmo
neste amor louco e alucinado
e de nossa iminente queda
e fracasso.

O DASEIN E A COMPOSIÇÃO


... deve-se
aproveitar o luar
para flutuar e em escondidelas
vias pousar,

porque,
do dia ao raiasr
começam logo cedo nova batalha
em meio à luzes
sola,

a cismos,
a perigos e a despudores
vestidos!

O INFERNO É O ESPELHO DOS OUTROS, MAS NOSSO MAIOR INIMIGO SOMOS NÓS MESMOS V!


A me sombrear em imensidades atormentadas
entre egos que regozijam suas emanações cálidas, me fausto em um deus de enxurradas turvas, a tecer minhas gêneses ominosas em efígies vazias.

Cinjo o céu com colorações ciprestes, e invado a terra com melodias rupestres.

Contenho os rios em minhas margens, e adorno as flores de jardins suspensos aos ares.

Voo como pássaros cibernéticos, e rastejo como serpentes viperinas.

Translucideio os cernes dos ilustres, e verbeio açoites em folhas brancas.
Enredo palavras cândidas em versos incompletos, e engesso o espelho que reflete minha face esquálida.

Exibo a formosa lenda entre as vielas oníricas, e me deito com as virgens de todos os reinos.

Pairo nas tempestades e nas brisas, e esparjo incensos às relvas rasteiras.

Abranjo os cimos dos montes mais altos, e perscruto os segredos do universo e das possibilidades.

Movimento as inércias mais distantes, e bebo dos mares mais esplendorosos.

Acalento esperanças fluorescentes, e esconjuro o porvir umbrático.

E, ao fim, desvaneço-me de meu poder, degenero-me entre meus destroços, e me apago no amanhã em que habita o silêncio sempiterno.

Sem pensamentos artificiais e sem egos ávidos em vidas que nunca houve.

O QUE FICA?


O que fica:
alguma saudade
do branco e do negro
reflexo;

o que se vai:
a flor perdida às fecundas
terras

e a negra nuvem
extraviada às curvas
dos céus.

SATÂNIA


... tu tens um dom
sem igual,
baby,
 
e tu és louca,
e tu és bela
e tu és interigente,
e tu és gostosíssima como as virgens
dos céus;
 
sabe de uma coisa,
baby eu queria muito te mar, sim;
 
mas sinceramente
para eu te amar a contento do que mereces,
eu teria de ter uma alma limpa,
um pau de fogo
 
e uma língua de sol
para te levar ao ponto mais elevado
do amor e do prazer!
 
 
uma alma l,língua de sol
ao ponto mais extremo
do prazer!

SÓ AS SOMBRAS AINDA SÃO VIRGENS!


Se a luz
realmente soubesse da beleza,
da natureza e da sublimidade
das sombras,
certamente
nunca lhes violariam
com suas brancas e pálicas
opacidades!

TAMBÉM TENHO VONTADE DE VOMITAR


Querem
montar o livro da vida
com desejos, punhetas e com
o verbo volátil;

querem
se fundir com luas, com mares
e com anjos de acordes
marcados,

querem foder
com heróis, com saradões
e com cachorros
molhaos;

pobres coitadas,
miseráveis lendas, liliths, nuvens,
mitos, lamparinas e andorinhas
dejazuizadas,

nunca entenderam
que, para se saber sobre vida,
é primordial subtenderem sobre
sombras polares!

DIVIDINDO UM MOMENTO ETERNO!


... por que será
que se preocupam demais
com o que chamam de realidade?
 
Por que será
que dizem amar e provocam
catastróficas chuvas de fogo depois
das trepadas regadas de elogios
e de orgasmos,
 
Por que será
que dizem amar um Deus
que está além de seus entendimentos
abnormalmente reinaugurativo?
 
Mas,, Baby,
o mais importante no momento,
por que é que tanto explico e tu não entendes
que, para um homem de uma mulher
se amarem,
 
é preciso dividir
a calm envoltos pela névoa do linho,
tomados por temores, tesões
e gemidos,
 
dividindo segredos
e prazeres inconfessáveis
 
e que, neste tipo de amor,
não há tempo, nem porvir, nem esperança,
nem mais nada que não
o simples e sublime
ato de amar!

ESCURO INVERNO


Nesta noite
não consigo dormer,
noite passada
também não consegui dormer,
amanhã
provavelmente não conseguirei
dormer;
ando como
um carro de boi em meio
à penumbra noturna,
devagar
e constante como o carro
de boi,
apenas e tão somente
com uma lantern já enfraquecida
capaz de alumiar apenas um pouco mais
a escuridão profunda!

FOGO VIVO!


Fora da janela
eu te vi pintando e bordando
nos jardins,
e eu vi que
colecionavas neles canarinhos,
tentithões e anjinhos
azuis,
e eu vi que
os remexia no fogo para
te fartares e te extasiares
com eles;
de dentro
de minha pequena casa, da janela,
eu te vi pintando e bordando
nos jardins,
e eu te vi
quando ias com eles para trás
de árvores e moitas para os amar
ou para acenderem fugazes
chamas:
por muito tempo,
todas as noites, tu vieste bater
à porta de onde eu morava
sempre
jurando me amar!

FRATURA DA ALMA


O vento lambendo
minha pele,
alguns pingos
de chuva caindo em meu corpo,
e outros pingos saindo
de meus olhos,
um desmazelo de mim mesmo,
um desnível,
uma queda,
uma irrecuperável perda,
uma incurável
fratura em minha alma:
sua ausência que me desestabiliza
e me enlouquece!

O AMOR ESTÁ INEXORAVELMENTE LIGADO À ID E À VAIDADE


... o amor
não é algo democrático,
nem parlamentar, nem qualquer
coisa que se pode definir
___ com lastro,

o amor
não é algo que se sente
___ só porque é casado,

ou só porque
se vai às igrejas aos dias comuns
___ e aos sábados;

o amor
é simplesmente algo que não
se prende em nenhum laço, nem a nenhuma
___ estética bem delineada;

o amor
é, enfim, algo meio louco,
transgressor, promíscuo, egoístico
___ e macabro;

e é exatamente
por isso que Bukoski estava certo
quando disse que o amor
___ é o cão do diabo,

mas está, como também
disse Nietzsche, por isso mesmo,
acima do bem e do mal pelo sapiens
___ imaginado!

O AMOR QUE SONHEI


O amor que eu sempre
sonhei não não exige somente
a desnudez do lábio
e da palavra,
mas também
a força da beldade para ficar
ao deserto, mesmo que nos falte
o maná,
e a sublimidade
para me acompanhar junto a meus
escuros, sem o salgado escârneo
das manhãs!

O INFERNO É O ESPELHO DOS OUTROS, MAS NOSSO MAIOR INIMIGO SOMOS NÓS MESMOS V!


Quando, ao almejarmos ser como águias flutuantes, descobrimos que as altivas asas carregam consigo, em voos dissimulados, decadências inexoráveis e ilusões traídas por nossas ufanias egocêntricas.

Quando convulsões silenciosas, que nos dilaceram o âmago eivado em angústias sôfregas, não se podem mais amenizar na veemência de nossos sórdidos olhares postos às adjacências.

Quando todas as utopias concebidas em efluências encantadas, outrora lançadas aos ares de efêmeras e protuberantes searas, e todas as difamações inflamadas concebidas com palavras cegas em perjuros ébrios brotados de nossas trivialidades indizíveis, convergem-se e se reúnem autoconspirando em nossos fulcros obscuros.

Quando todas as crenças propagadas por doutrinas apostoladas e as próprias convicções pragmáticas em alguma redenção salvívica, espalhadas em labirintos desconhecidos de nossos cernes adúlteros, sucumbem com preces não ouvidas por deuses que concebemos.

Quando todos os abrigos já inaugurados para algum alívio qualquer se desvanecem em nossa natural e irremediável imperfeição humana, de onde profanamos essências e disseminamos esplendores espúrios.

Quando, enfim, de nossos caminhares estrépidos, tudo se revela e se descobre que não há mais sonhos a acalentarem nossas descrenças, nem há mais lágrimas a serenizarem nossas metástases túrbidas, morremos sós no deserto silente.

O VENENO AINDA ESTÁ FAZENDO EFEITO!


... já fui criança
a enfeitar campinhos de futebol
e clubes onde borboletas iam se banhar
com seus pequeninos
biquínis,

já brinquei de herói,
de vilão e já fui o anjinho que comeu
aquela mocinha do filme
que eu mesmo dirigia:

já fui de tudo,
até o carrasco do mundo só para vencer
uma dignificante batalha
de redenção:

agora,
depois de dela se passar
e de tudo, meu osciloso caminhar
tem sido solitário
e frio,

e minha iminente
morte, dolorosa e sem importância
alguma!!

OS QUE HABITAM O BELO CÉU EM QUE ESTÃOS NÃO ME ASSUSTAM!


Depois de superado
o medo e a dordos últimos momentos,
ultrapassaste também
as trevas da morte,

os anjos acolheram
tua alma, todo o Cosmo se calou
diante das legiões celeste
que te levaram;

agora te protegem,
embalam-te com canções inéditas,
amam-te da forma que sempre
sonhaste:

de modo puro,
mesmo consumando contigo
um desejo que supera qualquer
coisa que tiveste nesta
terra.

Mas quanto a mim,
ainda aqui por essas sapiens bandas,
a ti, a eles e a todos que te acompanham
com júbilos profundos:

eu ainda
te amo imenso e de modo abnormal
e asurdamente humano!

PERDIDO O MOMENTO, NOSSOS NOMES NÃO FIGURARÃO EM NENHUM LIVRO ETERNO!


A grande noite
se aproxima e eu sinto um enorme
fedor vazio,
vazio como
o frio apagamento do caos,
onde nem o meu, nem o teu,
nem nenhum nome,
ao contrário
do que outrora pensávamos
sobre a possibilidade de nos reencontrarmos
novamente em outro plano
existencial,
será gravado
em algum canto solar ou em algum
livro ou sequer rabisco
eterno!

POR QUE COLOCASTE UMA BARREIRA TÃO GRANDE ENTRE MEU ABISMO E TEU CÉU?


Eu quero te visitar
e, quando chego em tua casa,
tu não abres a porta,
eu quero te abraçar
e te beijar e tu jogas
for a,
eu quero adentrar
teu quarto e te amar em extática
glória, e tu me pões
para fora,
eu quero esculpir
um sonho puro e eterno
contigo, e tu me mandas padecer
dos prazeres e dores
do mundo:
eu já não sei
o que fazer, ou em que me agarrar
para não naufragar no próximo momento
ou na próxima hora!

POR QUE TE PERDI?


Porque te amar
era me mutilar de paz e de sossego,

porque te amar
era como visitar céus e infernos
em dias, respectivamente, de prazer
e de desespero,

porque nunca consegui
vencer os venenos que me aplicaste aos poucos,
nem os fantasmas que criaste
em mim

porque te amar era tão impossível
como tentar acender um sol em uma chuvosa
hiemal e escura madrugada!

RESISTÊNCIA


Aquele rosto,
aquele olhar,aqueles seios que se pareciam
com o luar,

aquele jeito
lindo e delicado de dançar
e de voar

são as únicas lembranças
me povoam minha mente e que me permite
por um pouco mais, à longigua puerícia
tentar recuperar!

CHUVAS DE FOGO


... por favor,
chega de tantas chuvas,
___ querida;

por acaso,
não acharias melhor me acompanhar
em uma nova
___ valsa,

ao mouco som do
___ arco-íris?

CONTRASTE!


É visível
que não gostam
- esses mascarados puristas
de plantão -

de quando
me aproximo demasiadamente
de suas apresentações
maestrinas:

tremeluzem,
alguns menestréis franzem
as sobrancelhas
em ira;

algumas mariposas
jogam os cabelos para trás,
fingindo desdém.

Às vezes, curvam-se
o raso chão,
atirando-me pedras verbalizadas
contra as sombras

- em vão -,

e revelando que,
por detrás dos disfarces,
há exatamente que estou ali
para evidenciar:

a verdadeira
- ou dela a falta -
face.

DE QUE SÃO FEITAS NOSSAS ASAS?


As imagens
que o ser contempla
e cria com suas sencientes
e poderosas retinas
são um mal
conquistador em um cosmo onde
havia infinitas possibilidades
virgens!

EU CONHEÇO TEU RANCOR, COMO CONHECI TEU AMOR!


Não te iludas demais,
porém, com o amor que pensas
sentirem por ti;

antes,apenas
ama de teu jeito, para que tenhas
sonos perfeitos, dias frescos
e paz ao leito;

porque,
em verdade, digo-te que pensar
sobre isso é fatidicamente
errar,

diante
de um coração, afundado entre
a certeza de amar e uma mente que imagina
fantasmas que nos sangram aos poucos
até nos matar!





O ERRO FUNDAMENTAL!


Esses sapiens não sabem
nada sobre vida, esperanças
ou sobrevivências:

enquanto a era dinossauros,
com suas fomes sanguinolentas,
durou mais de cento e sessenta
milhões de anos,
tendo sido destruída por exterior
e natural condição;

em menos de duzentos mil,
a tudo dominamos

- e , seria de se pasmar não
fôssemos humanos,
até criamos um grandioso deus
do qual nos fizemos filhos,

e ao qual sempre conclamamos
para justificar carnificinas,
fracassos e esperanças -

e já inventamos,
com nossas abnormais e avassaladoras
senciências egocêntricas,
o extermínio ao toque de alguns
botões.

O QUE NUNCA PERCEBESTE, ATÉ SER TARDE DEMAIS, ANA!


... é preciso muito mais
força para se manterem os excessos
do que podes imaginar com
tua vã e vil filosofia:

é preciso ver
(e conviver com) os lixos, os entulhos
e os vazios da própria
casa;

é preciso aceitar
que os cofres e as gavetas estão cheios
de estranhas e sombrias
costuras;

é preciso, enfim, inventar
mentiras em santas ceias, mantendo dolorosas
verdades escondidas
na geladeira.

OS ANJOS NÃO SÃO VÍTIMAS!


...  a bebida
e os sedutores anjos de belas
máscaras
 
fazem sucumbir
até o mais forte e o mais
sábio dos homens;
 
sigo eu, então,
sempre ao deserto
fabricando meus minhas próprias
quedas e sonho
 
e visito, às vezes,
as zonas para como um sussurrante e excitante
refúgio para alimentar meu incontido
antropofagismo vadio!
 

PERDIDAS NO ESPAÇO!


... angelicais,
sedutoras,
com imaginações
de indendiar os virtuaiscéus
puteiros,
 
efeitadas,
maqueadas,
bem vestidas com lindas
lingeries por baxo;
 
passa por todo lugar,
por todo lado, por todo ponto
de encontro, pelo buraco one mora
o demônio,
 
elogia,
bajulam, adulam as duas cabeças,
elas sabem, elas sabem de tudo,
inclusive conjugar  o verbo
foder como se fosse
o amar!

RAROS MOMENTOS FLORIDOS!


... lateja minha mente
a imaginá-la ali, sentada,
 escrevendo sensualizada pela camisola
e lingerie,
 
despeta-me a sede,
e a fome de devorar suas poesias,
suas fantasias e suas insânias,
 
acende-se-me o desejo
de possuí-la numa distante presença
que se faz em mim
naquela hora:
 
então,
dou-lhe um beijo,
desço tirndo-lhe a blusa,
acaricio seus peitos, ainda descendo
em busca do tesouro abaixo,
 
abro-lhe as pernas, e entro-me:
ali nada de falar, o silêncio é valioso,
se fantasias, sem sonhos, sem miragens
e sem chuvas de fogo,
 
exceto a que
deliciosamente jogo em seu corpo,
como um servo temporariamente retirado
das sombras por tê-la invocado
à transcendência!


SE CONSEGUIRES TE DESVESTIR DO HUMANO...


... vem a mim iluminada
como uma estrela,

bela e pueril
como uma diva a brincar
na neve,

frágil
como a terra que movo
com meus dedos

e sublime
e sedutora como uma deusa
amazona;

e eu te receberei
como teu amante servo!

SEM A PAZ, CHEGOU A DEFINITIVA MORTE


Nuvem que carrega
esplendores e tempestades,
não sei exatamente quando perdi
minha paz ilhada,

mas ainda me lembro
de quando caminhava por uma estrada
sinuosa e esburacada,
e você chegou sem hesitar,
toda alvissarada.

Ainda não tinhas
a adaga nem o verbo afiado
- eras só flores e sonhos
esplendorosamente anuviados,
que me davas com gosto
declarado -,

isso veio depois, bem depois de andarmos
por serras e montes elevados;
e eu nem me lembro mais
de quando nos caímos pela primeira vez,
mas a terra tremeu sob meus pés
e as sombras balouçaram
às minhas madrugadas.

Até tentei fugir do iminente naufrágio,
mas todas as portas e janelas
já estavam fechadas,
e a bela luz da morte de não sentir,
de não querer, de não amar
já havia inexoravelmente me abandonado;

hoje tomo meu café,
fumo meu cigarro de palha enrolado
e ando pelas avenidas dos vivos e dos mortos,
com o pouco que de mim
haja restado,

que todo o mais a ti também fora
com mesmo gosto ofertado
sob sóis e chuvas,
às noites e às noites ausentes,
entre as brisas e as tempestades ferventes
neste incomensurável, mas ébrio
amor degenerado.

A MENTE PODE CONSTRUIR ATÉ SOBRE O BAGULHO!


A mente que carrega
algum desejo desenfreado
torna-se febril,
louca, inconfiável
e extremamente viciada:
tal como a de Lilith,
mais serve para aniquilar sonhos
e perspectivas
do que para
demonstra alguma coisa
que pelo verbo declara!

ESTRANHA ANARQUIA!


Em que estranha anarquia
e em que abstratíssima sensação
me acordei nesta opiácea
e inusitada manhã:

sob o desdenhar das nuvens,
fora como se as coisas
estivessem se apagando
em branco,

sem que eu pudesse
compreender se eram reflexos avessos
de meu espúrio eu psíquico,
ou de minha alma
vazia.

MAQUEADA E GOSTOSA!


... nada de especial,
à primeira vista, bela como outras
belas flores,

sensual
como outros anjos e gostosa
como o proibido fruto,

o mundo,
o sonho e a cama congelados
em um momento:

mais uma vez,
é preciso cuidado para não olhar
demasiado para o céu
e se deixar cair
no abismo!

O PESO DO MUNDO!


... a vida
são como grandes casas

(com suas portas
e janelas ora trancadas, ora abertas,
ora frestradas):

o telhado
nos serve de falso abrigo
para sóis quentes e intempéries
descontroladas;

às paredes,
vamos colecionando (pendurados)
imagens, ilusões e esperanças
de toda ordem;

aos chãos,
vão-se acumulandoi resíduos de luzes apagadas,
de destroços e de cinzas
molhadas

dos quais, a todo momento,
vamos tentando nos livrar (conscientemente ou não)
varrendo-os ou jogando-os
afora;

enquanto transeuntes,
(também tentando deseseperadamente
fazerem o mesmo de suas
esplêndidas casas)

nos vão devolvendo
adentro.

QUANDO OS PÁSSAROS FAZEM SILÊNCIO


Quando
os pássaros fazem silêncio é noite
e eles já não voam,

pousam à terra
e percorrem ruas, bailes, espetáculos
e demais lugares onde haja
beldades,

e frequentam zonas,
camas, com flores solteiras, namoradas
ou casadas.

Sim, quando os pássaros
fazem silêcio, estõ fingindo ser anjos,
e nem os cães e demônios mais
espertos

podem competir
com eles junto às sedutoras
e femininas sombras!

TRISTE FIM DE UM SONHO IMPOSSÍVEL!


Tu querias tudo certo,
como se eu fosse um anjo
e não um homem,

tu querias
todos os pontos nos is,
em mim a nobreza de um rei
e a sublimidade de um anjo;

tu querias,
e tu te tornaste escrava
do que tanto querias, transformando-me
em um mito que nunca fui:

assim foi que
morremos lentamente, com o veneno
que nos enfraquecia
aos poucos!

UM PAÍS APODRECIDO DE CIMA ABAIXO!


Um país de corruptos,
ladrões e caloteiros e por enfrentar
um deles, estou sendo processado de ameaça
de morte,

que nada,
o niilista não perde tempo em ameaçar
vagabundos, afinal são tantos
da raça sapiens

que se precisa,
até para cuida melhor de nossos filhos,
aprender a conviver no meio
da merda toda.

Mas,
depois de isso passado,
eu garanto que esta cidade que não valoriza
a saúde, a cultura nem o moral
e os bons costumes
de seus cidadãos,

não me
verá nunca mais, e eu não direi
sequer um "Adeus", mas sim "Vai ser ruim,
Bom Despacho!"

A PRIMEIRA E A MELHOR VEZ: COM A PUTA!


Aquela que conheci
outrora, tinha   um charme e uma sensualidade
únicos
 
e fodia como anjo
do diabo.
 
A fornecedora de sexo
da cidade, diziam muito dela,
e de modo nem um pouco
agradável,
 
mas quanto a amim,
quando cheguei àquela zona e a vi
de espartilho e de lingerie
dançando na pista,
 
já gameis,
já a desejei e já a quis deitada
e arreganhada.
 
Mesmo ainda menor,
ela foi, porque sentiu em mim o gosto
do que deixaria  ali de ser
menino,
 
tirando minha virgindade,
sabendo que o menino, sem deixar de ser menino,
queria  amar e foder  com a puta!

APRENDA COM O CÃO: EU ME PONHO NU AO ESPELHO, EM VEZ DE OFERECER LUZES E FLORES


Não te ensinaram,
senhora das poesias, dos pensamentos,
das palavras voláteis

e dos conselhos
e ensinamentos que nem te são
solicitados,

que a vaidade
é a responsável pelo teus maiores
triunfos de certo,

mas também
pelas tuas maiores quedas;

e que,
quanto tu pensas ter conseguido,
na verdade é quando
menos tens?

CALMA. NÃO HÁ CELESTIAIS AQUI!


... há algo
de muito errado no mundo,
e dizem que eu é que sou
o cão do diabo,
 
sem perceberem
que quem mais fere são os anjos
que voam e caem
aos telhados,
 
fabricando
com suas asas e com seus voláteis verbos
um aparteid terrível entre os vivos
e os que apenas supõem
tentar sobreviver!

COMO É TRISTE SE RECONHECER!


... sobre o amor
e tudo da psiqué humana
que já li até hoje,
 
e sendo bem franco,
eu acho que poderia te dizer
e te garantir que, pelos mesmo motivo
abdormal de todos,
 
eu (assim como todos)
nunca te amei nem te dei nada, mas sim tudo
inconsciente feito para
mim mesmo!

COMUNICADO!


Aos anjos que voam por aí
com asas brancas, belos verbos
e merdas nos bolsos,
às beldades sempre
transitivas que querem insistir
que podem nos amar, incondicionalmente
e para sempre,
ao vento da noite,
ao inverno que me consome,
à eterna ausência de minha amada,
eu quero dizer
que, nu, caí, em total aniquilação
de mim mesmo,
não sei mais o que
é o amor, que não sou mais cantador
de beldades e contador
de estrelas,
e que, de profundis,
aguardo somente minha insônica
e calma morte, para aliviar
minha dor!

EU SEI FODER DE MUITOS JEITOS, MAS EU SÓ SEI AMAR ASSIM!


... se os homens
agradam de teu corpo e tu do
___ deles, dá a eles;

se os pássaros
e os anjos se agradam de tuas asas
___ e tu da deles, dá a eles;

se querem
tua sintonia em seus canais
e queres as deles,
___ dá a eles;

se aos rios
há misturas de bem-querências,
de dúvidas ou de desejos
e queres navegar neles,
___ navega,

afinal
sempre há sonhos e corredeiras
intermitentes em todos
___ os lugares;

mas,
se olhares de perto demais
para mim, prepara-te para comungar
___ também a alma!

MAS EU AINDA IREI TE PROCURAR EM MIL MUNDOS!


Quando me volver
completa e inexoravelmente
ao precipício,

não sobrará
nenhuma reminiscente gota
aos umbrais ressequidos
de meu mar!


NO ESCURO!


Em meu sonho desta noite,
uma multidão de anjos te ovacionavam,

alguns em teatrais júbilos,
outros em voos malabaristas,
outros ainda em masturbações dissimuladas
ou escondidas;

e eu estava em um lugar
de onde não conseguia sair
e de onde apenas conseguia te ver
e a eles te amando e delirando
como cães famintos,

num lugar sem sol,
onde me era impossível me levrar
de minhas próprias chuvas
de mortais fogos!

O AMOR NÃO É MAIS QUE UMA ILUSÃO!


Deter-me, assim,
entre o sonho e a pedra,

entre o voo e a queda,
entre o azul do céu e o fedor
da lama podre,

entre a lembrança
de teu amor e as penumbras
deixadas por tuas
pragas:

sim, deter-me assim,
entre o que uma vez parecia tudo
e o que restou: o vazio
e o nada!

SILÊNCIO!


Silêncio,
aqui jaz comigo, nesta noite
escura e sem fim,
uma flor de inverno,
o sol não aparece
mais neste cemitério, e os anjos
não cantam nem encantam mais
este triste mistério;
aqui está
tudo solidão, dor e silêncio,
resultado de uma extrema paixão,
cujas consequências foram
tão duras,
que se separaram,
decidindo pelo suicídio
do amor!

TODAS AS ASAS ESTÃO CONDENADAS!


Somos líquidos,
correndo no meio de uma vastidão
marítima:
no meio das coisas,
há anjos de máscaras brancas
e beldades que se
insinuam,
enquanto o tempo,
tenso, passa constantemente
deixando tudo cego
e morto,
sem mais nenhum
rastro ou lembrança das passadas
demências!

VAZIO!


... não estás mais aqui
quanto a noite terrivelmente
esfria,
e as esperanças se acabam,
e os sonhos se morreram descompassados,
e eu me naufraguei na madrugada:
talves az coisas
houvessem sido diferentes, se não tivéssemos
nos conhecido e se tu não
tivesses eternamente
partido,
mas só me sobou a solidão
do agora, em que angustiadamente
espero que se conclua minha jornada final
à pútrida morte!

A MULHER QUE CONSQUISTOU MULTIDÕES!


... e era realmente assim,
quando ela sorria com doce maldade,
maqueavase e usava aquela negra
máscara
 
e atuava de modo
que seuduzia toda a tropaa trêfega
de vermes, de anjos
e de pardais,
 
dixava-me  (e a eles)
mentalmente ligado (e preocupado)
com meu roludo bastão
 
luzindo de desejo
sob a mornura da cueca
e da calça!

ABRA OS OLHOS, BABY!


... elas, as beldades,
sobretudo as virtuais, confundem-nos
com os outros,
 
misturam
sentimentos basicamente diferentes
como paixão, desejo, tesão
e amor,
 
elas me subestimam
ao adentrarem minhas sombras
com uma vela acesa não mao, desprecavidas
de minhas tempestades,
 
de minha inocência
em carregar pesos do mundo
e de todo o mundo, como um espelho,
com severa rotina pesada!
 
 

ÀS VEZES, É PRECISO FICAR NO CANTO DAS SOMBRAS!


Nenhuma luta,
nenhum desejo,
nenhum sonho ou indealização
incautos
se dá sem
que primeiro ocorra no centro
do próprio arco;
assim é também
com o amor entre um homem e uma mulher:
ora se colhem trigos de luz
ora se carregam pesadas
cruzes!

DEIXAREI MEU RASTRO NO CHEIRO DA BRISA NOTURNA!


Do passado,
a lembrança extremamente
doída dos tempos de amor, loucura
e glória entre mim e ela;

no presente,
uma flor enfeita meu ainda vivo
túmulo desértico, seco
e infértil;

em iminente
futuro não mais abrirei meus braços,
não mais alçarei minhas
asas,

não mais
cavalgarei teu corpo em nossa
cama macia e não mais poderei te amar
e te proteger da claríssima
loucura deste mundo!

EGO


Sem poder escolher
por abnormal nascença,
de minhas senciências neuronais
- entre o real e o imaginário -

inauguro, reinauguro e devasso
todas as possibilidades
para que se tornem
minhas;

com o poder de escolha
que veio depois,
de minhas retinas cegas
vejo tudo que se me
faço tornar meu;

com minha boca afiada
pronuncio tudo que me apraz,
ou não,
do exato ponto,
do qual tudo me pertence.

E tudo isso
que andais a ler
nestes mal traçados versos
por aqui

- e que, por vezes,
até elogias sem muito
deles entender -,

não passa do reflexo
de meu angustiante e degredado
aprisionamento.

O que não podeis ver
é que, dentro, há um grito de desespero
pela impossível libertação
de meu próprio eu:

"Deixem-me sair!"

ESPELHO EMBAÇADO!


Reflita melhor,
perscruta os ares, os jardins
e os mares,

visita os menestréis engravatados,
os heliantos excitados
os tentilhões encantados,

e vive com eles
novos sonhos e estórias
lendárias;

porque, se realmente
nos amássemos como nos dizemos,
querida,

não precisaríamos
de mais nenhum receio ou dúvida,
nem das ominosas chuvas
verborrágicas.

EU VI SOB TEU BRANCO VÉU!


Cheguei às três da tarde,
uma hora antes do combinado
para que o belo anjo
me esperasse,
tinha forma de curvas
sensuais, tinha forma de luz,
tinha algo de muito
encantada;
e eu já estava,
desde bem cedo, muito animado
e sonhando já com o pau
meio excitado:
antes de entrar,
quis expiar sobre o muro, para
ver se eu lhe causaria, antes de amá-la,
alguma surpresa e agrado:
o céu estava chiando
com a cena em que o anjo
e um de seus seguidores davam
uma trepada incontrolável!

FLORES!


... as lendas tentam,
as nuvens tentam,
as ciriricas que gosta de voar em torno
de postes duros com neons acesos
tentam,

as conselhistas puritanas tentam,
as que se dizem virgem com 55 anos
e milhares de escondidos canos
tentam,

e com várias artimanhas,
e com várias máscaras,
e até rastejando quando descoberto
é seu verdadeiro reflexo,
tentam;

mas só duas beldades
conseguiram adentra, ficar, me aguentar
e me amar ao deserto frio
e lamacento:

a verdadeira Lilith,
a Flor de Inverno e bela, corajosa e determinada
Flor do Deserto!

FOMOS ONDE NINGUÉM MAIS FOI!


... ler-te acende
ainda mais minhas sombras,
baby espelho meu,
 
e o teu reflexo,
assim tão branco,
assim tão distraidamente sedutor,
assim tão puro,
 
desde
a um remoto passado,
do qual não mais te lembras,
em que nos amávamos em céus
distantes!

FUGA!


... quando a noite chega
e os girassóis se tornam negros,
vazadamente por vazios
e frias brumas,
só uma flor
com o coração sublime e a alma
limpa
pode lhe
oferecer algum caminho
de fuga!

LILITH E EU V


Nenhum do dois,
nem eu nem ela se moveram
corajoso,
e então vieram
ladrões de todos os cantos
e ferozes lobos e lobas
esfomiados
a se apropriarem
de nossos corações e de nossas
frágeis e quentes
carnes.
Foi em uma noite de verão
em que nos amávamos e, de repente,
o céu se abriu em chuvas
de chamas
Naquela noite,
ela foi com um estranho,
e eu fui com uma estranha:
de dima,
a lua sorria sarcádica
de nossa desgraça
sem tamanho!

O INVERNO NÃO ERA PARA NÓS, ANA!


Quando uma noite
se encontra com outra noite,
ambas sedentas
de luz para clarear suas próprias
escuridões,
é fato certo
que, a seu tempo, as coisas
se acabam em um fedor
vazio,
com os dois,
mesmo acompanhados de outros
anjos e pássados, com um terrível
sentiment de solidão
inesgotável!

O PODER DAS IMAGENS


Queirais ou não,
neste desfile desenfreado de imagens
em que vos colocais,

é-vos impossível
retomar a sincera sublimidade das pedras
a que tanto maldizeis;

abnômalos,
espúrios e dissimulados
sapiens!

O TERRÍVEL VENTO DO INVERNO!


Muitos pássaros,
muitas flores de plástico,
muitos anjos delirados

na tóxica nuvem
sapiens:

eu observo
e penso "Como era melhor
aquele pueril tempo em que os sóis
não ofereciam perigo!

OS INCAUTOS VIVERÃO ENTRE A PODRIDÃO DOS VERMES!


... o único sonho possível,
o último amor, o último  copo de vinho
com a bela puta das zonas
que frequentamos,
 
a última trepada
com aquele anjo sedutor
que nos vem desavisadamente em sonho,
a última esperança, o último desejo,
a última dor
 
é exatamamente,
e sempre, ao rigoroso momento
da hora!

QUANDO NÃO SE SOBRA ABSOLUTAMENTE NADA!


De que vale
o perdão a quem se queimou
e há muito já se tornou
pó e cinzas?

De quem seja o erro
ou o pecado de um lindo sonho
sob um falso sol, inventado
mutuamente?

De que vale
o substrado restado do engando
ou das mentiras contadas, se cada um dos dois
manteve para si, secretamente,
milhares de outros sonhos
igualmente ilustrados?

SOMOS INALIENAVELMENTE SEMPRE O FRUTO DE NOSSAS ESCOLHAS!


... deveria a vida,
___ por breve que nos é,

mais bela,
sem demasiadas ambições,
com mais adequada divisão
___ das coisas,

com mais
carinhos, amores, sexos
___ e compreensões,

sem muitas
glórias, angústias e dores
___ cruciantes;

mas
o verdadeiro fato
é que, por escolha nossa,
___ não é!

SONHOS BRANCOS!


Que importa
os grandes sonhos brancos
ou os buraco em que
te enfiaste,

que importa
os novos e oníricos alvoreceres
ou as horas semiapagadas
de tuas noites insones,

que importa
as alvas repetidamente regozijadas
ou os fiapos negros caídos
da boneca de trapos,

que importa
a boca, o grito, a oração,
o assovio, o canto insalubre
e o triste choro,

que importa realmente
qualquer coisa, se de teus fautos
céus e de tuas avessas
senciências,

foram previstas
inevitáveis e inexoráveis chuvas
de pedras, a marcarem as fatalidades
e os imensos vazios

de tuas insanas fluorescências
cegas?

SOU EU, BELDADES!


Sou eu aqui, beldades,
obscuro, alucinado, amargo,
indissuadível, imutável feito pedra
de mármore,
 
faço meu caminho
envolto por neblina, solidão,
dor e frio.
 
Sou eu aqui,
o cão niilista, o punheteiro safado,
o puto da parada, aquele que assegura
o delírio de teus sexos,
 
e eu não posso deixa-las ir,
nem posso de vós desistir, porque
eu preciso vos amar e eu preciso liberar
esse rio que está queimando
dentro de mim!
 

TEMPO DE DOR E DE SILÊNCIO


... o tempo agora
é de saudade, de tristeza
e de poucas palavras,              
 
não há mais
chaves para adentrarmos
juntos ao jardim ou hiemal
cabana:
 
assim, eu vou
resistindo a regar as roseiras secas
e a tentar manter puras e limpas
todas as nossas lembranças!

UBUBUS EM VOOS MAGESTOSOS!


Há outros anjos,
outros pássaros e muitos outros cães
velhos como eu;

e, como eu,
dissimulam, fazem teatração,
colecionam poesias, juram amores
com primazia

e se masturbam
com imagens e absurdas
fantasias:

mas poucos,
poquíssimos diria eu, carregam
um deserto amargo dentro
como eu!

INSPIRAÇÃO!


Andei refletindo
e, realmente, não sei o que mais
me inspirou a poesia
emperdenida:

se tua alva difusa,
regozijada a quatro ventos
e mais outros,
com teu ego espúrio;

ou se tuas sombras
- que tanto lutas para manter omissas -
a se escorrerem por cômodos
secretos

e por varais onde
pousam arcanjos inocentes
e pássaros de paus
duros.

DESPIDO!


Digo.
Desdigo.
Faço promessas puras
 
iludo,
masturbo-me,
convenço sob os neons
e nas ruas escondidas da nobre
puritania,
 
atuo,
dissimulo
e engano os lobos e as formigas
que tentam ser minhas
amigas:
 
em um dos pólos,
vibro e sou pura vida,
no outro me corto e me transformo
numa sombra anímica!

EU AINDA TE AMO!


Quando percebi,
naquele dia fatídico,
que teu triste olhar era
de adeus,
 
eu não disse nada,
eu apenas te abracei, te beijei,
percorri teu corpo e tua alma com um amor
loucamente descontrolado.
 
Eu tentei te segurar,
te acorrentar, te segurar pelas asas
para que não voasses,
 
mas já estava concretizada
a fatalidade, sem uma palavra sequer,
depois de nos amarmos pela
última vez,
 
com lágrimas nos olhos,
tu abriste as asas e te foste
para nunca mais
voltar!

EU JOGDO NO MUNDO


Não quero crer
que eu seja somente isso que, a tanto tempo,
ando me escorrendo
por aí;

talvez haja,
em alguma página perdida
e espremida entremeio a um
de meus livros,

algum poema
que, por breve, possa resgatar-me
silente para outro
mundo",

penso, enquanto
rumo de volta para casa em meio
à fina, constante e fria chuva
da madrugada.

Ao chegar,
entretanto, percebo que perdi
completamente a noção
do atalho;

e desisto, enfim,
em função das espessas sombras,
dos destroços e dos vazios
que teria de percorrer

para, supostamente,
encontrá-lo.

NÃO HÁ AMOR SEM CAOS


Sem a menor dúvida,
o maior problema que enfrentamos
durante todo o tempo em que
nos amamos,

foi termos excogitado demais
sobre nós mesmos,
e sobre o que éramos ou fazíamos
ao meio de outros passarinhos e mariposas
com seus cantos soberbos
e seus faróis acesos,

porque o amor não admite elucubrações
nem suas palavras-instrumento,
que acabam se transformando em afiadas
navalhas a tocarem a alma
e a ameaçarem a paz.

Não, não fale deles
- essa bicharada que, como nós,
regozijam luzes defecando
sombras escondidos -;

os maiores culpados
de nossa morte fomos nós mesmos,
que não soubemos nos amar
em meio a este inevitável
caos.

NUNCA VI ALGUÉM AMAR DA MESMA FORMA A UM MORTO!


O amor não é eterno
posto que é fruto também
da humana senciência,

a eternidade
cabe somente aso que do ser
não se possa origiar, sendo sua máxima
expressão, exatamente por isso,
o niilo.

Portanto, eu, tu
e todos amamos e amaremos sempre
inteiros, sempre com dor, suspiros, êxtases
e desejos,

repetidos em ciclos,
rerinaugurados enquanto na ponte
existência, sempre do mesmo modo, geralmente
na mesma sequência

e com o mesmo
engano e as mesmas faustas juras
de bem-querença e companhia
eternas!

O DESTINO DOS ANJOS!


Como costumo dizer
sempre:

dos voos incautos,
sempre quedas cruciantes;
aos chãos,

sempre famintos lobos
à espreita.

O RETRATO DE THOR MENKENT!


Eu não me disse poeta,
eu nunca me disse anjo,
eu não me lembro sequer
de me gabar por tentar
ser honesto;

eu sempre assumi,
perante as beldades que conheci,
embora afirmassem que eu fosse um tarado
endemoniado,

que, ao se abrir
das cortinas do espetáculo,
sempre me houve também
um claro querer

de início de projeção
de minha boca às suas bocas
e de minhas mãos entre as pernas:
delas e as minhas!

O SEGREDO!


... ainda não
consegui inventar nada igual
 
de modo
que até os anjos se entorpecia
com nossas porras
e sangues,
 
mas o que foi
é e será um segredo que só ela sabe
com sua alma agora
eternamente
calada!

A TEUS OLHOS MORTOS!


... fosse o mar
a tua casa e eu me tivesse
tornado ondas manipuláveis
a seu desejos e agrados,
 
mas não era,
e custou-nos muito a resistir
àquele maldito amor, com nossas
mãos e almas entrelaçadas:
 
hoje
movo minhas lembranças
ao passado e, se soubesses de minha
tragédia e dor,
 
certamente
desceria de entre as estrelas
para me consolar com sonhos, beijos
e afagos!

LILITH E EU II


Não podemos mais
nos ver:

sei que não,
mas sente meu pulsar
ao te amar
e contigo gozar
na eternidade que ainda
me há!

O DIA ESTÁ SE FECHANDO!


Ó tu,
que dizes me amar
e corres do rastro do diabo
às madrugadas,
poderias me dizer
se prefers uma frívola
vida longa
ou uma morte
premature por um verdadeiro
e único amor?

O FIM!


Agora que tudo realmente
terminou,

não nos culpemos
um ao outro por nada mais;

porque, independentemente
do que nos fizemos,

cada um é inalienavelmente
responsável

somente pelo que de si
permitiu sair

em luzes, sombras
ou chuvas verborrágicas;

e isto já basta, com sobras,
para nossas mortes
de asas.

O INFERNO É O ESPELHO DOS OUTROS, MAS NOSSO MAIOR INIMIGO SOMOS NÓS MESMOS III!


Certa vez eu pensava, diante de uma mata espessa e virgem, à qual viria adentrar, com acalentadas e vãs esperanças, nas angústias que há nas múltiplas fomes, insaciáveis, a nos conduzirem em mortes opacas que há em vidas profusas.

Mesmo quando se adquire uma certa percepção de (in)conscientes gêneses perfidicadas por caminhos incertos, não é suficiente para se evitar pedras de tropeço, ou para se acabrunhar sonhos e desejos inexequíveis.

As certezas das torrentes, e as volutividades do pensamento; os voos das águias, e os grilhões de seus limites; os corações puros, e as mentes dissonantes; as salubridades dos analistas, e os desesperos dos doentes.
Os deuses idolatrados, e os contrafeitos servos; os vicejos dos oradores, e as procissões dos pecadores; as equidades dos juízes, e as condenações dos réus; as quimeras prometidas, e os invernos porvires.

As alegrias dos sorrisos, e as solidões imanentes; as verdades pronunciadas, e as mentiras omissas; as cacofonias compostas, e as harmonias atômicas; os amores sempiternizados, e os dissabores das traições.

As autopreservações inconscientes, e as quedas de egos inflamados; as coragens das estamparias, e as covardias abstrusas; as saudações às manhãs, e as imprecações às noites que chegam; os cernes que nos habitam, e as negações palavreadas.

As celebradas existências, e as efemeridades dos parâmetros em convergências nos mesmos elocutores de imensidades implantadas.

E ao fim, após o apagar das luzes que clareiam as múltiplas formas de atuação em tantos palcos por onde andamos com nossas personificações, a nulidade absoluta de tudo num apagamento sem fluorescências.

O INFERNO É O ESPELHO DOS OUTROS, MAS NOSSO MAIOR INIMIGO SOMOS NÓS MESMOS!


Para tentar compreender horizontes coirmãos é preciso também coragem para primeiro tentar compreender-se. Para analisar incongruências expostas em ares espraiados, com jugos severos e aviltados, é preciso ousadia para primeiro tentar analisar-se.

Um médico de homens ou de almas não cura doentes sem conhecerem de suas próprias fraquezas físicas e espirituais; e os doentes, em contrapartida, não se recusam a mostrar suas condições moribundas, como um grande ensinamento sobre nossas fragilidades, e como um aviso de que a vigília, de nós mesmos, deve ser constante como o respirar que nos mantém.

No entanto, de nossa condição geral no meio das coisas onde estamos e dos seres com quem andamos, é estranho observar vultos de toda parte declamando sobre que chamamos "mal" ou "bem" no mundo no qual nos edificamos em ambíguas interpretações, preterindo nossas próprias trevas em detrimento de olhares postos a adjacências.

Inadvertimo-nos, ao que percebo, de que entre céus e infernos intrínsecos, é que exteriorizamos, apartadamente, infernos, mantendo de nós mesmos uma utópica e fracassada visão de nobrezas, quando nosso olhar se encontra diante do espelho. Mas digo que ambos, bem e mal, coabitam-nos cerneamente, e a mente humana não pode, como se imagina (ou se ignora) invocar a si aprazeres e virtudes, regurgitando lançamentos espúrios aos cantos alheios, pois ambos, por mais que procuremos nos desvencilhar de nossas obscuridades, têm a mesma origem: nossas psiqués.

Enquanto minhas incautas reflexões me agitam na insônia do frio entardecer que atravesso, penso que toda carne já sofreu o pecado, e que todo espírito já se corrompeu em alguma angústia. Desse ponto é que somos imperadores de nossas decisões e de nossas escolhas, e nos enraizamos profundamente em aprisionamentos imperceptíveis de autopreservações cândidas e débeis, concebendo-nos alívios em conjeturas de tormentas alheias.

Madalena ainda é apedrejada a todo momento, sob o olhar de nosso Deus criado e sob a desobediência de suas palavras sábias. No entanto, o parasita interno que nos habita é pior que qualquer chaga que se nos possa ser atirada de qualquer lugar da vastidão inaugurada.

Descendo o vale crepuscular para o iminente abraço da noite, a conclusão a que pude chegar de minha longa jornada é que nossas pedras angulares se distam de nossos estandartes expostos nas altas torres de nossos magníficos castelos e que, ao nos negarmos enfrentar nossos próprios infernos, costurando, com nossas máscaras, angelicais palidezes e sinfônicos sussurros sob o resto da conjectura, também não podemos superá-los para nos enaltecermos em nossos céus.

OS TRAIDORES FEDEM À VAIDADE COM QUE SE MAQUEIAM!


Depois de se fazerem
juras eternas,

beijam-se,
doam-se,
fodem-ne numa boa à cama
ou ao pé da cana,

depois fogem,
saem correndo como vítimas
e gritando pelos corredores,

deixando no ar
um cheiro de porra a que
chamam de amor,

mas que não passa
de um disfarçado fedor
de enxofre!

ABISMO


Somos bipolares,
sempre divididos em duas partes,

uma que sonha, outra que sofre,
uma que se dá ao mundo,
outra que quer devorá-lo,

uma esperança eterna
à beira de um definitivo naufrágio,

uma graça,
um pecado, um amor
incontido rancor, o alívio,
a dor:

sim, em tudo somos ambíguos
e bipolares esceto quando caímos no abismo
de nós mesmos, porque deste
não se sai vivo!

COMPASSO!


... eu chego em casa do trabalho,
imaginando um banho, uns beijos
e uns abraços,
 
só para começar
a dançar alguma extática e sublime
melodia inconfissionada
com ela;
 
e ela ali
esperando com seu encanto
de todo dia, sempre bela, sempre disposta,
sempre grácil,
 
com os olhos mirados,
o corpo arrepiad e impregnado
com o aroma da noite
passada!

QUANDO AMO…


Quando amo,
não sirvo somente
meu corpo,
vinho e poesia, baby,
eu sirvo também
minhas sombras secretas,
meus cacos e meus pedaços
ajuntados
com minhas invisíveis
lágrimas!

SOMBREADO!


Eu ainda me lembro de ti.
Está frio e totalmente seco em meu deserto
vazio.
 
E o frio, e a dor,
e a angústia e a saudade me trazem
de volta lembranças que ficaram
trancadas naquela cabaninha
do deserto.
 
E foi aí que me tornei
meu próprio inferno, sempre cultivando,
solitariamente, até as mais pequenas  cicatrizes
com meus cansados
e suados versos!

SOSSEGA, TUDO TEM SEU TEMPO!


... enquanto
a confusão segue vida afora,
 
pode se alegrar ou doer
o coração,
 
pode-se imaginar sonhos e fantasias
com vastidão
 
e se pode também fazer a escolha
para se viver em companhia de alguém
ou em solidão:
 
mas eu diria
que é preciso ter muita calma enquanto
ainda estamos neste
caminho,
 
muita calma;
e nunca devemos nos esquecer de que
a maior satisfação sempre está a nosso
alcance,
 
pois a carne é quente
e a carne se queima fácil e goza
com o tesão!

TRISTE CONGELAMENTO!


Sob o sol
dos verões nos amamos,
às frias madruganas
nos cavalgamos,
entre bem-quereres,
serenidades, impulsos explosivos,
desejos ardentes, crises
e tormentas!

ÀS VEZES, É PRECISO SE DESERTIFICAR


Quando sombras,
e as piores, revelam-se nos
cernes,

devemos considerar
o suicídio de nossas fluorescências
neon,

de nossos sonhos
abstratos e de nossas esperanças
exíguas;

como uma silente
solução, para não mais ferir,
a espinhos, lanças e punhais
verborrágicos,

os que ainda ousam,
sublimemente, pintarem o desalinho
com suas cores e inspirações
etéreas.

ESSENCIALMENTE DIFERENTES!


... o anjo disse ao niilista:
"Deixa de onda e deixa essas sombras
e vem me amar sob um sol eterno
que nos se anuncia!";

intrigado e refletindo,
o niilista respondeu: "Tu sabes muito
e me pareces muito sedudora com tua sensualidade
e com tuas luzes,

mas se eu for beber
contigo deste teu doce vinho,
tu poderás aguentar comigo a dor
do mundo

e o embarque pesado
nesta coisa a que chamam vida
e que eu chamo de uma tremenda barca
furada!?”

JUNTOS AO PIOR DOS INVERNOS


Porque te amar
foi tão estranhamento louco
e mágico
que, quando acordei
do sonho, foi que percebi
que eu já tinha cavado
meu abismo!

O PURITANO JÁ NASCEU COM A ALMA ENGANADA!


... o amor e o desejo
entre um homem e uma mulher
é um sentimento
sagrado,
 
e nele se comungam
sonhos, esperanças, abraços, beijos,
bocas, bocetas, bundas
e paus,
 
-é dele que subsiste,
dos segundos de êxtase em gozo,
as sementes de nossas
descendências,
 
é com ele que se desvendam
os segredos, os degredos e os pecados
do mundo.
 
Mas, ao fim,
a noite amanhece sem sol,
e o poeta descansa, despindo-se da dor
e do sofrimento, sem nenhum
verso!

A GRANDE FRAUDE!


... como sempre
o ser imagina olhar e analisar
de modo certo as coisas, no meio das quis
foi jogado

e, como sabemos
que as coisas naturais não são
com o ser as reinaugura com sua visão
sapiens,

devo concluir
que o ser, enquanto vive,
é um inexorável condenado a ser um deus
em seu próprio e vesgo ego!

A IMPOSSIBILIDADE DE UM EU E TU


A IMPOSSIBILIDADE DE UM EU E TU

... em nenhum lugar,
em nenhuma conjunção estelar,
em nenhum paraíso corpuscular,

em nenhuma casa angulada,
em nenhum leito esbranquiçado,
em nenhum mar ou ar enfeitados,

em nenhum inferno ardente,
em nenhum sonho demente,
em nenhuma esperança residuante,

há um mínimo sequer
de espaço para mim e ti nos coabitarmos
juntamente.

A POESIA EXIGE INSPIRAÇÃO!


O desejo
e a concupiscência
são poesias?

Se são,
deve ser por isso que tantos
passam suas vidas
fodendo

- de galho em galho -;

e, entre um e outro
momento de descanso, vão respingar
os resíduos de suas porras
sacras,

em versos tão comuns
como pífios!

A PRISÃO DO AMOR


Um quadro bem pintado,
um sorriso amarelado,
uma ilusão incendiada.

Luz em desalinho,
vista como novo horizonte
para voos renascentistas:

prenúncio de prisão
à palavra volatilizada,
de fúria à nuvem encharcada,
e de morte por asfixia
à enxurrada.

EU TAMBÉM CHORO!


Não me consideres
só pela poesia avessa,
pela filosofia absurda
 
ou pelo vazio
escuro deste meu espaço:
 
eu te garanto
que eu também sofro,
 
e eu também choro,
só que é debaixo d'água
para ninguém ver minhas
lágrimas!

O ETERNO SILÊNCIO DE ANA!


Eu conheço meu céu,
é cinza, sempre foi cinza,
 
eu conheço minha carne,
sempre antropofagicamente
faminta,
 
eu conheço minhas noites,
são inundadas de sombras
de frios;
 
mesmo assim,
por sentimento que em mim
se solidificou,
 
eu tentei te amar
do jeito que tu querias, conseguindo
apenas deitar em ti um rastro
de lágrimas frias!

SUPERFÍCIES EM BRUMAS


Tomara chegue
o dia em que não mais possamos
sequer tentar entender que a paz, o amor
como algum outro sentimento
ou verdade qualquer,

que tanto almejamos
entre o mudo das coisas,
só podem ser atingidos pelo alheamento
que estas têm

- o que nos é impossível
de nossa acidental e abnormal condição -
às inaugurações de nossos
sencientes egos.

UM AMOR PROIBIDO!


... mesmo que essa calma
e essa paz aparentes sejam consideradas
como o esquecimento daquele
nosso grande amor,
 
acredite ainda
e me deixe acreditar na ilusão
e na vida, sem que eu tenha novamente
de me acastelar em abrigos
gelados,
 
que não me servem
mais que corpos, saladasfantasmas
e sonhos impossíveis!

A MULHER QUE PASSA!


... meu olhar
percorre o jovem corpo sinuoso
que passa,
 
e ela sabe,
e ela rebola mais,
e ela se penteou e se maqueou
a caráter,
 
e ela está
de baton vermelho,
sensualíssima com uma camiseta
que deixa transparecer o decote
de seus seios rígidos,
 
e ela esta de minissaia
permitindo que todos vejam aquelas
pernas, aquelas coxas,
 
e que eu imagine,
sob a saia, aquele pacotinho
com um calcinha branca de renda
enfiada na bunda.
 
Desta vez,
ela passou tão bela e provocante que,
naquele momento esqueci minha angústia,
minha dor e meu morto amor
secreto!

MAR ETERNO!


é verdade,
ando-me só e pequeno
em minha cela apertada,

sem sonhar mais,
sem voar mais e sem transpor
mais nenhuma excitante
gruta;

mas (e eu queria
me ver livre disso) quando me lembro
de ti,

mais se me costuram
as malhas do amor e da dor
na alma

porque mais te sinto
e mais te quero agora, que estás
em teu eterno e ausente
mar!

O GRANDE PALCO!


... a vida
não é motivo para termos
alegrias e sorrisos,
 
não obstante
nos rejubilamos e sorrimos;
 
a vida não é para
nela colecionarmos abismos,
 
a vida simplesmente
é como estarmos em um navio,
fazendo amores
e horrores,
 
diante
de uma multidão de passageiros,
atores e espectadores!

OS INTOCÁVEIS


A penumbra delineia
o céu sob o qual ela anda
suave,
e eu em meu
inferno branco esperando
um copo de sua água
viva
para
à minha sede, saciar!

PELO MENOS PARA AMAR, NÃO DEVERÍAMOS TER PRESSA NEM ALMEJAR A PERFEIÇÃO!


Temos pressa
de crescer, de conquistar,
de ganhar dinheiro, fama e status,

queremos,
por impulso, a satisfação de desejos
de girantes, de mitos e de infalíveis
ídolos,

sendo humanos,
queremos que a quem amamos seja
como anjos em sublimidade, glória, beleza,
honra e louvor.

Tudo muito bom,
tudo humano,
sim, tudo abnormal e monstruosamente
humano!

TÃO HUMANO!


Para as belas
andorinhas que me visitaram
abri-me em sol,

para os lobos
que vieram me visitor, armei
arapucas negras
mortais,

para as putas
que vieram me vizitar, preparei
um bom vinho e um lugar quente
ao leito branco,

para os dissimulados
anjos que vieram me visitor,
vesti minhas máscaras para foder
suas grutas tão bem
guardadas!

VOU TE UNGIR DE POEMAS!


Abro os braços
esperando para te abraçar,

como depois
daquelas brumas que nos separavam
se abrandavam e dava para
nos vermos nus,

imagino-me
ser p gvento de teus meigos
e femininíssimos movimentos,
acariciando como uma brisa faminta
e sedenta;

ninguém entende nada,
agora que não mais estás aqui
e eu ainda a te esperar de braços
e de asas abertas:

eles não sabem interpreter
o oco rumo do amor que predomina
até sobre a fria morte!

AINDA HÁ TEMPO


... ainda temos tempo,
enquanto andarmos por esta vida,
___ para um sorriso sincero

___ diante de

algum amor puerilmente sussurrado,
de alguma maldição incondicionalmente anulada
ou de algum ganho sublimemente
___ abençoado;

mas desde que ele seja dado
(à liberdade de nossas próprias sombras)
em algum cerniente e secreto canto:
___ descongelado.


AMOR E MÁGOA!


Eu vi uma mulher
de véu negro na noite,
ela estava quase
invisível sob o céu
gelado,
parecia
extremamente bela e sensual,
e seu decote inferia que ali havia
lindos peitos;
e eu me atrevi
a segui-la até o cemitério
e lá, com ela, encontrei o verdadeiro amor,
o verdadeiros inferno e a verdadeira
morte ao me deitar
com ela!

IMPIESOA ÂNIMA


O mar chegou de manso
em uma de verão sem luar,

e acariciou minha terra,
e fertilizou meus verdores,
e tornou menos solitária minha dor;

e me matou, na angústia
e na depressão de meus últimos
dias nesse mundo cheio
de coisa alguma!

LILITH E EU XIII


Flor de inverno
que outrora foi além-mar

donde, após mais
uma quebra de asas,

devido a fracassadas ilusões
fugazes,

regressaste
a casa, em nosso inverno pelos
demais inabitável;

agora já não anda,
não voa, nem navega mais, deixando
em dor e choro o grande mar, o céu azularado
e o escuro pedaço de alma minha

que apodrece
naquela cabaninha eternamente
abandonada!

O JARDIM HIEMAL


... equilibra-te
como uma borboleta
que não sabe de seu último
voo;

segura
o instrumento que nos dará
a passagem ao fim
da vida;

aqui,
eu não valho
uma frase ou uma palavra
dos poetas ou dos anjos
autodespidos,

mas não
te esqueças de que sou eu,
à tua frente,

que iria
abrir para nós um lugar
no infinito!

ONDE ESTÃO TUAS ASAS?


Era
uma flor única,
 
era meu sonho,
meu desejo e minha esperança
de um amor revigorante,
 
era o calor
que incendiava no ato
esta terra gelada,
 
era o meu sol,
o meu mar e a minha cinza
azulada;
 
sim,
ela foi meu maior amor
 
e foi minha mais sólida
dor!
 

A MULHER QUE SEMPRE TENTAVA IR MAIS LONGE


Sua aparência era sedutora,
sua boca era sedutora,
seus seios eram sedutores,
seu corpo inteiro era sedutor,
seus trejeitos eram femininamente sedutores,
suas ideias e pensamentos eram sedutores,
a visão que ela tinha da vida
e do mar era sedutora,
suas ilusões, suas fantasias
e suas esperanças em um amor além-morte,
eterno, eram sedutores:
sua humanidade
ao sempre bem protegido cerne
era chagadamente como a minha:
podre!

ÁGUAS CONFUSAS!


Uma flor
não é o suficiente
para um cão aleijado,
mas não é:

ele quer também
as rainhas das sombras
as princesas dos prados e a atrevida
beleza das putas,

porque ele descobriu
que não há mais puerícia ou esperança
entre a sólida espuma

- negra -

que habita,
com seus demais semelhantes
de sonhos quebrados
e consumidos!

AINDA CAINDO DO SONHO INCAUTO!


Ondulações,
corpo curvilíneo,
lisos contornos flutuantes,
o abrigo ideal
para minhas sombras,
a beldade perfeita para eu depositar
meu amor e meu gozo:
carnívora
de sonhos e de fantasias
que me amou, transou comigo e me mostrou
o espelho lustrado,
traindo-me depois
com a fria morte e deixando-me
completamente
desolado!

MUITO SE FALARAM SOBRE O AMOR


Muito se falaramu
sobre amor naquele inverno
onde se colocaram
isolados,

ela trouxera
algumas ondas do mar
e ele o ferrolho do deserto
e da árida estrada:

e ali, juntos,
falaram de amor,
e se amaram e se choveram,
por ciúmes e outras
coisas,

em fatídica noite
desestrelada!

RESTOS DE UMA LUZ DO INVERNO!


Como eram agitadas
nossas idas noites, com nossa
recíproca insônia
amante,

que saudade
daquelas auroras quando
me acordava te vendo
ao meu lado,

que sonho,
que que incense, que orgasmos
tínhamos sob aqueles céus
descosturados:

que triste,
que absurdamentemente triste,
é constatar que nem tua eternal
ausência aliviou um pouco
minha dor e saudade!

SEPARADOS EM DIFERENTES DIMENSÕES


ALMAS COMUNGADAS!


Das águas de teu rio passado,
ainda ouço os sonhos, quando elas tocam
minhas margens;
nestes momentos,
esqueço-me de que fiquei só
neste mundo absurdo
e começam a me brotar
aos olhos, enquanto penso em ti,
gotas de lágrimas
que, um dia,
reecontrarão e formarção um infinito
com tuas águas!

É O QUE FAZ A MAIORIA DOS AUTODENOMINADOS POETAS DE AQUI!


Dizer que ama alguém
só para fodê-la ou para mantê-la
sob as rédeas da egolatria
possessiva

é um dos mais
bárbaros e imperdoáveis
crimes que já vi
minha vida;

é como disparar
em dois alvos com um tiro só,
atingindo a falsa crença
do interlocutor

e a profunda sombra
do próprio cerne.

EM ALGUM LUGAR DO TEMPO-ESPAÇO A REPRESA VAI ESTOURAR


As folhas
de minha árvore secaram-se,
estremeceram e caíram
sem ti;

antes, porém,
de me secar completamente no fim
do ultimo outono,

quero que saibas
que irei te procurar, flor de inverno
ausente, por todo o Universo,

com minha fome
e minha sede completamente alucinadas
e sem limite!

EU ESTAVA CONTIGO


... ela sonhou
e disse que era um sonho
premonitório.
 
Ah, ah, ah.
Eu ri daquilo, logo Lilith
me vem com uma peça
desta.
 
Depois de oito anos
do sonho, as pragas vieram
e, na primeira vez que tentei pular
a corredeira que ela disse ter
visto no sonho,
 
não consegui
e mahuquei severamente a perna.
Na segunda, pegruei novo impulso
e pulei vencendo as pragas.
 
à sua hora dela,
correu, correu, correu e não conseguiu,
caindo na corredeira que a levou
para o descanso eterno!

NÃO NASCI PARA CULTUAR O LADO BRANCO DO EGO!


A grande desgraça
de amar demais é que, eu tento,
juro que tento,
mas nunca consigo
ser o que ou como querem
que eu seja,
sendo-me apenas
o mesmo cão niilista safado
que sempre fui
e sou;
e, então,
quando percebo, é tarde demais
e tudo ela já se foi,
e tudo
já novamente se passou!

PASSOS INCERTOS!


Ao cair
de uma nuvem, pensei
que iria me espatifar com minhas
cansadas asas inválidas;

quando me vi
ali prostrado e todo quebrado,
percebi que a nuvem era ainda
mais dura que o chão!

AO FIM...


... morto, tudo parado
e morto:
 
da colheita
exauriu-se o  fruto
 
e o cão
que o exibia sempre excitado
 
prante
a fiéi espelhos!

EU TE VI NUA DE CORPO E DE ALMA!


... imóvel
e incapaz de fazer alguma coisa,
vi-te perdida no caminho e te vi,
com suas máscaras
 
a voar por céus,
por mares e por leitos de rijas
e ásperas belezas;
 
por detrás
da lentidão habitual com que
caminha nossas vidas, vi-te perdida
com uma falsa aura
furtiva
 
e te avisei
que a mágina não era essa
e sim tentar compreender e melhor escolher
entre a celebração das coisas
onde fomos jogados.
 
Já com teus
sonhos cansados pelos invernos,
pelos outonos e pelas frequências constantes
a cafés-concertos e camas,
 
próxima à morte,
tu me escreveste, dizendo:
“É, por que não te ouvi, quando falavas
que chegaria, enfim, o tempo
do tarde demais?”

FALSOS ADULADORES!


... não te enganes
mais com as sirenes das borboletas
e das ciriricas enfeitadas,
 
nem com o canto
e com o encanto de canarinhos
autopurificados e escondidamente
safados:
 
não oferecem perigo
os cães que latem, mas sim os anjos
e as serpentes que metodicamente se fingem
de mortos no fundo do lado,
 
para que suas vítimas
se aproximem descuidadas e sejam
devoradas!

POR MINHA ESPOSA E POR MEUS FILHOS. FOR A ISSO EU JÁ NÃO ESTARIA AQUI


Seu eu desistisse
como Ana fez, tão cansada que estava
de viver

no meio das coisas
junto com os demais
humanos,

certamente
também já teria ultrapassado
a frágil fronteira final (do que para mim
é uma abnormidade) da vida!
vida!

RESTOS DE UMA LUZ DO INVERNO!


Como eram agitadas
nossas idas noites, com nossa
recíproca insônia
amante,

que saudade
daquelas auroras quando
me acordava te vendo
ao meu lado,

que sonho,
que que incense, que orgasmos
tínhamos sob aqueles céus
descosturados:

que triste,
que absurdamentemente triste,
é constatar que nem tua eternal
ausência aliviou um pouco
minha dor e saudade!

AS VERDADES DO EGO!


Não gosto mesmo
das verdades proferidas pelo ego,
elas são como recusar pecados
regozijando dissimuladas
inocências:

no que se refere às flores,
especificamente,
prefiro, por obviedade,
as sem-nomes e as que ainda
não conheça;

porque já não sonho mais
com as que se me apresentam
nobres e puritanas,

enquanto povoam os discursos
dos menestréis falantes
e pousam, com suas bocetas,
pelas hastes dos tentilhões
passantes.

O INIMIGO INVISÍVEL ESTÁ EM NÓS MESMOS!


Entre os céus, as paredes,
os desejos comungados nos leitos
e os oníricos amores que
nos incendeiam,

não deveria haver
a palavra, pois tudo deve se tornar
natural e instantâneo,

sob o risco
de haver alguma queda
ao se tropeçar em nuas e escorregadias
pedras!

POR ENQUANTO


Por enquanto
ainda estamos juntos neste vasto
mundo de coisa alguma;

mas, como sempre
te falei, se ficarmos muito tempo
admirando rosas tristes e espinheiros
sedutores,

o tempo vai passar,
e vamos vascilar às encruzilhadas
e à esquinas da vida,

e vamos perder
nosso amor, antes mesmo que
se finde nosso terreno
caminho!

VOSSO DEUS NÃO, MAS O NIHILLO TRATARÁ A TODOS DE IGUAL MODO!


Enquanto
os santos, os anjos e os representantes
despejam de suas hastes erectas
sêmens,
branqueando
o cálice de Cristo, com ultrajes
que deixariam o apostolad do diabo
assustados;
a nós cães,
pore les, de seus castelos, são proferidas
sentenças que não permitem que sequer
tenhamos um repouso de eterna
paz!

A MANHÃ DEVE SEMPRE FICAR ABERTA!


... o desejo
deveria ser mais lúdico,
né baby,
 
porque,
uma vez que o céu
some
 
e o mar
perde seu charme
e seus músculos
 
a ele
temos de nos socorrer
para não morrermos
de fome!
 
 

A SUPERFÍCIE!


Disseste uma vez
que gostarias de habitar
a superfície,

e penso que estás
correta nesse teu querer
porque, assim não te padecerás
de incontritas dores
e angústias

- mesmo
que elas te submerjam
nos regozijos do verbo volátil
e nos enredos dos gestos
encenados -

que te habitam
nos as profundezas do cerne
e os vazios da
alma.

AINDA SE MANTÉM A BRASA!


Uma mulher ainda me que,
outrora, ella quis manter
comigo um tudo que
já tivemos,
 
amizade,
amor,
paixão,
 
desejo,
sexo,
orgasmos em vastidão.
 
Por contingncia do destino,
entretanto ela disse que a situação
em casa com marido e filhos estava
insuportável
 
e que, por isso,
queria continuar me amando com tudo,
sem faltar nada, exceto o sexo, porque não tinha
mais um lugar discreto onde pudesse ficar sozinha
e à vontade.
 
Ela ainda me quer,
ela tem tudo e nunca deixou
faltar nada,
 
mas agora diz
que não pode mais fazer sexo,
e eu digo que o sexo é que contém tudo:
corpos, almas e total
entrega!

COMO EU JÁ DISSE: METADE DA COISA É MARAVILHOSA. A OUTRA METADE É PESADELO!


... não me cansa
amar,

o que tem
me deixado exaurido é não
aprender a amar,

o que me cansa
e me faz temer no caminho

são os constantes
desentendimentos, crises de ciúme

e adeuses
das beldades em quem confio,

quando
juram que sublime e lealmente
me amam,

enquanto
se esparramam e gozam em outros
céus e em outras
camas!

LILITH E EU IV


Tenho viajado
por tempos e por espaços escuros
e horríveis.

trnaformei-me
em algo ruim como a terra
em que nasci;

e aí eu a conheci,
a dama do inferno, e me disseram
que ela era insuportavelmente intransigente
e má

e, mesmo assim,
eu me curvei ao humus de sua boca
e de seu paraíso de entre
as pernas.

Eu nunca senti
junto a ela o perfume das flores,
confesso, nem a claridade das luzes
acesas pelos homens,

eu não percebi,
até ser tarde demais, que o amor
que ela me dava é que era o veneno
na medida certa,

para que ela
moresse e não me matasse, deixando-me
assim: triste, sozinho e entorpecido
pela sua eternal ausência
e silêncio!

O PERFUME DO AMOR


A força do olhar,
a janela escancarada ao céu,
a resistência ao constante medo
de perder,
 
a manutenção escondida
dos fatais e transgressores segredos
nos cantos escuros ou nos clareados quartos
puristas que frequentamos:
 
o amor é a sublimidade
de, na hora da verdade, jamais
permitir que aquela a quem amamos
se machuque
 
com as lindas flores
e com os afiados espinhos
de por onde, escondidamente,
a gente veleja!

O PESO DO MUNDO!


... se dizes amar
e partes ao sossego e à paz
havidos ao chão,

ou se te refugias
aos egos e às hastes
dos tentilhões;

nada mais fazes
que evidenciar tua intrínseca
e covarde condição.

OS INDOLENTES!


... sonhar nuvens impossíveis,
desejar corpos longínquos e intocáveis,
querer eternizar amores proibidos,
tudo pode,
tudo vale,
enquanto não se está morto
para viver
com mais audácia e intensidade,
sem se sufocar demasiado
no fundo do rio!

SESSÃO ILUMINADA DE AUTOBDMS


... ninguém percebe,
mas ela coleciona destroços
para construir grandes  projetos
e castelos,
 
ela coleciona sombras
para ltentar realçar suas luzes
frágeis e discretas,
 
ela coleciona anjos
como times de futebol colecionam
vitórias e troféus,
 
ela coleciona
silentes sonhos por não ter coragem
para se arriscar perante
a abismos concretos,
 
ela se torna
refém de si mesma, na própria
vastidão que tenta vender
em seus versos:
 
ela me ama,
mas teme que a abstrata morte
de suas asas inválidas de fato
concrete!

TALVEZ SEJA TARDE DEMAIS!


... somente
quem já transitou profundos,
 
sentiu a solidão,
e dor que mantem em pedaços o coração
e sorveu o caos dos abismos,
 
pode me fazer
descansar um pouco daquele
inverno assaddino
 
e trazer-m,e
uma útima dose de sonho,
 
antes que a morte,
faminta a me esperar na próxima esquina,
me leve com seu doce
e eterno beijo
de vinho!

UM SENTIMENTO INEXPLICÁVEL!


Ela morreu
como se põe o sol numa linda
tarde de agosto,
 
depois de viajar
por tantos mares, de voar por tantos ares
e de pousar  em tantos leitos
para confeccionar
trepadas;
 
no entanto,
o sol que jaz todo dia, ressuscita
em todo amanhecer para renovar a luz
e a vida,
 
enquanto ela
me fecundou com seu amor
e com seu veneno, a ponto de eu sentir
que com ela morri junto!
 

LINDA E BELA, MAS IMPIEDOSA


Eu a amei tanto,
mas eu  a amava tanto, que ela
se tornou a coisa  que
eu mais temi
na vida:
 
eu  temia
loucamente que,
depois que visse o musgo de meus escuros quartos
e de meu alto e escondido telhado,
 
ela me matasse
com certeiros tiros de ausências,
de raivas e de melancolias!

MAR MORTO!


... nunca
tive um queda tão grade
 
depois que  a perdi
para a eterna escuridão:
 
o próprio céu escureceu-se
e subitamente revoltado,
virou chão!

NÃO HÁ ISSO DE AMOR ÚNICO!


O amor sempre é eterno,
dois amantes nunca deixam
de se amar

com suas presenças,
com seus sexos,
com seus orgasmos,

com seus sonhos,
com suas fantasias,
com seus fantasmas;

sim, o amor é eterno,
mas não único e a eternidade
vai exatamente, como dizia o poeta,
até durar!

O AMOR É UMA COISA MEIO ASSUSTADORA!


Uma vida junto a uma mulher,
outra vida junto a outra,
e outra, e outra e outra
sucedendo-se em ciclos:

Que coisa,
e o pior é que falam de amor
eterno em todos os lugares;

se bem que,
pensando melhor ainda,
o pior mesmo é não se darem conta
de que, no fim das contas,

após tudo
e todas as experiências,
terão sua glórias decapitadas
na morte solitária
em algum leito
branco!



O GOLPE FOI FATAL!


... contigo
e com tuas autoproclamadas
purezas

e com tuas reais cagadas
às dobras caminho,

foi que mais
me caí:

e assim,
chovendo a todo instante,
o vento soprou-me a ilusão incauta
e o pesadelo concreto!

O ÚLTIMO ABRIGO!


Quando minha mente
se enche dos tons e dos cheiros perdidos
de nossas secretas e fulgas
___ noites,

é que sinto, enquanto
lágrimas invisíveis começam a fluir –me
___ ao rosto e à alma,

___ que nada:

nem alguma senhora
que venha a me regozijar amores na cama
para tentar me agradar
___ como amante,

nem o mar,
nem a lua, nem aquela estrela distante,
nem qualquer coisa que
___ eu ame

possa superar
a exilada infinitude daqueles
___ momentos.

TEU SILÊNCIO ETERNO FORA PREVISTO!


Ela desejava o não-ser,
e eu a advertira da impossibilidade diante
da metafísica de ser:

hoje,
ela jaz sob frio mármore, esquecida,
apodrecida e sem nenhuma
restante senciência.

Ela não entendeu
que tanto a definição, a compreensão
ou o estudo das imanências
do ser

são regados
por águas turbulentas ou eternamente
silenciosas.

e por aqui
ainda anda o niilista, com sua estúpida
dialética mística e seu particular e também
adulterado modo de ver,

aprisionado,
inexoravelmente, entre a eternidade da vida
num possível morrer-se para
não mais morrer,

num possível
apagamento onde não mais haja
os reflexos turvos das retinas
de meu ser!

TUDO PASSA


... sim, tudo passa,
o amor,
o o sonho,
a esperança,
 
o cansaço,
os voos incautos,
e de ser honrado e puro
a vontade;
 
mas eu garanto
que, enquanto vivemos,
há uma coisa que no ser
não passa:
 
a constante
vontade de foder!
 

JÁ QUASE ENLOUQUECIDO, OUSO QUERER NOVAMENTE AMAR!


.. sinto a noite
a gemer moucamente,
querendo se engravidar
de alguma ainda possível
___ luminescência,

vago
pelo campo solitário,
levando na mochila tão somente
___ este sonho

de ainda poder
amar, sendo e fluindo,
com a nobre que me visitaao deserto,
___ ao ritmo de tudo!

O ATO MÁGICO


Imagina-me
estendendo meu peito nu
sobre os teus,
beijando-te
a boca e, com a mão boba,
percorrendo todos os segredos
do teu corpo:
e então, o beijo,
a brasa que incendeia, a penetração,
o êxtase e o extreme e trêmulo
orgasmo que nos une
por inteiros!

O INFERNO É O ESPELHO DOS OUTROS, MAS NOSSO MAIOR INIMIGO SOMOS NÓS MESMOS IV!


Quando, ao almejarmos ser como águias flutuantes, descobrimos que as altivas asas carregam consigo, em voos dissimulados, decadências inexoráveis e ilusões traídas por nossas ufanias egocêntricas.

Quando convulsões silenciosas, que nos dilaceram o âmago eivado em angústias sôfregas, não se podem mais amenizar na veemência de nossos sórdidos olhares postos às adjacências.

Quando todas as utopias concebidas em efluências encantadas, outrora lançadas aos ares de efêmeras e protuberantes searas, e todas as difamações inflamadas concebidas com palavras cegas em perjuros ébrios brotados de nossas trivialidades indizíveis, convergem-se e se reúnem autoconspirando em nossos fulcros obscuros.

Quando todas as crenças propagadas por doutrinas apostoladas e as próprias convicções pragmáticas em alguma redenção salvívica, espalhadas em labirintos desconhecidos de nossos cernes adúlteros, sucumbem com preces não ouvidas por deuses que concebemos.

Quando todos os abrigos já inaugurados para algum alívio qualquer se desvanecem em nossa natural e irremediável imperfeição humana, de onde profanamos essências e disseminamos esplendores espúrios.

Quando, enfim, de nossos caminhares estrépidos, tudo se revela e se descobre que não há mais sonhos a acalentarem nossas descrenças, nem há mais lágrimas a serenizarem nossas metástases túrbidas, morremos sós no deserto silente.

POR QUE COLOCASTE UMA BARREIRA TÃO GRANDE ENTRE MEU ABISMO E TEU CÉU?


Eu quero te visitar
e, quando chego em tua casa,
tu não abres a porta,
eu quero te abraçar
e te beijar e tu jogas
for a,
eu quero adentrar
teu quarto e te amar em extática
glória, e tu me pões
para fora,
eu quero esculpir
um sonho puro e eterno
contigo, e tu me mandas padecer
dos prazeres e dores
do mundo:
eu já não sei
o que fazer, ou em que me agarrar
para não naufragar no próximo momento
ou na próxima hora!

VOU PRECISAR DE TUA AJUDA, POIS O MUNDO AINDA NOS RECLAMA PARA ELE!


Para te amar
do jeito que tu mereces,

preciso despir-me
dessas sombras e dessas chuvas
de fogo que há tanto tempo
carrego

e me vestir
somente de amor e de paz,

para que
não sintas, em descontrole do voo em que te levo,
por dores de parto ou por desvario
sapiens,

o angustiante e fatal
peso de minhas tempestades!

ARDENDO NO AVERNO!


Ouve.
Não é poesia ou música.
 
É o louco
e angustiante silêncio
 
de um cão
que tem de suportar
 
o eterno
instante de tua ausência!

INEVITÁVEL


Nada há que se fazer
para evitar que eu me escorra por aqui
com o que se me há, ou não,
por dentro

- e esse deserto já
se me tornou necessário
para viver -:

por isso é que às vezes,
inevitavelmente, escrevo céus azuis
por onde nunca voei,

praias sereiadas
que jamais
frequentei e sonhos virgens que
nem sonhei;

mas, se reparareis bem,
vereis que, na maioria das vezes,
o que mais faço neste escuro
canto de letras,

é me expor,
sem medos ou receios,
e deixar audíveis os ecos esconsos
de minha espúria
condição!

O ÚLTIMO ABRAÇO DE ASAS!


Quando o cemitério
se encheu de modo que não coubesse
nele mais nem um fantasma,
 
as sombras
e as chuvas de foco apareceram
para ameação aquele amor
avissal:
 
então eu disse a ela
que aquela noite seria diferente,
engolideira, impiedosa,
 
com a diferença
que desta vez ela não sorriu, nem zombou,
nem exerceu o divino poder
de seu ego com a palava:
 
apenas se despiou
e, chorando ao ver lágrimas em meus olhos,
pediu-me:
 
“Então vem, meu amor,
eu também senti o perigo;
vem para nosso último abraço
de asas!”

SEM AMARRAS!


Antes de dizer
“Te amo,”, a alguém,
novamente a alguém,
baby,
 
deves saber
que não é fácil e que  a complexidade
é que é a regra,
 
que deves,
com o ser amado, respirar o ar puro,
mas também o contaminado
 
e não, como fazes,
querer beber só dos seus escuros,
fabricando um invisível escudo
de realidade.
 
E é sobrevivendo
com seu próprio erro básico,
derivado de nossas inequívocas
humanidade
 
que unicamente podes
coexistir tanto aos voos dos céus,
como com os estereótivos caídos
te nossos fantasmas
passados!

É DO OUTRO LADO QUE ESTÁ NOSSA CABANA!


Eu estendi
todos os nossos sonhos

para além
de tua morte e por toda
eternidade,

onde ainda
nos ponho a caminharmos
e a nos amarmos

longe das luzes
douradas dos homens,
longe das belas imagens pore les
fabricadas com suas miragens
plácidas,

e lá venceremos
a tudo, inclusive às sombras
de Platão!


EU ME ARREPENDO DE MUITAS COISAS!


...  a pior escolha
que nós podemos fazer
 
é nos banhar
e nos aliviar debaixo das pontes
dos rios dos outros
 
e, depois de saciados,
sair com a inconsciente e comum
trivialidade nebulos,
 
sem nos darmos conta
de que o que para nós foi pequeno,
para o rio pode ser
eterno!

O MISTÉRIO DE ANA!


... quando ela chegou,
olhamo-nos e logo senti que algo imediato
e  inédito se me apoderava,
 
então, surpreende-me indagando
por que eu me demorava com os olhos
em seus seios apontando debaixo
da blusa,
 
e me perguntou
se eu, o menino dos seus sonhos,
não gostaria de brincar
com ela:
 
irresistivelmente,
não só brinquei, mas também amei,
dancei, beijei, trepei
 
e, depois que ela se foi,
solitamente me morri aqui!

QUE FELIZ SURPRESA!


Saí para encontrar
a felicidade olhando para todos
os lados;
 
encontrei um jardim
de rosas e comercei a andar
no meio delas
 
 tão belas e felizes
comerçaram a exalar seus perfumes,
senti-me tão linda e feliz
 como elas ali.
 
Havia rosas
de todas as cores; então começou a chover
e ali eu sofria com  tamanha
beleza,
 
sentindo o perfume
das flores e  dos pingos da chuva:
e foi assim que encontrei
a felicidade.

NUNCA FOSTE TÃO BELA QUANTO AGORA!


Ultrapassar
as margens e olhar por cima
dos muros por entre
os quais andamos,

liberta,
faz voar
além dos comuns lugares
onde costumamos
estar;

mas é preciso
muita cautela porque sonhar
em voos infinitos pode oferecer
efeitos colaterais

e nos transformer
em náufragos de águas fundas
e esfumaçadas!

O PROSTÍBULO É NOBRE!


... aquele
eu se une às putas e prostitutas
em noites de frio e de chuva,
merece todo meu elogio:
 
come em ruas
sujas, ermas e escuras
 
e ainda àquelas
beldades inconfiavemente puras
ainda ajudam a temtarem ver ainda
o pouco do poente que, ao amanhecer,
ao céu se estende!
 
 

POR QUE ESTAMOS PRESOS A FAIXAS DEMADIADO CARNAIS?


O amor,
como o fogo da paixão,
o sexo eos orgasmos extasiantemente
loucos

são bons,
mas jamais deveriam ser sentidos
como fogos espalhados
entre a multidão!

www.espaconiilista.net

NUNCA FOSTE TÃO BELA QUANTO AGORA!


Ultrapassar
as margens e olhar por cima
dos muros por entre
os quais andamos,

liberta,
faz voar
além dos comuns lugares
onde costumamos
estar;

mas é preciso
muita cautela porque sonhar
em voos infinitos pode oferecer
efeitos colaterais

e nos transformer
em náufragos de águas fundas
e esfumaçadas!

PAISAGEM VAZIA!


... meus tenros sonhos
viraram pesadelos definitivos,
dos quais não consigo escapar
meu meus hábitos
caninhos;
desde os amanheceres,
os dias estão brancos como
folhas frias,
como a alma
deste poeta niilista, a tentar escrever
poesias com seus vazios
encardidos!

EU QUERIA PODER MAIS, E EU QUERIA PODER ME CONTROLAR MAIS!


Não me considero uma,
pois que sou niilista,
mas há boas fontes.

E as escolhas
por que caminhos trilhar,
de que águas frequentar
e como delas beber

são inafiançavelmente
de responsabilidade, para alívio, aprazer
ou dor,

do centro
do dasein de onde inexoravelmente
se originam!

LILITH E EU


De acordo comigo,
sou um sujeito ermo, um desértico
de um cão bastardo;

de acordo com ela,
sou um menino crescido, que não
aprendeu ainda quase
nada,

o que a faz
me aliviar de todo e qualquer
pecado.

De acordo comigo,
sou uma montanha seca e infértil;

de acordo com ela,
sou a terra de seu mar à qual
ela cerca e zeal como se fosse seu amor
impossível e secreto!


HAVIA SAÍDA?


Depois daquelas

noites de amor, nunca mais fui o mesmo

sem ir dividir contigo os princípios

e os abismos do mundo;

 

na verdade,

eu confesso que  está sendo agora

ainda muito mais difícil

te amar purificada

 

e tão distantemente

assim!

RENDIDO A MIM MESMO!


Todos os dias
imaginam que me transformo
em um franco atirador
 
e que venho aqui
atirar minhas angústias, minhas sombras
e minhas dores:
 
nunca percebom
que me tornei amargo demais
e sempre atinj,o primeiro e imperceptivelmente,
a mim,
 
sem nunca
ter a chance sequer de errar
o alvo dentro de mim!

CALMA. NÃO HÁ CELESTIAIS AQUI!


... há algo
de muito errado no mundo,
e dizem que eu é que sou
o cão do diabo,
 
sem perceberem
que quem mais fere são os anjos
que voam e caem
aos telhados,
 
fabricando
com suas asas e com seus voláteis verbos
um aparteid terrível entre os vivos
e os que apenas supõem
tentar sobreviver!

O SONHO IMPOSSÍVEL!


... bela, sedutora,
simples, surgiu e veio raiando
em minhas vazias
sombras,
injetou veneno
na medida certa para não me matar
em meu coração
e esperança
em minha alma perdida
e ambulante:
depois,
partiu sem se despedir, deixando-me
somente o eco doloroso e estridente
daquele lindo sonho!

DELIRO E CAMINHO, MAS QUANTO AO AMOR...


... como tudo
inexoravelmente de mim é feito
por imanentes escolhas,
 
condeno-me
a sentir apenas com a carne,
e não mais com a alma
ou com a mente,
 
separo as gotas
de chuvas das de gotas de  prazer e de veneno,
e alcanço as entrelinhas
do poema;
 
mas quanto ao amor,
declaro que já me transformei
tão somente na própria
dor que tenho!

CALMA. NÃO HÁ CELESTIAIS AQUI!


... há algo
de muito errado no mundo,
e dizem que eu é que sou
o cão do diabo,
 
sem perceberem
que quem mais fere são os anjos
que voam e caem
aos telhados,
 
fabricando
com suas asas e com seus voláteis verbos
um aparteid terrível entre os vivos
e os que apenas supõem
tentar sobreviver!

ELA AO TOCAR O ADÁGIO DE ALBIONE!


Seus dedos
vermelhamente esmaltados
tocava ao piano o Adágio in G Minor,
de Albione,
 
seus olhos estavam
palidamente fechados como quem
estivesse flutuando em gloriosas
miragens,
 
seu corpo se acentuava
em curvas com aquele delicado
vestido colado, que deixava transparecer
hipnóticas imagens de suas
partes de baixo,
 
ela nem percebeu
quando cheguei e comecei a observá-la
já com a alma de amor
inundada,
 
ao me movimentar,
vi-lhe desapercebidamente entre suas pernas
uma calcinha branca mínima
 
que formava ali um pacotinho,
com uma tira saindo para baixo, compondo
a visão de um anjo, irresistivelmente
sedutor:
 
amante
e seu escravo!

RAROS MOMENTOS FLORIDOS!


... lateja minha mente
a imaginá-la ali, sentada,
 escrevendo sensualizada pela camisola
e lingerie,
 
despeta-me a sede,
e a fome de devorar suas poesias,
suas fantasias e suas insânias,
 
acende-se-me o desejo
de possuí-la numa distante presença
que se faz em mim
naquela hora:
 
então,
dou-lhe um beijo,
desço tirndo-lhe a blusa,
acaricio seus peitos, ainda descendo
em busca do tesouro abaixo,
 
abro-lhe as pernas, e entro-me:
ali nada de falar, o silêncio é valioso,
se fantasias, sem sonhos, sem miragens
e sem chuvas de fogo,
 
exceto a que
deliciosamente jogo em seu corpo,
como um servo temporariamente retirado
das sombras por tê-la invocado
à transcendência!

O PURITANO JÁ NASCEU COM A ALMA ENGANADA!


... o amor e o desejo
entre um homem e uma mulher
é um sentimento
sagrado,
 
e nele se comungam
sonhos, esperanças, abraços, beijos,
bocas, bocetas, bundas
e paus,
 
-é dele que subsiste,
dos segundos de êxtase em gozo,
as sementes de nossas
descendências,
 
é com ele que se desvendam
os segredos, os degredos e os pecados
do mundo.
 
Mas, ao fim,
a noite amanhece sem sol,
e o poeta descansa, despindo-se da dor
e do sofrimento, sem nenhum
verso!

AS LÉSBICAS!


... belas,
selvagens,
excitantente delicadas, gostosas
e envolventes,
 
eu vi duas
em comunhão ativa, lábios lindos
e convulsivos se beijando
lascivamente,
 
o amor,
o desejo e a tragédia do espectador
que as quer,
 
mas estão nervosas,
apaixonadas e fascinantemente
doentes e tesudas:
 
cruéis e demoníacas serpentes
se apresentando à minha frente,
sem me permitirem adentrar na festa,
e escancarando-me os sentidos flamenjantes
de intensos gozos únicos!
 

VEM, BELA!


... vem, Bela,
aproxima-te e se apossa de meu corpo,
mas não revele a ninguém
meus segredos,
 
vem e me toca
com a língua e com a boca
e sente minha resfiração ofegante
e meu mastro em rijo
descontrole;
 
vem, Bela,
vem aliviar minha febre
e desvendar, em êxtase, o frágil
pudor do mundo!

TALVEZ SEJA TARDE DEMAIS!


... somente
quem já transitou profundos,
 
sentiu a solidão,
e dor que mantem em pedaços o coração
e sorveu o caos dos abismos,
 
pode me fazer
descansar um pouco daquele
inverno assaddino
 
e trazer-m,e
uma útima dose de sonho,
 
antes que a morte,
faminta a me esperar na próxima esquina,
me leve com seu doce
e eterno beijo
de vinho!

A MANHÃ DEVE SEMPRE FICAR ABERTA!


... o desejo
deveria ser mais lúdico,
né baby,
 
porque,
uma vez que o céu
some
 
e o mar
perde seu charme
e seus músculos
 
a ele
temos de nos socorrer
para não morrermos
de fome!