Rui Serra
Jim Morrison & Jack Kerouac: e se?
“Se ele não tivesse escrito o “Pela estrada fora”, os The Doors nunca teriam existido” – Ray Manzarek
Ray Manzarek podia ainda ter acrescentado que se Jack Kerouac não tivesse escrito o “Pela estrada fora”, o final dos anos 60 não podia ter acontecido da forma como ocorreu, com jovens a ir para a estrada na procura do seu eu, como JACK KEROUAC havia descrito nos seus romances.
“Pela estrada fora”, foi lançado em 1957, altura do boom da geração beat, em que os membros desta estavam na sua fase de adolescência. Os escritos de JACK KEROUAC eram irresistíveis, as descrições românticas de Dean Moriarty e as viagens pelo país de Sal Paradise. As aventuras que fervilhavam nas suas cabeças, conhecer novas pessoas enquanto viajavam pela estrada fora em busca de iluminação, que eles não sabiam bem o que era, mas reconheceriam quando a encontrassem.
As descrições viscerais de JACK KEROUAC sobre música coincidiram com o aparecimento de Elvis Presley e o nascimento do Rock’n’Roll. Apesar das descrições de JACK KEROUAC incidirem sobre músicos de jazz, ele viu a relação entre as suas descrições da cena jazzística e do Rock’n’Roll. JACK KEROUAC chegou mesmo a pedir à sua editora para que o “Pela estrada fora” fosse editado antes que a cena do Rock’n’Roll pudesse de alguma forma terminar.
“Pela estrada fora” abriu as portas para o mundo a uma geração cujos pais procuravam segurança e conforto nos subúrbios pré-fabricados e que antes de atingirem a maturidade, procuravam os destinos e a iluminação que JACK KEROUAC havia descrito.
Para Jim Morrison, o “Pela estrada fora” pode-lhe ter aberto um mundo de pensamentos. Os personagens de JACK KEROUAC falam de Baudelaire, Kafka, Nietzsche, Rimbaud e William Blake, todos eles declarados como favoritos por JIM MORRISON.
É discutível que JIM MORRISON tivesse adoptado Dean Moriarty como modelo. Em todas as suas biografias reconhece que começou a pedir boleia aquando da altura em que frequentava o ST. Petersburg Junior College, aos fins-de-semana, para ir visitar Mary Werebelow, sua namorada da altura, ou para ir visitar a família por altura da acção de graças. JIM MORRISON fazia-se à estrada para se aventurar com o seu primo num churrasco de família ou uma vez com um amigo em que pediram boleia a uma mulher, que parecia estar disposta a ter relações sexuais com um, ou mesmo com os dois, como ele próprio contou.
Pedir boleia e andar pela estrada fora foi apenas um meio de transporte para se deslocar, foi sobretudo uma maneira de procurar aventura e vivenciar experiências.
As descrições de Dean Moriarty feitas por JACK KEROUAC podiam muito bem ser aplicadas a JIM MORRISON: “A primeira impressão que tenho de Dean é de um jovem magro, olhos azuis, com um verdadeiro sotaque de Oklaoma”. É exactamente assim que JIM MORRISON aparece nas suas primeiras fotos publicitárias.
JACK KEROUAC é muitas vezes citado: “As únicas pessoas para mim são os loucos, os que estão loucos para viver, loucos para falar, loucos para serem salvos, desejosos de tudo ao mesmo tempo, aqueles que nunca bocejam ou dizem uma coisa banal, mas queimam, queimam, queimam, como fabulosas velas romanas amarelas explodindo como aranhas através das estrelas e no meio você vê o azul pop luminoso e todo o mundo vai “awww!””.
JIM MORRISON parafraseou estas palavras para se descrever a si próprio: “Eu vejo-me como um enorme cometa de fogo, uma estrela cadente. Todo o mundo pára, aponta para cima e engasga-se – oh, olha isso! -. Então vou-me embora… e eles nunca irão ver nada parecido nunca mais… e eles não serão capazes de me esquecer.”
Todos nós já participámos do jogo do salão ou numa tempestade de ideias e perguntámo-nos o que faríamos se encontrássemos os nossos heróis e o que aconteceria? Entramos neste tipo de jogo mental a toda a hora, e se Jesus e Gandhi se reunissem para falarem? ou Karl Marx e Thomas Jefferson? ou Da Vinci e Van Gogh? ou Einstein e Marilyn Monroe? ou mesmo nós os dois!
Será que alguma vez JIM MORRISON e JACK KEROUAC se encontraram?
Há no meio de tudo isto uma evidência quase anedótica de que este encontro pode ter acontecido. A primeira evidência pode ter sido puro acaso, o facto de JIM MORRISON e JACK KEROUAC terem vivido em Clearwater, Flórida, ao mesmo tempo em 1961/62.
JIM MORRISON disse ter frequentado alguns dos mesmos cafés que JACK KEROUAC, como o “The House of Seven Sorrows” e o “Beaux Arts“. Ambos são conhecidos por terem frequentado esses dois cafés, o facto de aí terem estado ao mesmo tempo não é inconcebível.
Sabe-se que JACK KEROUAC é também conhecido por diversas vezes ter tido fans adolescentes a sair com ele. Por essa altura JACK KEROUAC tinha então 40 anos e JIM MORRISON estava na juventude dos seus 19 anos.
Acaba por ser tentador imaginar um adolescente como JIM MORRISON a partilhar uma cerveja com JACK KEROUAC, e ouvindo este falar de literatura.
No livro “Kerouac Subterranean” de Ellis Amburn, existe um parágrafo em que este fala de uma tentativa de JIM MORRISON visitar JACK KEROUAC na sua casa de Lowell MA, em 1968.
Se alguma vez JIM MORRISON e JACK KEROUAC se encontraram acidentalmente em Clearwater, tal facto nunca foi registado. Nunca poderemos saber se JIM MORRISON procurou JACK KEROUAC, mas podemos reflectir sobre o que aconteceria se os dois se tivessem encontrado algum dia ao longo deste nosso fosso existencial. Talvez nunca venhamos a saber se eles se encontraram, mas podemos sempre perguntarmo-nos: e se?
O infiltrado
Nuno estava visivelmente alterado. Gesticulava efusivamente para um dos ocupantes do autocarro, que não o percebendo, apenas encolhia os ombros. "Nunca mais acaba esta chuva horrenda." Exclamava enquanto procurava um lugar vago para se sentar. Sentou-se junto da janela para ver chover e esquecer aquele dia. "Nunca mais deixa de chover, este ano não há primavera." disse para o colega do banco do lado. "Pois é nunca mais chega o verão." E a conversa manteve-se com base na meteorologia por alguns minutos. Pouco tempo depois chegava ao seu destino. Saiu, colocou o chapéu para se proteger da chuva miúda que teimava em cair e seguiu em direcção ao edifício governamental.
Tinha transposto os primeiros degraus quando ouviu o seu nome. Virou-se e deparou-se com o amigo de longa data, o Carlos Eduardo. "Então Edu que fazes por aqui?" "Vim tratar de uns papeis, vou candidatar-me à policia." "E tu, que fazes todo aperaltado. Parece que vais a uma festa." "Pois é, é mesmo isso, vou a uma festa." Eduardo estranhou o amigo, que lhe parecia evasivo. "Olha, tens o botão de cima desabotoado. Se vais a uma festa ao menos vai decente." Eduardo abotoou-lhe o botão e despediu-se. Nuno ficou a pensar. Será que o amigo se apercebeu de que o botão era uma minicâmara?Esteganografia da vida
Não. Esta foi a mais dura das palavras que tive de pronunciar naquela tarde, mas um sim seria impensável e só o tempo, muito mais tarde, revelou que afinal de contas aquela tinha sido a palavra mais sábia que algum dia pude proferir.
Importa saber que jamais possuí a capacidade de predizer o futuro em toda a minha vida, mas, sem saber o que naquele dia estava a fazer, tomei uma, se não, a decisão mais acertada e ajuizada de toda a minha existência.
O significado de tal palavra ecoou para sempre até aos confins dos dias.
Passado, como alguns de nós o entendemos, é algo que não existe. É algo que num determinado momento foi o presente e que na efemeridade da nossa existência passou. Não existe um passado, nem nunca existiu, existe sim um momento.
Nem imagino que a vida alguma vez tenha sequer existido. A vida existe neste momento em que escrevo estas simples linhas. O que está para trás também existe, única e exclusivamente na forma em que existe, não como um passado, mas como algo que está simplesmente aqui e que foi em tempos um presente.
O que pretendo dizer é que não existindo passado, também não existe qualquer tipo de futuro.
Futuro é apenas um tempo verbal do que, hipoteticamente achamos, está para vir.
E, é no meio destas duas condicionantes temporais que existimos. O que é o presente, se não o momento actual. E foi num momento como este, que embora pareça que foi passado, antes pelo contrário, foi, é e continua a ser presente, em que proferi aquela palavra que deu início a tudo o que alguma vez importará, em qualquer existência, minha ou tua.
No momento em que escrevo estas linhas o tempo está suspenso, culpa de uma conspiração cósmica que no seu sempre presente conspira para que o que realmente importa seja o momento, nada mais que o momento temporal que levo a colocar um ponto final nesta frase.
Presente significa agora. Significa o instante e é no presente instante que o presente se apresenta. Não há como o esperar, pois ele simplesmente é, nem como lhe fugir pois ele é. É no presente que reside a vida. Não deixes que o teu “passado” interfira no teu “futuro”, e vive o momento, vive o presente que se te apresenta.
Eu não sou nem quero ser um oráculo, nem quero aqui profetizar qualquer tipo de presente futuro ou futuro presente. Quero apenas deixar-te estes escritos para que os leias com toda a atenção e carinho e percebas o que te quero transmitir, que percebas a mensagem que está no seu interior.
Amo-te.
ndugcts . 001
detesto começos
em cuja distância
até ao fim
é apenas um
abismo
ndugcts . 004
eis o silêncio das palavras
que bailam no pêndulo dos dias
eis que sem ti
me perco na idade das manhãs
sei agora os segredos dos trilhos
por onde caminho com o vento
onde na ausência do silêncio
abraço os tormentos esquecidos
abandono-me às palavras
estranhas
que crescem como chamas
neste lugar onde mora o esquecimento
renascem das cinzas
pétalas brancas
lágrimas
carregadas de vontade
dispo-me das sombras
que na penumbra da noite
me afagam
desamarro-me do silêncio
e escrevo
sobre ti
sobre mim
palavras apenas!!!
apenas palavras!!!Os dias negros de Omar Sayyid
Sayyid tentava, no meio de algum esforço, ver o seu corpo no pequeno espelho que estava pendurado na casa de banho do Hércules C-130. A sua estatura, elevada, dificultava a tarefa, no entanto Sayyid conseguia vislumbrar o quão magro estava. O corpo esguio e a barba grande, faziam-no aparentar ter uns cinquentas e poucos anos, embora só completasse os quarenta no próximo ano. Afastou-se para se poder ver melhor, parando apenas quando embateu de costas na porta da casa de banho. Estava na última, pensava para consigo. Tinha sido resgatado no limiar das suas forças, e agradecia a Deus por isso. Deu dois passos e inclinou a cabeça. Os olhos castanhos estavam cansados do sofrimento dos últimos dias e as marcas negras eram disso a prova viva. As sobrancelhas, ou o que restava delas, estavam em concordância com a barba "desarrumada" e que já deixava antever uns quantos cabelos grisalhos. Sayyid pensava no que o seu pai lhe havia dito: "estuda meu filho, estuda, que o teu futuro são os estudos". E foram os estudos, a educação, o estatuto da família, que o levaram a onde se encontrava agora. Tantas competências, tantos sonhos e ambições para agora estar neste sofrimento. Sayyid sentia a alma feita em bocados e apenas pensava, o que pode uma prisão fazer a um homem!
ndugcts . 012
sou um vagabundo
da verdade
um inconformado
com a realidade
um aposentado desta vida
ciente do sofrimento iminente
quero desvendar minhas trevas
organizar o caos
da vida dentro de mim
num quarto
escuro
vazio
fica a cela da minha alma
onde outrora escrevi a sangue
"aqui habitei e me matei"ndugcts . 006
gosto de ir
adoro ir
ir para qualquer lado
sozinho
acompanhado
pouco (me) interessa
gosto de ir
e voltar
voltar é que já não sei se volto
levas-me contigo?O outro lado
Às vezes olho-me no espelho e sinto medo, medo do que vejo, medo de quem vejo, medo de mim. Não me conheço, sou esquisito nesta minha forma humana. Uso óculos, como, bebo, fumo, defeco e mijo. Olho-me no espelho e este dá-me de volta uma parte de mim. Eu rio, alto, assustado. Duas longas coisas saem deste corpo: são os braços. Buracos, pelos, pele, nariz, duas orelhas presas na minha cabeça. Olho os dedos, olho os meus olhos; assustador. Falo, sinto emoções e bebo cerveja. Ridícula imagem, esta minha, ali de pé em frente ao espelho. Eu vejo-me de fora. Crio uma abstracção mental do que eu nunca vi. Sou humano, vejo e sinto. É esquisito. É realmente esquisito. Procuro-me no espelho e não me acho. Só vejo aquilo ali, parado. Um monte de carne equilibrada por ossos duros que me mantem de pé. Ali no espelho. Eu sei que não sou aquilo, e o que sou, o espelho não me pode mostrar… AINDA…dia mundial da poesia 2016
venero esse veneno que escorre das palavras
e amo-as
e essa sua sombra tenebrosa
envolve-me a alma
que significados ocultos encerram
que sentimentos pecaminosos descrevem
por vezes não as reconheço
quando materializadas no amargo do verbo
alinhadas
em posições calculadas
tecem em verso segredos invisíveis
entre versos errantes
que nos trazem à tona os fantasmas das noites alucinantes
e é no poema calado
mudo
sem forma
entre a bruma
que permeiam as letras vadias
o espirito rebelde das palavras
que constroem versos
que corroem o espectro dos poemas
não mais reconheço
estas letras que formam palavras
no poema ocultondugcts . 042
fazes da escuridão o teu manto
do submundo a tua casa
incompreendido de dia
és filho da noite
és Deus do infinito
Senhor dos anjos
trazes no beijo mistério
melancolia no olhar
embriagas-te noite dento
com o néctar da vida
e a tua voz de trovão
dá lugar a uma tempestade de lágrimasndugcts . 002
não me deixes despertar
para o amanhecer do mundo
não deixes que
nos tirem a demência
e que os horrendos ponteiros das horas tardias
nos roubem o tempo
que as mordaças da solidão
me roubem de ti
e, se... a teimosia da noite
não nos revelar um novo dia
que o calor da manhã
misture o nosso perfume
e a relva molhada
acolha e acalme
o cansaço dos nossos corpos
que os teus olhos
não desistam dos meus
que a pureza do orvalho
gotejado nas folhas das manhãs
revele a malícia do nosso amor!!!
assim... seja como for...ndugcts . 011
fui um anjo
renegado
por ter amado
sem asas
vi meu corpo
ridicularizado
vilipendiado
minha alma
aprisionada
torturada
não é fácil
viver
como eu vivo
sou livre
um sonhador
um poeta
são demais os perigos desta vida para quem amandugcts . 005
já escrevo na penumbra
desta vela que se consome
vais embora
partes
triste
caminhas na solidão
do vazio que em ti existe
e nesta escrita cuneiforme
descansam mágoas
seladas com as lágrimas
de um "ate já"ndugcts . 007
não tentes ser
quem tu não és
um mero pesadelo
não tentes ser
aquilo que não és
uma escolha efémera
existe
sem seres triste
és o arrepio de um beijo
és tu mulher
que me completa
nesta minha demanda de poeta
agora deixa-me nesta minha apatia
viver alimentado pela poesiandugcts . 008
procuro-te
no silêncio
do espaço frio
que habita em mim
chamo por ti
nos ecos
do passado
procuro-te
encontro-te
afinal vives em mim
agora sei o que me mataViagem
acho que a vida é uma viagem bárbara, mas talvez seja a melhor forma de se viver; viajando. a realização desta viagem pode ser vista como uma ida ao encontro do conhecimento passado numa tentativa desesperada da percepção do eu interior. tentamos estranhamente aceitar esta viagem fugindo à loucura paralela que se auto-instala entre o racional, o lógico e um mundo de percepções.
a própria ideia de se viver focado no conhecimento passado leva-nos à perda da nossa energia vital, à perda das nossas percepções.
vivamos então de uma forma despojada de materialismos que nos deixam a vida sugada desta energia que necessitamos para a nossa compreensão interior.
vivamos então dos erros.
vamos viver dos erros e dos erros criar novas coisas, experimentar novas coisas, aprender, viver, testarmo-nos, modificarmo-nos, modificar o mundo, fazer coisas que nunca fizemos. vamos fazer coisas, coisas que nunca ninguém ousou fazer, nem que sejam erros e criar uma nova consciencia.
não pares, não fiques ai especado qual espectador de teatro. faz parte do teatro, faz a tua arte, cria a tua vida e erra. é no erro que habita a sapiência, a sagesa.
vida mais estranha do que esta jamais conheci.felicidade
e eis que chega 2017, e com o novo ano, sempre a esperança de uma nova vida, uma vida que não tem necessariamente de ser a trabalhar para pagar as contas e depois morrer. com este ano que agora começa, inicia-se também um ciclo de trinta e seis anos sob a regência de saturno. como em tudo na vida também o tempo se rege por ciclos, sejam eles noite/dia/noite; outono/inverno/primavera/verão/outono, etc. no campo da astrologia o mundo é regido por períodos de 36 anos. tudo na vida tem um início, um meio e um fim, que se traduz num novo começo.
o ciclo que agora se inicia e que ao ser regido por saturno, faz com que assistamos a um período de questionamentos sobre o sistema do governo e a forma como este é gerido, podendo mesmo assistir a grandes mudanças governamentais. entramos também num período de austeridade, de responsabilização e de compromisso para com o próprio, numa busca pela felicidade interior, deixando de lado o materialismo que nos trouxe o sol, que regeu o período passado. temos neste período e em oposição à ostentação do passado, uma busca pela contenção e obediência a uma sabedoria superior mais sublime e espiritual. renúncia ao material e seriedade do ser humano, essas são as prerrogativas de saturno.
é agora que devemos manter a nossa perseverança e lutar por aquilo em que na realidade acreditamos. o crescimento interior advém da luta em prol dos nossos ideais, das nossas convicções. o verdadeiro segredo da tua felicidade reside em ti, reside na capacidade que tens de fechar a boca e não contares nada da tua vida. que importa ter um iphone de última geração se não se tem pão na mesa. a ostentação dos bens materiais, dos bens terrenos, jamais levará à felicidade, à verdadeira felicidade. para muitos de nós importa ostentar uma vida que não temos nem conseguimos manter, apenas para sermos integrados num tipo de sociedade que não existe, pois é efémera. assim como a inveja é perigosa, também o é a capacidade do ser humano achar que chegou a algum pódio e ser aplaudido. essa felicidade é uma quimera sustentada por aqueles que vivem uma vida atrás de uma máscara onde são capazes de tudo, tudo menos encarar a vida e ser felizes. que felicidade obtiveste hoje com a fotografia que colocaste no instagram ? que felicidade obterias se ao invés ajudasses os mais necessitados, nem que fosse com uma simples palavra de amor e afecto. quais os valores que comportam a tua felicidade? ter um carro xpto, um smartphone de última geração ?
deixo-vos aqui uma meta para este ano: ficar em silêncio. meditar no verdadeiro, no derradeiro significado do que é a vida. como já atrás o disse e volto a repetir, não contes a tua vida para ninguém e sê feliz.
ser feliz é uma escolha. mais dia menos dia teremos de enfrentar os nossos demónios, de dizer não só porque o sim nos trazia aborrecimentos, de negar alguma coisa, de nos alhearmos das lágrimas de crocodilo daqueles que se fazem de coitados para nos magoar e obter de nós aquilo pelo qual não sabem lutar nem dar valor. a verdade liberta-nos, garante a nossa sobrevivência e a nossa felicidade.
viver em sociedade é complicado e requer um exercício contínuo de tolerância para não sermos levados à demência, um desgaste inútil com base em valores que não são os nossos. ao nosso redor vivem pessoas que pensam, agem de forma diferente de nós, não olhando a meios para atingir os fins. tenta manter a calma, respira fundo, sê gentil para contigo e para com os outros, tentando nunca os machucar e acima de tudo cobre-os com o teu amor, pois o amor falará sempre mais alto que qualquer arrogância. a felicidade está em ti, não abras mão dela.
"a mais profunda forma de desespero é escolher ser outro que não si mesmo."
- soren kierkegaard (1813-1855)
ndugcts . 003
no silêncio
do sono que não chega
das horas que não passam
vive a loucura
que engasga
sufoca
uma lágrima que cai
perdida na memória
do sonho esquecido
na noite infinda
na solidão da madrugada
no silêncio
o desabafo com Deusndugcts . 009
os meus mortos têm medo
do calabouço das almas
e do cadafalso da praça
onde caíram em desgraça
dos dias vencidos à morte
com a sorte de um dado
da roleta que é a vida
tantas vezes perdida
no rufar de um tamborndugcts . 066
acordei neste abismo
negro e profundo
e emergirei das trevas
para dominar o mundo
do alto das torres sagradas
e com o mundo a meus pés
vou chegar até ti
vou-te dizer quem tu és
vou-te dar o que outrora
alguém roubou de ti
e traçar sobre a terra
o teu caminho
onde
libertarás das catacumbas
as almas aprisionadas
e com um exército aos teus pés
vais descobrir quem tu ésndugcts . 063
uma mítica ave negra
guia-me por caminhos insólitos
e na perpétua tristeza que me envolve
sinto a ausência deste corpo
sou um parasita na noite
da qual me alimento
sorvo o seu suco
tenho os olhos famintos
as mãos ensanguentadas
e a língua trôpega
do fel que a vida me deu
e sigo
no balanço do caminho
sem rumo
sem direcção
sem vidandugcts . 010
sê tu
no teu todo
no teu melhor
não uma versão de ti
uma versão
polida
limada
criada
na mente dos que te rodeiam
tu existes
na perfeição de ti
sacrifica o teu eundugcts . 046
sorrio
porque escrevo sem mágoa
e vivo comigo
e choro comigo
e riu comigo
e com a minha alma
e a verdade que possuo é só minhandugcts . 060
protagonista dos meus sonhos
compreendo esta força
sinto esta mudança
sinto o toque do mundo
as veias cheias de sangue
o coração cheio de amor
o suor escorre pelo corpo
com sabor a lágrimas
e uma voz grave e rouca diz:
bem-vindo a casandugcts . 040
escrevo
confuso
uma parte do meu eu revela-se
sigo
consciente
do meu caminho
vivo
num mundo utópico
sem dor
de volta ao papel
confuso
escrevondugcts . 054
deixo no papel
os gritos da alma
e como ela grita
e é imensa
e é imenso o seu grito
tão esmagador
que não o consigo descrever
depois encontro o silêncio
e choro
e nas lágrimas sinto a amargura da partidandugcts . 070
desce à terra gelada
a noite fria
o silêncio da escuridão liberta-me
das horas que me condenam
na sombra
aguardo as tuas palavras
que chegam
em sussurros pequenos
que poder é este?
estremeço
sossego
não há noite sem memóriasndugcts . 068
no intervalo das notas
libertadas pelo som da flauta
sou transportado pelo túnel do tempo
para a época da criação
ao som dos primeiros acordes
que me fazem viajar
que me hipnotizam
que me embriagam
é o mistério da sensibilidade da alma
é o mistério da busca
do desejo
do amor
da tristeza
da saudade
da paixão
da emoção
do desespero
da esperança e...
principalmente
desta paz que me envolvendugcts . 028
sinto nos teus olhos sombrios
o sofrimento agressivo
dos dias que passas em silêncio
vejo nesses olhos
gritos de agressividade histérica
que me repudiam
que me julgam
e me afastam
de olhos semicerrados
vejo as tuas roupas
rasgadas
ridicularizadas
pela ingenuidade de um romantismo
antiquado
ultrapassado
sei que gostas de me ver passar
sei que gostas de me olhar
mas não te escondas do mundo
pois o mundo sou eundugcts . 069
revejo os meus dias
sobre este fundo preto
onde escrevo em silêncio
palavras tingidas de escarlate.
escrevo aqui sentado
na calma dos dias
e torno-me alimento
dos vermes que habitam esta terra
porque algumas coisas são assim
teimosas, imprevisíveis e eternasndugcts . 071
procuro as saídas
no labirinto da vida
e perco-me
na solidão dos meus dias
trilho caminhos
incaminháveis
na procura do sentido da vida
caminhos
tristes
complicados
difíceis
que machucam a minha alma
mas eu vou continuar
até te encontrarndugcts . 018
criaturas grotescas
desta sociedade corrupta
vendidos
racistas opressores
deuses banais, outros que tais
ladrões
parasitas descartáveis
do culto irado
filhos do poder lascivo
anarquistas desorganizados
dealers
vendedores de imperfeições aos estultosndugcts . 072
no silencio
de mil palavras
um sopro de vida... envolve-me
perco-me no tempo para todo o sempre,
e existo
no silêncio das ondas,
um sopro de vida... envolve-me
e perco-me no tempo para todo o sempre,
e existo
na perfeição das ondas
onde o mar calmo
me acaricia os cabelos
e gotículas escorrem-me pela facendugcts . 049
nunca poderei atingir a perfeição
nunca terei a magia de um mago
nunca irei voar para lado algum
mas tu és perfeito
tu possuis a magia do encanto
e podes voar até mim
no momento que me cega
sinto a tua presença
uma lágrima desavergonhada
banha a suavidade do meu rosto
nunca digas adeus a Deusndugcts . 062
no breu dos abismos sem fim
onde a alma não tem rosto
estão os mortos
os "vivos" que descansam entre os mundos
sem descanso
sem redenção
são corpos
negros
vazios
que nos seduzem na inquietação das sombras
onde a maldade eterna está impregnadandugcts . 065
onde estou?
o que aconteceu?
onde vivem os meus sonhos?
está frio
um negrume desprende-se do céu
é noite?
estou vivo?
porque vivo?
sinto uma invisibilidade que me oculta a existência.
sinto o balanço dos brilhos
amedrontados na noite
serei livre?ndugcts . 057
hoje não vou dormir
não quero sofrer
não quero chorar
nem morrer aqui sozinho
quero escrever o que sinto
encontrar refugio na solidão
quero existir na diferença
entre uma gota e uma lágrima
quando explodem na tua mão
quero ser quem nunca fui
viajar na monotonia
dos sonhos que me consomem
na chama da vela que vela
o sonho dos imortais
quero poder viajar
p'ra não voltar nunca maisndugcts . 064
o relógio do tempo quebrou-se
e do fundo da ampulheta
escorre a areia
outrora soprada pelos ventos do sul
os minutos agora inseguros
vivem sendo roubados
pelos segundos injustos
que me devolvem o presente
em cada grão de areia
onde a memória foi guardadandugcts . 013
simplesmente
caio
na (in)potência desta escrita
entrego-me
ao risco deste lápis
vazio de conteúdo
pontiagudo
como num leito fluvial
rumo ao meu eu divinal
vou nesta corrente que me leva
que me conduz
que me ajuda
a seguir o meu caminho
assim
sozinhondugcts . 034
não procures no meu quarto
os meus segredos
não estão aí... fechados
estão guardados em mim
mas um dia
um dia serão libertados
na mais pura e profunda explosão de cólera
ou então
ou então
num beijo agrestendugcts . 067
descobri
percebi
compreendi
porque parte o homem?
o homem jamais partiu á procura de um qualquer lugar
o homem sempre partiu...
...à procura de si.ndugcts . 052
eu já não vivo
parti
deixei o mundo das quimeras
das ilusões desgastantes
das correrias desenfreadas
na procura constante
desta paz que hoje tenhondugcts . 061
sou o fruto do medo
do desejo
da ira
sou fruto do desejo
sou filho de zeus
um solitário
um infeliz
sou o que não quero ser
vivo condenado pelo destino
sou vitima dos séculosndugcts . 047
descansas hoje
no desassossego inquieto
do meu olhar
estranho-me em ti
estou intranquilo
sinto um arrepio
frio
gélido
vazio
estranhamente encantador
aqueces o meu ser
neste dia de inverno
e despertas em mim
a paz
na tranquilidade da tua vozndugcts . 050
sinto esta necessidade intrínseca
e no papel à minha frente
tento escrever
mas não sei escrever sorrisos
pois só as lágrimas desenham em mimndugcts . 041
procuro
a chave
do teu palácio
quero entrar
quero percorrer
o labirinto eterno
neste impulso
que me guia
na imensa solidão
desta loucura que vagueia
banhada em lágrimas de sofrimento
e... que me conduz rumo ao alémndugcts . 058
eu já não vivo em mim
eu já não vivo sem ti
tu és a minha luz
a verdade que me guia
neste meu longo caminho
és toda a minha alegria
és toda uma realidade
és o sol das manhãs
que me veste de carmesim
és o pão que me alimenta
és o meu anjo da guarda
és um presente de Deusndugcts . 059
cai a noite
não há para onde fugir
e já não posso fingir ser quem sou
já não consigo sorrir
tenho vontade de chorar
quero acordar destes sonhos
banais
irreais
e viajar
para aquele lugar
onde as ondas tocam o céu
rumo a shambhalandugcts . 032
palavras escorrem do lado mais obscuro da mente
em cada frase profética
escorre a força da vida
que brota da alma
cada pontuação
é um pouco do meu ser
que escorre dolorosamente
numa dimensão perfeitamente parafraseada
pequenos milagres
acontecem em guardanapos por todo o mundondugcts . 051
sinto o corpo vaguear
a alma toldada
perdido
questiono-me
o corpo pede
a fome instala-se
sinto-me vazio
um farrapo
quero-me refugiar em mim
e escrever sobre
"a frustração do autoconhecimento"
silêncio!!!
é o único barulho que quero ouvirndugcts . 055
quando eu partir
não quero lágrimas
não quero adeus
nem despedidas
só quero paz
à distância quero ver o mundo
quero partir para o meu lugar
e quero lá ficar
quero esquecer o aqui
sem querer ser esquecido
quero viver de sonhos em sonhos
pois a realidade é dor
e eu já parti
não me choresndugcts . 056
eu quero-te
quero os teus olhos
quero o sorriso dos teus lábios
quero os teus beijos
quero saborear o teu corpo
como quem cheira uma rosa primaveril
quero ser o graal
onde te guardarias em mim
como se tu fosses a última das jóiasndugcts . 035
a realidade
é falsa
e feia
as pessoas vivem na mentira
em que se acomodam os fracos
e a diversão
bem, a diversão é apenas um risco
momento de pausa (silêncio...)
a areia desliza na ampulheta da vida
sinto-me tonto
sinto-me tolo
ok, agora é tarde, vou dormirndugcts . 053
quando vires uma lágrima descendo o meu rosto
não chores,
não é tristeza,
não é dor,
é a forma de o meu coração dizer:
amo-tendugcts . 033
vejo tubos de néon vazios
que queimam a palma daquela
mão desnuada
deixam um traço
um sinal divinatório
e elaboram um mapa do céu sem fim
por breves momentos
desaparece sobre a luz pálida
do sol adormecido
a hera trepa as paredes
neste sono vigilante
atingindo a varanda da alma
de onde espero poder ver
a tua carne crepitarndugcts . 016
às vezes é um passo
às vezes um abraço
uma palavra agridoce
às vezes um não
insatisfeita a dúvida
permanece a questão
"às vezes"ndugcts . 029
caminho lentamente por um labirinto
húmido
escuro
escorregadio
tento o equilíbrio até ao beco sem saída
somos os convocados
convocados a viver
tormentos
instantes
esperanças
desilusões
conflito interno
cansaço
breves momentos de alegria
sonho
felicidade
paz
acordas
de olhos semicerrados olhas em volta
o labirinto
sem saída
dói muito estar vivo!ndugcts . 017
vago é o vazio que em mim habita
em noites de tons azulados
na pureza da tua alma
a alvura da tua pele
é perfeita
os teus cabelos molhados
lambuzados de suor
escorrem em sons guturais
de pura alucinação
que me levam por caminhos virginais
me envolvem
e me elevam
no mais puro prazer
que no meu sonho eu vivi
fui feliz
morrindugcts . 073
perdi-me nos dias negros
perdi-me nas lágrimas de sangue
nas vozes dos monstros que habitam a escuridão
perdi-me aos poucos e sem pressas
perdi-me e fui-me tornando a perder
perdi o sorriso
perdi a tranquilidade
perdi a calma
perdi a paz
e nos teus lábios perdi a inocênciandugcts . 076
olho as linhas
que se alinham
num simples emaranhado
estranho o palavreado
que descreve
esta figura estranha
que sou eundugcts . 079
tão vastas e profundas obras
tenho visto
onde o meu pensamento
tem disfrutado
já eu não vou a lado algum
sou só um nome
um nome comum
em tristes dias os meus prantos
arrancam-me suspiros da alma
faço versos, simples, singelos
que não têm nada de belos
como outrora alguém me disse
que também eu sou um verso
não sou alegre nem triste
sou apenas um suspiro
numa folha de papel
ah! sabe-me a boca a felndugcts . 014
na esperança
deixo o corpo repousar
nesta quimera
deixo o corpo partir
para amar e sorrir
perco o sorriso
no cálice da sapiente certeza
e vou
imbuído nesta tristezandugcts . 045
escrevo
letra a letra
de folego em folego
o sangue percorre esta vasta casca biológica
e vai
de célula em célula
quero ousar transcender as leis da natureza
quero mudar esta minha condição
e deixar de ser quem sou
mortalndugcts . 015
no silêncio que embala
este vazio que me preenche
nesta ideia que persiste
que morre
mas não desiste
neste pensamento que se cala
no calor desta chama
é o beijo quase cego
que habita na tua boca imaculada
e tu
tu existes para mim
petrificadandugcts . 078
morro a cada instante
revivendo cada lágrima escondida
no meu peito
onde a dor demora
na realidade infinita
fito os olhos da vida
olhos vazios de esperança
morro na tempestade
a cada fim de tarde
morro
onde a morte já sumiu
morro aqui
nu
vaziondugcts . 075
acordo
cansado
da cidade
dos carros
das luzes
das pessoas
do barulho
sem saber
para onde ir
que caminho percorrer
por agora
só tenho a opção
de apenas serndugcts . 037
na reflexão do momento
sou o refúgio
do tempo
interpreto o meu papel
coloco a máscara
sou fiel
revelo a essência dos sonhos
depois de ingerir
alguns medronhos
deixo a minha imaginação voar
entoando cânticos ancestrais
nas escarpas junto ao mar
em noites solitárias
viajo sem ter medo
partilho o meu segredo
noites assim sombrias
noites gélidas
noites frias
ah! poeta sofredorndugcts . 027
neste teatro de efémera existência
teu semblante será sombra
tua face entorpecida, excêntrica
de cores umbrosas
serás tu a alquimia
a magia da ópera
cujo vento assobia
na negra noite
escreve a tua biografia na lua nova
une as estrelas
efígie abençoada de ti
és tu o apogeu
das negras inspirações
musa de apetites e lampejos
tu és diva
és sedução
és tela intemporal
pinta o céu a sangue
emoldura-o de negro
pinta também o desejo
num crepúsculo de volúpia
lábios de sangue
negros como a mortendugcts . 036
a velocidade é uma coisa do caralho
e eu quero parar
poder observar
sugar o tutano da vida
fornicar até amar
quieto, sem pressas, sem nada
quero tomar café
quero fumar um cigarro
e nos intervalos desta dormência
observar a minha mulher
passeando-se em frente aos meus olhos
onde se esconde esta vontade louca de a...
depois
quero apenas sentir o sabor de um livro e
libertar o "pássaro azul"
até à lua azul
e aí, seguir manhã dentro
beijando as extremidades desse corpo mornondugcts . 038
não
o amor não nasceu para o poeta
o demónio não nasceu para ser Deus
o poeta nasceu
para... sofrer
sentir
escrever
o poeta nasceu
amaldiçoado
gemendo nas esquinas
de uma qualquer folha pouco imaculadandugcts . 039
vivo
no nevoeiro nocturno
que habita na floresta
na náusea
de um vómito pútrido
aí vivo
no fio da navalha
que arrepia
este corpo estranho
e se entranha
de forma tamanhandugcts . 025
frente a ti
reflicto a minha imagem
transparente, dormente
mergulho no meu olhar
perdido no imenso infinito
sinto a carícia das minhas lágrimas
sinto o vento nos meus cabelos
acendo um sorriso
varro a tristeza do rosto
limitado por esta moldura
aqui vivo cativo
sozinho
até ao fim dos meus dias
ah!... estes meus olhos...ndugcts . 074
gosto do só
do só de sozinho
do café sozinho
do ler sozinho
de andar sozinho
de ficar sozinho
mas jamais
de estar sozinhondugcts . 026
nesta vida de ilusões
a realidade é blasfémia
o céu ruindo
sobre os mortos que clamam
suas existências perdidas
tenho de ir
antes do astro rei se levantar
tenho de ir
antes que os outros vejam a minha arte
precisamos viver
mas levantar da cama hoje em dia é pecaminoso
sinto uma fome imensa
preciso matar
este orgulho que me domina e corrompe
preciso matar
este mal que nos destrói
mas... onde estou?
o meu lugar não é aquindugcts . 031
tenho a alma... cheia... de nódoas
são muitas as noites
poucas as noites sem pesadelos
e o dormir?
o dormir parece já não existir como existiandugcts . 020
fito os teus seios
desnudos, redondos, quentes
cheios de amor, exigentes
carregados de luxúria, vibrantes
onde me perco em gula, seios escaldantes
seios maduros, seguros
cheios de desejos
impuros
seios onde me afago
em delírio
sinto o calor na minha língua
estremeço em desequilíbrio
no encalce do teu amor
assim
submisso
sem pudorndugcts . 021
e porque todas as estradas que temos que percorrer são tortuosas
e todas as luzes que nos levam até lá nos cegam
há muitas coisas que eu gostaria de te dizer
e que não posso
talvez porque
no final de tudo
nada está terminadondugcts . 043
o que ocultam
os teus olhos vazios
o que oculta
o teu coração?
o que escondes
no teu sorriso
frio de saudade
observo o teu ser
num espelho
que me "transmite" agonia
morres lentamente
definhas
agora
já não sonhasndugcts . 044
eu queria escrever um poema
breve e triste
inventado, reinventado
até mesmo plagiado
não deveria ser lido
mas gritado
num choro
convulsivo
retorcido
como guitarras que gemem em surdina
e dos olhos frios do leitor
deviam escorrer lágrimas
nervosas com sabor a marndugcts . 024
a tua singela nudez
seduz a minha timidez
e esse teu olhar
dá-me o passaporte para sonhar
dispo-te e visto-te e volto a olhar-te
estás diferente?
ou estarei inconsciente
gosto da cor
e do sabor
volto a despir-te
deito-te
beijo-te
dispo-me
enrolo-me em ti
transporto-me para ali
para outro mundo
o paraíso
e tu, vais... comigo?
eu vou contigo
até ao infinitondugcts . 030
a caneta desliza
a tinta escorre sobre o papel
saem palavras
frases
certas, erradas
diferentes
indiferentes
deixo-as repousar
volto
saem palavras
palavras erradas no momento certondugcts . 022
as trevas envolvem-me os pensamentos
frios
negros
sombrios
a verdade está no fim dos tempos
esquecida
perdida
contemplo na noite
os desejos sagrados que flutuam
calmos num oceano vermelho
o sol já dorme
no seu silêncio ardente
contemplo a noite
as trevas onde habito
e viajo
sob mil luas
sem saber para onde ir
procuro Deus
perder a fé é um crimendugcts . 023
encontro-me na luz do teu olhar
para depois me perder nessa selva sombria
procuro no labirinto da tua mente
o meu descanso
perdido em ti
nessa floresta sem fim
procuro a luz
grito
aflito
mas só as brumas
que assombram a minha solidão
me escutam
e continuo perdido
nessa floresta
neste labirinto escuro
sem fimndugcts . 019
lobos uivam
à lua cheia
vampiros
bruxas
saem dos seus covens
uma brisa suave
desce do céu
pontos vermelhos cintilam
à distância de uma trovoada
nada é mais agradável
do que ver o mundo à noitendugcts . 048
sigo neste caminho
que me conduz e reduz
que me leva
nem sei onde
nem para que lugar
tento seguir o guião que escrevo diariamente
mas que a vida corrige
por entre os balanços
das pedras do caminho