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O impasse


Devolveram-me a vida?
Ou trouxeram-me a morte?
Difícil saber;
difícil distinguir vida e morte.
Ambas estão separadas
por uma linha tênue.
Uma dela está presente em mim...
só não sei qual.
Antes era a dor que me fazia sentir vivo,
mas, ao mesmo tempo, fazia-me querer não estar.
Sei que parece contraditório,
porém não o é.
A dor da solidão era o que me movia.
Como não há dor,
não há motivo para viver.
Mas não quero sentir dor.
Entretanto, quero viver...
Encontro-me diante de um impasse.



Autor: RSS (Um poeta qualquer)

O voo


O futuro. O que serei no futuro? Conseguirei seguir a profissão que almejo? Conseguirei contribuir, com meu esforço, com a sociedade? Conseguirei ajudar o outro? Penso, já não sei. Em um sociedade em que tudo é voltado para o dinheiro, para o lucro, sinto-me sozinho. A deriva num mar de desespero.
Comecei a escrever, mas nem sei porque o fiz. Estou passando por um processo de bloqueio criativo. Mas logo eu? Eu que adorava escrever. Não possuía dificuldades nenhuma para realizar tal feito. O que será que aconteceu comigo? Estou mudando? - Não quero mudar. A mudança às vezes é boa, porém transformar-se em uma pessoa sem criatividade e que não consegue escrever, não é do meu agrado.
Isso. Não quero mudar. Quero permanecer aquele garoto que via o mundo com outros olhos. Que sentia a vida passar em suas veias, e escrevia o que sentia. Sim. Esse não quero que se vá. Quero que fique. Que permaneça. Que não mude, mas transcenda. Transcenda essa forma pífia que se encontra hoje. Essa forma que se menospreza, se rebaixa, se maltrata. Transcenda; rompa o casulo e transforme-se. Voe. Mais alto... e mais alto.
Quero chegar ao ponto em que não me alcancem. Quero entrar em um profundo estado de introspecção. Quero, a partir desse voo, achar-me. Desejo encontrar minha essência. Essência essa que sinto que está perdida.
Como? Como fui me desencontrar? Por que isso ocorreu comigo? Já não sei. Mas uma coisa tenho em mente. Voarei o mais alto que puder, atingirei alturas inalcançáveis até para os pássaros mais experientes, e então... me encontrarei.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Contradições do isolamento


Solidão, és tu?
és tu solidão?
Sim, és tu.
Tenho certeza!
Não vá solidão...
Não vá.
Não deixe-me aqui.
Não me deixe para trás... sozinho.
Não a tenho mais.
Ela se foi.
O que será de mim agora?
Se até a solidão me abandonou.
Não tenho ninguém.
Não vejo ninguém.
Abandonaram-me.
Então agora estou... só?


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

O motivo


Minha fonte de inspiração?
É minha dor.
Dor de existir.
Dor do não pertencimento a esse mundo.
É ela que me mantém vivo.
É ela que me dá forças para superar cada dia,
cada situação.
Cada interação.
É doloroso, percebe, caro leitor?
Relacionar-me com essas pessoas; ter que encará-las.
Me sinto um estranho ao lado delas.
Sinto-me como se não fizesse parte do ambiente em que vivem.
Sinto que não faço parte do seu mundo.
Ah! O seu mundo.
Dizei a mim: como tu consegues viver nele?
Mundo de aparências, de superficialidades, de... de... mundo de nada.
Mundo de mentiras que a ti engana, mas a mim jamais enganará.
Acho que por isso nele não consigo viver.
Por isso, não sou capaz de me identificar,
de me reconhecer,
de saber quem verdadeiramente sou.
A minha dor, caro leitor, é essa...
É essa solidão, esse vazio,
esse sentimento de não fazer parte do mundo de mentiras.
A dor que vivencio, é a dor de não poder ser quem sou.
Por isso, a viver de aparências nesse lugar, preciso.
Só o que me resta, é relatar minha pungente dor.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Pedido de Socorro


Isolado na sombra negra da noite.
Preso numa ilha onde ninguém há de encontrar.
Sofrendo no âmago do meu ser...
A solidão me assola.
Incompreensível...
Palavra que define meu ser,
Preso nesse mundo de sofrimento e dor,
Preso nessa terra de intolerantes que não compreendem,
a angústia... a angústia... angústia... que tenho que suportar.
Não quero a esse mundo pertencer.
Não quero nessa terra me afogar.
Não quero nesse lugar sufocar-me com os ventos da desesperança.
Desesperança de que tudo irá ficar... bem.
Quero transcender esse ser que já não sou.
Quero emergir das profundezas da tristeza.
Quero voltar a respirar livremente.
Quero... muito... encontrar-me.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Sozinho sei que hei de ficar


Na noite fria que me cerca...
Sozinho sei que hei de ficar.
Na ilha perdida em que me encontro...
Sozinho sei que hei de ficar.
No oceano imenso...
Sozinho sei que hei de ficar.
Nas mais altas montanhas da Terra...
Sozinho sei que hei de ficar.
Na sombra densa da escuridão...
Sozinho sei que hei de ficar.
Na tristeza que assola meu ser...
Sozinho sei que hei de ficar.
é Isso! Aceitei meu destino.
Ficarei perdido. Perdido em meu mundo.
Sozinho. Onde ninguém há de me encontrar.
Num mar de tantas pessoas,
Incompreensíveis para mim,
Sei que sozinho ei de ficar.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

As nuances de se estar vivo


Dor? Tristeza? Angústia? Solidão? Temor? Aflição? Não sei o que sinto - acho que sinto todas essas emoções - pra falar a verdade, não acho, tenho certeza. Certeza tenho desse sofrimento que reside em mim, dessa apatia de viver, desse desespero em estar vivo... desse medo da vida. Tens medo da vida? Sim, o tenho. Medo tenho do sofrimento, da amargura, da tristeza, que assolam meu ser. Medo tenho de viver. Dor tenho; de viver.
A morte não me amedronta. Nos braços dela quero repousar, me acalmar, me reconhecer. Nela busco transcender; busco a mim. Busco buscar quem realmente sou. Quero poder saber quem realmente sou. Deves estar a pensar: como pode ele querer se descobrir na morte? Tens que descobrir-se em vida. Estás enganado, caro interlocutor. Essa vida a mim não deixa saber quem sou; não me deixa senti-la, experimentá-la... vivenciá-la.
Não quero realmente a gélida e pavorosa senhora do sono eterno. Quero apenas a mim; apenas quero encontrar-me.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Viver


Viver...
Por que viver?
Como viver?
Aliás, o que é viver?
Viver é respirar?
Viver é amar?
Viver é sofrer?
Viver é...
O quê?
O que pode ser viver?
Como viver?
Qual o sentido de viver?
Viver é sentir.
Viver é experimentar.
Viver é surpreender-se com o amanhã.
Viver é fazer dos momentos passageiros,
uma parte de si; vivenciá-los.
Viver é sentir e perceber a vida.



Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Relato de um dia comum


Sentei-me para escrever, mas já não sei porque o fiz. Queria contar-lhe como estou a me sentir, porém, não sei se é possível. É tão difícil caro leitor... não consigo explicar-lhe. Entretanto, "tentar não custa nada".
Sinto-me triste na maior parte do tempo. Se não estou a me sentir assim, sinto uma angústia. É uma sensação de "frio na barriga", de aflição. Raros são os momentos em que estou alegre. São tão raros, tal como a única estrela a brilhar num céu escuro. Esse céu é meu ser. Ser esse que pressinto estar morrendo aos poucos; quiçá, já está.
Leitor, não vejo mais esperança. É como se estivesse eu numa ilha deserta rodeada por um mar de desesperança, de angústia, de tristeza... de solidão. É isso... a solidão. Ela insiste em me fazer companhia, mesmo que eu não a ache muito agradável. (Convenhamos, quem é que gosta de uma visita chata em casa?) Mesmo eu a desprezando, ela não me deixa. Deves estar pensado: - Encontra uma companhia, assim não estarás mais sozinho. Essa não é a questão, meu caro. Mesmo com companhia, a abominável solidão ainda me assola.
Queria terminar meu relato dizendo que estou a me sentir bem agora. Queria poder dizer que somente comecei a escrever para me distrair, colocar o que sinto no papel e assim poder me livrar, de alguma forma, desses sentimentos que a mim não fazem bem. Todavia, a ti e a mim irei decepcionar. Não me sinto nada melhor.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Os massacrantes dias


Nas sombras densas da solidão, me encontro. Solitário, sofrendo, morrendo por dentro. Sendo massacrado pelos mais dolorosos sentimentos: medo, angústia, desespero, dor. Sei que ninguém irá me encontrar, ninguém irá me resgatar, ninguém irá me socorrer... me amar.
Na penumbra vivo meus dias. Nela me massacro, me desconsolo, me perco. Me perco no vazio da existência, na penúria da alma, na imensidão da amargura, no exílio da dor.
Vai, vai, não volta, morra. Morra comigo, esperança. No meu túmulo permaneça; e não reapareça, não cresça, não floresça... não amadureça. Perdida fique em mim, e em seguida, desapareça.
Não sei se preciso de ti - acho que sim. Mas não te suporto, não aguento ver-te rir, ver-te feliz, ver-te tão... esperançosa. Não a quero mais. Minha amargura toma meu ser; suportar-te não consigo.
Resignar-me-ei em meu castelo da solidão. Nele estarei pelos restos de meus tristes e cinzentos dias. Nele morrerei, e de lá não ressurgirei.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

O que é viver?


A solidão me agrada. Mas, ao mesmo tempo em que ela me agrada, sinto ela ferir-me, machucar-me. Eu a quero, mas não a suporto. Sinto que preciso ter alguém. Porém, a quero. Quero senti-la me fazendo ficar triste. Esse sentimento de melancolia parece que me faz bem. Não bem como a felicidade. Ele me faz bem de outra forma. Me faz sentir vivo.
Isso. Estou vivo. Penso que não, mas estou. Parece loucura. Sim, parece loucura. Então é isso... estou louco. Estou louco por gostar de um sentimento que me faz triste, mas ao mesmo tempo me faz viver. Me faz sentir o que é viver.
Viver é sentir. Sentir é sofrer. Sofrer é conhecer. Conhecer é descobrir. Descobrir a si mesmo. E esse ato de buscar descobrir é estar vivo. Isso. Estar vivo. Estar vivo é nada mais que perceber-se, que conhecer-se. É saber o que tu estás sentindo e porque estás sentindo. É poder saber quem tu és. E a partir dessa descoberta, começar a sentir. Sentir tuas emoções.
Viver é experimentar.



Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Morte: solução ou sofrimento?


Na noite escura,
em que jaz a morte
que nos afronta,
Lá está ela vestida de branco.
Em meio às trevas
que a cercam,
Envolta de tormenta e sofrimento,
Traz ela a esperança.
Esperança da vida que carrega,
Dentro do peito que agoniza,
Devido a "morte"
que está próxima.
Não há mais saída.
Não há mais esperança.
Há de prevalecer então a dor e sofrimento;
Prevalece, portanto, a não vida e não mais a morte.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Deliberando


Estou eu aqui a escrever. Enquanto escrevo, delibero. Delibero sobre a vida, delibero sobre mim, delibero sobre sofrer. Sofrer? Sim, sofrer. Sofrer nessa vida que a mim só traz tristezas. Agora estou triste. Estou sofrendo, chorando, morrendo, sendo massacrado por emoções que estão destruindo meu ser.
Mas por quê? Por que não consigo ser feliz como outros? Por que não consigo me sentir... bem? Por quê? Por quê? Esse é o grande questionamento da minha vida: "por quê". Por que esse é o grande questionamento da minha triste vida? Não sei. Tudo em minha existência é uma incógnita.
Por isso sou mal compreendido? Por isso não me sinto bem? Por isso não consigo fazer parte da "roda de amigos"? Por isso sou tachado de esquisito? Por isso pensam que sou... louco?
Louco? Por que louco? Por não conseguir me encaixar? Por isso louco? Já não sei. O que há de mais em não conseguir interagir? Querem que eu não seja eu? Querem que eu me transforme em outro ser? - Não é isso, eles dizem. Se não é isso, o que é então? Eu já não sei.
Não saber sobre si mesmo é incomum. Não sei se incomum é a palavra certa, mas acho que sim. Oras, acha que sim? Por que não tens certeza de nada que diz? É por isso que não te levam a sério. Não me levam a sério não por esse motivo, mas por outro. Qual então? Acham que sou louco. Louco? Sim, louco. O que há demais em ser louco? Ser louco ajuda às vezes. Olha, antes estavas tu triste e agora? Estou melhor. Viu? A loucura ajuda. Talvez eles é que tenham que mudar.



Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Girassol Mortificado


Nos dias radiantes,
o astro rei tu refletias.
Até mesmo nas manhãs mais excruciantes,
de melancolia não padecias.
Brilhavas livremente,
sem que a teu brilho pudessem impedir.
De cor viva eras tu,
tão viva que os fazia sorrir.
Até que então veio a tormenta,
e de cor escura
o teu céu cobriu.
Logo, começaste a ficar gélido, pálido;
e então... finalmente...
tornaras-te mortificado.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)


Tormenta de sentimentos


Viver... viver... viver
Não consigo mais,
viver essa vida incompreensível.
Viver nesse mundo sofrível.
Sei que estou a falar atrocidades.
Sei que estás a pensar:
"como pode ele reclamar de algo tão extraordinário? Como pode ele reclamar da vida?
Dá cabo dela então".
Não posso.
Tenho que achar uma solução.
Preciso encontrar uma saída.
Mas não a vejo.
Não sei onde a encontro.
Não sei se a mereço.
Já não sei de mais nada...


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Em chamas (Destruição)


Tal como o fogo,
que consome rapidamente a palha seca...
minha raiva,
consome rapidamente meu ser.
Raiva que queima,
que dói,
que destrói...
que faz chorar.
Raiva que amarga, e depois se faz doce.
Doce como uma abelha que morre ao picar,
pois essa sabe que, mesmo com o amargo da morte,
estará cumprindo uma nobre missão. (Vingança!)
Raiva...
Raiva de ser enganado.
De ter meus sentimentos destruídos.
Raiva...
que veio substituir todas minhas emoções,
por alguém destruídas.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Vivendo o tormento


Sorrisos, felicidades e pessoas.
No ambiente que me cerca,
não vejo saída.
Tudo que vejo são sorrisos, felicidades e pessoas.
Por quê? Por quê?
Por quê? Eu me pergunto.
Me pergunto o motivo dessa alegria,
que em mim já não vive mais.
O que vive em mim é a tristeza,
que me assola, que me massacra por dentro.
Me destrói por inteiro,
e me entrega ao vento.
Vou assim vivendo.
Levado pelo vento.
Junto com meu sofrimento.
Vivo assim meu tormento... vivo assim minha vida.



Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Relato do desespero


Chorar. Sinto vontade de chorar. Por quê? É simples. A resposta sou eu. Fico triste por não me encaixar no mundo. Por não fazer parte. Não consigo sair. Não consigo me relacionar. Motivo de tudo isso? Estou preso. Prenso numa cela interna. Cela essa localizada em minha mente. Mas nem sempre estive nela. Me colocaram lá. Isso. Me colocaram lá. E agora cá estou. Vivendo uma vida sem sentido. Sem alegria. São raros os momentos em que sinto que estou alegre. Quero sair. Quero ver o mundo. Mas não consigo. Pois estou preso. E essa é uma das piores prisões que tu podes imaginar, caro leitor. Essa é a prisão do ser. Exatamente. Meu ser está aprisionado. Não posso libertá-lo. Não posso interagir com pessoas. Não posso sair. Tudo motivado pelo aprisionamento de meu ser. Por quê? Me pergunto todos os dias. Por que aprisionaram meu ser. É doloroso. Muito doloroso não poder ser livre. Liberdade para mim é uma utopia. Utopia essa muito distante de onde me encontro. Ah, caro leitor, se tu sentisses o que estou a sentir. Não! Não desejes sentir isso. É doloroso, massacrante, angustiante. Por fim irei terminar esse relato. O termino dizendo: - Me ajude. Tire-me daqui. SOCORRO!


Autor: RSS (Um poeta qualquer)

Sentimentos Conflituantes


Não sei o que sinto... na verdade, não entendo o que se passa dentro de mim. Sinto como se a solidão e a alegria, calma, estivessem no meu interior. Porém elas não são mutualmente excludentes, pelo contrário, elas se completam e formam esse sentimento. Não sei como descrever. É como se você estivesse num daqueles dias em que só quer chorar, mas não consegue, e ao mesmo tempo fica na expectativa de que algo de bom aconteça ou está esperando alguma coisa, alguma pessoa, ou ainda, sabe que irá ganhar um objeto novo, um celular, por exemplo. Então, é como se essas sensações (euforia e melancolia) estivessem em você. É meio estranho, eu sei... mas o que é a vida, a não ser uma sucessão de fatos aos quais você dá sentido. A vida é estranha.


Autor: RSS (Um poeta qualquer)