Escuto o sentir das palavras e então esculpo-as nos meus silêncios, dando-lhes vida forma e cor. Desejo-as, acalento-as, acolho-as,embelezo-as sempre com muito, muito amor…
No divã dos silêncios jaz o tempo sacrificado Cada palavra expiada abdica de uma rima aldrabada A meus pés fenece uma endémica hora quase descartada
Os silêncios mais ocultos descodificam ecos tão alucinados Ostentam a fragilidade dos lamentos sempre enxovalhados Nutrem lágrimas que se esboroam no ventre dos desejos coagulados
Desprotegida a escuridão aconchega-se a um gemido imenso e enferrujado Todas as misteriosas trevas sucumbem num apocalíptico silêncio teleguiado Cheia de cãibras à noite distende-se na musculatura de um breu apaziguado