Escuto o sentir das palavras e então esculpo-as nos meus silêncios, dando-lhes vida forma e cor. Desejo-as, acalento-as, acolho-as,embelezo-as sempre com muito, muito amor…
Olhei para o poente e vi a noite felina e voraz pousar Entre as plúmeas saliências da escuridão inexorável Vi um eco fenecer perdido entre as entranhas de um breu admirável
Olhei para o poente e senti fugir no horizonte um lamento tão sísmico Sua luz é como um cataclismo de palavras ferozes, ergonómicas e fanáticas Ao relento a maresia dormita embebedada num soporífero silêncio quase atónito
Olhei para o poente e afoguei-me em mil carícias quase, quase incógnitas Ausentei-me na procissão de preces emergentes, tão cientes e mais insólitas Em cada esquina dos céus brota um aguaceiro de luminescências tão indômitas