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a janela pequenina...memórias

a janela pequenina... memórias...

A minha história não faz parte do imaginário, é bem real, escrita com palavras simples, autênticas e animadas, é quase mágica a lembrança do céu azul da minha aldeia, trago o rosto queimado do sol que resplandece nesse céu imenso, meus pés caminham sobre o lodo do açude com cautela, agora vou atravessar a margem do rio para a outra da banda de lá , coberta de relva orvalhada, ali uma romãnzeira com frutos embriagadores e mais ao lado nos canteiros de flores e nos fetos à beirinha d'água voejam insectos coloridos obstinados a prosseguir a sua luta pela sobrevivência, diante dos meus olhos a pureza das coisas desse tempo, como que a convidar-me a sentar de novo ao colo da mãe, mas os anos passaram e só o azul do céu continua lá, é difícil separar o sonho da realidade, pois os meus mortos continuam na minha memória tão amados como então. Às vezes apetece-me ficar só sem pronunciar palavra e penso neles, com os olhos semi-fechados consigo vê-los e a sensação é a de que não estou sozinha...mas hoje a minha tarefa é a de percorrer a aldeia da banda de cá para a banda de além, e encontro tantas referências, na verdade lá continua a casa com a janelinha da cozinha pequena, e a outra do quarto da avó mais à direita, meus olhos ficam ali a repousar neste fio de tempo que não se quebrou, como se a vida dependesse deste sonho. Subo o carreiro com alguma ansiedade, me alivia saber que me aguardam, que não estou esquecida, já os oiço a tagarelar, permito-me seguir em frente antes que o sonho acabe, ou me falte a força nos dedos para escrever... e em palavras cunhadas de amor lhes grito... Óh céus! Estou aqui! Mas faltam-me as forças o sonho finda ... não chego a saborear este momento de felicidade.

natalia nuno
rosafogo
imagem da net