O que faço das palavras senão a
minha arma perpetrando-te
como as ciladas que invento
ao alimentar a inspiração
faminta em cada momento
senão as pontes tangenciais
onde unimos as margens do
silêncio
reencontrando-nos a bordo de cada
palavra navegando de contentamento
deixadas no réveillon dos tempos
sem sequer me consumir no sabor
da tua harmonia trajada
no colorido dos ventos
deixando todas as vogais atónitas
espraiar-se na sonoridade intercalada
nos desejos e nas preces
despressurizando-me tão caladas
morrendo grávida e faminta
por uma rima que tarda
e depressa se requinta
regurgitando sonoridades
quase perfeitas
formosas
e toantes
desembocando na grafia
de um verso rimando sem limites
em emoções tão beligerantes
embriagadas na noite
contornem o semblante esquivo
e expectante do teu ser
Pincelem o tamanho das lágrimas
que espiam o eco pitoresco de uma
eleita ode se refinando na ermida
dos silêncios tão quânticos
e inebriantes
Frederico de Castro