Ilusionista dos sonhos
emerjo profundo na senda
de cada devaneio
escavando no meu ser
o clarão de felicidade que toda
a alma enxerga
quando desesperadamente
por ti tanto anseio
deixo o luto dos meus
silêncios apaziguar-me
em teus galanteios
onde mendigo um pequeno
farrapo de alegria quando
nocturno te pastoreio
despojo neste tempo
um caudal de palavras
escritas em todas as horas
onde me esgueiro
acelarando toda esta excitação
trajada num verso que tateio
num ameno silêncio
algemado às miragens
desta vida onde habito
quase excêntrico
ilumino os vitrais desta existência
dissimulando as sombras
recolhidas nesta transparência
espiritual
onde creio
me intruso em cada capítulo
colado à derme do tempo
que foge de permeio
toda a noite sedada
convertendo a luz dos pirilampos
numa marcha de incandescências
desfraldando o espectro
descalço deste destino
em cânticos de vigília
inspirando os versos
onde por fim me aconchego
e te escrutino
nos braços impetuosos de uma brisa
emolduro o relicário do tempo
onde incudo minhas dores
dormindo casualmente no regaço
do silêncio me consumindo inexoravelmente
Frederico de Castro