Está tudo fora.
Eu envidraçada.
Não há aves no céu.
Estão presas do outro lado
da janela.
Roubei-lhes a melodia
e aprisionei-as
nos ouvidos.
Embalei-me nas notas
e compassos.
Esqueci a fome.
Fiz ponto de embraiagem.
Fugi de mim.
Não é possível suportar
a minha alma gémea.
Procurei o ponto de incisão.
Cheguei ao ponto de saturação.
Cortei os veios.
Nada fiz para reter o interior.
É o que conta.
Lubrifiquei o caminho.
O destino é o lugar
onde o medo não cabe.
(Re)nasci no desejo
das horas mortas.
Agora,
guarda para ti o que viste
aqui.
É uma loucura.
São memórias arriscadas.
Por isso,
segura-te
contra todos os riscos.