Ouço ao longe os gritos da lua pendurada
Na fasquia da noite sublevada descalçando
Paulatinamente um gomo de luz sereno e louvado
Erigi no silêncio uma esperança fecunda
Devoradora de cada hora fiel e rotunda
Desaguando qual furtiva lágrima tão moribunda
Um misero e lacerado silêncio ecoa numa brisa
Que chega tão deslumbrada deixando absorta
Aquela caricia inacabável e sempre desassombrada
No recanto dos meus sonhos cinge-se esta solidão
Incólume e bem remendada, timbrando todas as memórias
Obturadas sob uma prece verdadeiramente enamorada
Frederico de Castro