Um poema tem muitas faces,
Espelho de muitos olhos,
Quem sabe um olhar surdo,
Ou talvez um ouvido mudo,
Amigo da boca pensante,
Neste embaralhado tempo,
Onde a liberdade as vezes corrida,
Esquece de ser livre e acenar,
Mesmo sabendo que estão ali.
Um poema é um poema,
O seu criador o sente n'alma,
Sabendo que mesmo em silêncio,
Ou falta de aplausos voa,
Com suas asas invisíveis,
Pousando suavemente onde deva ser,
Num elogio espontâneo,
Longe dos holofotes.
O poema não quer ser escravizado,
De senhores bastam os críticos,
Cheios de si numa sabedoria louca,
Muito distante da verdade do poeta,
Que num cantinho só seu,
Soube revelar o intransponível,
Na eternidade dos seu lábios,
Cantando na mente os versos,
Tão seu, tão nosso e de ninguém.
O poema precisa ser descoberto,
Deixando de si as impressões,
Um carteiro de destino infinito,
Sem pressa de chegar,
Sabendo que alguém estará lá,
Quando for a hora do encontro,
Sem paradigmas angustiantes.