Sair de mim e não dizer nada,
Não significa que não tenho nada a dizer,
Minha voz emudecida grita à tua surdez,
Este sentimento cego de asas tortas,
Que por não entender de liberdade,
Encolheu-se defeituoso sem poder voar,
Olhar de longe o que de perto escondeu-se.
De tanto amar o seu amor estressou-se,
Abandonou-te após tantas palavras vazias,
Tedioso som de sua boca pérfida,
Louvando a falsidade que tua alma aporta,
Lapso corruptível de sua soberba,
Desenhando corações ao vento,
Tal qual suas intenções promíscuas.
Seus lírios murcharam antes de colhê-los,
Tuas mãos deixaram de me oferecer flores,
Pois não as tinham por serem puras,
Tuas gentilezas simplesmente não existiram,
Ao meu contexto sincero de amar-te,
Estive só todo o tempo desta insanidade,
Agora factível pelo despertar do tempo.
Vá embora com esta dor que te cabe,
Deixe-me aqui nesta cela do meu retiro,
O perfume da vida revela-me aos poucos,
Seguirei juntando os fragmentos,
Purificando-me nas lágrimas do arrependimento,
Banhando meu espírito no mar da esperança,
Enquanto sua imagem se desfaz no esquecimento.
Sirlânio Jorge Dias Gomes