As noites desmedidas de novembro abertas sobre a queixa rígida das árvores inauguram o outono sobre a terra Adeus ó meu verão impiedoso ó limpidez da água sobre as pedras ó inúmeros galos da manhã ó tempestade agreste de alegria É o país da música é a fome da noite impossível estar só razoável rapaz meu príncipe da própria juventude Nos cabelos de vento do mar morto do destino fundo antigo de água conchas e areias no centro solitário deste solo ante a solenidade sensual do sono eu olho os paralelipípedos do nada não me detenho nos umbrais das trevas caminho numa mesma direcção Onde o cheiro da esteva sobre a vila o trigo para o campo do olhar as estrelas abertas pelo céu? Ponho os pés sobre as folhas no asfalto espero por dezembro mês para morrer evoco a luz discreta das doenças de outrora Aqui os cisnes são da cor da cinza e o vento devasta o país dos pauis quando perto do chão a última cigarra anuncia a definitiva solidão Que é momentos puros de outra vida da luminosa luz como ferro em fusão do silêncio como a nossa melhor obra? Eu te saúdo outono punitivo sinal desse silêncio que me não permite desistir de cantar enquanto vivo Que o vento a névoa a folha e sobretudo o chão caibam dentro do espaço da minha canção