Já vi matar um homem é terrível a desolação que um corpo deixa sobre a terra uma coisa a menos para adorar quando tudo se apaga as paisagens descobrem-se perdidas irreconciliáveis entendes por isso o meu pânico nessas noites em que volto sem razão nenhuma a correr pelo pontão de madeira onde um homem foi morto arranco como os atletas ao som de um disparo seco mas sou apenas alguém que de noite grita pela casa há quem diga a vida é um pau de fósforo escasso demais para o milagre do fogo hoje estive tão triste que ardi centenas de fósforos pela tarde fora enquanto pensava no homem que vi matar e de quem não soube nunca nada nem o nome