deitado há muito tempo - o cigarro luzindo como um olho de tigre vindo da noite e lá fora ainda se percebe a húmida incandescência das frésias o rumor surdo de vozes pelo jardim onde a florida macieira se recorta no intenso céu de verão.
mais além o rouxinol a madressilva a sebe de pilriteiros a brisa de um mar invisível - aflora-te a boca arde no coração a memória álgida dos limos dos casinos das praias saturadas de sal e de sedução
mas nada é perfeito - nem o magnífico chapéu de mademoiselle de noailles nem os dias que aos ziguezagues vão passando iguais e monótonos falta-me o tempo para procurar o tempo perdido e não estou deitado na recordação da infância confesso que odeio escrever cartas ou enviar recados
ando há uma semana arrumando livros - comovido acabei agora mesmo de sacudir o pequeno novelo de poeira acumulada no interior das páginas do senhor da asma