Narro-me letra por letra para ti e sou a breve palavra que tu deixas como uma esteira branca no céu azul do tempo Subo tijolo a tijolo até ás tuas mãos e sou dos edifícios da cidade um dos que hão-de ruir amanhã Tombaram-nos primeiro os avós e chega já a vez dos nossos pais Quando faltar um choupo no caminho da infância que vai dar ao rio receberemos no rosto a morte com a surpresa do primeiro homem Eu fui um dia um nome escrito numa pedra onde as mulheres da minha aldeia batiam a roupa que nos cobre no tempo E depois já não soube mais nada mas a primavera passou rente a mim: a morte fora continuava