Chovia e vi-te entrar no mar longe de aqui há muito já ó meu amor o teu olhar o meu olhar o teu amor Mais tarde olhei-te e nem te conhecia Agora aqui relembro e pergunto: Qual é a relidade de tudo isto? Afinal onde é que as coisas continuam e como continuam se é que continuam? Apenas deixarei atrás de mim tubos de comprimidos a casa povoada o nome no registo uma menção no livro das primeiras letras? Chovia e vi-te entrar no mar ó meu amor o teu olhar o meu olhar e o teu amor Que importa que algures continues? Tudo morreu : tu esse tempo esse lugar Que posso eu fazer por tudo isso agora? Talvez dizer apenas Chovia e vi-te entrar no mar E aceitar a irremediável morte para tudo e todos
Ruy Belo | "Obra Poética de Ruy Belo" - Vol. 1, págs. 175 e 176 | Editorial Presença Lda., 1984