O teu canto orienta-se entre deuses e monstros,
tenso e lúcido, com a força explosiva
da flecha que penetra no incógnito. É um tumulto,
um fogo comprimido e fulge rigoroso
em palavras nuas que cindem o obscuro.
Procuras o claro dia, a noite intacta
e o espaço em que te abras e a alegria
que não é dos deuses, procuras sob o sono
e sob a pele da noite, o obscuro fogo
ou talvez um rumor subterrâneo e lúcido.
Escreves sobre a pedra, incides na espessura
da pedra. Aderes ao objecto com um toque
subtil e grave, e um núcleo arde
para além de tudo o que detectam nossos dedos,
um sopro, uma chama, um rosto, um amoroso sono.