Subamos! Subamos acima Subamos além, subamos Acima do além, subamos! Com a posse física dos braços Inelutavelmente galgaremos O grande mar de estrelas Através de milênios de luz.
Subamos! Como dois atletas O rosto petrificado No pálido sorriso do esforço Subamos acima Com a posse física dos braços E os músculos desmesurados Na calma convulsa da ascensão.
Oh, acima Mais longe que tudo Além, mais longe que acima do além! Como dois acrobatas Subamos, lentíssimos Lá onde o infinito De tão infinito Nem mais nome tem Subamos!
Tensos Pela corda luminosa Que pende invisível E cujos nós são astros Queimando nas mãos Subamos à tona Do grande mar de estrelas Onde dorme a noite Subamos!
Tu e eu, herméticos As nádegas duras A carótida nodosa Na fibra do pescoço Os pés agudos em ponta.
Como no espasmo.
E quando Lá, acima Além, mais longe que acima do além Adiante do véu de Betelgeuse Depois do país de Altair Sobre o cérebro de Deus
Num último impulso Libertados do espírito Despojados da carne Nós nos possuiremos.
E morreremos Morreremos alto, imensamente Imensamente alto. Paisagem Subi a alta colina Para encontrar a tarde Entre os rios cativos A sombra sepultava o silêncio.
Assim entrei no pensamento Da morte minha amiga Ao pé da grande montanha Do outro lado do poente.
Como tudo nesse momento Me pareceu plácido e sem memória Foi quando de repente uma menina De vermelho surgiu no vale correndo, correndo…