A tarde morre bem tarde No morro do Cavalão... Tem um poder de sossego. Dentro do meu coração Quanto sangue derramado!
Balança, rede, balança...
Susana deixou minha alma Numa grande confusão Seu berço ficou vazio No morro do Cavalão: Pequena estrela da tarde.
Ah, gosto da minha vida Sangue da minha paixão!
Levou o anjo o outro anjo Da saudade de seu pai Susana foi de avião Com quinze dias de idade Batendo todos os recordes!
Que tarde que a tarde cai!
Poeta, diz teu anseio Que o santo te satisfaz: Queria fazer mais um filho Queria tanto ser pai!
V oam cardumes de aves No cristal rosa do ar. V ontade de ser levado Pelas correntes do mar Para um grande mar de sangue!
E a vida passa depressa No morro do Cavalão Entre tantas flores, tantas Flores tontas, parasitas Parasitas da nação.
Quanta garrafa vazia Quanto limão pelo chão!
Menina, me diz um verso Bem cheio de ingratidão? - Era uma vez um poeta No morro do Cavalão Tantas fez que a dor-de-corno Bateu com ele no chão Arrastou ele nas pedras Espremeu seu coração Que pensa usted que saiu? Saiu cachaça e limão.
Susana nasceu morena E é Mello Moraes também: É minha filha pequena Tão boa de querer bem!
Oh, Saco de São Francisco Que eu avisto a cavaleiro Do morro do Cavalão! (O Saco de São Francisco Xavier não chama não Há de ser sempre de Assis: São Francisco Xavier É nome de uma estação) Onde está minha alegria Meus amores onde estão?
A casa das mil janelas É a casa do meu irmão Lá dentro me esperam elas Que dormem cedo com medo Da trinca do Cavalão.