Massas geométricas Em pautas de música Plástica e silêncio
Do espaço criado.
Concha e cavalo-marinho.
O mar vos deu em corola O céu vos imantou
Mas a luz refez o equilíbrio.
Concha e cavalo-marinho.
Vênus anadiômena Multípede e alada Os seios azuis Dando leite à tarde Viu-vos Eupalinos No espelho convexo Da gota que o orvalho Escorreu da noite Nos lábios da aurora.
Concha e cavalo-marinho.
Pálpebras cerradas Ao poder violeta Sombras projetadas Em mansuetude Sublime colóquio Da forma com a eternidade.
Concha e cavalo-marinho.
II
Na verde espessura Do fundo do mar Nasce a arquitetura.
Da cal das conchas Do sumo das algas Da vida dos polvos Sobre tentáculos Do amor dos pólipos Que estratifica abóbadas Da ávida mucosa Das rubras anêmonas Que argamassa peixes Da salgada célula De estranha substância Que dá peso ao mar.
Concha e cavalo-marinho.
Concha e cavalo-marinho: Os ágeis sinuosos Que o raio de luz Cortando transforma Em claves de sol E o amor do infinito Retifica em hastes Antenas paralelas Propícias à eterna Incursão da música.
Concha e cavalo-marinho.
III
Azul... Azul...
Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco Azul e Branco