Gostei desde antes de nascer de escutar os sinos,
tocar o orvalho no bronze dos campanários,
e depois crescendo selvagem entre paliçadas com barbas de musgo
afundei meus sapatos em barro e barbeito atravessando a chuva
voou a pomba-torcaz que como um braseiro de penas
ardia em sua furta-cor linhagem de colo e de cauda
e assim me criei solitário cantando para quem? Para ninguém:
talvez para aquelas regiões de troncos apodrecidos e lianas,
talvez para a úmida terra que afundava meus pés em um tenro sarcófago de folhas caídas,
mas eu não cresci para ouvidos humanos e quando caiu uma medalha
em meu peito, outorgada por merecimentos de canto,
olhei ao redor, com os olhos busquei para quem era o Prêmio
e baixei a cabeça, confuso, porque descobri que era meu
e que minha alma de alguma maneira se encontrou com os povos calados
e cantou publicando a pena ou a flor da gente que não conhecia.