Vivi em um beco onde chegavam para mijar todo gato e todo cão de Santiago do Chile. Era em 1925. Eu me encerrava com a poesia transportado ao Jardim de Albert Samain, ao suntuoso Henri de Regnier, ao leque azul de Mallarmé.
Nada melhor contra a urina de milhares de cães suburbanos que um cristal refinado com pureza essencial, com luz e céu, a janela da França, parques frios por onde as estátuas impecáveis — era em 1925 — trocavam-se camisas de mármore, com pátinas, suavíssimas ao tato de numerosos elegantes séculos.
Naquele beco eu fui feliz.
Mais tarde, anos depois, cheguei como Embaixador aos Jardins.