Mário Quintana

Mário Quintana
Mário de Miranda Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.
Nasceu a 30 Julho 1906 (Alegrete, Rio Grande do Sul, Brasil)
Morreu em 05 Maio 1994 (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil)
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A Rua dos Cataventos

Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!