Guerra Junqueiro

Guerra Junqueiro

Abílio Manuel Guerra Junqueiro foi bacharel formado em direito pela Universidade de Coimbra, alto funcionário administrativo, político, deputado, jornalista, escritor e poeta.

1850-09-17 Freixo de Espada à Cinta
1923-07-07 Lisboa
23254
0
17


Alguns Poemas

A Torre de Babel oua porra do Soriano

Eu canto do Soriano o singular mangalho!
Empresa colossal! Ciclópico trabalho!
Para o cantar inteiro e para o cantar bem
precisava viver como Matusalém.
Dez séculos!

Enfim, nesta pobreza métrica
cantemos essa porra, porra quilométrica,
donde pendem colhões que idéia vaga
das nádegas brutais do Arcebispo de Braga.

Sim, cantemos a porra, o caralho iracundo
que, antes de nervo cru, já foi eixo do Mundo!
Mastro de Leviathan! Iminência revel!
Estando murcho foi a Torre de Babel
Caralho singular! É contemplá-lo
É vê-lo teso!
Atravessaria o quê?
O sete estrelo!!

Em Tebas, em Paris, em Lagos, em Gomorra
juro que ninguém viu tão formidável porra
É uma porra, arquiporra!
É um caralhão atroz
que se lhe podem dar trinta ou quarenta nós
e, ainda assim, fica o caralho preciso
para foder a Terra, Eva no Paraíso!!

É uma porra infinita, é um caralho insone
que nas roscas outrora estrangulou Laoccoonte.

Oh, caralho imortal! Oh glória destes lusos!
Tu podias suprir todos os parafusos
que espremem com vigor os cachos do Alto Douro!
Onde é que há um abismo, onde há um sorvedouro
que assim possa conter esta porra do diabo??!
O Marquês de Valadas em vão mostra o rabo,
em vão mostra o fundo o pavoroso Oceano!
– Nada, nada contém a porra do Soriano!!

Quando morrer, Senhor, que extraordinária cova,
que bainha, meu Deus, para esta porra nova,
esta porra infeliz, esta porra precita,
judia errante atrás duma crica infinita??

– Uma fenda do globo, um sorvedouro ignoto
que lhe dá de abrir talvez um dia um terramoto
para que deságüe, esta porra medonha,
em grossos borbotões de clerical langolha!!!

A porra do Soriano, é um infinito assunto!
Se ela está em Lisboa ou em Coimbra, pergunto?
Onde é que ela começa?
Onde é que ela termina
essa porra, que estando em Braga, está na China,
porra que corre mais que o próprio pensamento
que porra de pardal e porra de jumento??
Porra!

Mil vezes porra!
Porra de bruto
que é capaz de foder o Cosmo num minuto!!

Poeta português, nascido em Freixo de Espada à Cinta. Frequentou a Faculdade de Teologia (1866-1868), que abandonou para se formar em Direito (1868-1873). Na Faculdade de Direito encontrou João Penha, tendo colaborado no periódico por aquele editado, A Folha. Em 1875 dirigiu, com Guilherme de Azevedo, a revista Lanterna Mágica (onde surgiu a célebre caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, o «Zé Povinho»). Em 1876 foi nomeado secretário-geral dos governos-civis de Angra do Heroísmo e, depois, de Viana do Castelo. Em 1879 filiou-se no Partido Progressista, monárquico, que estava na oposição, sendo eleito deputado por Macedo de Cavaleiros. No mesmo ano foi proibida a representação de uma peça de sua autoria, escrita em parceria com Guilherme de Azevedo, Viagem à Roda da Parvónia. Em 1880 foi eleito deputado pelo círculo de Quelimane (Moçambique). Em 1888 constitui-se o grupo dos Vencidos da Vida, de que Junqueiro fez parte. Dois anos depois aderiu ao Partido Republicano e ao movimento de protesto contra a monarquia, desencadeado pelo Ultimato inglês. Em 1907 foi julgado e condenado por causa de um artigo contra o rei D. Carlos. Implantada a República, ocupou, entre 1911 e 1914, o cargo de ministro plenipotenciário de Portugal na Suíça. Como escritor, estreou-se em 1864, com Duas Páginas dos Catorze Anos, série de poemas ainda influenciados pelo ultra-romantismo. Ligado depois ao grupo dos Vencidos da Vida, veio a ser o mais popular poeta panfletário da sua época. Serviu-se dos seus dotes oratórios para, em textos de sátira violenta, quer ao clero (A Velhice do Padre Eterno, 1885), quer à dinastia de Bragança (Finis Patriae, 1891 e Pátria, 1896), procurar a adesão popular aos ideais revolucionários. Tornara-se conhecido já em 1874, com A Morte de D. João, sátira ao dom-joanismo nas suas consequências sociais. Esta obra contém já elementos que seriam particularmente desenvolvidos numa fase posterior, e que revelam a dualidade da sua obra. São eles a poesia de intervenção, em que é constante a presença de um certo visionarismo profético, face à decadência nacional, que veio a influenciar grandemente o movimento designado por Renascença Portuguesa, e a interioridade e temas místicos, procurando Junqueiro, como poeta-filósofo, e de acordo com as tendências da época, conciliar a fé e a razão humanas, num cristianismo pessoal e panteísta. Os Simples (1892), obra de apologia dos humildes e a sua publicação mais célebre, é exemplo desta fase, já influenciada pelo simbolismo. Em A Musa em Férias (1880) e Os Simples (1892), Junqueiro procura reencontrar o «paraíso perdido», representado pela evocação nostálgica da infância e da natureza, que dá ao poeta força física e moral. Guerra Junqueiro publicou ainda, ao longo da sua vida, Oração ao Pão (1902), Oração à Luz (1904) e Poesias Dispersas (1920), para além das obras já referidas. Após a sua morte, surgiu Horas de Combate (1924), que reúne os seus discursos políticos. Tido em vida como um dos maiores poetas portugueses de sempre, a sua obra foi posteriormente objecto de controvérsia. Se uns continuaram a louvá-lo, outros acusaram-no de um certo primarismo de pensamento, reconhecendo, embora, valor na sua capacidade de sugestão metafórica e na sua técnica artística.
-
A Alma e a Gente - I #43 - Guerra e Paz de Guerra Junqueiro (Porto) - 13 Dez 2003
Regresso Ao Lar | Poema de Guerra Junqueiro com narração de Mundo Dos Poemas
Canção De Batalha | Poema de Guerra Junqueiro com narração de Mundo Dos Poemas
Morena | Poema de Guerra Junqueiro com narração de Mundo Dos Poemas
Guerra Junqueiro | Biografia
Casa Museu Guerra Junqueiro
Pedro Abrunhosa declama 'Canção de Batalha' (Guerra Junqueiro)
A Minha Filha (vendo-a dormir) | Poema de Guerra Junqueiro com narração de Mundo Dos Poemas
Revisitar/Descobrir Guerra Junqueiro: Videoclip Regresso ao Lar
Grupo Folclórico Guerra Junqueiro - Festival de Folclore 2023
GUERRA JUNQUEIRO POEMA TROCADILHO
Carta A F. | Poema de Guerra Junqueiro com narração de Mundo Dos Poemas
funeral guerra junqueiro 1923
Série Poesia Espírita - "Eterna Vítima" Guerra Junqueiro
Requalificação dos espaços da Casa-Museu Guerra Junqueiro
Luís de Freitas Branco - "After a reading of Guerra Junqueiro" disco "Orchestral Works 2" (2009)
Funeraes do Grande Poeta Guerra Junqueiro
"Nome de Guerra - A Viagem de Junqueiro" (Trailer do documentário)
Regresso ao Lar - Guerra Junqueiro
Guerra Junqueiro: Entrevista a Henrique Manuel Pereira
Obras de Guerra Junqueiro
Luis de Freitas Branco - Depois de Uma Leitura de Guerra Junqueiro
O Melro, de Guerra Junqueiro Fidelcino
Memorial a Guerra Junqueiro
Oração à Luz: 1. Claro mistério | Alfredo Teixeira, Guerra Junqueiro
MORENA @ Katia Guerreiro e Rodrigo Costa Félix
A LÁGRIMA - poema de GUERRA JUNQUEIRO na voz de JOAQUIM SUSTELO
EE. Guerra Junqueiro
50 anos Guerra Junqueiro - parte IV.mov
Ler Mais, Ler Melhor - Casa-Museu Guerra Junqueiro
Finis Patriae - Guerra Junqueiro
Centenário da morte de Guerra Junqueiro
GUERRA JUNQUEIRO: "SINDICATO GAMA - POLÍTICA E TRABALHO" (2023)
A Moleirinha (Guerra Junqueiro)
Guerra Junqueiro - Judas Iscariotes
Dedalmania Guerra Junqueiro
José Carlos Ary Dos Santos (poema e voz) - "Retrato De Guerra Junqueiro" do disco "Ary 80" (1980)
50 anos Guerra Junqueiro - parte II.mov
Apartamento T4 | Guerra Junqueiro
Radio Alvalade ao vivo!!! Av. Guerra Junqueiro dia 15 de Fevereiro!!!
Batoquinho Guerra Junqueiro
8 bedroom apartment in Guerra Junqueiro 16, Lisbon!
Vila Real
Guerra Junqueiro - Adoração
guerra junqueiro.mov
Revisitar/ Descobrir Guerra Junqueiro à Loopa
Histórias à Volta da Candeia. O pai em Guerra Junqueiro
Perim Pim Pim Guerra Junqueiro
PATRIA GUERRA JUNQUEIRO
Inauguração das Peças Gigantes Bordallo Pinheiro - Av. Guerra Junqueiro

Quem Gosta

Seguidores