Mário Faustino

Mário Faustino

Mário Faustino dos Santos e Silva foi um jornalista, tradutor, crítico literário e poeta brasileiro. Morreu com apenas 32 anos de idade num desastre aéreo no Peru.

1930-10-22 Teresina PI
1962-11-27 Lima
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Alguns Poemas

Cino

Campagna italiana 1309, em plena estrada


Arre! já celebrei mulheres em três cidades,
Mas é tudo a mesma coisa;
E cantarei do sol.

Lábios, palavras, e lhes armamos armadilhas,
Sonhos, palavras, e são como jóias,
Estranhos bruxedos de velha divindade,
Corvos, noites, carícia:
E eis que não o são;
Já se tornaram almas de canção.
Olhos, sonhos, lábios, e a noite vai-se.
Em plena estrada, uma vez mais,
Elas não são.
Esquecidas, em suas torres, de nossa toada,
Uma vez por causa do vento, da revoada
Sonham rumo de nós e
Suspirando dizem, "Ah, se Cino,
Apaixonado Cino, o de olhos enrugados,
Alegre Cino, de riso rápido.
Cino ousado, Cino zombeteiro,
Frágil Cino, o mais forte de seu clã bandoleiro
Que bate as velhas vias sob o sol,
Se Cino do alaúde aqui voltasse!"

Uma vez, duas vezes, um ano —
E vagamente assim se exprimem:
"Cino?" "Oh, eh, Cino Polnesi
O cantor, não é dele que se trata?"
"Ah, sim, passou uma vez por aqui,
Sujeito atrevido, mas...
"São todos a mesma coisa, esses vagabundos
Peste! As canções eram dele?
Ou cantava as dos outros?
Mas e o senhor, Meu Senhor, como vai sua cidade?"

Mas e o senhor, "Meu Senhor", bá! por piedade!
E todos os que eu conhecia estavam fora, Meu Senhor, e tu
Eras Cino SemTerra, tal como eu sou,
O Sinistro.
Já celebrei mulheres em três cidades.
Mas é tudo a mesma coisa.
E cantarei o sol.
... eh?... a maioria delas tinha olhos cinzentos,
Mas é tudo a mesma coisa, e cantarei o sol.

'Pollo Phoibeu, panela velha, tu,
Glória da égide do Zeus do dia,
Escudo d'azul aço, o céu lá em cima
Tem por chefe tua rútila alegria!

'Pollo Phoibeu, ao longo do caminho,
Faze de teu riso nossa chanson;
Que teu fulgor ofusque nossa dor,
E que o choro da chuva tombe sem nós!

Buscando sempre o rastro recente
Rumo aos jardins do sol...
...................................
Já celebrei mulheres em três cidades
Mas é tudo a mesma coisa.

E cantarei das aves alvas
Nas águas azuis do céu,
As nuvens, o borrifo de seu mar.

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Poema integrante da série Fontes e Correntes da Poesia Contemporânea: 13. Ezra Pound.

In: FAUSTINO, Mário. Poesia-experiência. Introd. Benedito Nunes. São Paulo: Perspectiva, 1977. (Debates, 136).

NOTA: Tradução de poema de Ezra Poun
Mário Faustino (Teresina PI, 1930 - Cidade de Dios Peru, 1962) estudou Direito em Belém PA, entre 1949 e 1951, mas não chegou a concluir o curso. Na época, já trabalhava como redator dos jornais A Província do Pará e Folha da Noite. Em 1955 ocorreu, no Rio de Janeiro RJ, a publicação de O Homem e Sua Hora, seu único livro de poesia. No período de 1956 a 1958 criou e dirigiu a página "Poesia-Experiência" no Suplemento Literário do Jornal do Brasil, no Rio de Janeiro, época em que também lecionou na Escola de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas. Por volta de 1953 foi chefe da Seção de Divulgação da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia. Em 1960, exerceu o cargo de diretor adjunto do Centro de Informação Pública da ONU. Em 1966 foi publicada a edição póstuma de Poesia de Mário Faustino, organizada por Benedito Nunes; entre 1977 e 1985 saíram Poesia-Experiência e Poesia Completa/Poesia Traduzida, também organizados por Nunes. Mário Faustino foi um dos grandes jornalistas literários de seu tempo. Sobre sua poesia, vinculada à terceira geração do Modernismo, afirmou Haroldo de Campos: "como poeta, aberto ao novo, dotado de um manuseio dúctil e sutil das técnicas do poema em verso, capaz do fragmento e da ruptura, mostrou-se sempre generosamente sensível aos experimentos mais radicais da poesia concreta, embora, na sua produção pessoal, conservasse ainda certos elos com a tradição discursiva.".
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