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Poemas
Gabriel Andrade
a poesia morreu, espero que entenda
1999-04-21 Irati,PR
9879
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14
Alguns Poemas
16
Olha o de longe parece ser diferente
de perto ainda continua o mesmo
por dentro dessa carcaça
de 206 ossos
e 32 dentes
ainda continua o mesmo
você dirige seu carro
faz sua barba
e continua o mesmo ingênuo
que acredita que as pessoas são boas
que o perdão é uma coisa sagrada
o mesmo menino que quer ser livre pelo mundo
no final do mês ganha seu salário
descontam da aposentadoria
e continua o mesmo
no fundo ainda acha fascinante o comunismo
como da primeira vez que ouviu falar na aula de história
ainda se encanta com a mitologia grega e seus metáforas
que vai casar e ter dois filhos
uma menina e um menino
e vai criar eles livre de todo esse preconceito
você ainda continua o mesmo de quando tinha 16.
Atemporal
das vezes que ficamos deitados na cama
esperando o sol entrar na janela
dia de domingo preguiçoso
ignorando que daqui a pouco você já vai
arrumando qualquer desculpa
para ficar mais um pouco
das coisas que ficam subentendidas
atemporal, estou escrevendo mais uma
você mal partiu e já estou com saudades
Já não me canso de ser péssimo
Sinto que sou o único vil entre mil
todos tem progedido
eu regresso, PROTESTO!
Já não me canso de ser ridículo
Já não me canso de ser infame
Meu coração é um bar e estamos fechados
Meu coração é um bar fechado
só abre a noite
quando eu durmo
tem muita bebida
mas não tem pessoas
tem vidros escuros
ninguém vê quem está dentro
tem vezes que eu entro
para organizar a bagunça
virar a placa:
ESTAMOS FECHADOS
Passeio com palavras
A NOITE
PASSEIO COM AS
PALAVRAS
POR AI
no espelho de tarkovsky
eu ainda me lembro?
memória amórfica
abstraio imagens
eu tenho medo de esquecer seu rosto
eu ainda me lembro?
minha duplicidade nostalgica
não-linearidade da vida
dissipando o eu-passado
será que ainda me lembro?
Casa de espelhos (contranarciso)
Contranarciso
Eu
Espelho-me
Em uma pessoa
Ela nem sabe
O outro, também
E assim nós somos
Em cada eu
Existe nós
Nós existimos
Haiku
Tenha a vida
Que cabe em haikai
Amar, sonhar e chorar
Matador de poetas (anti-crítico)
indo
na contramão
desses
poetas podres
desprezo
todas as palavras
da lingua portuguesa
vão engolir
a seco
goela a baixo
engasgar-se
vomitar no papel
o anti-crítico
matador de poetas
foda-se os clássicos
eles estão mortos
e eu estou com raiva
e nada restou
só a ideia existe
e nada mais
só a tormenta existe
e nada mais
só a palavra existe
e nada mais
só o déspota gorverna
e nada mais
só o ódio compele
e nada mais
só a moldura existe
e nada mais
só o pensamento governa
e nada mais
nada existe:
herdeiro/prisioneiro de uma contradição ignóbil
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ROGERIO MARQUES SEQUEIRA COSTA
Bons poemas, poeta. Já estive em Irati e faremos um congresso literário aí em novembro
21/fevereiro/2023
remendos_
te seguindo no instagram =)
01/dezembro/2020
remendos_
bacana que já tens livro publicado!
01/dezembro/2020
eli_68
Fica firme poeta. Tem gente precisando de você
25/novembro/2020
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