Quarta-feira de cinza!
Sopra a brisa fria no ardoroso sorriso,
Usurpando da face a alegria - patente.
O dia cinza é a lente das vistas,
No suspirar da felicidade eloqüente.
Corre tempo! Vire a página.
Que o ano vindouro escreva novas falas.
Perdurando um enredo de cores
Extirpando perpetuamente as lágrimas.
Ah, alma cabrocha!
Perdoe a soturna cor da fantasia,
Os pés perderam o ritmo do samba,
O coração já não bate no compasso da bateria.
Que caiam do céu confete, serpentina...
Chuva de ilusão em minha avenida
O sonho acabou, tornaram-se cinzas.
Oh, poesia!
Restou-me a ressaca da alegria,
Enxugue o pranto desta colombina,
Na derradeira despedida.
Em meu peito o carnaval não termina.
Márcia Costa