Sobre casas, plátanos e o amor

Meu amor é casa inteira
Aberta
Tudo mora ali
Cada canto
Cantado
Esconde um instrumento afinado para cada ato
Guardo tudo ali
Aconchego e uns recortes
Para não esquecer quem sou
Para não esquecer do sol
Meu amor é casa
Forte
Reparte-se em cômodos
Para abrigar os hóspedes
Tenho endereço certo
Para postar minhas dores
Meus rancores
Meus humores
Meu amor é jardim
Da nostalgia dos plátanos de outono
Da inocência de gerânios que se revelam lindos enquanto caem derramados nas soleiras das janelas
E macio feito grama que nasce sem convite
E perigoso feito um abismo que anuncia o silêncio.
Meu amor é a morada de resquícios
dos versos que não fiz.
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