Fluxo
beijo-te os pés amo-te
enquanto os infelizes anjos gritam
recordo-me da dor e questiono-a
junto aos emaranhados e desconhecidos
fios do amanhã
não amo meus inimigos
com a falsa espera de que há
a punição metafísica
mentira sacralizada
de baixo do cinzento céu
da insatisfação humana
que grita em nossos corações
sempre a espera da
infíma felicidade
e nunca questionamos aquilo
que nos faz feliz
a dialética consigo mesmo
amedronta
os vivos embalsamados pela sórdida existência
os mortos que estão vivos
despedaçam-se e preenchem-se
com o que podem
enquanto abaixam a cabeça
e o rio corre em seu fluxo
do qual nunca teremos certeza
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