Tomas Tranströmer

Tomas Tranströmer

1932-04-15 Stockholm
2015-03-26 Stockholm
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Allegro

Toco Haydn depois de um dia negro
e sinto um calor simples nas mãos.
O teclado está ansioso. Os martelos soam temperados.
O som é verde, vivíssimo, tranquilo.

O som diz que a liberdade existe,
que alguém não paga o imposto de César.

Meto as mãos nos meus bolsos de Haydn
e finjo deitar um olhar frio ao mundo.

Faço içar a bandeira de Haydn – ela indica:
“Não nos renderemos. Mas queremos paz.”

A música é uma casa de vidro na encosta
onde voam pedras, se quebram pedras.

E as pedras quebram-se pelos vidros adentro
mas a casa continua de pé, inteira.
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