Daniel Jonas

Daniel Jonas

1973-04-13 Porto
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O cansaço do canto

As gentes no mercado os locais na praça
os irmãos de guerra pedem-me poesia dizem
se és poeta deves ter em ti poesia.
Mas isso é tão ilógico quanto dizer de alguém
que se é médico deve ter em si humanidade
ou se bate-chapas amor pela folha-de-flandres.
Perdoai, amigos, não sou nenhum animador de rua
nenhum entretém de ocasião nenhum rigoletto –
ponderai se o vosso negócio não será antes rosas
e eu providenciarei os espinhos.

Conjurais-me por beleza. Pois passai ao largo.
Que ideia tão disparatada
que um poeta cante a paixão e por pintassilgue
levando ao chilique peitos arfantes
por cardaços torturados. Estais enganados.
A lua ela mesma pode inspirar
tanto o romântico como o assassino (esse romântico)
e uma florista merca tanto o decesso como o enlace.
Oh pelos cardos me comovo – evitai-me! – e pintassilgo sim
eu canto o cansaço do canto.
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