PARTO
O poema quer nascer.
Num momento impreciso gerado
(Pelo Bem pelo Mal?)
No tumulto do dia gestado
Quer nascer prematuro(sempre)
Agonia e prazer parto-aborto
Paradoxal
O poeta
Mãe e pai da criatura incerta
Ensimesmado hermético
Se segura
Por masoquismo poético
Ou medo do Ser mutante
Que pode parir,não reger
Vindo do Céu,do Inferno
Não há prever
Só sabe que dentro de si o poema dói,
O poema quer nascer
irrefreável,em minutos
Ou demorado à beça
Enquanto o poeta flutua entretanto tropeça no cascalho bruto da rua.