irla

• Se um dia por casualidade alguém tiver adisposição de me destrinchar, tenho certeza de que me viro, me refaço, evoluo,e me torno mulher. Todavia, esses seres são vagarosos, ociosos, então, a minha única versão disponível –e quase obsoleta- é a de desastrada, insegura e tímida.

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O 1 do 31

E o 7 do 7

A essência se cristalizou:

Solidão

Desejos reprimidos

O cabelo preto

O medo

E a aceitação

- Eu me encontrei

Dentro da ilha

A corrida em círculos

O fascínio do drama, costas e pés exauridos

Pra onde correr?

A quem socorrer?

E do que corro?

E se eu morro?

SOCORRO!

Pensar

Pensar

Me lembro que existo quando penso

De imediato recorro à famosa citação do Descartes

Agora ela faz sentido

A morte desliga o pensamento?

Ou a morte inicia a eternidade de pensar?

Sei lá, discuto outrora

Porque agora - eu penso

Odeio esses vestígios de vida humana

Que rondam por fora e por dentro

dessa casa sem muros

Sem paredes divisórias, sem direto a escolher

Que direção tomar

A casa é linear

um corredor

Não há escolhas

As falas aborrecentes

Ruídos azucrinantes

Os passos arrastados

As queixas

E até os latidos

Aqui dentro tudo se ouve,

Tudo se atura.

Aspirando toda fumaça do cigarro da minha vó,

eu me avalio nesse mundo torto

nessa casa grande e mal dividida

nessa tarde de quinta-feira

de muito sol e calor

eu me reavalio e não encontro um consenso

para infindáveis confrontos de personalidade

eu não sei o que sou, não tenho vocação para nada

Não tenho vocação nem para falar, quanto mais para escrever

Exausta, sempre exausta

Ninguém me entende, minha mãe até tenta

Pobre mamãe

Só Deus nessas horas de agonias

Meu corpo aqui

Minh’ alma, não sei aonde

E eu...

corpo e alma

cabeça e coração

chorando por ser tudo

e não ser nada.