Maria Antonieta Matos
Maria Antonieta Rosado Mira Valentim de Matos - MARIA ANTONIETA MATOS, nasceu em 1949 em Terena, Concelho de Alandroal e reside em Évora, Alentejo, Portugal
FURACÃO
Numa perturbada pressão o vento se enfurece
A chuva desenfreada se enrola sem dar espera a inocentes
Rebentam portas e partem-se vidros das janelas
Arrancam-se as casas levando tudo com elas
Desesperadas, mães agarram contra si os filhos, impotentes
E gritam sem forças no rastro da morte torturante
Tanta devastação que palmilha o espaço, repentinamente
Estradas inundadas e casas despedaçadas, boiando
Aqui e ali uma mãe que dá luz, nos destroços
Mesmo ao lado a morte de familiares e gente chorando,
E o escuro que atormenta a descoberta de corpos
Daqueles que se perdem encalhando com os mortos
No mover de assaltos de aproveitadores que sacam sem dó
Multidão faminta, sem comunicação, no escuro só
Desprotegidos e feridos nesse martírio, caem aos poucos
No pranto do silêncio e no desvario de loucos
Enquanto as sirenes das ambulâncias, afligem o coração
De quem desesperadamente se refugia na oração
Levanta-se a força pela sobrevivência e faz renascer a energia
Numa labuta, não têm sono, nem de noite nem de dia
Limpando tudo e construindo o viver do novo dia!
12-11-2013
Maria Antonieta Matos
In NPE " Sentir D'um Poeta"