Belo afã, sedosa lã d’um só novelo. Tricô d’fleur que a traça não rói. Veste amorosa que o tempo não desbota. Ó deu-nos D'us, teceu-nos a vida na roca. E deu-nos a roca linha ao amor tecido em ouro na borda. E deu-nos a roca linha aos fios d’almas afins e beijos à porta. E deu-nos a roca linha ao elo à dois por um amor eterno que nos conforta.
Inda larvas do bicho-da-seda, ostes no casulo d’ alcova. Inda infinitos fios pr’os teares e eternos corações pr’os teceres. Anelo, afã! Lã d'um só novelo num só emaranhado de nós. Ó não sem dous sãos ciosos amantes? E deu-nos D'us, teceu-nos eternos destinos na roca.