Francisca Júlia

Francisca Júlia
Francisca Júlia da Silva Munster foi uma poetisa brasileira. Colaborou no Correio Paulistano e no Diário Popular, que lhe abriu as portas para trabalhar em O Álbum, de Artur Azevedo, e A Semana, de Valentim Magalhães, no Rio de Janeiro.
Parnasianismo
Nasceu a 31 Agosto 1871 (Xiririca [Eldorado], São Paulo, Brasil)
Morreu em 01 Novembro 1920 (São Paulo)
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Voz dos Animais

— O peru, em meio à bulha
De outras aves em concerto,
Como faz, de leque aberto?
— Grulha.

— Como faz o pinto, em dia
De chuva, quando se interna
Debaixo da asa materna?
— Pia.

— Enquanto alegre passeia
Girando em torno do ninho,
Como faz o passarinho?
— Gorjeia.

(...)

— Quando a galinha deseja
Chamar os pintos que aninha,
Como é que faz a galinha?
— Cacareja.

— A rã, quando a noite baixa,
Que faz ela a toda hora
Dentre os limos em que mora?
— Coaxa.

(...)

— Que faz o gato, que espia
Uma terrina de sopa
Que fumega sobre a copa?
— Mia.

(...)

— Cheia a boca da babuge
Do milho bom que rumina,
Que faz o boi na campina?
— Muge.

(...)

— A voz tremida do grilo
Que vive oculto na grama,
A trilar, como se chama?
— Trilo.

Mas, escravos das paixões
Que os fazem bons ou ferozes,
Os homens têm suas vozes
Conforme as ocasiões.


In: JÚLIA, Francisca. Alma infantil: versos para uso das escolas. Co-aut. Júlio César da Silva. São Paulo: Livr. Magalhães, 1912