se conseguires entrar em casa e alguém estiver em fogo na tua cama e a sombra duma cidade surgir na cera do soalho e do tecto cair uma chuva brilhante continua e miudinha - não te assustes
são os teu antepassados que por um momento se levantaram da inércia dos séculos e vêm visitar-te
diz-lhes que vives junto ao mar onde zarpam navios carregados com medos do fim do mundo - diz-lhes que se consumiu a morada de uma vida inteira e pede-lhes para murmurarem uma última canção para os olhos e adormece sem lágrimas - com eles no chão