escuto o lamento das águas e os passos rápidos das crianças pelas dunas os ventos varrem, ainda uivam em todas as frestas do Reino das Índias Índias de fome, Índias de noite gelada
procuro no fundo das algibeiras os bonecos da bola, e as cobras nos valados do Rio da Moura
o sumo das amoras e o cheiro fresco do sabão...a memória envolve-se nos lençóis que secam estendidos ao sol adivinho lugares distantes e sombrios, habitados pelo Último Cavaleiro dos Ventos, o Zé Babão... por andará o Cabecinha? e a Tia Clementina? e o Cisinato? e o Perna-Marota? e a Ti Carlota? e a Dentinho d'Ouro? e
em mim nada secou não possuo a morte no coração, mas sim um pouco de chuva que lentamente apaga o fogo doutros dias mais simples escuto o lamento das águas e sei que tudo continua vivo no fundo do mar...e no coração persistente das plantas