Quando a sereia se ouvir no coração desolado como uma cidade recorda que te procurámos através das árvores E tu escondias-te por trás dos frutos e recolhíamos as mãos cheias apenas de tempo Sempre brincaste connosco desde os dias da nossa juventude Puseste-nos nos olhos estação sobre estação e a vida dava as mãos de árvore para árvore à volta da terra Ia de ramo morto para ramo vivo como um pássaro mais e nós ríamos na tua transparência
Fechem-se-te agora os lábios sobre a palavra que somos Perdoa se algum dia errámos com o coração Não nos deixes morrer longe de jerusalém
Ruy Belo | "Obra Poética de Ruy Belo" - Vol. 1, págs. 30 e 31 | Editorial Presença Lda., 1984