Anos e anos cresceram as casas à roda dos homens que foram nascendo e depois morrendo na cidade Nas casas os homens procriaram reinaram Todos os dias se abriam uma a uma as janelas de todas as casas que há na cidade janelas fechadas todas elas à noite As casas caíam mas logo as erguiam A chuva descia sobre a cidade e os homens pintavam as casas
Tanta gente de pé na cidade tão sólidos tácteis tantos pés sobre a terra pés tão mal acabados como os dos animais (os olhos dos homens é que não se parecem com todos os olhos dos demais animais tenho passado a vida a olhá-los e é realmente outra coisa)
À volta de toda a cidade há o cerco da terra A terra invade as ruas as casas recebe como tributo tão belos monumentos de carne
Em todas as casas tem havido mortos Os mortos estendem os pés e dão uma nova dimensão à família
Os mortos partem com intervalos regulares: assim ao menos terão todos lugar na capa das principais revistas
Que bom! Sábado à tarde não morre ninguém na cidade: a agência funerária faz semana inglesa Anda comigo meu irmão podemos passear tranquilamente