Marina Colasanti é uma escritora e jornalista ítalo-brasileira nascida na então colônia italiana da Eritreia.Viveu sua infância na Líbia e então voltou à Itália onde viveu onze anos.
Que como a moeda tem verso e reverso onde só o verso reconhecemos e chamamos por nome pois ao reverso dizemos carne.
Que como a folha respira sem orificios em toda sua lisa forma incapaz porém de clorofila e verde.
Que ao contrário do mar é toda superficie as suas funduras sendo superficies secretas
Que como a água que como o vento se move sem ruído ou movimento parada igual e sempre irredutível.
A pele toma a forma do corpo que contém? Ou o corpo dócil à pele obedece?
Lisa ao olhar embora as cicatrizes a pele abriga o pó e ao seu peso se entrega e se desfaz.
Casca sensivel que a faca fere que a pedra rasga que a força esmaga a pele não tem ferocidade.
É pele a unha que da pele sai ou ser estranho que a pele abriga como o areal abriga a concha?
A pele não se deixa penetrar por dedos. A pele não cede à pele mas com ela se magoa. A pele na pele não deixa marcas. E no entanto se rompe para os olhos o sexo os orificios. Se rompe? Ou abre-se em texturas e se permite conhecer aquilo que interno lhe é tão próximo e distante?