Aquela fruteira
na outra mesa
aquela fruteira de nada
louça branca e um pé
aquela fruteira que acolhe
duas laranjas
e a pera
aquela fruteira que ali está apenas
para oferecer frutas
aquela fruteira
canta
aos meus olhos.
Pode ser o sol
que pousou-se ali como uma fruta a mais
Pode ser o leite da louça suspenso
sobre a branca toalha.
Pode ser seu silêncio de objeto
entre ruídos.
Contido em meu olhar
o tempo da fruteira se detém.
E já mão alheia se estende
e colhe o sol.
Villa Serbelloni, Bellagio, 1999