Clarice Araújo

Clarice Araújo

Escrevo uns rabiscos sobre memórias não neutras

2002-05-03
1010
0
13

Caís de pouso longo


naquele canto
existe um lugar reservado pros que se debruçam nos sufocos da vida


naquele canto
tem um exato momento pros que despertam depois das partidas


no mesmo escombro
vem sempre o mesmo vazio dos lastros de dor

Nas noites mais submissas
eu chamo aquele canto de amigo, de amiga

Eu grito este mesmo canto com vozes de socorro
e desgasto ombros ralados respirando inerte
pouco a pouco

Embora leve com ele toda á fadiga impiedosa rechaçada
do dia-a-dia
esse canto é melindroso, mas quando acalenta
traz á ternura almejada pelas almas de vãs tormentas

Meu canto é um reboco, um lugar, uma pessoa
é um dia bom, uma lembrança, uma sensação boa 

Por último, despejo aos poucos nas doses programadas gotas
no cantinho.

Naquele fino espaço ficam todas as palavras soterradas,
sussurram baixinho: 
-liberdade é arriscado

Em respeito aos meus receios, me seguro encurralada
No fundo a gente sabe se aperta se alarga se mistura ou 
se afasta, infelizes causas...

Sorte possuo: o querido canto já conhece a minha estrada.

104
2

Mais como isto



Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores