João Edesio (Jhon)

João Edesio (Jhon)

Sou mestre em literatura.

1979-10-30 Goiânia
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É BURRO...

É Burro...


Por Prof. Me. João Edesio de Oliveira Junior.
 
Confiar em um sertanejo é algo que podemos fazer de olhos fechados, mas existem alguns que são gaiatos. Falo isso porque convivi com alguns homens brutos que quando quer dizer não, nunca diz sim. Suas falas são sem rodeios, bem direta semelhante ao seu ambiente, caatinga. Creio que existe uma relação bem estreita do meio na formação do homem sertanejo. Sua robustez é bem arrojada, sua força bem distinta, semelhante ao umbuzeiro que aguenta o tempo de seca, secando-se para preservar sua vida, porem quando chega o período de frutificar, floresce como se tivesse nascido naquele momento.
Nunca se espera de um sertanejo uma gaiatice para alguém que não conhece, o máximo que ouvimos é um grunhido interjetivo como forma de cumprimento, ou apenas o balançar o chapéu olhando firme dentro dos olhos do estranho para ver ser este merece sua atenção. Depois de alguns tempos de convivência, assim como o umbuzeiro o sertanejo mostra sua vida florescente.
Certa feita ao fazer uma caminhada matinal como meus meninos para verem as cabras e as vacas que ficavam num pasto fora um pouco da vila, fui pego de surpresa por um sertanejo.
Ao voltar para casa por conta do sol está um pouco forte e as crianças já apresentavam um cansaço, colocando a língua para fora feito um cachorro depois de uma corrida atrás de um bicicleteiro.
Avistamos uma carroça encostada junto com o animal piado, os meninos que não domina ainda a arte da interação através da língua falada, começaram a balbuciar a palavra “cavalo” que saia como “ava” “ava” “ava”. Eu como pai, conhecedor da língua em formação, das palavras com déficits de fonemas os ajudei completando a palavra “cavalo”. Só que ao falar, o dono da carroça e do animal percebendo meu entusiasmo em ajudar os meninos a completarem a palavra, disse: – é buuurro!!!
Olhei para o homem que esboçava um sorriso que mais parecida de cinismo do que de satisfação por me ajudar a ensinar meus filhos que aquilo que eles viram e nem sabiam pronunciar era um burro e não um cavalo. Retornei com um sorriso meio sem vontade para o homem. Mas aquela fala  ficou em minha cabeça martelando o dia todo, tentando entender o sentido daquela expressão.
É buuurro!!!; É buuurro!!!; É buuurro!!!; É buuurro!!!; É buuurro!!!;
Você, caro leitor, entendeu o que o sertanejo quis dizer? Essa expressão, caro leitor, você poderia me ajudar a entender? O que você acha que aquele sertanejo queria dizer com essa expressão?
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