Jorge Santos (namastibet)

Jorge Santos (namastibet)

Que fazer, se assombro tudo que faço de medo e a fracasso ...

1961-07-03 Setúbal
194749
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Alguns Poemas

Jaz por terra...





Jaz por terra...




Jaz na Terra o sossego e a negação do belo,
Jaz por Terra a noite e a ferida em cal-viva,
A ventura que é sorrir e também chorar gelo,
Jaz na terra o trono e um dono senhor de tudo,

Jaz por terra um templo que abandonei e que
Descuido, por não ter uso nem deuses, esses novos,
Infecundos e impostos para mal do homem feudal,
Homens deuses, a quem a calma e o ódio Deo-opus

De-graça, como se fora eu sacrossanto ermitão,
Em "Cristos Bay resort", jazz por terra o meu ego,
De campeão dos detestados feios de braços,
"Sou tido" como demente por sentir tudo,

Até quando chuva quando cai na Terra quente,
O meu coração me desmente e me desdiz,
Jaz na Terra o sossego e a negação do belo,
Jaz por Terra a noite e a ferida em cal-viva,

A ventura que é sorrir e também chorar gelo,
Jaz na terra o trono de um dono, senhor de tudo,
Apesar de tudo isso sou tido como pouco são,
Por sentir mais que tudo e tod'esta gente,

Quando a chuva cai em meu coração não mente,
"Sou tido" como demente por sentir tudo,
Até granizo quando cai na Terra quente,
No meu coração d'pedra faz frio de geada,

Jaz nele a terra, o céu e o abismo sem fundo,
Jaz na Terra o sossego e a negação do belo,
Jaz por Terra a noite e a ferida em cal-viva,
A ventura que é sorrir e também chorar gelo,

Jaz na terra o trono e um dono senhor de tudo,
Apesar de tudo isso sou tido como louco,
Por sentir mais que tudo e toda a gente,
Quando a chuva cai em meu coração dormente,

Como se fosse real e sentida, credível talvez,
Embora nem sempre...

Jorge Santos 07/2018
http://namastibetpoems.blogspot.com

Seda negra.




Negra Seda


Lanugens de jovem em cadências de pele acastanhada e levemente rosada evolucionam gradualmente e finalizam em deleitosos montículos, que se elevam tesos em amendoim tostado. Melindrados, sentem-se inchar ao toque subtil dos lábios, pelo menos na febril imaginação de Emílio repassava esse sentimento.
Procedendo da elegante linha de cintura forma-se um delta bem negro, num profundo, algo intangível lago fundo onde assentavam longas pernas em seda preta clara e luzente.
Toda uma elegia voluptuosa enquadrava um delta, onde um vórtice umbilical se espraiava em harmoniosos declives.
Deslumbrava-o o esplêndido corpo de menina moça sentada ao seu lado na pick-up amarela cor de milho e deixa-se conduzir num cosmos paralelo e sem culpados de negras sedas e encarnações de volúpia incontida.
Surge uma penugem densa no decote de Cíntia, estende-se progressivamente ao fundo de um lago mudo e uma outra linha carnuda assoma debaixo, ladeia e distingue-se suavemente um, dois montículos rígidos, mais claros que os culminam e se vêem sob a blusa fina.
Em cada gesto dela sente-se equilíbrio, o corpo desfila num sem fim sensual de ténues curvas magnificamente produzidas em tons de seda prata,
Longos fios, como cascatas em torvelinho ladeiam um rosto discreto em castanho de voracidade branda.
Sons macios de seda e cetim expressam-se nos sentidos de Emílio ao menor movimento dela.
O Colo elevado e levemente inclinado, permite que a catarata de cabelos repouse sobre um dorso modelado e enlace com as nádegas fixas do corpo negro e delgado da jovem.
Ao lado dela viaja mudo Emílio que sente a tensão sexual aumentar ao ponto de quase explodir ao mesmo tempo que imagina o corpo nu da jovem companheira sentada ao lado, invade-o a sensação de predador face à corça e decide atacar ...
- Cíntia debate-se falsamente e por curtos instantes, depois deixa-se ir ou antes, deixa-se ficar, Emílio não era velho nem muito mal parecido, camponês dos três costados, pai mãe e avós, caboclos de mãos calosas e mente também ela calejada pelo sol e pelo seco sertão.
A renda branca da cueca de Cíntia cedeu como "teia-de-aranha" às mãos de Emílio que apesar da violência tenta dizer ao ouvido de Cíntia algumas palavras no seu entender sensuais mas que soam a obscenidades, às quais não estava habituada mas que, em lugar de a deixar desconfortável incrivelmente excita-a,
Sentia-lhe os dentes a mordiscar devagar e com gentileza os mamilos cada vez mais inchados e volumosos.
Rendeu-se á investida grotesca deste homem que mal conhecia, talvez com medo das consequências mas por outro lado à descoberta de outra Cíntia
Sentiu-lhe a língua a percorrer cada nesga de pele castanha /negra e esbelta ficando atrás uma sensação de querer mais e mais o corpo rijo maciço e roliço dentro dela o mesmo que ela sentia teso rolar de encontro ao ventre e nas virilhas e depois navegar por ela dentro sem pedir licença nem permissão pra entrar, primeiro roçando levemente os lábios, a boca e penetrando depois devagar na boca mal aberta inicialmente como depois por entre os lábios vaginais rubros de tanta esperar pelo prazer prometido por Emílio.
A imaginação de Emílio ficara aquém da real feminilidade daquela mulher que se dava a ele tal qual uma mansa gazela aos dentes da fera brava.
De tronco dobrado à mão gigante pela cintura com força muscular bruta ele sujeita o corpo dela de encontro ao seu como que gerando um outro na pressão sexual e símia de dois seres opostos e de origens diversas,
Arrasta-a pró meio do capim macio de cheiros a hortelã-pimenta e rosmaninho como se fosse a recompensa de onça,
Ela sente o órgão rijo mas macio de Emílio como se fizesse parte dela, preenchendo-a fundo
E de tal maneira que não queria que terminasse esta avassaladora viagem de auto-descoberta, essa tesão que desconhecia ter tão alerta dentro de si.
Também ele não queria deixar de habitar ou possuir o corpo belo da jovem, não queria mais sair de dentro dela, como se fosse pertença única e exclusiva de macho Alfa, despojo de guerra, nesse momento dá-se a explosão de ambos, tal pirotecnia quando vários jactos de esperma morna e o lascivo, dilacerante orgasmo deles que se conjugam num grito tal o de Ipiranga.
Libélulas pousam nos fenos e cigarras cantantes calam-se por custos instantes retomando a actividade enquanto repousam exaustos estes protagonistas súbitos dos prados
Deslumbra-se ele de novo perante o corpo cansado de menina adulta deitada ao seu lado na pick-up amarela cor de milho...negra seda,
Cíntia descobrira o natural poder de ser menina e mulher sob um céu em azul topázio e safira ...

Joel Matos (07/2017)
http://joel-matos.blogspot.com

Perfeitos no amor e no pranto …



Prefeitos do amor e do pranto,
Assim somos nós hoje, predefinimos
Quem gostamos em função da distância
Do pâncreas ao estômago e esófago,

As regalias são para nós o veneno
Natural do corpo e da alma que nunca
Dói, é muda de facto, traja a rigor
Quando é feriado dia de santo, a hóstia

Na eucaristia é o Santo Graal, quando
O espírita responde ao físico segredando
Acanhado que detesta sentir sentimentos
Lavados, sentidos profundos conciliadores

E o encanto do pão ainda quente, a chuva
Caída e a manhã ferida, o agasalho,
Privilégios, prazeres íntimos, gestos mornos,
Que podem durar para sempre ou não,

Preterimos amor e canto à jugular, à histeria.
Degolada a Sereia resta o flanco salino, o réu,
A hipocrisia do vegetal com sabor a couve,
Maçã verde não é “pão de rala” mais doce.

Quadrilátero é o genoma fálico da abundância,
Eufemismo é a desfaçatez com que bradamos
E brandimos Moisés como Decanos às tropas,
De Bizâncio enquanto exaltamos El Cordobés,

Perfeitos no amor e no canto embora sejamos
Um cancro e cancerígena a nossa pequenez
“Crisálica”, congénita e abjecta, contamos com a dita,
Como um Abeto conta com a água por perto

E o vento forte nos ramos, no Teixo o tempo,
O sagrado dos Celtas que nem eu m’lembro,
Ouço-o ao comprido na erva chã, estendido
Por extenso, Argonauta e órfão, eu m’maldigo

Em Esperanto …

 

 

Joel Matos ( 12 Dezembro 2021)

 

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filipemalaia
Gostei muito de o descobrir Jorge. Obrigado!
31/dezembro/2019
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nilza_azzi
É bom ler o que escreves; tens ritmo, domínio da línguagem poética e abordas temas intensos.
22/agosto/2019
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namastibet
obrigado a todos que me leram
09/janeiro/2019
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ricardoc
Igualmente! Estou me familiarizando com a plataforma. Abraços, RicardoC.
23/abril/2018
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131992
muito intenso seus poemas, adorei.
26/outubro/2017
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Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa! Raimundo Correia

-Raimundo Correia
07/fevereiro/2013

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