Mel de Carvalho
Pág. pesssoal
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na hora em que pássaros se levantam
na hora em que pássaros se levantam
[dos barros já desgastados
e encetam monótonos, monocórdicos acordes,
em gargantas verticais aos planaltos …
na hora somática de todas as horas antes
em que pedras sem asas são silhuetas íngremes
lâminas entalhadas no dorso de auroras boreais,
lágrimas
punhais de fogo e aço a rumorejar as entranhas
ainda ai, a ética esbarra o verbo e,
amantes loucos voam mais e mais alto
no azul-fogo, no azul-cobalto do céu
contornando ínvios a tempestade…
depois,
depois resta a hora incerta em que pedras desviadas
das pedreiras a jusante
sibilam em minha nuca dores reconhecidas de parto,
tufões
ventanias
dubiedades mareantes de velas ao abandono,
que turvam, salgando, o meu olhar enverdecido…
e as maças policromáticas de meu rosto
são apenas e tão só resquícios de outonais Outonos
em que o sangue das colheitas e serôdias papoilas
se escorria livre na boca ávida de jograis,
… na hora incerta em que pássaros se alteavam
voando acantos na forma breve de uma eclética guitarra.