Raquel Mesquita

Raquel Mesquita

1985-03-21 Matosinhos
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Não contes a ninguém

Não contes a ninguém que me viste…
Que ninguém saiba que andei sozinha na rua, de garrafa em punho e de alma vazia.
Não contes a ninguém que andei de gatas no meio da avenida.
Perdida, sem norte, sem fé e nem um pouco de pudor.
Já nenhuma timidez sobra para as minhas vergonhas.
Que não há maior desonra do que lamber botas e desse mal não padeço.
Não contes a ninguém que rebolei e dancei na lama.
Que pensem que me arrastei ou fui arrastada.
Que especulem como sempre fazem.
Porque esses que falam são os únicos que não granjeiam boa fama.
Não contes a ninguém que me viste voar.
Ninguém acreditaria.
E é demais… que só a uma mente limpa concedo esse benefício.
Porque a vida é um sono para tanta gente.
Não contes a ninguém que eu nunca adormeço.
Porque eu sonho, desejo e abro as asas do pensamento e da imaginação.
Não contes a ninguém que tenho a fraqueza da tua inveja.
Irão dizer que sou como eles e não é verdade.
Porque a única inveja que tenho de ti é de teres uma pessoa que te quer.
E como eu queria que essa pessoa gostasse de mim como gosta de ti.
Mas, dessa pessoa ninguém sabe…
Porque não contaste a niguém que te amo sempre.
Basta-me que tu saibas e de outro testemunho não preciso.
Por isso, não digas a ninguém que deixei de escrever...
Não quero mais provas e o delírio já é bastante!
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