ANTÓNIO DE MIRANDA

ANTÓNIO DE MIRANDA

GERÓNIMO`S BLUES – (Plaquette) Edições O HOMEM DO SACO – 2014 – Junho
PRONTO PAGAMENTO – Editora Tea For One – 2014 – Junho
LIVRARIA BUENOS AIRES – Editora Tea For One – 2015 – Março
QUIÇE MI LÁ BUCHE – Editora Tea For One – 2015 – Dezembro
SÓ ESPERAVA A VIAGEM PROMETIDA – Editora volta d´mar – 2018

1955-03-03 Barcelos
2747
0
0

Pai! POEMA PARA ABÍLIO de MIRANDA (1927.12.04 – 1987.11.03)

Podemos começar ouvindo Charles Aznavour cantando  
“ La Bohème”ou para momentos mais sérios escutar
a “ Avé Maria “ de Schubert. 
Passaram-se dias, muitos deles acompanhados
daquelas cores feitas com lágrimas. 
Alguns ainda em que o sangue beijou o chão.
Foi numa terça feira, ao cair da tarde
( sei agora que é o momento em que o sol
vai dormir com a lua),
que me disse as suas últimas palavras : 
às 7 vou deixar de ser anão . Levanta-me ! … 
E assim, partimos os dois, o senhor abraçando os meus braços. 
Ás vezes sinto-me como uma criança perdida,
mirando uma qualquer estrela que passeia despreocupada
lá naquele lugar com um nome tão estranho e tão longe. 
Ás vezes sinto-me cansado e durmo como se mil sonhos e
stivessem á espera de me acordar.
A verdade é que estou  menos novo, e, a Mãe,o Jorge Faria,
o tio António
e a Guilhermina, já não podem ficar nas fotografias. 
A vida vai gastando o tempo
e filtrando na sua imensa paciência, os verdadeiros amigos. 
Não me arrependo de lhe ter dito algumas verdades
( daquelas que doem a sério ),
mesmo sabendo que estava pronto para a viagem. 
Recordo-me das nossas festas,
das nossas canções, cantadas como só aqueles
que se gostam podem fazer.
Tenho na garganta o sabor daquele “americano”. 
Tenho na pele a promessa de tomar conta da Mãe. 
Tenho no coração a mais linda declaração de amor 
( falava você com a ela), que alguma vez ouvi. 
Tenho a certeza que você era diferente dos outros !
Lembro-me perfeitamente quando com um sorriso
cúmplice me dizia : tens lá em baixo livros “novos”. 
O que eu aprendi consigo !
Sentado neste banco de memórias,
deixo-lhe a minha saudade.

Não sei qual é a pressa de acelerar a minha corrida. 

Afinal a vida continua a ser um lugar estranho para se morrer!


,2013.out30_aNTÓNIO­ DEmIRANDA

114
0

Mais como isto



Quem Gosta

Quem Gosta

Seguidores