Da Utilidade do Poema

A amiga leu meu poema, qualificou-o como perigoso,
Era crítica ferrenha ao Estado e à ação policial.
Não sirvo para escrever romances cor-de-rosa,
Minha escrita pulsa o suor das contradições do presente,
A desilusão com as instituições, 
A exploração burguesa que corrói o dia.
Busco o verso-choque, o incômodo que persiste
Como dente latejante, faca cortante de neurônios,
Que sacuda a poeira dos valores coletivos,
Aponte para a miséria e não desvie o olhar das soluções.
É essa a função altiva da literatura: não agradar com docilidades,
Mas com palavras que são pedras no sapato do mundo,
Indesejáveis moscas nas sopas de otimismo que
Fazem pensar, questionar de forma profunda.

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